Dirigido por Marco Bellocchio, ‘O Traidor’, uma coprodução entre Itália e Brasil, foi aplaudido por 13 minutos em sua primeira exibição para o público, durante o Festival de Cannes, na quinta-feira (23).
Em uma das melhores recepções do evento na edição deste ano, a plateia gritava o nome do cineasta, enquanto o elenco se abraçava.
“Tenho realmente de agradecer por esse acolhimento, foi uma experiência maravilhosa”, disse Bellocchio.
‘O Traidor’ conta a história do mafioso Tommaso Buscetta, vivido por Pierfrancesco Favino, primeiro grande delator da Cosa Nostra e que teve sua vida intimamente ligada ao Brasil, de onde foi extraditado duas vezes.
Chefe do clã Porta Nuova, Buscetta fugiu para o Brasil tentando escapar da guerra provocada pelos Corleone para assumir o controle da máfia na Sicília. Convencido por sua terceira esposa, Maria Cristina de Almeida Guimarães (Maria Fernanda Cândido), Buscetta decidiu colaborar com a Justiça em sua segunda extradição.
Candidato à Palma de Ouro, o filme estreou no 27º aniversário do Massacre de Capaci, atentado da Cosa Nostra que matou o juiz antimáfia Giovanni Falcone, a quem Buscetta havia revelado informações essenciais sobre a organização criminosa.
Durante uma entrevista para a ANSA, Bellocchio definiu o mafioso não como um “herói”, mas sim como um “homem de coragem”.
”É uma qualidade que eu admiro, talvez porque eu não a tenha”, disse. Segundo o cineasta, Buscetta era alguém que “arriscava”. “Não queria ser morto na guerra da máfia, defendeu sua vida, seus filhos. Para os outros, é um traidor. Para ele mesmo, é um conservador dos ‘valores mafiosos’”, explicou o diretor italiano.
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