Cuidado: muitos spoilers à frente.
A primeira temporada de ‘O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder’ chegou ao fim – e, enquanto várias perguntas são respondidas episódio a episódio, é inegável como a produção continua a levantar questões que exploram e expandem a incrível mitologia criada por J.R.R. Tolkien.
E, dentro do que nos foi apresentado até agora, um dos personagens mais misteriosos é, sem sombra de dúvida, Adar (Joseph Mawle). Introduzido no terceiro capítulo, Adar é um dos principais antagonistas enfrentados por Galadriel (Morfydd Clark) e seus companheiros e posa como uma espécie de figura paternal para os Orcs/Uruks. Mas mais do que isso, o personagem é representante de um grupo de vilões conhecido como Moriondor.
Diferente daquilo que poderíamos imaginar, o vocábulo Moriondor foi criado especificamente para a série do Prime Video, visto que Tolkien nunca explicou explicitamente a origem dos Orcs. A única coisa que sabemos, graças ao compilado ‘A História da Terra-Média’, editado e publicado por Christopher Tolkien, é que essas criaturas têm linhagem nos primeiros Elfos que habitaram a Terra-Média. E ‘Os Anéis de Poder’ faz questão de reiterar o que já nos foi apresentado a tanto tempo.
Depois de conseguir capturar Adar, Galadriel o leva para um estábulo e o interroga sobre o ressurgimento de Morgoth, Sauron e as forças das trevas que se escondem nas sombras até o momento certo de atacar. Pouco depois, a Elfa guerreira comenta que Adar é um dos Moriondor, cuja etimologia em Quenya ou Sindarin significa “filhos da escuridão”. Como ficamos sabendo, os primeiros Elfos a acordarem foram capturados por Morgoth, que os torturou e os perverteu – o maior pecado cometido por ele, como Galadriel diz. Mais do que isso, a ideia se relaciona com o conceito de que apenas Eru Illuvatar, o deus do mundo, poderia criar vida. Dessa forma, tudo o que Morgoth e, pouco depois, Sauron poderiam fazer era distorcer e remodelar algo que já existe, e não criar alguma coisa do nada.
Como se não bastasse, essa construção trazida pela série dialoga com a história de Adar, que é proferida por ele mesmo: “Sauron se devotou a curar a Terra-Média, fazendo com que suas terras arruinadas se reordenassem. Ele procurou criar um poder, não de carne, mas sobre a carne. Mas por mais que ele tentasse, algo faltava. A sombra do conhecimento obscuro se mantinha escondido, até mesmo dele, não importava o quanto de sangue ele derramava em sua missão”.
Eventualmente, Adar e os Moriondor não podem agir sem uma força por trás – o que premedita a aparição de Sauron no próximo capítulo, como pudemos ver na prévia. Adar, dessa forma, posa como uma figura paterna para os Orcs, mas não do modo como imaginávamos, e sim por ser um ancestral corrompido e que foi obrigado a se aliar às forças das trevas enquanto manteve sua imortalidade (razão pela qual se assemelha tanto a um Elfo).