domingo , 17 novembro , 2024

O Erro da Sétima Temporada de ‘The Walking Dead’

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Os fãs de The Walking Dead – TWD já estão acostumados com o formato sanduíche da maioria das temporadas da série: excelentes episódios no começo e no fim com umas linguiças bem cheias no meio. É, já meio que aceitamos esse fato, o meio de TWD é feita por episódios pouco inspirados, mas não desistimos porque quase sempre somos recompensados com episódios iniciais excelentes e episódios finais grandiosos. São por eles que pagamos a TV a cabo (ou o torrent…).

Se a memória não me falha, as duas únicas temporadas impecáveis foram a primeira e a sexta. A pior foi a segunda, especialmente em sua primeira parte – ainda que reconheça a importância dela para a estruturação da série. Mas, o turbulento ano de 2016 nos trouxe algo para desbancar a segunda em ruindade: a primeira metade de sétima temporada!



Ironicamente seguindo a tradição de TWD, o primeiro episódio da sétima temporada foi excepcional, um dos 10 melhores de toda a séria. Contudo, o segundo episódio já foi perdendo a força e daí para pior. O penúltimo deu uma levantada e o último foi muito bom.

É bizarro como esta primeira metade da sétima temporada conseguiu ser tão ruim. Os roteiristas tinham os ingredientes ideais: personagens consolidados, um cliffhanger eficiente (ainda que clichê), uma temporada anterior excepcional, tramas instigantes e um novo vilão que mesmerizou o público em sua primeira aparição. O que deu errado?

Se você perguntar para um grupo de reacionários dos EUA, eles dirão que o problema de TWD é a violência. Disseram que esta temporada passou de qualquer limite. Sempre há quem reclame da violência, dizendo que isso faz mal às pessoas. Esse argumento só ganhou mais notoriedade por causa da morte de Glenn (Steven Yeun). Foi uma das cenas mais graficamente chocantes que vi em tempos recentes na TV, e a mais mais de TWD. Até fãs ficaram incomodados. Contudo, ainda que alguns espectadores tenha abandonado a série por causa disso, não é suficiente para explicar as reações mornas à atual temporada.

Não deixe de assistir:

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Houve até quem decidiu chamar TWD de fascista. Meu Senhor!, essa moda de enxergar fascista por tudo quanto é lado tá pegando! A tese é no mínimo curiosa: no universo de TWD, a bondade não é premiada; quem tenta agir de forma pura com seus semelhantes acaba morto. Sobrevivem aqueles que pressupõem que todo mundo é mau e que o ideal é mata o seu opositor. Em resumo, a série defenderia a visão de que, no mundo, vale o nós contra eles – já dá até para ler a metáfora dos zumbis como imigrantes mulçumanos e Negan (Jeffrey Dean Morgan) como um Trump sem tope e óleo laranja na cara. Nada mais errado! Essa interpretação mais parece uma tentativa de forçar para encaixar a sua ideologia na série.

TWD fala de um mundo no qual as estruturas sociais esgarçaram e agora os sobreviventes precisam reconstruir tudo. Como num retorno ao paleolítico, temos sim que lutar pela sobrevivência. Nessa realidade alternativa, porém, o simples nós contra eles, que estamos acostumados a ver na política, ou a ideia de que a força vale sempre mais do que qualquer outra qualidade são falsas. Nesse universo, é preciso equilíbrio entre confronto e alianças, entre desconfiança e confiança. Quantos personagens sobreviveram pela esperteza, quantas vezes a série já demonstrou que confiar é preciso?

TWD carrega uma metáfora muito maior. Ela é uma tradução das dificuldades para se reerguer uma sociedade (ou mantê-la de pé). Se você quer aproveitar TWD para ler o tempo atual, pergunte-se: aquele manifestante de internet, que posta textão no Face, que inclui um #ForaQualquerCoisa, sobreviveria num mundo no qual as coisas mais básicas são escassas? Essa geração Toddynho com Nutella duraria quantas temporadas de TWD?

Não, jamais a série ousou elidir a ideia de que a empatia e a solidariedade têm seu espaço, ou negar que fala de coisas profundas. TWD é um verdadeiro drama moral e um estudo sobre a formação da sociedade, que pode dizer muito sobre coisas como a crise causada pelo motim da PM no Espírito Santo.

E se alguém ainda acha que a série é fascista, pergunto, como ela pode ser fascista se seus personagens são tão variados?

Mas, já desvio muito do principal. O que, afinal, fez desta primeira metade da sétima temporada tão fraca? Uma opção errada dos produtores, que poderia ter sido corrigida com edição!

Os produtores da série fizeram uma escolha infeliz. Com o grupo Rick (Andrew Lincoln) dividido, cada episódio focava em um núcleo. Não é a primeira vez que isso acontece na série, mas nunca de forma tão exaustiva. Mas, como eram muitos núcleos, e as ações eram paralelas, a sensação de que estávamos sempre voltando para o começo era recorrente. Parecia que TWD tinha puxado o freio de mão.

Isto foi fruto de uma má escolha dos produtores, que nem daria muito trabalho para ser resolvida. Bastava uma edição que congregasse dois ou três núcleos de personagens no mesmo episódio. Além de dar dinamismo, evitava o risco de um episódio foca em um personagem fraco – bicho, até isso teve!, episódio focado em personagem tão importante quanto a pulga do rabo do cachorro.

Não foi a violência, nem o fascismo, nem qualquer outra dessas ideologias de hashtag. O que matou este começo da sétima temporada e derrubou os índices de audiência foi uma má escolha dos produtores, que acharam por bem organizar os episódios por núcleos. Apesar da péssima avaliação (TWD foi eleito o pior programa de 2016 pela revista americana Variety, perdendo apenas para a cobertura da eleição americana) e da queda na audiência, a AMC ainda tem em seu cardápio uma série genial e líder de audiência. O que nós fãs pedimos é uma restante de temporada com menos Swear (o episódio mais mal avaliado no IMDB) e mais The Day Will Come When You Won’t Be (o episódio mais bem avaliado no IMDB).

E, aí, o que achou da primeira metade da sétima temporada? O que mais gostou e o que menos gostou? Ficou chocado com o primeiro episódio? E, como eu, dormiu no meio de Swear e teve que revê-lo? Vamos, comente, compartilhe e curta nossas redes sociais:

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Se a memória não me falha, as duas únicas temporadas impecáveis foram a primeira e a sexta. A pior foi a segunda, especialmente em sua primeira parte – ainda que reconheça a importância dela para a estruturação da série. Mas, o turbulento ano de 2016 nos trouxe algo para desbancar a segunda em ruindade: a primeira metade de sétima temporada!

Ironicamente seguindo a tradição de TWD, o primeiro episódio da sétima temporada foi excepcional, um dos 10 melhores de toda a séria. Contudo, o segundo episódio já foi perdendo a força e daí para pior. O penúltimo deu uma levantada e o último foi muito bom.

É bizarro como esta primeira metade da sétima temporada conseguiu ser tão ruim. Os roteiristas tinham os ingredientes ideais: personagens consolidados, um cliffhanger eficiente (ainda que clichê), uma temporada anterior excepcional, tramas instigantes e um novo vilão que mesmerizou o público em sua primeira aparição. O que deu errado?

Se você perguntar para um grupo de reacionários dos EUA, eles dirão que o problema de TWD é a violência. Disseram que esta temporada passou de qualquer limite. Sempre há quem reclame da violência, dizendo que isso faz mal às pessoas. Esse argumento só ganhou mais notoriedade por causa da morte de Glenn (Steven Yeun). Foi uma das cenas mais graficamente chocantes que vi em tempos recentes na TV, e a mais mais de TWD. Até fãs ficaram incomodados. Contudo, ainda que alguns espectadores tenha abandonado a série por causa disso, não é suficiente para explicar as reações mornas à atual temporada.

Houve até quem decidiu chamar TWD de fascista. Meu Senhor!, essa moda de enxergar fascista por tudo quanto é lado tá pegando! A tese é no mínimo curiosa: no universo de TWD, a bondade não é premiada; quem tenta agir de forma pura com seus semelhantes acaba morto. Sobrevivem aqueles que pressupõem que todo mundo é mau e que o ideal é mata o seu opositor. Em resumo, a série defenderia a visão de que, no mundo, vale o nós contra eles – já dá até para ler a metáfora dos zumbis como imigrantes mulçumanos e Negan (Jeffrey Dean Morgan) como um Trump sem tope e óleo laranja na cara. Nada mais errado! Essa interpretação mais parece uma tentativa de forçar para encaixar a sua ideologia na série.

TWD fala de um mundo no qual as estruturas sociais esgarçaram e agora os sobreviventes precisam reconstruir tudo. Como num retorno ao paleolítico, temos sim que lutar pela sobrevivência. Nessa realidade alternativa, porém, o simples nós contra eles, que estamos acostumados a ver na política, ou a ideia de que a força vale sempre mais do que qualquer outra qualidade são falsas. Nesse universo, é preciso equilíbrio entre confronto e alianças, entre desconfiança e confiança. Quantos personagens sobreviveram pela esperteza, quantas vezes a série já demonstrou que confiar é preciso?

TWD carrega uma metáfora muito maior. Ela é uma tradução das dificuldades para se reerguer uma sociedade (ou mantê-la de pé). Se você quer aproveitar TWD para ler o tempo atual, pergunte-se: aquele manifestante de internet, que posta textão no Face, que inclui um #ForaQualquerCoisa, sobreviveria num mundo no qual as coisas mais básicas são escassas? Essa geração Toddynho com Nutella duraria quantas temporadas de TWD?

Não, jamais a série ousou elidir a ideia de que a empatia e a solidariedade têm seu espaço, ou negar que fala de coisas profundas. TWD é um verdadeiro drama moral e um estudo sobre a formação da sociedade, que pode dizer muito sobre coisas como a crise causada pelo motim da PM no Espírito Santo.

E se alguém ainda acha que a série é fascista, pergunto, como ela pode ser fascista se seus personagens são tão variados?

Mas, já desvio muito do principal. O que, afinal, fez desta primeira metade da sétima temporada tão fraca? Uma opção errada dos produtores, que poderia ter sido corrigida com edição!

Os produtores da série fizeram uma escolha infeliz. Com o grupo Rick (Andrew Lincoln) dividido, cada episódio focava em um núcleo. Não é a primeira vez que isso acontece na série, mas nunca de forma tão exaustiva. Mas, como eram muitos núcleos, e as ações eram paralelas, a sensação de que estávamos sempre voltando para o começo era recorrente. Parecia que TWD tinha puxado o freio de mão.

Isto foi fruto de uma má escolha dos produtores, que nem daria muito trabalho para ser resolvida. Bastava uma edição que congregasse dois ou três núcleos de personagens no mesmo episódio. Além de dar dinamismo, evitava o risco de um episódio foca em um personagem fraco – bicho, até isso teve!, episódio focado em personagem tão importante quanto a pulga do rabo do cachorro.

Não foi a violência, nem o fascismo, nem qualquer outra dessas ideologias de hashtag. O que matou este começo da sétima temporada e derrubou os índices de audiência foi uma má escolha dos produtores, que acharam por bem organizar os episódios por núcleos. Apesar da péssima avaliação (TWD foi eleito o pior programa de 2016 pela revista americana Variety, perdendo apenas para a cobertura da eleição americana) e da queda na audiência, a AMC ainda tem em seu cardápio uma série genial e líder de audiência. O que nós fãs pedimos é uma restante de temporada com menos Swear (o episódio mais mal avaliado no IMDB) e mais The Day Will Come When You Won’t Be (o episódio mais bem avaliado no IMDB).

E, aí, o que achou da primeira metade da sétima temporada? O que mais gostou e o que menos gostou? Ficou chocado com o primeiro episódio? E, como eu, dormiu no meio de Swear e teve que revê-lo? Vamos, comente, compartilhe e curta nossas redes sociais:

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