domingo , 22 dezembro , 2024

O Rei Leão – 30 Anos | O legado de uma das MELHORES animações da história

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Desde 1937, com o lançamento de ‘Branca de Neve e os Sete Anões’, os estúdios Walt Disney sagraram-se como um dos principais impérios da animação, fomentando uma hegemonia cinematográfica que se estendeu por bastante tempo – até entrar em um forte declínio a partir de meados dos anos 1960, com uma sucessão de fracassos fílmicos que colocaram em xeque a credibilidade da companhia. Entre os anos de 1984 e 1989, a Casa Mouse passou por uma profunda reestruturação que culminaria em sua própria Renascença – tendo início com ‘A Pequena Sereia’ e estendendo-se até o início dos anos 2000, com a virada do século e a popularização das animações em 3D.

Nesse breve período de sucessos constantes, um dos emblemas de maior reconhecimento crítico e financeiro é, sem sombra de dúvida, O Rei Leão. Lançado há trinta anos, são inúmeros os especialistas e os inveterados fãs da sétima arte que classificam o projeto como um dos melhores da história – e não é por qualquer razão: a obra ajudou a calcar a animação como arte em si, ao lado de outras incursões do gênero, e emerge como uma das melhores adaptações livres da obra de William Shakespeare (conquistando inúmeros prêmios e imortalizando um legado que estende-se até hoje, visto que ganharemos um live-action de origem focado na história do grande rei Mufasa).



A trama é inspirada em ‘Hamlet’, bem como no ramo Osírio da mitologia egípcia, e acompanha Simba (Jonathan Taylor Thomas na versão mais jovem e Matthew Broderick na versão mais velha), um jovem leão que é filho do rei Mufasa (James Earl Jones), e está destinado a tomar o trono quando for necessário. Todavia, a soberania da família é colocada em xeque através do invejoso Scar (Jeremy Irons), irmão de Mufasa, arquiteta um plano maquiavélico para assassinar Mufasa e Simba e, por fim, usurpar o controle do reino e tomar a coroa para si.

Mesmo três décadas depois de seu lançamento, o longa continua a ser revisitado e redescoberto por públicos de várias gerações – e sua popularidade inexplicável é o motivo do remake em live-action de 2019 ter atraído tantas pessoas aos cinemas mais uma vez, instigadas por ver a clássica narrativa ganhar uma roupagem diferente. E uma das sequências mais marcantes do projeto é quando o plano de Scar é colocado em prática, ocasionando não apenas a morte de Mufasa por um estouro de manada de bisões, mas na subsequente fuga de Simba e em seu triunfal retorno para livrar a Pedra do Orgulho do governo tirânico do tio. Não é surpresa que a cena arranque lágrimas pelo conjunto através do qual foi construída, tanto na melancólica trilha sonora de Hans Zimmer, quanto na atuação certeira dos dubladores.

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E isso não é tudo: a dupla de diretores Roger Allers e Rob Minkoff segue à risca os arcos de Shakespeare em ‘Hamlet’, mas aproveitam para incrementar a história com doses significativas de humor e sendo acompanhados por um time musical que inclusive contou com as habilidosas mãos do lendário Elton John. E, se Simba foi delineado como o personagem titular da tragédia, todos os outros personagens também seriam, ainda que com uma carga dramática reduzida: é possível ver o antagonista Claudius na pele de Scar, enquanto Timão (Nathan Lane) e Pumba (Ernie Sabella) encarnam Rosencrantz e Guildenstern, aliados de Hamlet; e, de fato, podemos ver um pouco de Ofélia em Nala (Moira Kelly), apesar de sua delineação ter sido mais inspirada em Ísis, considerando que ela não cede à insanidade e é delineada com mais resiliência.

Cada engrenagem é pensada com exímia cautela e torna-se emblema do suprassumo artístico e técnico da Disney – o que é irônico, considerando que o projeto estava em segundo plano à época de seu desenvolvimento e que ‘Pocahontas’ (uma das maiores decepções críticas e comerciais da Casa Mouse) era o foco do estúdio. Funcionando como uma espécie de back-up, foi O Rei Leão quem dominou as telonas, arrecadando mais de US$968 milhões mundialmente (incluindo os relançamentos) e levando duas estatuas do Oscar para casa, exceto de Melhor Animação, visto que a categoria ainda não existia. Como se não bastasse, o título é um dos únicos três da Disney a ter levado o prêmio de Melhor Filme – Musical ou Comédia no Globo de Ouro antes da instituição de uma categoria para o gênero.

Um dos outros pontos que chamam nossa atenção é o modo como a equipe por trás do projeto apostou fichas em uma celebração da cultura africana – algo que, para a época, representava uma mudança significativa na imagética da própria Disney. Os nomes dos personagens, por exemplo, foram inspirados na língua suaíli, enquanto a faixa “Circle of Life” abre com uma estrofe cantada pelo compositor Lebo M em zulu; tal estética foi ampliada para a adaptação musical na Broadway, estendendo-se para os figurinos e a maquiagem dos atores; enquanto Beyoncé, em 2020, lançou o documentário ‘Black Is King’ como uma celebração da narrativa e como forma de ampliar os conceitos do remake em live-action, esquadrinhando dança, moda, estilos musicais e outros aspectos artísticos.

Trinta anos depois, O Rei Leão permanece em um status de existência quase inalcançável, em uma beleza ímpar e atemporal que é emulada por diversos títulos posteriores. Não é surpresa que a animação esteja na lista dos filmes favoritos de qualquer apaixonado por cinema – motivo pelo qual continua imortalizado.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Desde 1937, com o lançamento de ‘Branca de Neve e os Sete Anões’, os estúdios Walt Disney sagraram-se como um dos principais impérios da animação, fomentando uma hegemonia cinematográfica que se estendeu por bastante tempo – até entrar em um forte declínio a partir de meados dos anos 1960, com uma sucessão de fracassos fílmicos que colocaram em xeque a credibilidade da companhia. Entre os anos de 1984 e 1989, a Casa Mouse passou por uma profunda reestruturação que culminaria em sua própria Renascença – tendo início com ‘A Pequena Sereia’ e estendendo-se até o início dos anos 2000, com a virada do século e a popularização das animações em 3D.

Nesse breve período de sucessos constantes, um dos emblemas de maior reconhecimento crítico e financeiro é, sem sombra de dúvida, O Rei Leão. Lançado há trinta anos, são inúmeros os especialistas e os inveterados fãs da sétima arte que classificam o projeto como um dos melhores da história – e não é por qualquer razão: a obra ajudou a calcar a animação como arte em si, ao lado de outras incursões do gênero, e emerge como uma das melhores adaptações livres da obra de William Shakespeare (conquistando inúmeros prêmios e imortalizando um legado que estende-se até hoje, visto que ganharemos um live-action de origem focado na história do grande rei Mufasa).

A trama é inspirada em ‘Hamlet’, bem como no ramo Osírio da mitologia egípcia, e acompanha Simba (Jonathan Taylor Thomas na versão mais jovem e Matthew Broderick na versão mais velha), um jovem leão que é filho do rei Mufasa (James Earl Jones), e está destinado a tomar o trono quando for necessário. Todavia, a soberania da família é colocada em xeque através do invejoso Scar (Jeremy Irons), irmão de Mufasa, arquiteta um plano maquiavélico para assassinar Mufasa e Simba e, por fim, usurpar o controle do reino e tomar a coroa para si.

Mesmo três décadas depois de seu lançamento, o longa continua a ser revisitado e redescoberto por públicos de várias gerações – e sua popularidade inexplicável é o motivo do remake em live-action de 2019 ter atraído tantas pessoas aos cinemas mais uma vez, instigadas por ver a clássica narrativa ganhar uma roupagem diferente. E uma das sequências mais marcantes do projeto é quando o plano de Scar é colocado em prática, ocasionando não apenas a morte de Mufasa por um estouro de manada de bisões, mas na subsequente fuga de Simba e em seu triunfal retorno para livrar a Pedra do Orgulho do governo tirânico do tio. Não é surpresa que a cena arranque lágrimas pelo conjunto através do qual foi construída, tanto na melancólica trilha sonora de Hans Zimmer, quanto na atuação certeira dos dubladores.

E isso não é tudo: a dupla de diretores Roger Allers e Rob Minkoff segue à risca os arcos de Shakespeare em ‘Hamlet’, mas aproveitam para incrementar a história com doses significativas de humor e sendo acompanhados por um time musical que inclusive contou com as habilidosas mãos do lendário Elton John. E, se Simba foi delineado como o personagem titular da tragédia, todos os outros personagens também seriam, ainda que com uma carga dramática reduzida: é possível ver o antagonista Claudius na pele de Scar, enquanto Timão (Nathan Lane) e Pumba (Ernie Sabella) encarnam Rosencrantz e Guildenstern, aliados de Hamlet; e, de fato, podemos ver um pouco de Ofélia em Nala (Moira Kelly), apesar de sua delineação ter sido mais inspirada em Ísis, considerando que ela não cede à insanidade e é delineada com mais resiliência.

Cada engrenagem é pensada com exímia cautela e torna-se emblema do suprassumo artístico e técnico da Disney – o que é irônico, considerando que o projeto estava em segundo plano à época de seu desenvolvimento e que ‘Pocahontas’ (uma das maiores decepções críticas e comerciais da Casa Mouse) era o foco do estúdio. Funcionando como uma espécie de back-up, foi O Rei Leão quem dominou as telonas, arrecadando mais de US$968 milhões mundialmente (incluindo os relançamentos) e levando duas estatuas do Oscar para casa, exceto de Melhor Animação, visto que a categoria ainda não existia. Como se não bastasse, o título é um dos únicos três da Disney a ter levado o prêmio de Melhor Filme – Musical ou Comédia no Globo de Ouro antes da instituição de uma categoria para o gênero.

Um dos outros pontos que chamam nossa atenção é o modo como a equipe por trás do projeto apostou fichas em uma celebração da cultura africana – algo que, para a época, representava uma mudança significativa na imagética da própria Disney. Os nomes dos personagens, por exemplo, foram inspirados na língua suaíli, enquanto a faixa “Circle of Life” abre com uma estrofe cantada pelo compositor Lebo M em zulu; tal estética foi ampliada para a adaptação musical na Broadway, estendendo-se para os figurinos e a maquiagem dos atores; enquanto Beyoncé, em 2020, lançou o documentário ‘Black Is King’ como uma celebração da narrativa e como forma de ampliar os conceitos do remake em live-action, esquadrinhando dança, moda, estilos musicais e outros aspectos artísticos.

Trinta anos depois, O Rei Leão permanece em um status de existência quase inalcançável, em uma beleza ímpar e atemporal que é emulada por diversos títulos posteriores. Não é surpresa que a animação esteja na lista dos filmes favoritos de qualquer apaixonado por cinema – motivo pelo qual continua imortalizado.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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