domingo , 22 dezembro , 2024

O Rei do Show e a fórmula Disney nos Musicais

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Quando você pensa em musicais, qual a imagem vem a sua cabeça? A resposta dessa pergunta, para muitos brasileiros, é a esquete do Show de humor Nós Na Fita, estrelado por Leandro Hassum e Marcius Melhem, na qual eles parodiam situações ruins do cotidiano – como ser assaltado ou esquecer as chaves do carro – de forma cantada, sob ótica cômica dos grandes musicais. Ou seja, pra muita gente, a concepção desse estilo de filme é algo estranho, antinatural, chato… brega.



Lançado no natal de 2017, O Rei do Show é o exemplo mais recente de uma possível mudança no formato dos Musicais de Hollywood. Com foco em histórias mais simples e músicas “chiclete”, a missão dessa nova fase é clara: lucrar mais e pulverizar a imagem de brega.

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Numa época em que o imediatismo guia a humanidade, o entretenimento faz de tudo para não ser cafona. O público anseia por dinamismo, mesmo que isso signifique uma diversão rápida e sem peso. Por isso, o mesmo não costuma reagir bem ao melodrama no cinema. Se seus desejos não forem atendidos, o resultado é uma palavra que assusta a todos os produtores e estúdios do mundo: Flop.

 

Mediante esse cenário assustador, surge La La Land: Cantando Estações, de Damien Chazelle, e abre uma porta para o gênero. Vendido como “O musical para quem não gosta de musicais”, essa ode ao Jazz fez uso de uma receita muito conhecida do público e que faz sucesso desde 1937: a Fórmula Disney.

Enquanto a maioria dos musicais clássicos, como Moulin Rouge: Amor em VermelhoCantando na Chuva e Os Miseráveis possuem de 14 a 20 músicas cantadas no repertório, os grandes sucessos da Disney, como CinderelaO Rei Leão e Frozen: Uma Aventura Congelante, por exemplo, usam de 4 a 10 canções originais, sendo uma delas um Hit que será tocado mais de uma vez no longa, de modo a ditar o tom do filme, e uma mais animada para manter a imagem da película viva na cabeça dos espectadores. Em La La Land, esses papéis são de City of Stars (vencedora de melhor Canção Original no Oscar 2017) e Another Day Of Sun. Em O Rei do Show, as escolhidas são The Greatest Show This Is Me (Vencedora de melhor Canção Original no Globo de Ouro 2018), respectivamente.

Outro aspecto marcante das histórias da Casa do Mickey é a abordagem de temas delicados de maneira otimista e superficial, cheio de coincidências na trama e até mesmo um toque de magiaSeguindo esse estilo, La La Land e O Rei do Show são exemplos perfeitos de Contos de Fadas modernos. Porque depois de muito tempo (e de análise de bilheteria, provavelmente) eles viram que essas fábulas de roteiro simples e acalentadoras de corações são uma ótima fonte de arrecadação.

Por fim, a estratégia mais interessante de marketing envolve as músicas. Lembram quando Let It Go foi febre mundial, chegando a alcançar Top 10 da Billboard e tudo mais? Pois então, a cada vez que falam sobre a música, o filme ganha muito em divulgação gratuita. Apostando nisso, La La Land e O Rei do Show liberaram suas Playlists em plataformas como Spotify e ITunes e fizeram muito sucesso antes mesmo do lançamento dos filmes. Com pegadas mais simples e populares, as trilhas sonoras colocaram esses longa-metragens na cabeça do povo, literalmente. Ou seja, além de gerar buzz, também passaram a lucrar bastante com a venda de músicas isoladas.

Apesar dos fãs Oldschool chiarem um pouco com o “novo” formato, é um saída inteligente para reconquistar um público preconceituoso em relação a esse gênero cinematográfico, e quem sabe até conseguir resgatar os dias de glória dos Musicais? Claro, isso tudo vai depender da criatividade hollywoodiana e da reação dos espectadores. Não adianta nada inovar, mas transformar isso em um novo padrão.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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O Rei do Show e a fórmula Disney nos Musicais

Quando você pensa em musicais, qual a imagem vem a sua cabeça? A resposta dessa pergunta, para muitos brasileiros, é a esquete do Show de humor Nós Na Fita, estrelado por Leandro Hassum e Marcius Melhem, na qual eles parodiam situações ruins do cotidiano – como ser assaltado ou esquecer as chaves do carro – de forma cantada, sob ótica cômica dos grandes musicais. Ou seja, pra muita gente, a concepção desse estilo de filme é algo estranho, antinatural, chato… brega.

Lançado no natal de 2017, O Rei do Show é o exemplo mais recente de uma possível mudança no formato dos Musicais de Hollywood. Com foco em histórias mais simples e músicas “chiclete”, a missão dessa nova fase é clara: lucrar mais e pulverizar a imagem de brega.

Numa época em que o imediatismo guia a humanidade, o entretenimento faz de tudo para não ser cafona. O público anseia por dinamismo, mesmo que isso signifique uma diversão rápida e sem peso. Por isso, o mesmo não costuma reagir bem ao melodrama no cinema. Se seus desejos não forem atendidos, o resultado é uma palavra que assusta a todos os produtores e estúdios do mundo: Flop.

 

Mediante esse cenário assustador, surge La La Land: Cantando Estações, de Damien Chazelle, e abre uma porta para o gênero. Vendido como “O musical para quem não gosta de musicais”, essa ode ao Jazz fez uso de uma receita muito conhecida do público e que faz sucesso desde 1937: a Fórmula Disney.

Enquanto a maioria dos musicais clássicos, como Moulin Rouge: Amor em VermelhoCantando na Chuva e Os Miseráveis possuem de 14 a 20 músicas cantadas no repertório, os grandes sucessos da Disney, como CinderelaO Rei Leão e Frozen: Uma Aventura Congelante, por exemplo, usam de 4 a 10 canções originais, sendo uma delas um Hit que será tocado mais de uma vez no longa, de modo a ditar o tom do filme, e uma mais animada para manter a imagem da película viva na cabeça dos espectadores. Em La La Land, esses papéis são de City of Stars (vencedora de melhor Canção Original no Oscar 2017) e Another Day Of Sun. Em O Rei do Show, as escolhidas são The Greatest Show This Is Me (Vencedora de melhor Canção Original no Globo de Ouro 2018), respectivamente.

Outro aspecto marcante das histórias da Casa do Mickey é a abordagem de temas delicados de maneira otimista e superficial, cheio de coincidências na trama e até mesmo um toque de magiaSeguindo esse estilo, La La Land e O Rei do Show são exemplos perfeitos de Contos de Fadas modernos. Porque depois de muito tempo (e de análise de bilheteria, provavelmente) eles viram que essas fábulas de roteiro simples e acalentadoras de corações são uma ótima fonte de arrecadação.

Por fim, a estratégia mais interessante de marketing envolve as músicas. Lembram quando Let It Go foi febre mundial, chegando a alcançar Top 10 da Billboard e tudo mais? Pois então, a cada vez que falam sobre a música, o filme ganha muito em divulgação gratuita. Apostando nisso, La La Land e O Rei do Show liberaram suas Playlists em plataformas como Spotify e ITunes e fizeram muito sucesso antes mesmo do lançamento dos filmes. Com pegadas mais simples e populares, as trilhas sonoras colocaram esses longa-metragens na cabeça do povo, literalmente. Ou seja, além de gerar buzz, também passaram a lucrar bastante com a venda de músicas isoladas.

Apesar dos fãs Oldschool chiarem um pouco com o “novo” formato, é um saída inteligente para reconquistar um público preconceituoso em relação a esse gênero cinematográfico, e quem sabe até conseguir resgatar os dias de glória dos Musicais? Claro, isso tudo vai depender da criatividade hollywoodiana e da reação dos espectadores. Não adianta nada inovar, mas transformar isso em um novo padrão.

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