terça-feira , 5 novembro , 2024

Opinião | ‘Green Day’ e ‘Coldplay’ fazem valer o ‘ideal’ do Rock In Rio com os melhores shows da edição 2022

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Chegou ao fim o Rock In Rio e o assunto agora é sobre o grande “vencedor” da edição, que aconteceu pela primeira vez na história em um ano par. Pelas redes sociais, parece não haver dúvida: Coldplay e Green Day conquistaram o coração de fãs e até mesmo daqueles que estavam tendo contato com as músicas pela primeira vez.  

O mais interessante disso tudo é que os dois shows, apesar de terem fidelizado tanta gente, conseguiram ser completamente opostos e ainda assim parecidos de certa forma. Enquanto o Coldplay apostou no controle e no espetáculo visual, o Green Day fez valer o “punk” e trabalhou um espetáculo de lavar a alma.  

Trazendo os hits dos seus mais de 20 anos de estrada, Billie Joe e sua banda apostaram na raiva, que mesmo sendo controversa, é um sentimento do qual pode se extrair muitas coisas boas, para mexer com o público. Em meio às brincadeiras e interações maravilhosas com o público, houve um caos controlado curioso de se experimentar, enquanto a banda passava suas mensagens e críticas ao sistema. 

Não seria errado dizer que foi um show de fã para fã, já que a tradicional entrada ao som de Ramones e a roupa de coelho estavam lá. Da mesma forma, o vocalista alterou um trecho de “Wake Me Up When September Ends”, música dedicada ao pai dele, que faleceu – agora – há cerca de 40 anos, para “corrigir” o tempo que ele está sem o pai neste mundo. Foi uma mudança pequena, mas que os fãs perceberam e certamente mexeu com eles. No entanto, ao mesmo tempo, não se pode resumir a apresentação do Green Day a um show feito para os fãs. A energia caótica das críticas cantadas com ritmo envolvente contagiaram até mesmo a quem não curte tanto o estilo da banda e acabou indo ao festival por conta de outros artistas.  

Enquanto a banda se divertia no palco, o público se desinibia aos poucos, até que ninguém conseguiu mais ficar parado. Com direito a pedido de casamento no palco e fã tocando guitarra no palco, foi o caos perfeito que a plateia precisava. Foi um grito contra a frustração diária. E diante dos tempos cruéis que vivemos, ter duas horas para poder colocar essa raiva acumulada para fora de forma coletiva é uma experiência catártica. 

Falando em catarse, o Coldplay, que já vem se firmando há uma década como uma das grandes bandas da cena Pop, saiu gigante do Rock In Rio. Diferentemente do Green Day, o Coldplay já chegou ao Rio de Janeiro prometendo a catarse. As imagens de seus shows ao redor do mundo já rodavam as redes sociais brasileiras, incluindo as do último show da banda no país, no Allianz Parque, em São Paulo. 

O mar de pessoas pulsando no ritmo das pulserinhas coloridas enche os olhos até mesmo de quem tomava a banda como piada. E depois do festival, que teve o dia 10/9 esgotado em questão de poucos minutos em todas as aberturas de vendas, o Coldplay sai ainda maior e com muito mais prestígio. 

É curioso como a proposta do show é o total oposto do Green Day. Enquanto os “Punks” apostaram na anarquia, o grupo britânico fez um show mais leve, em que predominou o controle. Também com uma vasta coleção de Hits que dominaram as rádios e os grandes eventos nas últimas duas décadas, o Coldplay construiu um roteiro que levou os fãs do êxtase à depressão em questão de minutos. Pode parecer bobo, mas comandar um público de 100 mil pessoas exige carisma e respeito. E isso não se compra, se conquista. 

Alguns podem dizer que a presença de Chris Martin seja apática, menos enérgica, por assim dizer, mas a forma como ele usou seu jeito calmo para conquistar a plateia e sintetizar a tranquilidade, a paz, que pretende passar com sua música, pulveriza de uma vez por todas esse papo de que falta carisma a ele. São estilos diferentes, bandas diferentes e propostas diferentes. 

E parte importante para o público comprar essa ideia de grupo e se envolver coletivamente com o show é justamente a presença das pulseiras.  Não é dada a opção da plateia pulsar as cores como quiser. É um artifício padronizado, que prende e conquista. As pessoas compram o conceito e aceitam serem comandados por Chris Martin, que se mostra um líder respeitoso e extremamente comprometido com o entretenimento. Ao se banhar na chuva junto com os fãs, reconhecer a importância deles ali, mesmo com o clima ruim e o alto preço dos ingressos, e cantar “Magic” em português, Chris conseguiu criar uma experiência diferente do resto do show. Mesmo sendo marcado pelo controle, ele soube dar beleza a esses breves momentos caóticos. 

Independentemente do seu gosto pessoal, seja ele mais anárquico ou controlado, é muito provável que você tenha se envolvido com as duas maiores apresentações do Rock In Rio. Acredito não haver um vencedor sobre o melhor show da edição 2022, mas essas diferenças e semelhanças de duas bandas tão opostas cativando tanta gente foi definitivamente algo histórico para o festival, uma síntese fantástica do ideal original do evento, que é unir todos os públicos.  

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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O mais interessante disso tudo é que os dois shows, apesar de terem fidelizado tanta gente, conseguiram ser completamente opostos e ainda assim parecidos de certa forma. Enquanto o Coldplay apostou no controle e no espetáculo visual, o Green Day fez valer o “punk” e trabalhou um espetáculo de lavar a alma.  

Trazendo os hits dos seus mais de 20 anos de estrada, Billie Joe e sua banda apostaram na raiva, que mesmo sendo controversa, é um sentimento do qual pode se extrair muitas coisas boas, para mexer com o público. Em meio às brincadeiras e interações maravilhosas com o público, houve um caos controlado curioso de se experimentar, enquanto a banda passava suas mensagens e críticas ao sistema. 

Não seria errado dizer que foi um show de fã para fã, já que a tradicional entrada ao som de Ramones e a roupa de coelho estavam lá. Da mesma forma, o vocalista alterou um trecho de “Wake Me Up When September Ends”, música dedicada ao pai dele, que faleceu – agora – há cerca de 40 anos, para “corrigir” o tempo que ele está sem o pai neste mundo. Foi uma mudança pequena, mas que os fãs perceberam e certamente mexeu com eles. No entanto, ao mesmo tempo, não se pode resumir a apresentação do Green Day a um show feito para os fãs. A energia caótica das críticas cantadas com ritmo envolvente contagiaram até mesmo a quem não curte tanto o estilo da banda e acabou indo ao festival por conta de outros artistas.  

Enquanto a banda se divertia no palco, o público se desinibia aos poucos, até que ninguém conseguiu mais ficar parado. Com direito a pedido de casamento no palco e fã tocando guitarra no palco, foi o caos perfeito que a plateia precisava. Foi um grito contra a frustração diária. E diante dos tempos cruéis que vivemos, ter duas horas para poder colocar essa raiva acumulada para fora de forma coletiva é uma experiência catártica. 

Falando em catarse, o Coldplay, que já vem se firmando há uma década como uma das grandes bandas da cena Pop, saiu gigante do Rock In Rio. Diferentemente do Green Day, o Coldplay já chegou ao Rio de Janeiro prometendo a catarse. As imagens de seus shows ao redor do mundo já rodavam as redes sociais brasileiras, incluindo as do último show da banda no país, no Allianz Parque, em São Paulo. 

O mar de pessoas pulsando no ritmo das pulserinhas coloridas enche os olhos até mesmo de quem tomava a banda como piada. E depois do festival, que teve o dia 10/9 esgotado em questão de poucos minutos em todas as aberturas de vendas, o Coldplay sai ainda maior e com muito mais prestígio. 

É curioso como a proposta do show é o total oposto do Green Day. Enquanto os “Punks” apostaram na anarquia, o grupo britânico fez um show mais leve, em que predominou o controle. Também com uma vasta coleção de Hits que dominaram as rádios e os grandes eventos nas últimas duas décadas, o Coldplay construiu um roteiro que levou os fãs do êxtase à depressão em questão de minutos. Pode parecer bobo, mas comandar um público de 100 mil pessoas exige carisma e respeito. E isso não se compra, se conquista. 

Alguns podem dizer que a presença de Chris Martin seja apática, menos enérgica, por assim dizer, mas a forma como ele usou seu jeito calmo para conquistar a plateia e sintetizar a tranquilidade, a paz, que pretende passar com sua música, pulveriza de uma vez por todas esse papo de que falta carisma a ele. São estilos diferentes, bandas diferentes e propostas diferentes. 

E parte importante para o público comprar essa ideia de grupo e se envolver coletivamente com o show é justamente a presença das pulseiras.  Não é dada a opção da plateia pulsar as cores como quiser. É um artifício padronizado, que prende e conquista. As pessoas compram o conceito e aceitam serem comandados por Chris Martin, que se mostra um líder respeitoso e extremamente comprometido com o entretenimento. Ao se banhar na chuva junto com os fãs, reconhecer a importância deles ali, mesmo com o clima ruim e o alto preço dos ingressos, e cantar “Magic” em português, Chris conseguiu criar uma experiência diferente do resto do show. Mesmo sendo marcado pelo controle, ele soube dar beleza a esses breves momentos caóticos. 

Independentemente do seu gosto pessoal, seja ele mais anárquico ou controlado, é muito provável que você tenha se envolvido com as duas maiores apresentações do Rock In Rio. Acredito não haver um vencedor sobre o melhor show da edição 2022, mas essas diferenças e semelhanças de duas bandas tão opostas cativando tanta gente foi definitivamente algo histórico para o festival, uma síntese fantástica do ideal original do evento, que é unir todos os públicos.  

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