Situado no coração do ecoturismo brasileiro, o BONITO CINESUR – FESTIVAL DE CINEMA SUL-AMERICANOchega a sua terceira edição promovendo o encontro entre o cinema sul- americano e o meio-ambiente. Um dos destinos mais procurados do país graças às suas belezas naturais, a cidade localizada no Mato Grosso do Sul oferece atrações como flutuação em rios cristalinos, grutas milenares e cachoeiras.
Na semana em que se comemora o Dia Mundial da Conservação da Natureza, o Festival traz alertas urgentes e atos de resistência. A Mostra Ambiental apresenta uma seleção poderosa de filmes que refletem a urgência das questões ecológicas contemporâneas, especialmente aquelas que afetam diretamente as comunidades e ecossistemas sul-americanos.
Para a curadora da Mostra Ambiental, Elis Regina, essa parte da programação é essencial por estar profundamente conectada com o território onde o festival acontece. “Essa mostra propõe uma travessia cinematográfica entre denúncia, esperança e memória. São filmes que abordam a crise climática, os incêndios no Pantanal, a escassez de água, o uso de agrotóxicos, mas também apontam caminhos de resistência, a força dos povos originários, a relação ancestral com a terra e a natureza. É um convite para repensar a nossa relação com o meio ambiente não apenas como recurso, mas como organismo vivo”, explica.
Entre os longas selecionados está KOPENAWA: SONHAR A TERRA-FLORESTA, documentário brasileiro de Tainá de Luccas e Marco Altberg, exibido no Festival no sábado, dia 26 de julho. A obra, centrada na figura do xamã e líder yanomami Davi Kopenawa, conduz reflexões poéticas e políticas sobre os saberes ancestrais, a crise ambiental e a resistência indígena. O filme conta ainda com participações de Ailton Krenak, Gilberto Gil e fotos de Claudia Andujar.
O cineasta Marco Altberg esteve presente e ressaltou a força e a sabedoria dos povos originários, cuja conexão ancestral com a terra e a água apontam caminhos possíveis de resistência, cura e reconexão.
Do Brasil, a cineasta Bárbara Paz e a produtora Daniela Mazzilli apresentaram, na noite de domingo, 27 de julho, o filme RUA DO PESCADOR Nº 6, documentário que mostra os impactos das enchentes históricas no Rio Grande do Sul, centrando-se na comunidade da Ilha da Pintada, em Porto Alegre. A diretora Bárbara Paz, que é gaúcha, enfatizou a importância do Festival ao dar maior visibilidade a filmes ambientais e comentou que o documentário é feito de muito afeto. “É um filme forte, sensorial e muito urgente, um ensaio sobre a tragédia”, explicou.
Outro destaque da Mostra é o documentário chileno LA CUENCA, que será exibido hoje, 28 de julho. Do coletivo Left Hand Rotation, o filme apresenta uma leitura crítica e colaborativa sobre as transformações dos territórios naturais e sociais no Chile, abordando temas como agricultura intensiva, controle hídrico e crise climática.
Já KARUARA: O POVO DO RIO é um documentário peruano dirigido por Miguel Araoz Cartagena e Stephanie Boyd, que acompanha a luta das mulheres Kukama na Amazônia pelo reconhecimento jurídico dos rios e dos espíritos Karuara, seres sagrados da cosmovisão indígena e será exibido no dia 29 de julho. O argentino POR EL PARANÁ, de Alejo di Risio e Franco Gonzalez, lança luz sobre as disputas em torno do rio Paraná, um dos mais importantes do continente, evidenciando seus impactos sociais, ecológicos e econômicos e será exibido no dia 30 de julho.
Por fim, o brasileiro SINFONIA DA SOBREVIVÊNCIA, de Michel Coeli, será exibido no dia 31 de julho. O longa documenta os efeitos devastadores das queimadas no Pantanal e o esforço coletivo para salvar vidas humanas e animais.
Já a seleção de curtas inclui: “Insustentável: A Realidade do Petróleo na Amazônia”, de Andrés Borges e Fer Libague (Brasil), que denuncia os impactos da exploração petrolífera em territórios indígenas e comunidades amazônicas. Da Bolívia, “Jichi: En busca del guardián de las aguas”, de Paola Gabriela Quispe Quispe, que propõe uma reflexão espiritual e cultural sobre os protetores sagrados das águas. Da Argentina, “Por la Tierra”, de Irene Kuten, aborda resistências ecológicas de base comunitária. Os curtas brasileiros “Sobre a Cabeça os Aviões”, de Amanda Costa e Fausto Borges e “Sobre Ruínas”, de Carol Benjamin, trazem olhares poéticos sobre territórios urbanos e tradicionais em processo de destruição ou transformação; enquanto “Uma Menina, Um Rio”, de Renata Martins, apresenta, com delicadeza, a conexão entre infância e natureza por meio da relação afetiva entre uma jovem e um curso d’água.
Ao todo, a curadoria recebeu 47 filmes para concorrer na Mostra Ambiental. Neste 28 de julho, data em que se comemora o Dia Mundial da Conservação da Natureza, a Mostra Ambiental é a oportunidade de discutir uma temática que nos coloca diante dos desafios e novas formas de pensar o futuro do planeta a partir do olhar sul americano.
O BONITO CINESUR é uma realização da Associação Amigos do Cinema e da Cultura (AACIC), em parceria com o Ministério da Cultura (Governo Federal), por meio de emenda parlamentar do deputado federal Vander Loubet. Conta com patrocínio da Fecomércio-MS, Sesc, Emgea, Agência Nacional do Cinema (Ancine), Petrobrás, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Tem o apoio da Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento Econômico e da Prefeitura de Bonito, da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul (Fundtur), da Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc) e do Governo de Mato Grosso do Sul, além do apoio cultural da Energisa e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).
O Festival reafirma também seu compromisso real com o clima. Pelo segundo ano consecutivo, o evento é Carbono Neutro, com o apoio da Compensei, fortalecendo seu posicionamento sustentável. Todas as emissões de carbono do evento serão monitoradas pelo Carbonômetro, reduzidas sempre que possível e compensadas com créditos certificados, em conformidade com as normas ISO 14064, ABNT NBR ISO 2060 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.