domingo , 22 dezembro , 2024

O cinema RESPIRA com a A24! Um passeio pela história do cultuado estúdio e como tudo começou

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Referência no mercado

Não é tão comum uma produtora se sobressair ou ganhar fama além do que já é falado da produção em questão, seja com filmes, séries, quadrinhos ou jogos. Porém é verdade que ao longo do tempo algumas empresas passaram a ser sinônimo de qualidade naquilo que fazem. A que me salta aos olhos logo de cara é na vertente das séries, onde, apesar da Netflix ser tão festejada hoje, há quase duas décadas o selo da HBO era respeitado e qualquer coisa saída de lá despertava a atenção do público e da crítica.



Porém no cinema, por uma demanda ainda maior, os grandes estúdios como Warner, Universal, Fox e que agora também é Disney, passam meio despercebidos – ainda que este último por possuir tantos braços acabou ganhando fama no meio da cultura pop. As animações sobre foram o forte da Disney, e não por acaso seu estúdio mais aclamado é a Pixar, comprado rapidamente após o sucesso de ‘Toy Story‘.

Assista também:
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É claro que quando falamos de filmes de Terror isso acaba mudando, até por coisas como a Hammer, que proporcionou obras antológicas na sua proposta grotesca de ser. Ou mesmo a Blumhouse que explodiu depois do trabalho de James Wan.

Só que dessa vez, ainda que muitos o encarem como um estúdio que também tem como foco filmes de horror, mais especificamente o subgênero do terror psicológico, vamos falar da A24. Uma produtora que chacoalhou a indústria cinematográfica autoral nos últimos anos.

Sempre aparecendo com seus filmes em listas de melhores do ano, em grandes premiações das mais variadas categorias, e tem conquistado seguidores dos mais diferentes estilos pelo mundo. Onde seu segredo basicamente está nos nomes ou nos projetos que eles apostam, escolhendo quase que a dedo o que vai ou não dar certo, independente de um retorno expressivo de bilheteria ou não.

Uma ideia diferente, por exemplo, da própria Blumhouse, que claramente busca uma vibe mais popular em suas produções recheadas de jumpscares.

A origem da A24

E pra gente entender rapidamente como isso surgiu, o estúdio foi fundado em agosto de 2012 pelo americano Daniel Katz, que era financiador de longas independentes pela Guggenheim Partners. E que tem como sócios fundadores David Fenkel, ex-presidente da Oscilloscope, e John Hodges que atuava como Chefe de Produção e Desenvolvimento em Big Beach. Ou seja, macacos velhos desse meio que sabiam onde e como fazer a coisa acontecer.

E pra quem pergunta o porquê de A24, que antigamente era A24 Films, a empresa ganhou esse nome quando o próprio Katz passava pela Autoestrada A24, na Itália, e teve a ideia de fundar um estúdio próprio. Exatamente daí veio a nomenclatura estranha. Aleatório, mas gerou uma história legal.

Não demorou muito pra A24 dar as caras para o mundo. O primeiro projeto a realmente a sair do papel, no começo de 2013, foi ‘As Loucuras de Charlie‘, dirigido por Roman Coppola, filho do lendário Francis Ford Coppola, que é uma comédia legalzinha, mais uma espécie de bio do maluco do Charlie Sheen, e tem umas passagens de musical e um elenco realmente bacana.

Bling Ring: A Gangue de Hollywood (2013)

Não teve tanto destaque, mas serviu como carta de apresentação para quatro produções de grande sucesso lançadas no mesmo ano, que foi ‘Ginger & Rosa‘, ‘Spring Breakers‘, ‘Bling Ring‘ e ‘O Maravilhoso Agora‘ – filme de cabeceira de muitos jovens. Todos esses filmes depois iriam ressoar no que eles fariam com o passar dos anos. Com destaque para o alucinante ‘Spring Breakers‘ que foi o responsável por mostrar ao mundo que essa nova produtora tinha algo a dizer. Também adoro ‘Bling Ring‘ da Sofia Coppola. O ritmo daquele filme, o elenco, nossa, é uma delícia.

A partir de 2014, a A24 começou lançar uma quantidade de projetos que seria basicamente sua base anual de trabalho. Foram 11 filmes lançados internacionalmente. Alguns deles, como por exemplo, ‘O Homem Duplicado‘, de Denis Villeneuve, e ‘Sob a Pele‘, de Jonathan Glazer, entrariam facilmente numa lista de melhores da década, tamanha inventividade e complexidade artística.

O Homem Duplicado (2013)

Não apenas no que se refere a trama, mas também no sentido cinematográfico da coisa. ‘Locke‘, com Tom Hardy, foi outro filme que trouxe uma experiência única, sobre o protagonista passar todo tempo dentro de um carro e em momento algum a coisa fica chata. O quase sempre ótimo J. C. Chandor fez naquele ano o elegantíssimo ‘O Ano Mais Violento‘, sobre uma história pesada que Nova York passou.

Entrando de vez no mercado

Como vocês perceberam, com apenas dois anos atuando no mercado, a A24 já havia se consolidado e construído uma boa reputação. Em 2015 foram mais 11 longas lançados. E dessa vez com indicação e premiação no Oscar.

Alex Garland pegou todo mundo no contrapé com o sci-fi ‘Ex-Machina‘, estrelado por Alicia Vikander, que fez muita gente falar a respeito de como o gênero podia se reinventar de maneira tão inusitada. Galard com o pouco que tinha, conseguiu bons profissionais de efeitos visuais e faturou o Oscar em questão batendo de frente com as produções milionárias de Hollywood.

Ex_Machina: Instinto Artificial (2014)

Ex_Machina: Instinto Artificial‘ também foi indicado a melhor roteiro original. Além de dezenas de outros festivais e sindicatos. Outra produção que ganhou Oscar nesse ano foi o documentário da Amy Winehouse, ‘Amy‘, que faturou o prêmio principal de sua categoria. Além claro de ‘O Quarto de Jack‘ gerar uma comoção enorme e da querida Brie Larson vencer a categoria de melhor atriz.

Estabelecida então e com bons exemplares, podendo contar com grandes realizadores e agora com Oscars e muitas premiações nas costas, era hora de partir pra cartada final. 2016 foi talvez o grande ano da A24, e se não foi o melhor, foi o que gerou os filmes mais comentados.

Começando pelo longa que é tido por muitos como o símbolo do estúdio, ‘A Bruxa‘, do então novato Robert Eggers. Não seria exagero dizer que esse é o grande filme de horror da última década. Há argumentos para isso. O terror imprenso a cada frame, intenção, na atmosfera opressiva, e principalmente nos temas comprovam tal afirmação.

A Bruxa (2015)

Algo habitual da A24, gente que faz cinema com substancia, o caso de Eggers. ‘Green Room‘ de Jeremy Saulnier foi outro grande exemplar do estilo, também carregando os elementos citados anteriormente. E na próxima parte do nosso artigo, vamos ver a consagração final do estúdio.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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Não é tão comum uma produtora se sobressair ou ganhar fama além do que já é falado da produção em questão, seja com filmes, séries, quadrinhos ou jogos. Porém é verdade que ao longo do tempo algumas empresas passaram a ser sinônimo de qualidade naquilo que fazem. A que me salta aos olhos logo de cara é na vertente das séries, onde, apesar da Netflix ser tão festejada hoje, há quase duas décadas o selo da HBO era respeitado e qualquer coisa saída de lá despertava a atenção do público e da crítica.

Porém no cinema, por uma demanda ainda maior, os grandes estúdios como Warner, Universal, Fox e que agora também é Disney, passam meio despercebidos – ainda que este último por possuir tantos braços acabou ganhando fama no meio da cultura pop. As animações sobre foram o forte da Disney, e não por acaso seu estúdio mais aclamado é a Pixar, comprado rapidamente após o sucesso de ‘Toy Story‘.

É claro que quando falamos de filmes de Terror isso acaba mudando, até por coisas como a Hammer, que proporcionou obras antológicas na sua proposta grotesca de ser. Ou mesmo a Blumhouse que explodiu depois do trabalho de James Wan.

Só que dessa vez, ainda que muitos o encarem como um estúdio que também tem como foco filmes de horror, mais especificamente o subgênero do terror psicológico, vamos falar da A24. Uma produtora que chacoalhou a indústria cinematográfica autoral nos últimos anos.

Sempre aparecendo com seus filmes em listas de melhores do ano, em grandes premiações das mais variadas categorias, e tem conquistado seguidores dos mais diferentes estilos pelo mundo. Onde seu segredo basicamente está nos nomes ou nos projetos que eles apostam, escolhendo quase que a dedo o que vai ou não dar certo, independente de um retorno expressivo de bilheteria ou não.

Uma ideia diferente, por exemplo, da própria Blumhouse, que claramente busca uma vibe mais popular em suas produções recheadas de jumpscares.

A origem da A24

E pra gente entender rapidamente como isso surgiu, o estúdio foi fundado em agosto de 2012 pelo americano Daniel Katz, que era financiador de longas independentes pela Guggenheim Partners. E que tem como sócios fundadores David Fenkel, ex-presidente da Oscilloscope, e John Hodges que atuava como Chefe de Produção e Desenvolvimento em Big Beach. Ou seja, macacos velhos desse meio que sabiam onde e como fazer a coisa acontecer.

E pra quem pergunta o porquê de A24, que antigamente era A24 Films, a empresa ganhou esse nome quando o próprio Katz passava pela Autoestrada A24, na Itália, e teve a ideia de fundar um estúdio próprio. Exatamente daí veio a nomenclatura estranha. Aleatório, mas gerou uma história legal.

Não demorou muito pra A24 dar as caras para o mundo. O primeiro projeto a realmente a sair do papel, no começo de 2013, foi ‘As Loucuras de Charlie‘, dirigido por Roman Coppola, filho do lendário Francis Ford Coppola, que é uma comédia legalzinha, mais uma espécie de bio do maluco do Charlie Sheen, e tem umas passagens de musical e um elenco realmente bacana.

Bling Ring: A Gangue de Hollywood (2013)

Não teve tanto destaque, mas serviu como carta de apresentação para quatro produções de grande sucesso lançadas no mesmo ano, que foi ‘Ginger & Rosa‘, ‘Spring Breakers‘, ‘Bling Ring‘ e ‘O Maravilhoso Agora‘ – filme de cabeceira de muitos jovens. Todos esses filmes depois iriam ressoar no que eles fariam com o passar dos anos. Com destaque para o alucinante ‘Spring Breakers‘ que foi o responsável por mostrar ao mundo que essa nova produtora tinha algo a dizer. Também adoro ‘Bling Ring‘ da Sofia Coppola. O ritmo daquele filme, o elenco, nossa, é uma delícia.

A partir de 2014, a A24 começou lançar uma quantidade de projetos que seria basicamente sua base anual de trabalho. Foram 11 filmes lançados internacionalmente. Alguns deles, como por exemplo, ‘O Homem Duplicado‘, de Denis Villeneuve, e ‘Sob a Pele‘, de Jonathan Glazer, entrariam facilmente numa lista de melhores da década, tamanha inventividade e complexidade artística.

O Homem Duplicado (2013)

Não apenas no que se refere a trama, mas também no sentido cinematográfico da coisa. ‘Locke‘, com Tom Hardy, foi outro filme que trouxe uma experiência única, sobre o protagonista passar todo tempo dentro de um carro e em momento algum a coisa fica chata. O quase sempre ótimo J. C. Chandor fez naquele ano o elegantíssimo ‘O Ano Mais Violento‘, sobre uma história pesada que Nova York passou.

Entrando de vez no mercado

Como vocês perceberam, com apenas dois anos atuando no mercado, a A24 já havia se consolidado e construído uma boa reputação. Em 2015 foram mais 11 longas lançados. E dessa vez com indicação e premiação no Oscar.

Alex Garland pegou todo mundo no contrapé com o sci-fi ‘Ex-Machina‘, estrelado por Alicia Vikander, que fez muita gente falar a respeito de como o gênero podia se reinventar de maneira tão inusitada. Galard com o pouco que tinha, conseguiu bons profissionais de efeitos visuais e faturou o Oscar em questão batendo de frente com as produções milionárias de Hollywood.

Ex_Machina: Instinto Artificial (2014)

Ex_Machina: Instinto Artificial‘ também foi indicado a melhor roteiro original. Além de dezenas de outros festivais e sindicatos. Outra produção que ganhou Oscar nesse ano foi o documentário da Amy Winehouse, ‘Amy‘, que faturou o prêmio principal de sua categoria. Além claro de ‘O Quarto de Jack‘ gerar uma comoção enorme e da querida Brie Larson vencer a categoria de melhor atriz.

Estabelecida então e com bons exemplares, podendo contar com grandes realizadores e agora com Oscars e muitas premiações nas costas, era hora de partir pra cartada final. 2016 foi talvez o grande ano da A24, e se não foi o melhor, foi o que gerou os filmes mais comentados.

Começando pelo longa que é tido por muitos como o símbolo do estúdio, ‘A Bruxa‘, do então novato Robert Eggers. Não seria exagero dizer que esse é o grande filme de horror da última década. Há argumentos para isso. O terror imprenso a cada frame, intenção, na atmosfera opressiva, e principalmente nos temas comprovam tal afirmação.

A Bruxa (2015)

Algo habitual da A24, gente que faz cinema com substancia, o caso de Eggers. ‘Green Room‘ de Jeremy Saulnier foi outro grande exemplar do estilo, também carregando os elementos citados anteriormente. E na próxima parte do nosso artigo, vamos ver a consagração final do estúdio.

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Wilker Medeiroshttps://www.youtube.com/imersaocultural
Wilker Medeiros, com passagem pela área de jornalismo, atuou em portais e podcasts como editor e crítico de cinema. Formou-se em cursos de Fotografia e Iluminação, Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica, Forma e Estilo do Cinema. Sempre foi apaixonado pela sétima arte e é um consumidor voraz de cultura pop.

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