quarta-feira , 15 janeiro , 2025

Once Upon a Time | Há uma década, série nos levava a Camelot e ao Submundo

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Depois de quatro sólidas temporadas que nos levaram à Terra do Nunca, a Oz e à Floresta Encantada, Once Upon a Time retornou em 2015 com uma interessante proposta que prometia entregar uma das melhores temporadas de seu curso na televisão.

No final do ciclo predecessor, após derrotarem os maléficos planos de Rumplestiltskin (Robert Carlyle) e do Autor (Patrick Fischler) de garantir que apenas os vilões tivessem finais felizes, nossos amados heróis se viram diante de um perigo ainda maior: a própria Escuridão. Assim que essa entidade se desvinculou da Adaga do Sombrio e tornou-se um espectro incontrolável, Emma Swan (Jennifer Morrison) se sacrificou para garantir que ninguém mais se machucasse, transmutando-se na mais nova Sombria em uma reviravolta inesperada. E, a partir daí, Regina (Lana Parrilla), Branca (Ginnifer Goodwin), Encantado (Josh Dallas), Henry (Jared S. Gilmore), Gancho (Colin O’Donoghue), Robin (Sean Maguire) e os outros partiram em busca de Emma para salvá-la.



Na primeira metade da quinta temporada, centrada na narrativa mencionada acima, acompanhamos uma série de novas aventuras que finalmente levam os protagonistas e coadjuvantes para fora de Storybrooke e direto para o místico reino de Camelot – em que os criadores Edward Kitsis e Adam Horowitz se apossam das icônicas narrativas arturianas -, apresentando personagens novos que se engolfam em buscas perigosas e profecias milenares. E, para além da conhecida distorção promovida pela equipe criativa de heróis e vilões (ora, quem imaginaria que o Rei Arthur seria o verdadeiro antagonista?), o que mais nos chamou a atenção foi o fato de Emma, enfim, abraçar o lado das trevas e soltar diabolicamente a seguinte frase: “não há mais uma Salvadora nessa cidade”.

É notável que a reestreia de Once Upon a Time provou ser uma das mais instigantes para os fãs inveterados da atração, algo que os roteiristas sabem muito bem como fazer. Todavia, esse bem-vindo frescor não durou muito tempo: o obstáculo enfrentado não é a já familiar divisão em dois blocos, visto que estávamos acostumados a essa estruturação desde a terceira temporada; o problema reside no completo desperdício de uma mitologia rica em tramas e subtramas e escolhas duvidosas que transformam o ciclo em um compilado episódico cansativo e sem muito sentido. Enquanto a trama envolvendo Emma e suas artimanhas é envolvente o bastante para nos manter ligados semana a semana, o restante das incursões parece crua demais para ser levada a sério.

Assista também:
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Arthur (Liam Garrigan), Merlin (Elliot Knight), Guinevere (Joana Metrass) e outros personagens famosos desse cosmos medieval são tratados com um respeito considerável, mesmo que seus papéis sejam basicamente invertidos em prol de twists divertidos e à par da identidade da série. Porém, a aparição de Merida (Amy Manson) e de outras personas, ainda que carregadas com ótimas atuações, apenas superpopulam uma narrativa que vinha contando com uma porção considerável de novas caras. E isso não é tudo: as decisões parecem não condizer com o que essa primeira parte da temporada poderia contar, deixando de lado nomes como Viviane e Morgana (duas personalidades de extrema importância dentro da mitologia arturiana).

À medida que nos aproximamos do final desse ciclo, a série nos convida a mais uma reviravolta que nos faz acreditar que as coisas podem melhorar – e que o teor imaginativo pelo qual nos apaixonamos pode retornar. Infelizmente, não é isso o que acontece: Emma, na verdade, estava apenas tentando destruir as trevas após transformar Gancho em um segundo Sombrio, apenas para salvá-lo da morte certeira. Embebido em um misto de frustração e vingança, Gancho descobriu o que realmente tinha acontecido em Camelot e deixou se levar por uma vingança centenária para esvanecer a luz.

once upon a time

Ao recobrar o bom senso, Gancho se sacrifica de uma vez por todas, deixando um vazio na vida de Emma e um sentimento de luto em Storybrooke. Entretanto, Emma vai até Rumplestiltskin, agora restituído de seus poderes malignos, e o obriga a abrir um portal para o Submundo, onde Gancho se encontra sob o controle e o domínio de ninguém menos que Hades (Greg Germann). Nessa segunda parte da temporada, as ambições são ainda maiores do que quando estávamos em Camelot – e por diversos motivos: logo de cara, somos apresentados a um Storybrooke infernal onde nada cresce, e sim morre na decadência das próprias almas sofridas; pouco depois, inúmeros personagens de iterações anteriores retornam a fim de finalizar seus próprios assuntos pendentes, incluindo Cora (Barbara Hershey), Cruella (Victoria Smurfit), Peter Pan (Robbie Kay), a Bruxa Cega (Emma Caulfield) e vários outros.

Novamente, lidamos com a mesma problemática da primeira metade: a falta de coesão e um potencial desperdiçado. Em se tratando de mais uma mitologia adotada pelo time criativo, dessa vez nos convidando a revisitar os vários contos da Grécia Antiga, era apenas questão de tempo até vermos nomes como Hércules e Zeus aparecerem. E eles, de fato, aparecem – em construções episódicas e repetitivas que fazem nossa paixão pela série cair gradativamente ao percebermos que os becos sem saída se tornam mais constantes e mais exauríveis.

once upon a time

A quinta temporada de Once Upon a Time é um tiro no pé e, de longe, a mais fraca de toda a série – considerando, inclusive, o sexto ciclo e o soft reboot lançado em 2017. É claro que a química entre os atores e alguns arcos de personagens conseguem ofuscar brevemente os múltiplos e amadores equívocos, mas tais aspectos não são fortes o bastante para mostrar que, à época, a atração precisasse de uma considerável reformulação artística.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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No final do ciclo predecessor, após derrotarem os maléficos planos de Rumplestiltskin (Robert Carlyle) e do Autor (Patrick Fischler) de garantir que apenas os vilões tivessem finais felizes, nossos amados heróis se viram diante de um perigo ainda maior: a própria Escuridão. Assim que essa entidade se desvinculou da Adaga do Sombrio e tornou-se um espectro incontrolável, Emma Swan (Jennifer Morrison) se sacrificou para garantir que ninguém mais se machucasse, transmutando-se na mais nova Sombria em uma reviravolta inesperada. E, a partir daí, Regina (Lana Parrilla), Branca (Ginnifer Goodwin), Encantado (Josh Dallas), Henry (Jared S. Gilmore), Gancho (Colin O’Donoghue), Robin (Sean Maguire) e os outros partiram em busca de Emma para salvá-la.

Na primeira metade da quinta temporada, centrada na narrativa mencionada acima, acompanhamos uma série de novas aventuras que finalmente levam os protagonistas e coadjuvantes para fora de Storybrooke e direto para o místico reino de Camelot – em que os criadores Edward Kitsis e Adam Horowitz se apossam das icônicas narrativas arturianas -, apresentando personagens novos que se engolfam em buscas perigosas e profecias milenares. E, para além da conhecida distorção promovida pela equipe criativa de heróis e vilões (ora, quem imaginaria que o Rei Arthur seria o verdadeiro antagonista?), o que mais nos chamou a atenção foi o fato de Emma, enfim, abraçar o lado das trevas e soltar diabolicamente a seguinte frase: “não há mais uma Salvadora nessa cidade”.

É notável que a reestreia de Once Upon a Time provou ser uma das mais instigantes para os fãs inveterados da atração, algo que os roteiristas sabem muito bem como fazer. Todavia, esse bem-vindo frescor não durou muito tempo: o obstáculo enfrentado não é a já familiar divisão em dois blocos, visto que estávamos acostumados a essa estruturação desde a terceira temporada; o problema reside no completo desperdício de uma mitologia rica em tramas e subtramas e escolhas duvidosas que transformam o ciclo em um compilado episódico cansativo e sem muito sentido. Enquanto a trama envolvendo Emma e suas artimanhas é envolvente o bastante para nos manter ligados semana a semana, o restante das incursões parece crua demais para ser levada a sério.

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Arthur (Liam Garrigan), Merlin (Elliot Knight), Guinevere (Joana Metrass) e outros personagens famosos desse cosmos medieval são tratados com um respeito considerável, mesmo que seus papéis sejam basicamente invertidos em prol de twists divertidos e à par da identidade da série. Porém, a aparição de Merida (Amy Manson) e de outras personas, ainda que carregadas com ótimas atuações, apenas superpopulam uma narrativa que vinha contando com uma porção considerável de novas caras. E isso não é tudo: as decisões parecem não condizer com o que essa primeira parte da temporada poderia contar, deixando de lado nomes como Viviane e Morgana (duas personalidades de extrema importância dentro da mitologia arturiana).

À medida que nos aproximamos do final desse ciclo, a série nos convida a mais uma reviravolta que nos faz acreditar que as coisas podem melhorar – e que o teor imaginativo pelo qual nos apaixonamos pode retornar. Infelizmente, não é isso o que acontece: Emma, na verdade, estava apenas tentando destruir as trevas após transformar Gancho em um segundo Sombrio, apenas para salvá-lo da morte certeira. Embebido em um misto de frustração e vingança, Gancho descobriu o que realmente tinha acontecido em Camelot e deixou se levar por uma vingança centenária para esvanecer a luz.

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Ao recobrar o bom senso, Gancho se sacrifica de uma vez por todas, deixando um vazio na vida de Emma e um sentimento de luto em Storybrooke. Entretanto, Emma vai até Rumplestiltskin, agora restituído de seus poderes malignos, e o obriga a abrir um portal para o Submundo, onde Gancho se encontra sob o controle e o domínio de ninguém menos que Hades (Greg Germann). Nessa segunda parte da temporada, as ambições são ainda maiores do que quando estávamos em Camelot – e por diversos motivos: logo de cara, somos apresentados a um Storybrooke infernal onde nada cresce, e sim morre na decadência das próprias almas sofridas; pouco depois, inúmeros personagens de iterações anteriores retornam a fim de finalizar seus próprios assuntos pendentes, incluindo Cora (Barbara Hershey), Cruella (Victoria Smurfit), Peter Pan (Robbie Kay), a Bruxa Cega (Emma Caulfield) e vários outros.

Novamente, lidamos com a mesma problemática da primeira metade: a falta de coesão e um potencial desperdiçado. Em se tratando de mais uma mitologia adotada pelo time criativo, dessa vez nos convidando a revisitar os vários contos da Grécia Antiga, era apenas questão de tempo até vermos nomes como Hércules e Zeus aparecerem. E eles, de fato, aparecem – em construções episódicas e repetitivas que fazem nossa paixão pela série cair gradativamente ao percebermos que os becos sem saída se tornam mais constantes e mais exauríveis.

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A quinta temporada de Once Upon a Time é um tiro no pé e, de longe, a mais fraca de toda a série – considerando, inclusive, o sexto ciclo e o soft reboot lançado em 2017. É claro que a química entre os atores e alguns arcos de personagens conseguem ofuscar brevemente os múltiplos e amadores equívocos, mas tais aspectos não são fortes o bastante para mostrar que, à época, a atração precisasse de uma considerável reformulação artística.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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