sábado , 21 dezembro , 2024

O Mês do Terror | O Inquilino (1976) – Obra de Roman Polanski Simboliza a Prisão Mental

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Cenário de apartamento completa trilogia do diretor

Poucos diretores conseguiram reproduzir para as telonas o sentimento de paranoia de maneira tão literal quanto Roman Polanski. Não estranhamento, o cineasta iniciou sua famosa “Trilogia do Apartamento” (no qual os filmes envolvidos não estão conectados de maneira alguma) em 1965 com Repulsa ao Sexo; uma trama centrada em uma jovem que sente nojo a contatos fisicos.



Por volta de 1968 ele lançou o que é, potencialmente, sua obra mais conhecida: O Bebê de Rosemary. Assim como no filme mencionado anteriormente ambos têm como cenário principal um apartamento, local esse no qual a protagonista passa boa parte da projeção e gradualmente ele vai assumindo uma presença hostil, afetando sua saúde fisica diretamente. A terceira parte veio em 1976, quando Polanski lançou O Inquilino

Tendo o próprio diretor no papel principal, o enredo começa com o protagonista se mudando para seu novo apartamento alugado em uma localização privilegiada de Paris. O preço acessível em um endereço dispendioso são ressaltados como os motivos dele se interessar pelo apartamento (a oferta de uma moradia valorizada a preço módico, porém com resultados negativos, parece ser algo que prende a atenção de Polanski visto que ele usa o mesmo artifício em O Bebê de Rosemary).

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Uma ótima barganha pode não ser tão lucrativa quanto parece.

Entretanto, os problemas começam quando alguns dos seus vizinhos começam a demonstrar comportamentos perturbadores; somado ainda há a constante sensação experimentada por ele de que sua privacidade dentro da residência é constantemente violada, o que gradualmente vai deteriorando sua saúde mental. O diretor, então, propõe uma reflexão de dúvida ao público sobre até onde as suspeitas do personagem têm fundamento.

A ideia de adaptar o romance de Roland Topor já circulava pelos corredores da Paramount desde 1970, visto que o livro foi publicado em 1964, tendo em mente o nome de Jack Clayton para a direção. A essa altura, Clayton já era um profissional conhecido por sua contribuição para com o terror com O Inocentes (1961). 

O cineasta, entretanto, não aceitou o projeto de imediato pois já estava em vias de produzir O Grande Gatsby, que foi lançado em 1974, sem todavia recusar a adaptação da obra de Topor. A intenção não foi captada por Barry Diller, a época chefe da Paramount, que compreendeu que o cineasta havia desistido da adaptação em favor de Gatsby. O alvo da Paramount passou a ser Polanski.

O Grande Gatsby” adiou as pretensões de Clayton em assumir a adaptação de “O Inquilino”.

No período que essa procura ocorreu a vida do cineasta polonês estava extremamente caótica; ao final dos anos 60 ele ocupava uma posição de destaque em Hollywood que foi abalada pelo assassinato de Sharon Tate, sua esposa na época, por integrantes da seita de Charles Manson

Em 1974 ele dirigiu Chinatown que rapidamente se tornou uma obra noir cultuada. Dessa maneira, a relação entre estúdio e diretor era bastante positiva para ambas as partes em meados dos anos 70, com as obras de Polanski sendo reconhecidas como artisticamente diferentes bem como apresentando retorno financeiro em igual proporção.

Diferente do que ele realizou em O Bebê de Rosemary, aqui a interpretação sobre a validade dos medos do protagonista é deixada em aberto. Se no filme de 1968 há pouca, ou nenhuma, margem para dúvida acerca da presença do sobrenatural, em O Inquilino o diretor brinca o tempo todo com o público, induzindo-o a acreditar que algo está acontecendo até a cena seguinte onde ele põe novamente em xeque quaisquer deduções.

Desde seu lançamento, a obra tem sido alvo de análises mais aprofundadas acerca dos seus temas, muitos deles ligados ao desenvolvimento do protagonista Telkovsky (interpretado pelo próprio Polanski). Invariavelmente eles tendem a se debruçar sobre a repressão sexual auto imposta pelo personagem e cuja existência fica evidente a partir de certa parte do enredo.

O verdadeiro terror presente em O Inquilino é o mesmo presente nos dois outros filmes que compõem a trilogia do apartamento: a dúvida gradual acerca do seu entendimento da realidade; melhor explicando, até onde a noção do que é real para o indivíduo se mantém correta. Ambientar esse auto questionamento em um local teoricamente seguro como sua residência (nos casos presentes três apartamentos) torna o desespero ainda maior e mais improvável de ser superado.

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Poucos diretores conseguiram reproduzir para as telonas o sentimento de paranoia de maneira tão literal quanto Roman Polanski. Não estranhamento, o cineasta iniciou sua famosa “Trilogia do Apartamento” (no qual os filmes envolvidos não estão conectados de maneira alguma) em 1965 com Repulsa ao Sexo; uma trama centrada em uma jovem que sente nojo a contatos fisicos.

Por volta de 1968 ele lançou o que é, potencialmente, sua obra mais conhecida: O Bebê de Rosemary. Assim como no filme mencionado anteriormente ambos têm como cenário principal um apartamento, local esse no qual a protagonista passa boa parte da projeção e gradualmente ele vai assumindo uma presença hostil, afetando sua saúde fisica diretamente. A terceira parte veio em 1976, quando Polanski lançou O Inquilino

Tendo o próprio diretor no papel principal, o enredo começa com o protagonista se mudando para seu novo apartamento alugado em uma localização privilegiada de Paris. O preço acessível em um endereço dispendioso são ressaltados como os motivos dele se interessar pelo apartamento (a oferta de uma moradia valorizada a preço módico, porém com resultados negativos, parece ser algo que prende a atenção de Polanski visto que ele usa o mesmo artifício em O Bebê de Rosemary).

Uma ótima barganha pode não ser tão lucrativa quanto parece.

Entretanto, os problemas começam quando alguns dos seus vizinhos começam a demonstrar comportamentos perturbadores; somado ainda há a constante sensação experimentada por ele de que sua privacidade dentro da residência é constantemente violada, o que gradualmente vai deteriorando sua saúde mental. O diretor, então, propõe uma reflexão de dúvida ao público sobre até onde as suspeitas do personagem têm fundamento.

A ideia de adaptar o romance de Roland Topor já circulava pelos corredores da Paramount desde 1970, visto que o livro foi publicado em 1964, tendo em mente o nome de Jack Clayton para a direção. A essa altura, Clayton já era um profissional conhecido por sua contribuição para com o terror com O Inocentes (1961). 

O cineasta, entretanto, não aceitou o projeto de imediato pois já estava em vias de produzir O Grande Gatsby, que foi lançado em 1974, sem todavia recusar a adaptação da obra de Topor. A intenção não foi captada por Barry Diller, a época chefe da Paramount, que compreendeu que o cineasta havia desistido da adaptação em favor de Gatsby. O alvo da Paramount passou a ser Polanski.

O Grande Gatsby” adiou as pretensões de Clayton em assumir a adaptação de “O Inquilino”.

No período que essa procura ocorreu a vida do cineasta polonês estava extremamente caótica; ao final dos anos 60 ele ocupava uma posição de destaque em Hollywood que foi abalada pelo assassinato de Sharon Tate, sua esposa na época, por integrantes da seita de Charles Manson

Em 1974 ele dirigiu Chinatown que rapidamente se tornou uma obra noir cultuada. Dessa maneira, a relação entre estúdio e diretor era bastante positiva para ambas as partes em meados dos anos 70, com as obras de Polanski sendo reconhecidas como artisticamente diferentes bem como apresentando retorno financeiro em igual proporção.

Diferente do que ele realizou em O Bebê de Rosemary, aqui a interpretação sobre a validade dos medos do protagonista é deixada em aberto. Se no filme de 1968 há pouca, ou nenhuma, margem para dúvida acerca da presença do sobrenatural, em O Inquilino o diretor brinca o tempo todo com o público, induzindo-o a acreditar que algo está acontecendo até a cena seguinte onde ele põe novamente em xeque quaisquer deduções.

Desde seu lançamento, a obra tem sido alvo de análises mais aprofundadas acerca dos seus temas, muitos deles ligados ao desenvolvimento do protagonista Telkovsky (interpretado pelo próprio Polanski). Invariavelmente eles tendem a se debruçar sobre a repressão sexual auto imposta pelo personagem e cuja existência fica evidente a partir de certa parte do enredo.

O verdadeiro terror presente em O Inquilino é o mesmo presente nos dois outros filmes que compõem a trilogia do apartamento: a dúvida gradual acerca do seu entendimento da realidade; melhor explicando, até onde a noção do que é real para o indivíduo se mantém correta. Ambientar esse auto questionamento em um local teoricamente seguro como sua residência (nos casos presentes três apartamentos) torna o desespero ainda maior e mais improvável de ser superado.

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