Se você tem acesso à internet, provavelmente reparou que o mundo ficou de mãos atadas ante a falha que tirou o Facebook, o Instagram e o WhatsApp do ar por várias horas. Enquanto essas redes seguem voltando aos poucos, a causa da falha ainda não foi divulgada, o que rendeu uma série de brincadeiras no Twitter sobre os possíveis erros do estagiário – que vão de derrubar café no computador central até apagar os códigos por acidente. Porém, deixando as brincadeiras de lado, quem já sofreu bastante com essa história de apagar códigos por acidente foi a Pixar.
Sim, é isso mesmo. A Pixar, famosa por sua qualidade inquestionável e referência para o mercado das animações, cometeu um erro gravíssimo que quase resultou na destruição de Toy Story 2 antes mesmo de seu lançamento. Essa história absurda foi revelada em 2014, no livro Creativity Inc., escrito pelo cofundador da Pixar, Ed Catmull.
No livro, ele conta como o processo de criação dessa sequência foi problemático. Sabe quando um projeto sai meio atropelado desde o início e tudo parece conspirar para não dar certo? Isso foi Toy Story 2. Na época da produção, o diretor John Lasseter estava esgotado por ter se dado tudo de si em dois filmes seguidos: Toy Story (1995) e Vida de Inseto (1998). Para piorar, a equipe criativa da Pixar estava simplesmente estagnada e não conseguia desenvolver ideias boas o bastante para honrar o trabalho inovador do filme original.
E tinha também a pressão de estar envolvido no primeiro projeto Home Video do estúdio, já que, originalmente, Toy Story 2 não seria lançado nos cinemas, mas sim direto em VHS. Mesmo com todos esses desafios, a equipe trabalhou e fez o seu melhor para tentar concluir o longa animado. No entanto, quando nada parecia ser capaz de piorar a experiência de fazer esse filme, um acidente terrível aconteceu: um dos trabalhadores do estúdio acidentalmente digitou o código /bin/rm -r -f *, que é responsável por apagar de forma praticamente irreversível tudo que esteja selecionado. E neste caso, isso correspondia a quase 90% de Toy Story 2, incluindo cenários, personagens, efeitos animados e tudo mais.
Percebendo o que estava rolando, membros da equipe tentaram cortar a energia do setor para impedir esse desastre, mas o “delet” foi mais rápido. Provando que nada é tão ruim que não possa piorar, o backup do filme não funcionou corretamente, deixando os nervos à flor da pele diante do tempo e dinheiro jogado fora em um filme apagado.
Só que, como vocês devem saber, Toy Story 2 não apenas foi lançado, como também foi para os cinemas. Isso só aconteceu graças a Galyn Susman – que supervisionava a direção técnica do longa -, que entrou em licença maternidade por conta do nascimento de seu segundo bebê, mas resolveu fazer uma cópia do filme para trabalhar nele de casa, evitando possíveis atrasos na produção. Mal sabia ela que sua proatividade se transformaria na salvação da Pixar, já que aquela cópia continha muito do material apagado, fazendo com que os animadores do estúdio tivessem muito, mas muito menos trabalho e muito menos gastos do que teriam se tivessem de começar do zero.
Com isso, Toy Story 2 conseguiu ser lançado sem atrasos, em 1999. O esforço foi recompensado com um lançamento nos cinemas, o que rendeu críticas positivas e uma bilheteria considerável que ajudou a tornar a franquia Toy Story em uma das mais amadas da história das animações.
A franquia Toy Story está disponível no Disney+.