Horror protagonizado por Liv Tyler assusta pelo realismo da situação
Em meio a um mundo caótico, existem poucos lugares que automaticamente transmitem uma sensação de segurança. Especificamente dentre esses locais, nenhum transmite mais essa ideia do que uma casa; independente se o indivíduo vive sozinho ou não.
Dessa maneira, quando a sensação de segurança natural de um lar é quebrada por alguma invasão imediatamente é gerado um pavor extremamente fácil com que praticamente todas as pessoas podem se identificar. Não surpreendente esse tipo de situação é um terreno fértil para filmes de terror. Geralmente é aceito que o primeiro exemplar desse estilo de terror remonta a 1909.
Foi nesse período que o diretor D.W. Griffith (infame pela produção O Nascimento de uma Nação) lançou The Lonely Villa, cuja trama apresentava um grupo de ladrões que ao constatar que um rico empresário não está em casa acaba invadindo o local e fazendo a família do mesmo de refém.
A obra teve seu quinhão de importância por apresentar os primeiros exemplos de cortes intercalados, em que o público tinha o vislumbre do medo da esposa em proteger as crianças quanto do marido voltando desesperado para casa.
Diferente de outros estilos do terror, os que envolvem invasão doméstica normalmente tem a atenção a seu redor influenciada pelo mundo real. Nos Estados Unidos pode se estabelecer que 1969 foi um ano determinante para esse medo na população, uma vez que o país assistia atônito o assassinato da atriz Sharon Tate ocorrido dentro de casa.
O próprio subgênero do slasher tradicionalmente se utiliza desse cenário como uma ferramenta para construir a tensão, envolvendo vítima e assassino. Propositalmente essa é a cena de abertura de Pânico, no qual a primeira vítima de Ghostface (interpretada por Drew Barrymore) é inicialmente assediada por telefone e depois perseguida dentro da residência.
Utilizando dessa abordagem mais identificada com o mencionado subgênero, o diretor e roteirista Bryan Bertino desenvolveu a premissa em torno de um casal acuado dentro de casa. Na trama o casal interpretado por Liv Tyler e Scott Speedman decidem passar a noite em uma cabana isolada na esperança de assim resolverem seus problemas conjugais.
Infelizmente a noite tranquila é subitamente interrompida quando três figuras mascaradas passam a aterrorizá-los, forçando a dupla a lutar para sobreviver madrugada adentro. A inspiração para a trama, segundo Bertino, teria vindo de uma experiência na infância, quando uma pessoa desconhecida tocou a campainha da casa perguntando por alguém que a família do diretor não conhecia e no dia seguinte soube-se que a casa vizinha foi invadida.
A experiência foi de fato transportada para a produção com a função de ser a introdução dos antagonistas, assim como o primeiro indício do terror em si. O orçamento controlado da produção, de US$ 9 milhões, contribuiu para a escassez na variação de cenário, focando exclusivamente na casa principal.
Dessa maneira o filme atinge o efeito desejado de criar uma ligação do espectador com a casa, no sentido de que em um jeito ou de outro o público identificaria nela elementos que lhe são familiares em seus respectivos lares e assim o sentimento de invasão pudesse ser melhor assimilado.
O próprio diretor admite que o design desse cenário em particular foi pensado para representar uma casa absolutamente ordinária (na realidade do norte-americano) para que assim tal situação não se distanciasse muito da realidade. Apesar da construção interessante, o filme foi recebido com críticas amplamente negativas. Isso não impediu a produção de ter uma sequência lançada em 2018, tendo um foco completamente diferente, envolvendo um novo grupo de personagens que devem enfrentar o trio de assassinos.