É o filme de Star Wars que minha geração esperava e merecia ver em tela grande. Nasci em 1983, ano do lançamento de O Retorno de Jedi. Sou de uma geração que chegou muito cedo para o streaming e muito atrasado para ver aos filmes originais no cinema. O jeito era se virar com a televisão e as vídeo locadoras. Lembro-me de ficar na frente da TV, grudado no vídeo cassete, apertando o botão stop para interromper a gravação durante os intervalos. Era o jeito de ter Guerra nas Estrelas – na época, ainda se traduziam os títulos – em casa, para sempre. Quando uma caixa com fitas (VHS) com os três filmes, em suas versões originais, foi lançada, eu pedi de presente e passei a guardá-las como se fossem relíquias – até hoje, estão na minha casa. Qualquer fã com algum tempo de carreira tem noção do que falo.
Almofada de Star Wars como brinde do combo da pipoca, uma família inteira fantasiada (a mãe estava de Rey), muitos selfies na frente do cartaz do filme, ingressos impressos na internet em mãos, Whatsapp bloqueado para não ler spoilers, ouvidos tapados para não escutar os comentários daqueles que saiam da sessão anterior. Pronto, era noite de quinta-feira e lá se foram 32 anos. Depois se suportar George Lucas alterar os filmes originais, finalmente veria Luke, Leia, Han Solo e companhia em tela grande, em uma continuação da fábula original. E eu estava tranquilo porque sabia que, em alguns meses, o filme estará em blu-ray, sem precisar me preocupar com os intervalos.
A expectativa na sala do cinema era respirável. A força atravessava as cadeiras. Nem todos haviam entrado quando a logo da LucasFilm apareceu na tela. Após um breve silêncio, a plateia já disputava com os acordes de John Williams. Claro que eu vi os episódios I, II e III nos cinemas e vibrei. Mas, ver aquelas letrinhas subindo em uma continuação de O Retorno de Jedi foi outro nível! Era uma certidão sendo dada pelo Mestre Yoda declarando que a minha geração deixava de ser Padawn e passava a ser Jedi.
Não foram necessárias muitas cenas para saber que J. J. Abrams e sua equipe exorcizaram qualquer Ameaça Fantasma. Star Wars – O Despertar da Força é uma releitura dos episódios originais e uma carta de amor à saga. Rey, Finn e Poe Dameron foram ótimos anfitriões para o novo público, como o foram para meu afilhado, que me acompanhava na sessão. E BB-8 respeita a tradição iniciada por R2-D2 – chupa, Jar Jar Binks!
Se a parte inicial do filme falava para a nova geração, quando a Millenium Falcon apareceu o filme começou a massagear o ego dos velhos fãs. Foi ela que produziu um dos instantes mais mágicos da Saga. Quando vi as manobras da Millenium Falcon não passava pela minha cabeça “nossa, como os efeitos especiais melhoraram!” Não! O que passou na minha mente, e certamente na de muitos fãs foi “gente… a Millenium Falcon é capaz disso?!” Foi uma imersão completa! Por ao menos numa sequência, o crítico pedia licença e ia se encontrar com aquela criança inocente vendo seu primeiro filme.
A primeira fala de Han Solo vocalizou nossos sentimentos. Não era a fala de uma personagem apenas, era a tradução do que cada fã sentia ao ver aquele filme. E o reencontro entre Han e Leia foi como reencontrar aquela criança que ficava editando a exibição de Guerra nas Estrelas durante a Sessão da Tarde.
Depois de pouco mais de duas horas, o filme terminou. A alegria estava nos rostos de toda a plateia. Aguardei o último frame do filme para sair. Na parte de fora, a família que viu o filme fantasiado batia fotos. Eu estava feliz e na expectativa dos próximos filmes, mas com a sensação de que nenhum outro filme teria a magia desse reencontro.
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