quarta-feira, abril 24, 2024

O Conselheiro do Crime (2)

A MULHER QUE NÃO AMAVA OS HOMENS

O Conselheiro do Crime é o novo projeto de um dos maiores diretores do cinema de Hollywood atual, Ridley Scott. O pai de Alien – O Oitavo Passageiro (1979) e Blade Runner (1982) entraria para a história só por esses dois projetos, mas Scott viveu para ter uma das carreiras de maior prestígio do cinema americano. O cineasta se consolidou entre os grandes verdadeiramente, da última década em diante. Durante as décadas de 1980 e 1990 seus filmes não chamavam muita atenção, e foi quando o diretor entregou seus trabalhos menos expressivos como Chuva Negra (1989), Perigo na Noite (1987), e o seu filme menos apreciado, Até o Limite da Honra (1997), com Demi Moore como uma militar.

O Conselheiro do Crime marca seu vigésimo segundo filme da carreira, e décimo segundo somente nos últimos doze anos. Os novos projetos de Scott são assim, chamam a atenção por serem grandiosos, e fazerem uso de um elenco renomado. O diretor é, no entanto, considerado um grande operário, por cumprir bem seu papel em todo e qualquer tipo de gênero (seja filmes de guerra, épicos medievais, ficção científica, dramas e inclusive comédias leves), sem possuir um estilo único estético ou narrativo. Scott mais uma vez realiza um bom trabalho atrás das câmeras em seu novo filme, o maior problema aqui é mesmo, inusitadamente, o texto do sempre ótimo Cormac McCarthy (Onde os Fracos Não Têm Vez e A Estrada).

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O escritor octogenário cria uma história difícil de ser acompanhada, e desinteressante. Na qual a simplicidade das situações é totalmente enevoada por diálogos complexos e rebuscados, que parecem não fazer muito sentido dentro de sua própria lógica. Tudo soa como aquele bêbado metido a intelectual no bar, que sabe citar grandes versos, mas num contexto totalmente equivocado. Ver o resultado final da obra faz pensar que talvez esse tenha sido o motivo de tanto mistério em torno da produção, em relação à sinopse e trailers: Aqui realmente não existe muito. A trama, um tanto quanto simplista, traz o ótimo Michael Fassbender (visto pela última vez justamente ao lado de Scott em Prometheus) como um advogado, cujo personagem não possui nome.

Ele está envolvido numa parceria empresarial com o homem de negócios escuso, Reiner, vivido de forma chamativa (mais em sua caracterização do que na atuação em si) por Javier Bardem (Amor Pleno). Por dívidas financeiras, o advogado decide dar o passo além, e aderir ao tempestuoso mundo do tráfico de drogas, ao lado de seu parceiro de negócios. A primeira metade de O Conselheiro do Crime consiste apenas no personagem sondar as possibilidades de sua nova ventura. E essa é justamente a melhor parte do filme. Todas as hipóteses de se mergulhar num mundo sujo, e suas consequências, são levantadas através de muitos diálogos entre os personagens de Fassbender, Bardem, e também de Brad Pitt (Guerra Mundial Z).

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Pitt interpreta o intermediário de um cartel. Ele é o típico texano, e seu personagem faz uso de um chapéu de cowboy. Da metade em diante, quando tudo começa a dar errado dentro da trama para o protagonista, o filme igualmente sai dos trilhos. O motivo é que não sentimos em momento algum aonde e porque as coisas poderiam ter dado tão errado a ponto de acontecerem de forma tão rápida e trágica para todos. O único motivo para isso é simplesmente para servir a trama, porque tinham que acontecer para termos um filme. Mas sem uma explicação convincente nossa credulidade também se esvai, como o sangue de diversos personagens.

As atuações são muito boas, todos estão no auge de sua arte. O problema é que parecem perdidos em seus diálogos, como, por exemplo, numa cena em que Bardem confessa para Fassbender o que sua namorada, interpretada por Cameron Diaz (Um Golpe Perfeito) fez com seu carro. Ou quando a mesma personagem resolve se confessar para um padre na igreja. Bons atores precisam ser convincentes recitando o mais louco e desconexo dos diálogos, e isso é um pouco do que acontece aqui. São cenas soltas do resto do filme, que não funcionam num geral, apenas independentemente. O filme possui momentos e cenas ótimas, mas que simplesmente não funcionam de forma agrupada.

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Não deixe de assistir:

Por falar em Cameron Diaz, a atriz desempenha provavelmente seu melhor papel de toda a carreira. Como a sexualmente agressiva Malkina, a loira é mais uma das onças pintadas do personagem de Bardem, e possui inclusive as tatuagens nas costas para provar. De unhas prateadas, dente de ouro, e penteado estiloso, Diaz exala mais sensualidade do que qualquer outra personagem desse ano. Sua performance vem igualada, criando uma mulher fria, sedutora, que possui seus próprios segredos, e que quem sabe daria medo até mesmo em Lisbeth Salander (personagem da trilogia Millenium). Já existe inclusive falatório de prêmios para a atriz de 41 anos (se não for agora, quando?). Ah sim, Penélope Cruz (Os Amantes Passageiros) também está nesse filme, como a “noiva” de Fassbender. O talento da espanhola merecia mais.

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