quarta-feira , 18 dezembro , 2024

‘O Som e a Sílaba’ | Em entrevista, Miguel Falabella revela os desafios da nova série do Disney+

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Parte da nova leva de produções nacionais originais do Disney+, O Som e a Sílaba é uma minissérie de oito episódios que chegou nesta quarta-feira (28) na plataforma. Na festa de lançamento do Novo Disney+, realizada em junho deste ano, no Copacabana Palace, o primeiro trailer da produção emocionou os presentes no evento.

A série é uma adaptação da peça teatral homônima escrita e dirigida por Miguel Falabella. E como não havia ninguém melhor para fazer essa transição do teatro para o streaming, o próprio Miguel escreveu e dirigiu a adaptou a obra. Da mesma forma, Alessandra Maestrini e Mirna Rubim, que interpretaram as protagonistas na peça, foram trazidas para a série para reprisarem e atualizarem seus papéis.



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A série conta a história de Sarah Leighton (Maestrini), uma jovem no espectro autista que tem uma habilidade fenomenal para música. Deslocada do mundo, ela teve uma infância traumática e se apoiou na ópera para não perder o rumo. Agora adulta, ela é inscrita pelo irmão em aulas de canto lírico com a soprano Leonor Delise (Rubim), sua grande heroína da música. O problema é que elas passam por conflitos pessoais e vão precisar encontrar um meio de se entender.

A convite da Disney, a reportagem entrevistou Miguel Falabella, Alessandra Maestrini e Mirna Rubim, que contaram um pouco mais sobre como foram os bastidores da série.

oseas ep07 0234Uma curiosidade muito interessante que nos foi revelada é que a peça da qual a série adapta o material foi escrita por Falabella inspirada nas próprias atrizes.

“A história foi criada pelo Miguel especialmente para a gente, baseada em uma relação que a gente teve de muitos anos. A Mirna foi minha professora de canto na vida real por muitos anos, e claro que a gente ficou amiga. Eu, Mirna e Miguel já nos amamos há muito tempo. Foi assistindo a uma aula minha, em que ele chegou um pouquinho mais cedo, que ele teve o insight para fazer a peça, inclusive”, revelou Alessandra Maestrini. “Eu fui aluno da Mirna também”, completou Miguel Falabella.

E na proposta de ter uma protagonista no espectro autista, Maestrini contou que fez todo um trabalho na época da peça, mas que buscou novas referências quando foi chamada para interpretar a Sarah da série. Mais do que isso, ela buscou inspiração em si para compor a personagem.

“Eu sou neurodivergente, tenho TDAH. É uma neurodivergência completamente diferente do autismo, mas que tem uma interseção dos sintomas. Então, eu tenho hiperfoco. É uma coisa que eu conheço. Eu tenho hipersensibilidade sensorial, então também conheço. E são coisas que compõe a personagem. Não é à toa que o Miguel escreveu essa personagem para mim. Ele se inspirou em um tema que ele já estava ligado, ele se inspirou na minha habilidade específica musical que eu tenho para a ópera, e ele se inspirou também nessas idiossincrasias que são minhas e que têm interseções com o tema do autismo que ele queria tratar. Além disso, eu pedi a uma fonoaudióloga, a Dra. Mara Behlau, para conhecer uma pessoa do espectro. E levei o texto para ela ler, perguntei se ela sentia falta ou se alguma coisa incomodava. E ela adorou tudo. Assim eu construí a Sarah do teatro. E quando a gente foi fazer a série, o Miguel conheceu mais a Julia Balducci, a trouxe para integrar a série. Ela faz a melhor amiga da Sarah”, contou Maestrini.

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Já a personagem de Mirna Rubim, Leonor, uma soprano que viu seus dias de glória ficarem para trás após se afastar da filha por problemas pessoais, é forjada pela solidão.

“A Leonor, para mim, veio de uma imagem célebre da Maria Callas, já quase no final da vida, que foi tirada do lado de fora de seu apartamento em Paris, em que ela está sentada e olhando pela janela em uma solidão absoluta, pouco antes dela morrer. Essa foto me inspirou muito para escrever a solidão desta mulher, que passa a vida com o sentimento extremado. Porque na ópera, todos os sentimentos são extremados. Ninguém dá um ‘bom dia’, eles já vêm com uma faca na mão”, disse Miguel Falabella.

Para a própria Mirna, a Leonor é uma personagem que começa mais densa e se abre para a empatia por meio da música e da convivência com Sarah. Inclusive, ela acredita que por pior que sejam as experiências passadas, foram elas que a levaram a viver essa alegria no futuro.

“Foi justamente o fato de ter uma vida tão angustiante, tão traumatizada, que levou a Leonor a se deparar com essa mulher tão talentosa, tão musical, que a música causa esse fenômeno no nosso coração e na nossa alma. A Leonor recebeu esse toque de ‘quem sou eu para estar preocupada com a minha vida se essa menina, que tem essa família de relações tão complicadas, está feliz com a música?’. Isso vai amolecendo meu coração e tornando uma pessoa mais empática”, afirmou Mirna Rubim.

2022 12 07 oseas3686Em meio a esse projeto tão pessoal, Miguel Falabella comentou qual foi o maior desafio de fazer a adaptação para o streaming.

“Como eu mesmo escrevi a peça e eu mesmo escrevi a série, o grande desafio foi criar personagens novos, que eram citados, que eram mencionados e alguns que sequer existiam, mas foram acrescentados ao formato da série. Por exemplo, a filha da Leonor era apenas citada na série e agora passa a existir. Eu criei uma governanta para ela, que é feita pela Maria Padilha, fiz uma jovem secretária… Criar esses personagens e trazê-los à vida foi esse grande desafio”, disse.

E a música, como indica o título da produção é parte fundamental da trama. E dialoga diretamente com o desenrolar da história e o crescimento das personagens.

“No decorrer da série, ocorre a transformação, assim como acontece na peça. Na peça, começamos extremamente tensas, agressivas, e eu angustiada. Existe uma escuridão no começo, mas vai ‘ensolarando’ conforme a gente vai criando intimidade. No início, existe a efervescência das personagens. Mais adiante, a música e o amor vão tomando conta”, comentou Mirna.

“É uma série de oito episódios onde todos os personagens estão passando por grandes transformações. É tudo muito intenso. E há o contraste com a música clássica que traz a paz. É um neuromodulador, tanto para neuroatípicos, como é minha personagem, quanto para neurotípicos. O Miguel consegue trabalhar bem isso na série”, completou Maestrini.

“A playlist foi muito determinada pelo registro da Alessandra Maestrini, que é uma soprano muito aguda. O registro dela me guiou a escolher áreas que fossem mais populares, palatáveis para o grande público, obviamente. Não fui para áreas que só conhecedores de ópera apreciariam. Isso determinou um pouco a escolha. A própria Alessandra é um diferencial. Ter um elenco que canta, não dubla, é muito bacana. E acho lindo, nesse mundo de hoje, a gente trazer outra vez o belo canto. Trazer o canto lírico é bem interessante”, valorizou Falabella.

o som e silaba gravacao

Por fim, comentei que a série, por mais que seja muito divertida e bem-humorada, me passou uma sensação de ansiedade muito forte nas personagens, como se elas estivessem sempre preocupadas em se mostrar capazes para todos, e que as externas serem em São Paulo, uma cidade geralmente hostil por sua grandiosidade, acabou intensificando essa sensação.

Falabella contou que não foi algo proposital, mas que o efeito das Megalópoles podem dar essa impressão mesmo.

“A ansiedade é um mal do nosso tempo. Acho que a internet tem um lado muito positivo e um lado muito negativo. Ela nos roubou o poder reflexivo, nos roubou o tempo. Nos roubou o tempo para apreciar uma obra, porque é tudo muito rápido. E isso gera uma ansiedade muito grande. E a ansiedade é um componente muito forte, não só da Sarah, que tem essa inadequação e quer se encaixar em algum lugar, que busca encontrar o seu lugar no afeto, no trabalho e na vida. Mas a série foi gravada em São Paulo porque a gente mora aqui há alguns anos. E acho que essa coisa da Megalópoles que engole e tritura as pessoas seria muito interessante para a série”, contou Miguel Falabella.

O Miguel consegue fazer o público sentir a paz dentro desse furor que é o dia a dia em uma cidade grande”, concluiu Alessandra Maestrini.

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O Som e a Sílaba está disponível no Disney+.
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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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A série é uma adaptação da peça teatral homônima escrita e dirigida por Miguel Falabella. E como não havia ninguém melhor para fazer essa transição do teatro para o streaming, o próprio Miguel escreveu e dirigiu a adaptou a obra. Da mesma forma, Alessandra Maestrini e Mirna Rubim, que interpretaram as protagonistas na peça, foram trazidas para a série para reprisarem e atualizarem seus papéis.

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A série conta a história de Sarah Leighton (Maestrini), uma jovem no espectro autista que tem uma habilidade fenomenal para música. Deslocada do mundo, ela teve uma infância traumática e se apoiou na ópera para não perder o rumo. Agora adulta, ela é inscrita pelo irmão em aulas de canto lírico com a soprano Leonor Delise (Rubim), sua grande heroína da música. O problema é que elas passam por conflitos pessoais e vão precisar encontrar um meio de se entender.

A convite da Disney, a reportagem entrevistou Miguel Falabella, Alessandra Maestrini e Mirna Rubim, que contaram um pouco mais sobre como foram os bastidores da série.

oseas ep07 0234Uma curiosidade muito interessante que nos foi revelada é que a peça da qual a série adapta o material foi escrita por Falabella inspirada nas próprias atrizes.

“A história foi criada pelo Miguel especialmente para a gente, baseada em uma relação que a gente teve de muitos anos. A Mirna foi minha professora de canto na vida real por muitos anos, e claro que a gente ficou amiga. Eu, Mirna e Miguel já nos amamos há muito tempo. Foi assistindo a uma aula minha, em que ele chegou um pouquinho mais cedo, que ele teve o insight para fazer a peça, inclusive”, revelou Alessandra Maestrini. “Eu fui aluno da Mirna também”, completou Miguel Falabella.

E na proposta de ter uma protagonista no espectro autista, Maestrini contou que fez todo um trabalho na época da peça, mas que buscou novas referências quando foi chamada para interpretar a Sarah da série. Mais do que isso, ela buscou inspiração em si para compor a personagem.

“Eu sou neurodivergente, tenho TDAH. É uma neurodivergência completamente diferente do autismo, mas que tem uma interseção dos sintomas. Então, eu tenho hiperfoco. É uma coisa que eu conheço. Eu tenho hipersensibilidade sensorial, então também conheço. E são coisas que compõe a personagem. Não é à toa que o Miguel escreveu essa personagem para mim. Ele se inspirou em um tema que ele já estava ligado, ele se inspirou na minha habilidade específica musical que eu tenho para a ópera, e ele se inspirou também nessas idiossincrasias que são minhas e que têm interseções com o tema do autismo que ele queria tratar. Além disso, eu pedi a uma fonoaudióloga, a Dra. Mara Behlau, para conhecer uma pessoa do espectro. E levei o texto para ela ler, perguntei se ela sentia falta ou se alguma coisa incomodava. E ela adorou tudo. Assim eu construí a Sarah do teatro. E quando a gente foi fazer a série, o Miguel conheceu mais a Julia Balducci, a trouxe para integrar a série. Ela faz a melhor amiga da Sarah”, contou Maestrini.

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Já a personagem de Mirna Rubim, Leonor, uma soprano que viu seus dias de glória ficarem para trás após se afastar da filha por problemas pessoais, é forjada pela solidão.

“A Leonor, para mim, veio de uma imagem célebre da Maria Callas, já quase no final da vida, que foi tirada do lado de fora de seu apartamento em Paris, em que ela está sentada e olhando pela janela em uma solidão absoluta, pouco antes dela morrer. Essa foto me inspirou muito para escrever a solidão desta mulher, que passa a vida com o sentimento extremado. Porque na ópera, todos os sentimentos são extremados. Ninguém dá um ‘bom dia’, eles já vêm com uma faca na mão”, disse Miguel Falabella.

Para a própria Mirna, a Leonor é uma personagem que começa mais densa e se abre para a empatia por meio da música e da convivência com Sarah. Inclusive, ela acredita que por pior que sejam as experiências passadas, foram elas que a levaram a viver essa alegria no futuro.

“Foi justamente o fato de ter uma vida tão angustiante, tão traumatizada, que levou a Leonor a se deparar com essa mulher tão talentosa, tão musical, que a música causa esse fenômeno no nosso coração e na nossa alma. A Leonor recebeu esse toque de ‘quem sou eu para estar preocupada com a minha vida se essa menina, que tem essa família de relações tão complicadas, está feliz com a música?’. Isso vai amolecendo meu coração e tornando uma pessoa mais empática”, afirmou Mirna Rubim.

2022 12 07 oseas3686Em meio a esse projeto tão pessoal, Miguel Falabella comentou qual foi o maior desafio de fazer a adaptação para o streaming.

“Como eu mesmo escrevi a peça e eu mesmo escrevi a série, o grande desafio foi criar personagens novos, que eram citados, que eram mencionados e alguns que sequer existiam, mas foram acrescentados ao formato da série. Por exemplo, a filha da Leonor era apenas citada na série e agora passa a existir. Eu criei uma governanta para ela, que é feita pela Maria Padilha, fiz uma jovem secretária… Criar esses personagens e trazê-los à vida foi esse grande desafio”, disse.

E a música, como indica o título da produção é parte fundamental da trama. E dialoga diretamente com o desenrolar da história e o crescimento das personagens.

“No decorrer da série, ocorre a transformação, assim como acontece na peça. Na peça, começamos extremamente tensas, agressivas, e eu angustiada. Existe uma escuridão no começo, mas vai ‘ensolarando’ conforme a gente vai criando intimidade. No início, existe a efervescência das personagens. Mais adiante, a música e o amor vão tomando conta”, comentou Mirna.

“É uma série de oito episódios onde todos os personagens estão passando por grandes transformações. É tudo muito intenso. E há o contraste com a música clássica que traz a paz. É um neuromodulador, tanto para neuroatípicos, como é minha personagem, quanto para neurotípicos. O Miguel consegue trabalhar bem isso na série”, completou Maestrini.

“A playlist foi muito determinada pelo registro da Alessandra Maestrini, que é uma soprano muito aguda. O registro dela me guiou a escolher áreas que fossem mais populares, palatáveis para o grande público, obviamente. Não fui para áreas que só conhecedores de ópera apreciariam. Isso determinou um pouco a escolha. A própria Alessandra é um diferencial. Ter um elenco que canta, não dubla, é muito bacana. E acho lindo, nesse mundo de hoje, a gente trazer outra vez o belo canto. Trazer o canto lírico é bem interessante”, valorizou Falabella.

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Por fim, comentei que a série, por mais que seja muito divertida e bem-humorada, me passou uma sensação de ansiedade muito forte nas personagens, como se elas estivessem sempre preocupadas em se mostrar capazes para todos, e que as externas serem em São Paulo, uma cidade geralmente hostil por sua grandiosidade, acabou intensificando essa sensação.

Falabella contou que não foi algo proposital, mas que o efeito das Megalópoles podem dar essa impressão mesmo.

“A ansiedade é um mal do nosso tempo. Acho que a internet tem um lado muito positivo e um lado muito negativo. Ela nos roubou o poder reflexivo, nos roubou o tempo. Nos roubou o tempo para apreciar uma obra, porque é tudo muito rápido. E isso gera uma ansiedade muito grande. E a ansiedade é um componente muito forte, não só da Sarah, que tem essa inadequação e quer se encaixar em algum lugar, que busca encontrar o seu lugar no afeto, no trabalho e na vida. Mas a série foi gravada em São Paulo porque a gente mora aqui há alguns anos. E acho que essa coisa da Megalópoles que engole e tritura as pessoas seria muito interessante para a série”, contou Miguel Falabella.

O Miguel consegue fazer o público sentir a paz dentro desse furor que é o dia a dia em uma cidade grande”, concluiu Alessandra Maestrini.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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