sexta-feira , 15 novembro , 2024

O Poderoso Chefão III completa 30 anos e ganha nova Versão nos Cinemas

Se você perguntar para dez fãs de cinema qual o melhor filme de todos os tempos e qual a melhor trilogia da sétima arte, O Poderoso Chefão será a resposta para, pelo menos, nove deles. No ano em que completa 30 anos de seu lançamento, o terceiro filme da famosa trilogia ganha uma nova versão confeccionada pelo próprio criador, o cineasta Francis Ford Coppola.

E quando a Paramount convidou o diretor para a tarefa, ele considerou esta “uma oferta que não poderia recusar”. A partir do dia 3 de dezembro, em cinemas selecionados do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, O Poderoso Chefão Desfecho: A Morte de Michael Corleone estará em cartaz para presentear os fãs no fim deste ano tão difícil. Porém, os que não puderem comparecer e assistir a este grande filme em toda a sua glória nas telonas, terão a chance de conferi-lo na semana seguinte, a partir do dia 8 do mesmo mês, quando estreia nas plataformas digitais Net Now Claro, Sky, Apple TV, Google Play, Vivo, Oi, Xbox Video e PlayStation Store.



O primeiro O Poderoso Chefão (1972), como dito, ainda é o filme preferido de grande parte do público, e recebeu 11 indicações ao Oscar, vencendo 3 estatuetas: melhor filme, roteiro adaptado e protagonista para o inigualável Marlon Brando. Dois anos depois e a mesma equipe tirava do forno O Poderoso Chefão II (1974), que muitos acreditam ser ainda melhor, sendo motivo de discussões acaloradas entre os cinéfilos. Bem, ao menos para os votantes da Academia o segundo é sim melhor, já que das novas 11 indicações, saiu vitorioso de 6 desta vez, incluindo melhor filme, diretor para Coppola, roteiro adaptado e ator coadjuvante para Robert De Niro, que vive o mesmo personagem de Brando na juventude.

Dezesseis anos depois, debaixo de muito impasse e controvérsia, saía do papel O Poderoso Chefão III (1990). Para começar, Coppola não estava interessado em realizar mais uma continuação desta saga, mas quando viu que o projeto estava prestes a ser produzido sem seu envolvimento, voltou atrás e tratou um novo acordo com a Paramount. Assim, a terceira parte fechava a primeira trilogia do cinema a ter seus três filmes indicados ao Oscar principal de melhor longa – recorde que seria igualado alguns anos depois com o lançamento de O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson. O Poderoso Chefão III foi indicado para 7 Oscar, incluindo melhor filme, diretor para Coppola e ator coadjuvante para Andy Garcia – que vive o esquentado Vincent, sobrinho de Michael (Al Pacino), e filho ilegítimo de Sonny (James Caan).

O terceiro e tardio capítulo é o único da trilogia não baseado num livro. Os dois primeiros filmes são adaptações dos dramas criminais do romancista Mario Puzo. Mas isso não é dizer que O Poderoso Chefão III é um disparate, já que contou com roteiro do próprio Puzo. Então este é para onde o autor imaginou que sua trama andaria, caso optasse por escrever um novo livro. Na nova versão, Coppola inclusive se mantém fiel ao colega, intitulando-o ‘Mario Puzo´s Godfather’. No período, muitas ideias para a história surgiram, mas a que venceu as apostas foi esta narrativa sobre o envolvimento de Michael e os Corleone com o Vaticano, tentando legitimar seus negócios; a relação do protagonista com sua ex-mulher Kay (Diane Keaton) e filhos, agora crescidos; e a introdução de um novo membro do clã: o citado Vincent Mancini, o “bastardo”.

Mas no mundo do cinema, a vontade é apenas uma parte. E para os que acham que fazer um filme é pura magia, saibam que existe muito mais nas engrenagens desta máquina. Como por exemplo mudar uma história inteiramente por causa de um ator, ou até mesmo a perda do impacto que o drama deveria ter devido a uma escalação equivocada. O Poderoso Chefão III quase abriu sua primeira cena com o funeral de Michael Corleone. Tudo porque o astro Al Pacino exigia US$7 milhões de salário, ao invés dos US$5 milhões que o estúdio e o diretor estavam preparados para paga-lo. No fim, o ator vencedor do Oscar aceitou. Sorte igual, porém, não teve outro veterano. Quando Robert Duvall leu o roteiro, percebeu que dividiria o protagonismo com Pacino, com grande peso na trama desta vez. O roteiro seria quase um embate ideológico e literal entre os “irmãos”, com Tom Hagen agindo como informante agora. Assim, Duvall exigia um valor próximo ao do colega, mas o estúdio estava disposto a oferece-lo US$1 milhão. Duvall bateu o pé, e foi cortado do longa, com uma morte fora das telas.

Robert Duvall sempre manteve sua posição nesta questão sem arrependimentos, afirmando que a razão para qualquer um querer realizar uma continuação tantos anos depois era meramente financeira. E ele queria sua parte. Até mesmo Francis Ford Coppola tentou um acordo com o estúdio para o ator participar, mas a Paramount se manteve igualmente firme em sua decisão de diminuir os gastos. O diretor viria a dizer que o filme estava “incompleto” sem a participação de Duvall. Segundo o cineasta, sem Hagen, um personagem essencial, a contraparte para Michael Corleone estava faltando no filme. Para substitui-lo, foi “emendado” o personagem do advogado B. J. Harrison, claramente criado nos mesmos moldes e para desempenhar a mesma função de Hagen, porém, sem o mesmo brilho e destaque. O personagem foi interpretado por George Hamilton. Fora isso, o filho de Hagen, o Padre Andrew Hagen (John Savage), dá as caras nesta terceira parte.

Outra quase escalação curiosa foi a de Robert De Niro, que ganhou o Oscar ao viver Vito Corleone jovem na segunda parte da trilogia. O astro fez uma campanha forte para interpretar Vincent no terceiro filme, e Coppola chegou a cogitar, terminando por descartar a ideia depois. Se fosse adiante, o fato exigiria uma maquiagem ainda mais pesada a fim de envelhecer o protagonista de Pacino.

Porém, nenhuma escalação causou tanta controvérsia quanto a da personagem Mary Corleone, filha de Michael e um dos elementos centrais da narrativa. É claro que um papel suculento como este, num projeto grandioso, despertou o interesse de praticamente todas as atrizes em atividade na época em Hollywood. Até mesmo a cantora Madonna fez campanha para o papel, chegando a fazer reunião com Coppola e Robert De Niro – no final sendo considerada muito velha (então com 32 anos) para o papel. No mesmo ano, a estrela da música teria um papel importante em outro filme de máfia, a adaptação dos quadrinhos Dick Tracy, indicado para 7 Oscar e vencedor de 3 prêmios da Academia, e também estrelado por Al Pacino. No currículo do filme, até mesmo uma história trágica envolvendo a escalação de Mary: a jovem atriz Rebecca Schaeffer, conhecida na época pela série Minha Irmã é Demais (1986-1988), foi assassinada aos 21 anos de idade quando faria seu teste junto à produção para o papel.

Apesar de ser uma vaga disputadíssima, duas atrizes chegaram a recusar a personagem. A primeira foi Julia Roberts, aos 23 aninhos, na época conhecida por seu papel em Flores de Aço (que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de coadjuvante). A rejeição foi em prioridade de se tornar a protagonista no marcante Uma Linda Mulher, lançado no mesmo ano de O Poderoso Chefão III – que fez de Roberts uma estrela internacional, além de indica-la uma segunda vez ao maior prêmio do cinema. A segunda atriz a largar o papel foi uma que havia sido contratada, chegando inclusive a aparecer no set para as gravações nos primeiros dias. Winona Ryder tinha 19 anos quando concordou viver Mary Corleone no cinema – a atriz na época era considerada uma das jovens intérpretes mais talentosas e promissoras de sua geração. Sua partida súbita do projeto deu o que falar nos bastidores e na mídia, se tornando uma das polêmicas mais quentes do período. Ryder havia chegado à locação em Roma, dois dias após terminar as filmagens de Minha Mãe é uma Sereia (1990), e antes de gravar uma cena sequer, desfaleceu. Foi diagnosticada com exaustão. Boatos surgiram aos montes, desde gravidez, surto nervoso, drogas, traição do então namorado Johnny Depp, até sobre o ator tê-la convencido a abandonar o projeto para estrelar Edward Mãos de Tesoura ao seu lado. Ryder se sentiu culpada e dois anos depois capitaneou o projeto de Drácula de Bram Stoker para Coppola dirigir, um livro que o cineasta gostava muito, finalmente assim podendo colaborar juntos.

Sem muita opção, e já atrasado na produção, Coppola escalou sua filha Sofia para este trabalho desafiador. A repercussão tanto da escolha nepotista quanto da performance em si da moça, então igualmente com 19 anos de idade, foram cruéis com Sofia Coppola. As exibições teste nas cenas com a atriz teriam sido tão negativas, que Sofia precisou dublar grande parte de seus diálogos. É curioso notar que numa obra tão prestigiada, a atuação da filha do diretor siga sendo um elemento sensível. Numa virada positiva do destino, Sofia abandonaria a carreira de atriz para se tornar uma diretora igualmente prestigiada, vencedora do Oscar (pelo roteiro de Encontros e Desencontros) e uma das únicas cinco mulheres a serem indicadas pela Academia na categoria de direção. O mundo dá voltas.

Para a empreitada da nova versão, além do título originalmente planejado, Francis Ford Coppola remaneja cenas, corta quase quinze minutos excedentes (em sua opinião), inicia o filme da forma intencionada primeiramente e, sim, cria um novo desfecho nas cenas finais, que antagoniza um pouco mais seu protagonista Michael Corleone. Segundo o próprio diretor, a intenção desde o início para este terceiro filme era fazer Michael pagar por seus pecados e crimes. O Poderoso Chefão III custou US$54 milhões aos cofres da Paramount, e arrecadou US$170 milhões mundiais, com US$10 milhões só em seu fim de semana de estreia nos EUA. Com a nova versão, o filme ganha sobrevida.

Em 2010 durante uma entrevista, o ator Andy Garcia revelou que Francis Ford Coppola tinha planos para um quarto O Poderoso Chefão. A ideia do diretor era resgatar uma das possíveis tramas que quase entraram no terceiro longa, repetindo a estrutura narrativa do segundo filme, com duas linhas temporais distintas. Na primeira, Vincent (Garcia) comandava a família Corleone no presente. A segunda, mostraria a juventude de seu pai, Sonny – para o papel, Coppola estava decidido com um ator em mente: Leonardo DiCaprio. O diretor inclusive havia começado a trabalhar num roteiro com Puzo, mas a morte do autor fez Coppola abandonar a ideia. Segundo relatos, a Paramount estava decidida a dar continuidade para esta produção, mesmo que sem o envolvimento da dupla de criadores. A intenção seria levar aos cinemas os livros de Mark Winegardner, que continuaram a saga no terreno literário. Quem sabe após O Poderoso Chefão Desfecho: A Mote de Michael Corleone, uma nova faísca não tenha centelhado no coração do veterano diretor Francis Ford Coppola para uma nova investida inédita neste universo. Os fãs agradeceriam.

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E quando a Paramount convidou o diretor para a tarefa, ele considerou esta “uma oferta que não poderia recusar”. A partir do dia 3 de dezembro, em cinemas selecionados do Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, O Poderoso Chefão Desfecho: A Morte de Michael Corleone estará em cartaz para presentear os fãs no fim deste ano tão difícil. Porém, os que não puderem comparecer e assistir a este grande filme em toda a sua glória nas telonas, terão a chance de conferi-lo na semana seguinte, a partir do dia 8 do mesmo mês, quando estreia nas plataformas digitais Net Now Claro, Sky, Apple TV, Google Play, Vivo, Oi, Xbox Video e PlayStation Store.

O primeiro O Poderoso Chefão (1972), como dito, ainda é o filme preferido de grande parte do público, e recebeu 11 indicações ao Oscar, vencendo 3 estatuetas: melhor filme, roteiro adaptado e protagonista para o inigualável Marlon Brando. Dois anos depois e a mesma equipe tirava do forno O Poderoso Chefão II (1974), que muitos acreditam ser ainda melhor, sendo motivo de discussões acaloradas entre os cinéfilos. Bem, ao menos para os votantes da Academia o segundo é sim melhor, já que das novas 11 indicações, saiu vitorioso de 6 desta vez, incluindo melhor filme, diretor para Coppola, roteiro adaptado e ator coadjuvante para Robert De Niro, que vive o mesmo personagem de Brando na juventude.

Dezesseis anos depois, debaixo de muito impasse e controvérsia, saía do papel O Poderoso Chefão III (1990). Para começar, Coppola não estava interessado em realizar mais uma continuação desta saga, mas quando viu que o projeto estava prestes a ser produzido sem seu envolvimento, voltou atrás e tratou um novo acordo com a Paramount. Assim, a terceira parte fechava a primeira trilogia do cinema a ter seus três filmes indicados ao Oscar principal de melhor longa – recorde que seria igualado alguns anos depois com o lançamento de O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson. O Poderoso Chefão III foi indicado para 7 Oscar, incluindo melhor filme, diretor para Coppola e ator coadjuvante para Andy Garcia – que vive o esquentado Vincent, sobrinho de Michael (Al Pacino), e filho ilegítimo de Sonny (James Caan).

O terceiro e tardio capítulo é o único da trilogia não baseado num livro. Os dois primeiros filmes são adaptações dos dramas criminais do romancista Mario Puzo. Mas isso não é dizer que O Poderoso Chefão III é um disparate, já que contou com roteiro do próprio Puzo. Então este é para onde o autor imaginou que sua trama andaria, caso optasse por escrever um novo livro. Na nova versão, Coppola inclusive se mantém fiel ao colega, intitulando-o ‘Mario Puzo´s Godfather’. No período, muitas ideias para a história surgiram, mas a que venceu as apostas foi esta narrativa sobre o envolvimento de Michael e os Corleone com o Vaticano, tentando legitimar seus negócios; a relação do protagonista com sua ex-mulher Kay (Diane Keaton) e filhos, agora crescidos; e a introdução de um novo membro do clã: o citado Vincent Mancini, o “bastardo”.

Mas no mundo do cinema, a vontade é apenas uma parte. E para os que acham que fazer um filme é pura magia, saibam que existe muito mais nas engrenagens desta máquina. Como por exemplo mudar uma história inteiramente por causa de um ator, ou até mesmo a perda do impacto que o drama deveria ter devido a uma escalação equivocada. O Poderoso Chefão III quase abriu sua primeira cena com o funeral de Michael Corleone. Tudo porque o astro Al Pacino exigia US$7 milhões de salário, ao invés dos US$5 milhões que o estúdio e o diretor estavam preparados para paga-lo. No fim, o ator vencedor do Oscar aceitou. Sorte igual, porém, não teve outro veterano. Quando Robert Duvall leu o roteiro, percebeu que dividiria o protagonismo com Pacino, com grande peso na trama desta vez. O roteiro seria quase um embate ideológico e literal entre os “irmãos”, com Tom Hagen agindo como informante agora. Assim, Duvall exigia um valor próximo ao do colega, mas o estúdio estava disposto a oferece-lo US$1 milhão. Duvall bateu o pé, e foi cortado do longa, com uma morte fora das telas.

Robert Duvall sempre manteve sua posição nesta questão sem arrependimentos, afirmando que a razão para qualquer um querer realizar uma continuação tantos anos depois era meramente financeira. E ele queria sua parte. Até mesmo Francis Ford Coppola tentou um acordo com o estúdio para o ator participar, mas a Paramount se manteve igualmente firme em sua decisão de diminuir os gastos. O diretor viria a dizer que o filme estava “incompleto” sem a participação de Duvall. Segundo o cineasta, sem Hagen, um personagem essencial, a contraparte para Michael Corleone estava faltando no filme. Para substitui-lo, foi “emendado” o personagem do advogado B. J. Harrison, claramente criado nos mesmos moldes e para desempenhar a mesma função de Hagen, porém, sem o mesmo brilho e destaque. O personagem foi interpretado por George Hamilton. Fora isso, o filho de Hagen, o Padre Andrew Hagen (John Savage), dá as caras nesta terceira parte.

Outra quase escalação curiosa foi a de Robert De Niro, que ganhou o Oscar ao viver Vito Corleone jovem na segunda parte da trilogia. O astro fez uma campanha forte para interpretar Vincent no terceiro filme, e Coppola chegou a cogitar, terminando por descartar a ideia depois. Se fosse adiante, o fato exigiria uma maquiagem ainda mais pesada a fim de envelhecer o protagonista de Pacino.

Porém, nenhuma escalação causou tanta controvérsia quanto a da personagem Mary Corleone, filha de Michael e um dos elementos centrais da narrativa. É claro que um papel suculento como este, num projeto grandioso, despertou o interesse de praticamente todas as atrizes em atividade na época em Hollywood. Até mesmo a cantora Madonna fez campanha para o papel, chegando a fazer reunião com Coppola e Robert De Niro – no final sendo considerada muito velha (então com 32 anos) para o papel. No mesmo ano, a estrela da música teria um papel importante em outro filme de máfia, a adaptação dos quadrinhos Dick Tracy, indicado para 7 Oscar e vencedor de 3 prêmios da Academia, e também estrelado por Al Pacino. No currículo do filme, até mesmo uma história trágica envolvendo a escalação de Mary: a jovem atriz Rebecca Schaeffer, conhecida na época pela série Minha Irmã é Demais (1986-1988), foi assassinada aos 21 anos de idade quando faria seu teste junto à produção para o papel.

Apesar de ser uma vaga disputadíssima, duas atrizes chegaram a recusar a personagem. A primeira foi Julia Roberts, aos 23 aninhos, na época conhecida por seu papel em Flores de Aço (que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de coadjuvante). A rejeição foi em prioridade de se tornar a protagonista no marcante Uma Linda Mulher, lançado no mesmo ano de O Poderoso Chefão III – que fez de Roberts uma estrela internacional, além de indica-la uma segunda vez ao maior prêmio do cinema. A segunda atriz a largar o papel foi uma que havia sido contratada, chegando inclusive a aparecer no set para as gravações nos primeiros dias. Winona Ryder tinha 19 anos quando concordou viver Mary Corleone no cinema – a atriz na época era considerada uma das jovens intérpretes mais talentosas e promissoras de sua geração. Sua partida súbita do projeto deu o que falar nos bastidores e na mídia, se tornando uma das polêmicas mais quentes do período. Ryder havia chegado à locação em Roma, dois dias após terminar as filmagens de Minha Mãe é uma Sereia (1990), e antes de gravar uma cena sequer, desfaleceu. Foi diagnosticada com exaustão. Boatos surgiram aos montes, desde gravidez, surto nervoso, drogas, traição do então namorado Johnny Depp, até sobre o ator tê-la convencido a abandonar o projeto para estrelar Edward Mãos de Tesoura ao seu lado. Ryder se sentiu culpada e dois anos depois capitaneou o projeto de Drácula de Bram Stoker para Coppola dirigir, um livro que o cineasta gostava muito, finalmente assim podendo colaborar juntos.

Sem muita opção, e já atrasado na produção, Coppola escalou sua filha Sofia para este trabalho desafiador. A repercussão tanto da escolha nepotista quanto da performance em si da moça, então igualmente com 19 anos de idade, foram cruéis com Sofia Coppola. As exibições teste nas cenas com a atriz teriam sido tão negativas, que Sofia precisou dublar grande parte de seus diálogos. É curioso notar que numa obra tão prestigiada, a atuação da filha do diretor siga sendo um elemento sensível. Numa virada positiva do destino, Sofia abandonaria a carreira de atriz para se tornar uma diretora igualmente prestigiada, vencedora do Oscar (pelo roteiro de Encontros e Desencontros) e uma das únicas cinco mulheres a serem indicadas pela Academia na categoria de direção. O mundo dá voltas.

Para a empreitada da nova versão, além do título originalmente planejado, Francis Ford Coppola remaneja cenas, corta quase quinze minutos excedentes (em sua opinião), inicia o filme da forma intencionada primeiramente e, sim, cria um novo desfecho nas cenas finais, que antagoniza um pouco mais seu protagonista Michael Corleone. Segundo o próprio diretor, a intenção desde o início para este terceiro filme era fazer Michael pagar por seus pecados e crimes. O Poderoso Chefão III custou US$54 milhões aos cofres da Paramount, e arrecadou US$170 milhões mundiais, com US$10 milhões só em seu fim de semana de estreia nos EUA. Com a nova versão, o filme ganha sobrevida.

Em 2010 durante uma entrevista, o ator Andy Garcia revelou que Francis Ford Coppola tinha planos para um quarto O Poderoso Chefão. A ideia do diretor era resgatar uma das possíveis tramas que quase entraram no terceiro longa, repetindo a estrutura narrativa do segundo filme, com duas linhas temporais distintas. Na primeira, Vincent (Garcia) comandava a família Corleone no presente. A segunda, mostraria a juventude de seu pai, Sonny – para o papel, Coppola estava decidido com um ator em mente: Leonardo DiCaprio. O diretor inclusive havia começado a trabalhar num roteiro com Puzo, mas a morte do autor fez Coppola abandonar a ideia. Segundo relatos, a Paramount estava decidida a dar continuidade para esta produção, mesmo que sem o envolvimento da dupla de criadores. A intenção seria levar aos cinemas os livros de Mark Winegardner, que continuaram a saga no terreno literário. Quem sabe após O Poderoso Chefão Desfecho: A Mote de Michael Corleone, uma nova faísca não tenha centelhado no coração do veterano diretor Francis Ford Coppola para uma nova investida inédita neste universo. Os fãs agradeceriam.

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