sábado , 23 novembro , 2024

Nostalgia! Filmes Gêmeos – A Lambada dominou os cinemas em 1990! Você Lembrava?

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Você lembra da lambada? Os que cresceram nas décadas de 1980 e 1990, assim como os mais velhos que já eram adultos na época, definitivamente jamais esqueceram. No entanto, as gerações mais novas, que nasceram depois dos anos 2000, talvez não sejam tão familiarizados com uma das danças mais sensuais jamais inventadas – principalmente porque essa moda veio e foi, sem que muitos hoje em dia sequer comentem sobre ela. Para ter uma ideia do que era, imagine uma dança de forró elevada à décima potência, dançada de forma mais rápida e bem mais sensualizada, com os parceiros entrelaçados pela cintura. Tanto que a lambada recebeu o título de “a dança proibida”.

E sim, você acertou, este estilo musical começou bem aqui em nosso país. Há registros das primeiras músicas de lambada no Brasil ainda na década de 1970, mas o fenômeno viria a estourar mesmo no início dos anos 90, mais precisamente em 1990 mesmo. Saída da região norte do Brasil, do Pará (onde hoje impera o “tecnobrega” – que lançou as carreiras da Banda Calypso, de Joelma e de Gaby Amarantos), é dito que a lambada pegou influências de ritmos latinos como o merengue e a cúmbia. De forma sem precedentes, a lambada viraria uma febre não apenas no Brasil, mas mundial, chegando até países como os EUA.



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No Brasil, o auge da era lambada teve sua representação máxima na TV com a novela ‘Rainha da Sucata’, da rede Globo, que estreava em 2 de abril de 1990 e permaneceria no ar por 180 episódios até 26 de outubro do mesmo ano. Em homenagem ao gênero musical que dominava o país no período, a abertura era embalada ao som de ‘Me Chama que eu Vou’, de Sidney Magal, onde em um ferro-velho, sucatas se juntam para formar uma “mulher” e cair na lambada ao lado de outros dançarinos – tudo provido pelo que de mais moderno a tecnologia de efeitos em stop motion tinha a oferecer aqui no Brasil. Durante todo o ano de 1990, os brasileiros ficaram com a ótima música dançante de Magal na cabeça, e celebravam a abertura com muita lambada.

Mas a lambada não chegou às telas apenas com ‘Rainha da Sucata’, como dito, o ritmo musical havia dominado o mundo. E no mesmo ano de 1990, chegava aos EUA em duas produções vindas de grandes estúdios de Hollywood. Sim, a maior indústria de cinema do mundo se curvava ao ritmo brasileiro não em um filme, mas em dois, que recaem na categoria dos chamados filmes-gêmeos, longas de renome que retratam o mesmo tema no mesmo ano, ou em um espaço de tempo curto. No caso da Lambada foi bem pior do que isso, já que no melhor estilo “Barbenheimer”, os dois filmes da dança estreavam nos EUA no mesmo dia! Sim, 16 de março de 1990 ficaria marcado como o dia da lambada em Hollywood.

‘Lambada – O Filme’, da Warner, levou a dança provocativa brasileira até os americanos.

Lambada – O Filme’ (1990) era uma produção da picareta Cannon Films, mas ganhou distribuição da toda-poderosa Warner. No filme, Kevin Laird (papel de J. Eddie Peck) é um professor colegial de matemática, em uma escola para jovens financeiramente privilegiados. À noite, o professor faz valer suas origens latinas e se diverte em uma casa noturna de lambada, onde é conhecido por seu apelido “Blade”. Em uma dessas noites, uma de suas alunas curiosas, Sandy (Melora Hardin), vai até o clube noturno escondida, e descobre a “identidade secreta” de seu tutor. No melhor estilo ‘Dirty Dancing’, a adolescente e o homem mais velho se apaixonam e viram os reis da lambada no local.

Já ‘Lambada – A Dança Proibida’ (The Forbidden Dance, 1990) teve distribuição da Columbia Pictures e uma história muito mais sem noção. O curioso é que a picareta Cannon Films também teve seu dedo nesta produção, ao menos indiretamente, já que o filme contou com argumento de Menahem Golan, um dos primos israelenses fundadores da Cannon. Veja só esta história: uma princesa da Amazônia brasileira quer conscientizar o mundo da importância da floresta. Até aí tudo bem, é uma causa justa, que segue mais importante e atual do que nunca. Então, essa princesa viaja até os EUA, e seu primeiro ato é: se apaixonar por um jovem americano! O sujeito a convence que a melhor forma de falar diretamente com o povo americano é ir à TV. E como? Bem, que tal participando de um concurso de lambada! É sério! Laura Harring, de origem mexicana, mas filha de pai americano, vive a princesa brasileira.

Com uma história totalmente sem noção, ‘Lambada – A Dança Proibida’ teve lançamento da Columbia.

Além destes dois mais famosos embates da Lambada, ainda tivemos outras duas produções da época a focar na “dança proibida”. O primeiro é uma obra turca de 1989, também intitulada ‘Lambada’, e o que mais? E a outra é uma produção tupiniquim, de nosso próprio país, com coprodução italiana, também lançada em 1990 – e intitulada ‘Lambada – o Filme’. Na trama desse último, um artista americano vem ao Brasil gravar um vídeo da dança e conhece a infame lambada. No elenco, em papeis secundários, Carlinhos de Jesus e Elba Ramalho.

Na batalha das lambadas de grandes estúdios de Hollywood, a Warner levou a melhor sobre a Columbia – com seu filme conquistando mais afeto do público e dos críticos. Tanto que o filme da Warner ficaria conhecido como “o melhor filme de lambada” dentre os dois lançados no mesmo dia. Fora isso estreou em oitava posição do ranking das maiores bilheterias do fim de semana em meados de março, contra a estreia em décima terceira posição do rival gêmeo. O filme da Warner arrecadou US$2 milhões em seu primeiro fim de semana, enquanto o longa da Columbia somou apenas US$720 mil no mesmo período. Em termos de bilheteria total nos EUA e Canadá o filme da Warner / Cannon acumulou US$4.2 milhões. Já o concorrente da Columbia fez US$1.8 milhão total na América do Norte.

Em 2015, a revista de cinema Vanity Fair preparou uma matéria celebrando os 25 anos do duelo dos dois filmes de ‘Lambada’.

Voltando alguns parágrafos, quando eu disse que ‘A Dança Proibida’ contou com argumento de Menahem Golan, um dos homens por trás da Cannon Films, é claro que o esperto produtor jamais jogaria contra si mesmo. O que acontece é que nesta época, no início dos anos 90, Golan já havia falido com a Cannon, e se desligado da companhia, que seguia com seu primo Yoram Globus e um novo CEO, o egípcio Ovidio G. Assonitis. ‘Lambada’ foi o primeiro filme do relançamento da nova Cannon. Por isso Golan, espertamente, tirou da cartola um filme nos mesmos moldes, para minar os rivais. Mas as coisas não saíram tão bem para ele. A começar que foi processado e impedido de usar o título “Lambada” no filme – o original é apenas ‘The Fordidden Dance’ – só sendo chamado ‘Lambada’ no Brasil.

Fora isso, antes mesmo de estrear ‘A Dança Proibida’, o “visionário” Menahem Golan estava pronto para fazer uma de suas “vendas casadas” dos tempos áureos da Cannon com a sequência já engatilhada, vide as “franquias” ‘Breakin’ e ‘Braddock’ (com Chuck Norris). Assim, o israelense não perdeu tempo e tratou de anunciar nas páginas da Variety o título ‘Naked Lambada! The Forbidden Dance Continues’, que seria a continuação do filme. No entanto, os números nada animadores da bilheteria do longa original, o fizeram desistir deste plano mirabolante.

‘Lambada’, da Warner, foi considerado um filme melhor, com o crítico Gene Siskel o considerando um prazer culposo.

Mas talvez o maior prêmio que a ‘Lambada’ da Warner tenha recebido foi o carinho do renomado crítico Gene Siskel, um dos maiores da área, que dividia o programa com o igualmente saudoso Roger Ebert. Os dois foram pioneiros em alçar a crítica de cinema a um novo patamar, fazendo dos profissionais deste segmento rostos conhecidos de todos. Podemos dizer que a dupla foi os primeiros críticos em vídeo a se tornarem verdadeiramente populares, muitas décadas antes do advento da internet. Ou sequer da TV à cabo. O programa onde dividiam a tela e falavam sobre os lançamentos do cinema começou na década de 1970 e foi aprimorando o formato até o falecimento de Siskel em 1999.

Siskel e Ebert eram “rivais” de jornais diferentes de Chicago, com Siskel escrevendo suas críticas e artigos para o Chicago Tribune e Ebert para o Chicago Sun-Times. Para defender seus argumentos, os dois viviam quase sempre em pé de guerra. E ao falarem de ‘Lambada’, Siskel surpreendeu todos ao considerar o filme um “prazer culposo”, o qual ele se disse quase envergonhado de admitir ter gostado, dando uma avaliação positiva pelo fator diversão e entretenimento, mas admitindo ser um filme ruim em muitos aspectos. Será que algum dia a lambada ainda voltará à moda? Se o fizer, certamente trará de volta estas duas produções “gêmeas” como cult.

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Você lembra da lambada? Os que cresceram nas décadas de 1980 e 1990, assim como os mais velhos que já eram adultos na época, definitivamente jamais esqueceram. No entanto, as gerações mais novas, que nasceram depois dos anos 2000, talvez não sejam tão familiarizados com uma das danças mais sensuais jamais inventadas – principalmente porque essa moda veio e foi, sem que muitos hoje em dia sequer comentem sobre ela. Para ter uma ideia do que era, imagine uma dança de forró elevada à décima potência, dançada de forma mais rápida e bem mais sensualizada, com os parceiros entrelaçados pela cintura. Tanto que a lambada recebeu o título de “a dança proibida”.

E sim, você acertou, este estilo musical começou bem aqui em nosso país. Há registros das primeiras músicas de lambada no Brasil ainda na década de 1970, mas o fenômeno viria a estourar mesmo no início dos anos 90, mais precisamente em 1990 mesmo. Saída da região norte do Brasil, do Pará (onde hoje impera o “tecnobrega” – que lançou as carreiras da Banda Calypso, de Joelma e de Gaby Amarantos), é dito que a lambada pegou influências de ritmos latinos como o merengue e a cúmbia. De forma sem precedentes, a lambada viraria uma febre não apenas no Brasil, mas mundial, chegando até países como os EUA.

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No Brasil, o auge da era lambada teve sua representação máxima na TV com a novela ‘Rainha da Sucata’, da rede Globo, que estreava em 2 de abril de 1990 e permaneceria no ar por 180 episódios até 26 de outubro do mesmo ano. Em homenagem ao gênero musical que dominava o país no período, a abertura era embalada ao som de ‘Me Chama que eu Vou’, de Sidney Magal, onde em um ferro-velho, sucatas se juntam para formar uma “mulher” e cair na lambada ao lado de outros dançarinos – tudo provido pelo que de mais moderno a tecnologia de efeitos em stop motion tinha a oferecer aqui no Brasil. Durante todo o ano de 1990, os brasileiros ficaram com a ótima música dançante de Magal na cabeça, e celebravam a abertura com muita lambada.

Mas a lambada não chegou às telas apenas com ‘Rainha da Sucata’, como dito, o ritmo musical havia dominado o mundo. E no mesmo ano de 1990, chegava aos EUA em duas produções vindas de grandes estúdios de Hollywood. Sim, a maior indústria de cinema do mundo se curvava ao ritmo brasileiro não em um filme, mas em dois, que recaem na categoria dos chamados filmes-gêmeos, longas de renome que retratam o mesmo tema no mesmo ano, ou em um espaço de tempo curto. No caso da Lambada foi bem pior do que isso, já que no melhor estilo “Barbenheimer”, os dois filmes da dança estreavam nos EUA no mesmo dia! Sim, 16 de março de 1990 ficaria marcado como o dia da lambada em Hollywood.

‘Lambada – O Filme’, da Warner, levou a dança provocativa brasileira até os americanos.

Lambada – O Filme’ (1990) era uma produção da picareta Cannon Films, mas ganhou distribuição da toda-poderosa Warner. No filme, Kevin Laird (papel de J. Eddie Peck) é um professor colegial de matemática, em uma escola para jovens financeiramente privilegiados. À noite, o professor faz valer suas origens latinas e se diverte em uma casa noturna de lambada, onde é conhecido por seu apelido “Blade”. Em uma dessas noites, uma de suas alunas curiosas, Sandy (Melora Hardin), vai até o clube noturno escondida, e descobre a “identidade secreta” de seu tutor. No melhor estilo ‘Dirty Dancing’, a adolescente e o homem mais velho se apaixonam e viram os reis da lambada no local.

Já ‘Lambada – A Dança Proibida’ (The Forbidden Dance, 1990) teve distribuição da Columbia Pictures e uma história muito mais sem noção. O curioso é que a picareta Cannon Films também teve seu dedo nesta produção, ao menos indiretamente, já que o filme contou com argumento de Menahem Golan, um dos primos israelenses fundadores da Cannon. Veja só esta história: uma princesa da Amazônia brasileira quer conscientizar o mundo da importância da floresta. Até aí tudo bem, é uma causa justa, que segue mais importante e atual do que nunca. Então, essa princesa viaja até os EUA, e seu primeiro ato é: se apaixonar por um jovem americano! O sujeito a convence que a melhor forma de falar diretamente com o povo americano é ir à TV. E como? Bem, que tal participando de um concurso de lambada! É sério! Laura Harring, de origem mexicana, mas filha de pai americano, vive a princesa brasileira.

Com uma história totalmente sem noção, ‘Lambada – A Dança Proibida’ teve lançamento da Columbia.

Além destes dois mais famosos embates da Lambada, ainda tivemos outras duas produções da época a focar na “dança proibida”. O primeiro é uma obra turca de 1989, também intitulada ‘Lambada’, e o que mais? E a outra é uma produção tupiniquim, de nosso próprio país, com coprodução italiana, também lançada em 1990 – e intitulada ‘Lambada – o Filme’. Na trama desse último, um artista americano vem ao Brasil gravar um vídeo da dança e conhece a infame lambada. No elenco, em papeis secundários, Carlinhos de Jesus e Elba Ramalho.

Na batalha das lambadas de grandes estúdios de Hollywood, a Warner levou a melhor sobre a Columbia – com seu filme conquistando mais afeto do público e dos críticos. Tanto que o filme da Warner ficaria conhecido como “o melhor filme de lambada” dentre os dois lançados no mesmo dia. Fora isso estreou em oitava posição do ranking das maiores bilheterias do fim de semana em meados de março, contra a estreia em décima terceira posição do rival gêmeo. O filme da Warner arrecadou US$2 milhões em seu primeiro fim de semana, enquanto o longa da Columbia somou apenas US$720 mil no mesmo período. Em termos de bilheteria total nos EUA e Canadá o filme da Warner / Cannon acumulou US$4.2 milhões. Já o concorrente da Columbia fez US$1.8 milhão total na América do Norte.

Em 2015, a revista de cinema Vanity Fair preparou uma matéria celebrando os 25 anos do duelo dos dois filmes de ‘Lambada’.

Voltando alguns parágrafos, quando eu disse que ‘A Dança Proibida’ contou com argumento de Menahem Golan, um dos homens por trás da Cannon Films, é claro que o esperto produtor jamais jogaria contra si mesmo. O que acontece é que nesta época, no início dos anos 90, Golan já havia falido com a Cannon, e se desligado da companhia, que seguia com seu primo Yoram Globus e um novo CEO, o egípcio Ovidio G. Assonitis. ‘Lambada’ foi o primeiro filme do relançamento da nova Cannon. Por isso Golan, espertamente, tirou da cartola um filme nos mesmos moldes, para minar os rivais. Mas as coisas não saíram tão bem para ele. A começar que foi processado e impedido de usar o título “Lambada” no filme – o original é apenas ‘The Fordidden Dance’ – só sendo chamado ‘Lambada’ no Brasil.

Fora isso, antes mesmo de estrear ‘A Dança Proibida’, o “visionário” Menahem Golan estava pronto para fazer uma de suas “vendas casadas” dos tempos áureos da Cannon com a sequência já engatilhada, vide as “franquias” ‘Breakin’ e ‘Braddock’ (com Chuck Norris). Assim, o israelense não perdeu tempo e tratou de anunciar nas páginas da Variety o título ‘Naked Lambada! The Forbidden Dance Continues’, que seria a continuação do filme. No entanto, os números nada animadores da bilheteria do longa original, o fizeram desistir deste plano mirabolante.

‘Lambada’, da Warner, foi considerado um filme melhor, com o crítico Gene Siskel o considerando um prazer culposo.

Mas talvez o maior prêmio que a ‘Lambada’ da Warner tenha recebido foi o carinho do renomado crítico Gene Siskel, um dos maiores da área, que dividia o programa com o igualmente saudoso Roger Ebert. Os dois foram pioneiros em alçar a crítica de cinema a um novo patamar, fazendo dos profissionais deste segmento rostos conhecidos de todos. Podemos dizer que a dupla foi os primeiros críticos em vídeo a se tornarem verdadeiramente populares, muitas décadas antes do advento da internet. Ou sequer da TV à cabo. O programa onde dividiam a tela e falavam sobre os lançamentos do cinema começou na década de 1970 e foi aprimorando o formato até o falecimento de Siskel em 1999.

Siskel e Ebert eram “rivais” de jornais diferentes de Chicago, com Siskel escrevendo suas críticas e artigos para o Chicago Tribune e Ebert para o Chicago Sun-Times. Para defender seus argumentos, os dois viviam quase sempre em pé de guerra. E ao falarem de ‘Lambada’, Siskel surpreendeu todos ao considerar o filme um “prazer culposo”, o qual ele se disse quase envergonhado de admitir ter gostado, dando uma avaliação positiva pelo fator diversão e entretenimento, mas admitindo ser um filme ruim em muitos aspectos. Será que algum dia a lambada ainda voltará à moda? Se o fizer, certamente trará de volta estas duas produções “gêmeas” como cult.

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