Você já ouviu falar do termo “sequência-legado”? Essa é a nova moda de Hollywood, e significa continuações de filmes clássicos do passado, sejam eles tanto sucessos que viraram febre na época ou ícones cult anos depois. A diferença é justamente essa: uma sequência normal geralmente aproveita o hype que certo filme conquistou e já chega com poucos anos de intervalo; enquanto uma “sequência-legado” tem como princípio a nostalgia dos fãs em relação a um produto.
Uma “sequência-legado” não é um remake, mas por funcionar igualmente como um reboot, se a ideia for continuar a história para uma nova geração. Ah sim, uma sequência-legado na maioria das vezes usa como fator nostálgico o mesmo elenco do passado, criando elo com os fãs antigos, e apresentando tais ícones para toda uma nova geração.
Como exemplo de sequências-legado esse ano teremos a volta de dois ícones dos anos 80 em novos filmes. O primeiro, que chega logo em julho na Netflix é ‘Um Tira da Pesada 4’, novamente estrelado por Eddie Murphy e com a volta de muitos dos rostos do passado (comemorando os 40 anos do original e os 30 anos do terceiro). O segundo é ‘Os Fantasmas Ainda se Divertem’, que trará o fantasma zombeteiro Beetlejuice novamente nas formas de Michael Keaton, e o retorno de Winona Ryder como Lydia, novamente dirigido por Tim Burton. Veremos como ambos irão se sair nestes novos tempos.
Enquanto isso, nessa nova matéria resolvemos ranquear todas as principais sequências-legado atuais de filmes dos anos 80, da pior até a melhor. Confira abaixo.
Duro de Matar: Um Bom Dia para Morrer (2013)
A franquia ‘Duro de Matar’ começou em 1988 e revolucionou para sempre os filmes de ação policial. Dois anos depois chegava uma sequência à altura, e ainda nos anos 90 tivemos uma terceira parte explosiva. Mas há 11 anos, comemorando 25 anos do original, ‘Um Bom Dia para Morrer’ não conseguiu finalizar bem a saga do policial John McClane, o unindo a seu filho Jack para a ação na Rússia.
Férias Frustradas (2015)
A ideia era boa, tirar a família Griswold da gaveta para mais uma aventura, desta vez protagonizada pelo filho Rusty e sua família – reprisando a icônica viagem original para o parque Wally World. Outra sacada interessante foi a brincadeira com o fato de os intérpretes dos filhos Rusty e Audrey mudarem a cada episódio dos cinco filmes da franquia. ‘Férias Frustradas’ de 2015 foi tanto uma sequência quanto um reboot, e não poderiam faltar participações de Chevy Chase e Beverly D’Angelo como os patriarcas Clark e Ellen.
Rambo – Até o Fim (2019)
Só quem viveu os anos 80 consegue compreender o fenômeno que foi Rambo. Depois do segundo filme, de 1985, estava instaurada a “Rambomania” no mundo, que rendia de tudo, desde uma série em desenho animado, uma linha de bonecos para os meninos, lancheiras e no Brasil até mesmo o concurso promovido por Gugu Liberato do Rambo brasileiro. Isso tudo antes de o terceiro filme ser lançado em 1988. Vinte anos depois e tivemos uma despedida emocionante e à altura do personagem em ‘Rambo 4’. A pergunta que todos se fizeram foi: para que Stallone quis fazer mais um filme?
Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme (2010)
Vira e mexe somos surpreendidos por uma sequência inesperada, de um filme que não é uma franquia, ou sequer pertence aos gêneros da ação, comédia ou terror. Foi o caso com essa inusitada continuação do vencedor do Oscar ‘Wall Street’, de 1987, que falava sobre a era dos yuppies investidores da bolsa nos anos 80. O próprio Oliver Stone achou que valia mais um comentário sobre o estado financeiro dos EUA. Assim, deu mais foco aos dramas pessoais do coadjuvante vilão de Michael Douglas, Gordon Gekko.
Tron – O Legado (2010)
Esse é um que recai na categoria de sequência-legado de um filme cult dos anos 80. Você já tinha ouvido falar em ‘Tron – Uma Odisseia Eletrônica’? Bem, se você tem menos de 30 anos a resposta pode ser não. Acontece que ‘Tron’ foi uma aposta arriscada da Disney, um filme muito caro em live-action, que explorava o que a tecnologia de ponta em efeitos tinha de melhor a oferecer. Mas o resultado não se pagou e o filme foi fracasso, ficando vivo apenas nas intermináveis reprises da época na TV aberta. Esse crescente de culto em torno do filme foi o que fez o estúdio bancar mais um round, trazendo de volta Jeff Bridges como o protagonista Flynn, e aposta na tecnologia mais uma vez, aqui com o revolucionário efeito de rejuvenescimento.
Willow (2022)
Curiosamente, além da tendência das sequência-legado nos cinemas, nos últimos anos vimos surgir uma tendência secundária, mas que igualmente faz sucesso e atende a demanda de nostalgia. Falamos sobre as sequência-legado na forma de séries de TV. Quando a Disney comprou a LucasFilm, o foco do estúdio estava em franquias bilionárias, como ‘Star Wars’ e ‘Indiana Jones’. Mas algumas outras vieram de brinde, como a aventura de fantasia cult ‘Willow’, de 1988. Trinta e quatro anos depois as aventuras do baixinho Willow (Warwick Davis) continuam. E ganhamos inclusive a participação de Joanne Whalley como Sorsha, transformada em Rainha. Apenas Val Kilmer como Madmartigan ficou de fora, por motivo da doença do ator.
Bill & Ted – Encare a Música (2020)
Por falar em filmes cult de sucesso, aqui temos um dos primeiros veículos do astro Keanu Reeves. ‘Bill e Ted – Uma Aventura Fantástica’ (1989) não foi um sucesso avassalador do nível de, digamos, ‘De Volta para o Futuro’, mas conseguiu conquistar sua legião de fãs, render uma sequência em 1991 (‘Bill e Ted – Dois Loucos no Tempo’) e até mesmo uma série em desenho animado. Por isso foi tão especial ver a reunião de Reeves e Alex Winter agora na meia idade, ainda com neurônios a menos, precisando lidar com viagem no tempo e… suas filhas!
Um Príncipe em Nova York 2 (2021)
‘Um Príncipe em Nova York’ (1988) é uma das comédias mais queridas dos anos 80, e a continuação era sonhada há muito tempo – e ela finalmente chegaria como parte da nova boa safra de produções de prestígio de Eddie Murphy. Apesar da volta de velhos rostos conhecidos: como Arsenio Hall como Semmi, Shari Headley como Lisa e James Earl Jones como o Rei Jaffe, além de bem-vindas adições, como Wesley Snipes no papel do vilão General Izzi; a principal diferença foi que original era uma comédia incorreta, suja e lasciva, já esta sequência foi pega pela era politicamente correta.
O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio (2019)
Quando James Cameron teve um pesadelo febril e sonhou com um esqueleto de metal, ele jamais esperaria que iria criar uma das maiores franquias do cinema. O primeiro ‘O Exterminador do Futuro’, de 1984, é até considerado um filme de baixo orçamento, voltado para o suspense e o terror, sem esquecer a ficção científica e a ação. O segundo, de 1991, elevou o jogo a outro patamar e fez a franquia adentrar no território dos blockbusters. E daí em diante não teria volta.
Assim, foram mais três continuações até ‘Destino Sombrio’, e o que podemos dizer é: o sexto filme é a melhor das continuações desde o segundo. Isso porque pela primeira vez desde então, Linda Hamilton topou reprisar o papel da durona Sarah Connor. E se toda hora víamos Arnold Schwarzenegger novamente como o T-800, o reencontro com a atriz, ainda durona, foi algo único.
Indiana Jones e a Relíquia do Destino (2023)
A mais recente aventura (e provavelmente a última, ao menos com Harrison Ford) de Indiana Jones marca o filme cinco – e fica entre erros e acertos, como a anterior (‘O Reino da Caveira de Cristal’). O que podemos dizer é que o quinto filme adota um tom bem mais melancólico e triste – Indy perdeu seu filho, está separado novamente de Marion e está velho e solitário. Para piorar, o destino traz à sua porta a afilhada Helena (Phoebe Waller-Bridge)… e bem, era melhor o professor ter ficado sem essa. Mesmo assim o longa ainda reserva momentos icônicos para o velho arqueólogo mais famoso do cinema, como uma perseguição à cavalo nos metrôs de Nova York, no fim dos anos 1960.
Ghostbusters – Mais Além (2021)
Por décadas os fãs clamaram por mais um ‘Caça-Fantasmas’. É raro uma franquia fazer tanto sucesso e ter apenas dois filmes em seu currículo. Assim como alguns outros itens acima, ‘Os Caça-Fantasmas’ dominou o mundo com seu merchandising, de uma série em desenho animado, passando por uma linha de bonecos até jogos eletrônicos – tudo isso antes mesmo da continuação ser lançada nos cinemas. Depois de uma malfadada investida em um reboot feminino em 2016, a equipe original finalmente estava de volta para o tão esperado terceiro round e a passagem de bastão. ‘Mais Além’ é a sequência-legado da franquia, e o mais recente ‘Apocalipse de Gelo’ é sua continuação, lançada este ano.
Doutor Sono (2019)
Um dos filmes de terror mais adorados dos anos 80 – e provavelmente o melhor e mais elogiado – atende pelo nome ‘O Iluminado’, uma das obras-primas de um certo Stanley Kubrick. Além do nome do cineasta e do de Jack Nicholson, o longa guarda também o nome do mestre do terror Stephen King como autor do livro em que é baseado. Assim, o próprio King cismou de tirar uma continuação para sua história, na forma de um segundo livro. Esse livro também foi adaptado às telonas (e você achou que não seria?) e também rendeu um filmaço, embora ainda subestimado e não muito conhecido do grande público. Ewan McGregor interpreta o menino Danny crescido, e ganhamos flashbacks do hotel Overlook e da caracterização perfeita de Alex Essoe como Wendy e Henry Thomas como Jack Torrance.
Ash vs. Evil Dead (2015-2018)
Seguindo na linha das sequências-legado que ganharam suas continuações direto nas telinhas, após o remake barra-pesada de ‘Evil Dead’ (‘A Morte do Demônio’) em 2013, a franquia criada por Sam Raimi voltou às origens da trilogia original. Grande parte desta nostalgia foi trazida pela presença de Bruce Campbell como o herói canastrão Ash, encarando novamente os mortos-vivos, espíritos e demônios, agora na meia idade. O tom galhofa, mas sem esquecer o gore estava de volta, tudo com o dedo de Raimi. Os fãs adoraram, já que no cinema, a franquia segue por outro caminho.
Chucky (2021- )
Por falar em filmes de terror queridos dos anos 80, um dos personagens que se tornaria mais icônicos atrás de Jason e Freddy, era o boneco homicida Chucky, que possui a alma de um serial killer. Tudo começou em 1988, com ‘Brinquedo Assassino’, e dois anos depois já ganhava a primeira continuação. O terceiro filme sairia logo no ano seguinte, mas o quarto filme precisou mudar de nome já por causa de uma briga de bastidores. Os quatro filmes vindouros usavam no título o nome do boneco, Chucky. E assim seguiu para a série estrelada pelo personagem, outro exemplo de sequência-legado que saiu das telonas para as telinhas, onde consta com três temporadas completas.
Star Wars: O Despertar da Força (2015)
Uma das características de uma sequência-legado é que não se trate de uma prequel, ou seja, uma história que se passa antes. Justamente por isso, a trilogia prequel de Star Wars não pode ser considerado sequências-legado. Esse título ficou mesmo com ‘O Despertar da Força’, que continua a história depois de ‘O Retorno de Jedi’, trinta e dois anos depois. O longa também funciona como espécie de continuação e reboot, já que apresenta toda uma gama de novos personagens principais, como Rey, Finn e Poe, a quem iremos seguir nessa nova jornada, assim como o vilão Kylo. Mas sem esquecer o que todos querem ver, Han Solo, Chewbacca, Leia e Luke.
Blade Runner 2049 (2017)
Com ‘Blade Runner 2049’, podemos dizer que Harrison Ford retornou a seus três personagens mais icônicos do cinema. Han Solo e Indiana Jones são os principais, mas ‘Blade Runner’, de 1982, sempre esteve na memória e coração dos fãs, enaltecido hoje como um dos filmes mais interessantes e importantes saídos da década. Na época, o filme de Ridley Scott, considerado um neo-noir futurista, não emplacou graças a seu ritmo lento. Mas eis que 35 anos depois, o diretor Denis Villeneuve, com o aval de Scott, tirou Rick Deckard da aposentadoria e o tornou coadjuvante em mais uma história misteriosa, que trouxe à frente da trama o Blade Runner androide K (Ryan Gosling). E com o filme mais um cult instantâneo nasceu.
Creed – Nascido para Lutar (2015)
Podemos dizer que aqui trapaceamos um pouco, isso porque se a intenção era trazer apenas sequências-legado dos anos 80, aqui temos uma dos anos 70. Seja como for, a franquia ‘Rocky’ fez enorme sucesso nos anos 80, como nunca anteriormente, graças a ‘Rocky III’ e especialmente ‘Rocky IV’, o maior fenômeno da saga. Depois disso, podemos considerar ‘Rocky Balboa’ já uma sequência-legado, mas na época o termo sequer existia e este filme já tem nada menos do que 18 anos. Assim, achamos por bem incluir ‘Creed’ como a sequência-legado de Rocky, apesar de ser também um reboot e um derivado.
É muita informação. Seja como for, algumas das melhores sequência-legal utilizam da fórmula certeira de jogar seus antigos protagonistas para serem coadjuvantes, abrindo espaço para personagens novos poderem brilhar e criar identificação com o público atual. E com ‘Creed’ foi assim, dando espaço para Adonis Creed (Michael B. Jordan) subir ao ringue. Deu tão certo que virou uma trilogia e um quarto filme começa a sair do papel. O mais legal foi ver a volta de Ivan Drago em ‘Creed II’.
Mad Max – Estrada da Fúria (2015)
Como vimos na lista, o ano de 2015 foi repleto de sequências-legado – de ‘Star Wars’ a ‘Creed’, passando por ‘Férias Frustradas’. Agora temos o melhor daquele ano. E também um bastante diferente. O quarto ‘Mad Max’ é uma sequência-legado que não contou com seu ator principal reprisando o papel protagonista. Teria sido muito bom ver Mel Gibson mais velho, voltando ao papel de Max – ‘Herança de Sangue’ provou que ele estava pronto para o papel, e poderia ser barbudo e tudo (o filme foi lançado na mesma época). Acontece que Mel Gibson ainda se encontra canceladíssimo em Hollywood e isso teria afetado o desempenho de ‘Estrada da Fúria’, que contou com o mesmo George Miller na direção. O jeito foi substituir com um Max mais novo, nas formas de Tom Hardy.
Cobra Kai (2018-2025)
E se ‘Mad Max – Estrada da Fúria’ foi a melhor sequência-legado de 2015, ‘Cobra Kai’ é a melhor delas que levou sua história das telonas para as telinhas. Aqui falamos da continuação de ‘Karatê Kid’, que tomou o mundo de assalto em 1984, e lançou duas continuações ainda nos anos 80. Lançou também uma linha de bonecos, uma série em desenho animado e uma continuação protagonizada por Hilary Swank nos anos 90.
Depois de um remake que não fez feio, mas também não emplacou como deveria em 2010, a opção foi por aderir ao meme de que Daniel San era o verdadeiro valentão do colégio e não Johhny Lawrence, que rolava na internet, antes de o termo meme ser estabelecido. Essa foi a desculpa para criar uma das melhores séries da atualidade, que lançará sua sexta e última temporada este ano, e já prepara mais uma sequência para o cinema.
Top Gun – Maverick (2022)
‘Top Gun Maverick’ é a sequência-legado mais bem-sucedida do cinema de todos os tempos! O filme de Tom Cruise conseguiu a proeza de ser melhor inclusive do que seu original. O ‘Top Gun’ original virou febre e transformou Cruise em astro. Foi o maior blockbuster daquele ano nos EUA, e por décadas os fãs esperaram uma continuação. Ela finalmente sairia do papel, depois de muita espera, quando muitos nem acreditavam mais.
Além de ser uma bela homenagem para o original, com direito a cenas emotivas envolvendo as lembranças de Goose (Anthony Edwards) e do rival Iceman (Val Kilmer), ainda apresentou um novo time de pilotos destemidos, e colocou o audacioso Maverick de Cruise como professor, com direito a brincadeiras com a idade do ator. Só faltou mesmo Kelly McGillis, ou será que não? ‘Top Gun Maverick’ foi indicado para melhor filme no Oscar, quantas outras sequências-legado fizeram o mesmo?