sexta-feira , 15 novembro , 2024

Netflix | A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata – Romance histórico com Lily James

À primeira vista o nome A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata (The Guernsey Literary and Potato Peel Pie Society) causa estranheza. O mistério do título, no entanto, é solucionado nos primeiros três minutos de filme, quando um grupo de amigos durante a Segunda Guerra Mundial é abordado por soldados alemães e ameaçados de prisão por desrespeitarem o toque de recolher.

Em um misto de imprevisto e desespero, o grupo inventa como álibi um clube de leitura e o nomeia com as primeiras palavras que lhes saltam à boca. Assim, dá-se um dos enredos mais aconchegantes dos últimos tempos em relação ao holocausto, apresentando a delicadeza e a sobrevivência das pequenas alegrias em meio ao sofrimento imposto pela invasão alemã à ilha de Guernsey, uma pequena nação entre Inglaterra e França, no Canal da Mancha.

Após nos localizar no tempo e espaço, o filme salta para o período do pós-guerra em 1946, na capital Londres, onde a jovem autora Juliet Ashton (Lily James) recebe os louros de seu mais recente sucesso literário junto com seu amigo e editor Sidney Stark (Matthew Goode). Incumbida de escrever um artigo sobre o prazer de ler para uma revista, Juliet começa a duvidar do seu talento como escritora.



Coincidentemente, ela recebe uma carta de Dawsey Adams (Michiel Huisman), um criador de porcos da pequena Guernsey, que solicita a cópia de um livro para o seu clube de leitura, após achar o endereço de Juliet em um livro comprado de segunda mão. Intrigada pelo pedido, ela envia o livro requerido, mas pede em troca que Dawsey lhe responda três perguntas.

A troca de correspondência entre ambos é a parte mais cativante do filme, pois a descrição de Dawsey sobre seus amigos e sua vida na ilha é simplesmente encantadora, contudo é um segmento muito curto. As palavras de Dawsey, por outro lado, nos acolhem e inspiram, assim como Juliet, que sente-se compelida a deixar seus compromissos e o namorado na capital para visitar o amistoso grupo de leitura na ilhazinha distante.

Além das reprovações de seu editor, a jovem escritora lida com o pedido de casamento do namorado norte-americano Mark Reynolds (Glen Powell), minutos antes do embarque. Como em todos os romances, este já é um aviso prévio que o relacionamento irá se desfazer ao longo da história.

Em Guernsey, Juliet é recebida pelos personagens descritos nas epístolas com entusiasmo para uma noite no clube do livro e experimentar a famosa (e horrível) torta de casca de batata. Além de Dawsey, entre eles estão o carteiro Eben (Tom Courtenay), a excêntrica fabricante de gin Isola (Katherine Parkinson) e a viúva discreta Amelia Maugery (Penelope Wilton). Entretanto, a precursora dessa união, a jovem idealista Elizabeth (Jessica Findlay Brown) não se encontra na ilha.

Faz-se, então, um mistério sobre o paradeiro da inspiradora do clube do livro. O possível romance nascido da troca de cartas entre Dawsey e Juliet, é deixado de lado e o roteiro se debruça a desvelar – pouco a pouco – os mistérios ao redor dos moradores da ilha e o desaparecimento de Elizabeth. Após ser proibida de contar a história do grupo, Juliet embarca na descoberta da localização da mãe da pequena Kit (Florence Keen).

Comandado por Mike Newell, responsável pelos romances Quatro Casamentos e um Funeral (1994) e Amores nos Tempo do Cólera (2007), o longa é uma viagem ao fim da década de 1940 por meio de uma direção de arte quase impecável. Ao nos contar cada detalhe dos famigerados acontecimentos da forma mais lírica possível, o roteiro nos poupa a angústia e preenche nossas sensações com a esperança de dias melhores.

Com essa temperança, personagens vívidos e paisagens de tirar o fôlego, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é uma obra poética. Tanto para os espectadores quanto para a protagonista, que após descobrir o destino de Elizabeth e os segredos da ilha, sente-se agregada àquela família e distante de se tornar a esposa de um militar.

O pecado de A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é, infelizmente, o seu desenlace final. Com os belíssimos Lily James, recentemente encantadora em Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo (2018) e o indicado ao Oscar O Destino de Uma Nação (2017), e Michiel Huisman (da série Game of Thrones), os protagonistas não têm química em cena e não justificam a paixão criada no roteiro. Todos os encontros entre os dois são frios, longe de qualquer sentimento arrebatador.

Apesar de ser um romance, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é melhor aproveitado como uma história de perseverança. Sobretudo, no que diz respeito às vidas solitárias em Guemsey e o descortinar de um mistério que mantém o público entretido durante as duas horas de espetáculo.

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Em um misto de imprevisto e desespero, o grupo inventa como álibi um clube de leitura e o nomeia com as primeiras palavras que lhes saltam à boca. Assim, dá-se um dos enredos mais aconchegantes dos últimos tempos em relação ao holocausto, apresentando a delicadeza e a sobrevivência das pequenas alegrias em meio ao sofrimento imposto pela invasão alemã à ilha de Guernsey, uma pequena nação entre Inglaterra e França, no Canal da Mancha.

Após nos localizar no tempo e espaço, o filme salta para o período do pós-guerra em 1946, na capital Londres, onde a jovem autora Juliet Ashton (Lily James) recebe os louros de seu mais recente sucesso literário junto com seu amigo e editor Sidney Stark (Matthew Goode). Incumbida de escrever um artigo sobre o prazer de ler para uma revista, Juliet começa a duvidar do seu talento como escritora.

Coincidentemente, ela recebe uma carta de Dawsey Adams (Michiel Huisman), um criador de porcos da pequena Guernsey, que solicita a cópia de um livro para o seu clube de leitura, após achar o endereço de Juliet em um livro comprado de segunda mão. Intrigada pelo pedido, ela envia o livro requerido, mas pede em troca que Dawsey lhe responda três perguntas.

A troca de correspondência entre ambos é a parte mais cativante do filme, pois a descrição de Dawsey sobre seus amigos e sua vida na ilha é simplesmente encantadora, contudo é um segmento muito curto. As palavras de Dawsey, por outro lado, nos acolhem e inspiram, assim como Juliet, que sente-se compelida a deixar seus compromissos e o namorado na capital para visitar o amistoso grupo de leitura na ilhazinha distante.

Além das reprovações de seu editor, a jovem escritora lida com o pedido de casamento do namorado norte-americano Mark Reynolds (Glen Powell), minutos antes do embarque. Como em todos os romances, este já é um aviso prévio que o relacionamento irá se desfazer ao longo da história.

Em Guernsey, Juliet é recebida pelos personagens descritos nas epístolas com entusiasmo para uma noite no clube do livro e experimentar a famosa (e horrível) torta de casca de batata. Além de Dawsey, entre eles estão o carteiro Eben (Tom Courtenay), a excêntrica fabricante de gin Isola (Katherine Parkinson) e a viúva discreta Amelia Maugery (Penelope Wilton). Entretanto, a precursora dessa união, a jovem idealista Elizabeth (Jessica Findlay Brown) não se encontra na ilha.

Faz-se, então, um mistério sobre o paradeiro da inspiradora do clube do livro. O possível romance nascido da troca de cartas entre Dawsey e Juliet, é deixado de lado e o roteiro se debruça a desvelar – pouco a pouco – os mistérios ao redor dos moradores da ilha e o desaparecimento de Elizabeth. Após ser proibida de contar a história do grupo, Juliet embarca na descoberta da localização da mãe da pequena Kit (Florence Keen).

Comandado por Mike Newell, responsável pelos romances Quatro Casamentos e um Funeral (1994) e Amores nos Tempo do Cólera (2007), o longa é uma viagem ao fim da década de 1940 por meio de uma direção de arte quase impecável. Ao nos contar cada detalhe dos famigerados acontecimentos da forma mais lírica possível, o roteiro nos poupa a angústia e preenche nossas sensações com a esperança de dias melhores.

Com essa temperança, personagens vívidos e paisagens de tirar o fôlego, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é uma obra poética. Tanto para os espectadores quanto para a protagonista, que após descobrir o destino de Elizabeth e os segredos da ilha, sente-se agregada àquela família e distante de se tornar a esposa de um militar.

O pecado de A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é, infelizmente, o seu desenlace final. Com os belíssimos Lily James, recentemente encantadora em Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo (2018) e o indicado ao Oscar O Destino de Uma Nação (2017), e Michiel Huisman (da série Game of Thrones), os protagonistas não têm química em cena e não justificam a paixão criada no roteiro. Todos os encontros entre os dois são frios, longe de qualquer sentimento arrebatador.

Apesar de ser um romance, A Sociedade Literária e a Torta de Casca de Batata é melhor aproveitado como uma história de perseverança. Sobretudo, no que diz respeito às vidas solitárias em Guemsey e o descortinar de um mistério que mantém o público entretido durante as duas horas de espetáculo.

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