domingo , 30 março , 2025

Opinião | ‘Green Day’ e ‘Coldplay’ fazem valer o ‘ideal’ do Rock In Rio com os melhores shows da edição 2022


Chegou ao fim o Rock In Rio e o assunto agora é sobre o grande “vencedor” da edição, que aconteceu pela primeira vez na história em um ano par. Pelas redes sociais, parece não haver dúvida: Coldplay e Green Day conquistaram o coração de fãs e até mesmo daqueles que estavam tendo contato com as músicas pela primeira vez.  

O mais interessante disso tudo é que os dois shows, apesar de terem fidelizado tanta gente, conseguiram ser completamente opostos e ainda assim parecidos de certa forma. Enquanto o Coldplay apostou no controle e no espetáculo visual, o Green Day fez valer o “punk” e trabalhou um espetáculo de lavar a alma.  



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Trazendo os hits dos seus mais de 20 anos de estrada, Billie Joe e sua banda apostaram na raiva, que mesmo sendo controversa, é um sentimento do qual pode se extrair muitas coisas boas, para mexer com o público. Em meio às brincadeiras e interações maravilhosas com o público, houve um caos controlado curioso de se experimentar, enquanto a banda passava suas mensagens e críticas ao sistema. 

Não seria errado dizer que foi um show de fã para fã, já que a tradicional entrada ao som de Ramones e a roupa de coelho estavam lá. Da mesma forma, o vocalista alterou um trecho de “Wake Me Up When September Ends”, música dedicada ao pai dele, que faleceu – agora – há cerca de 40 anos, para “corrigir” o tempo que ele está sem o pai neste mundo. Foi uma mudança pequena, mas que os fãs perceberam e certamente mexeu com eles. No entanto, ao mesmo tempo, não se pode resumir a apresentação do Green Day a um show feito para os fãs. A energia caótica das críticas cantadas com ritmo envolvente contagiaram até mesmo a quem não curte tanto o estilo da banda e acabou indo ao festival por conta de outros artistas.  


Enquanto a banda se divertia no palco, o público se desinibia aos poucos, até que ninguém conseguiu mais ficar parado. Com direito a pedido de casamento no palco e fã tocando guitarra no palco, foi o caos perfeito que a plateia precisava. Foi um grito contra a frustração diária. E diante dos tempos cruéis que vivemos, ter duas horas para poder colocar essa raiva acumulada para fora de forma coletiva é uma experiência catártica. 

green day

Falando em catarse, o Coldplay, que já vem se firmando há uma década como uma das grandes bandas da cena Pop, saiu gigante do Rock In Rio. Diferentemente do Green Day, o Coldplay já chegou ao Rio de Janeiro prometendo a catarse. As imagens de seus shows ao redor do mundo já rodavam as redes sociais brasileiras, incluindo as do último show da banda no país, no Allianz Parque, em São Paulo. 

Assista também: 
YouTube video



O mar de pessoas pulsando no ritmo das pulserinhas coloridas enche os olhos até mesmo de quem tomava a banda como piada. E depois do festival, que teve o dia 10/9 esgotado em questão de poucos minutos em todas as aberturas de vendas, o Coldplay sai ainda maior e com muito mais prestígio. 

coldplay rock in rio 3

É curioso como a proposta do show é o total oposto do Green Day. Enquanto os “Punks” apostaram na anarquia, o grupo britânico fez um show mais leve, em que predominou o controle. Também com uma vasta coleção de Hits que dominaram as rádios e os grandes eventos nas últimas duas décadas, o Coldplay construiu um roteiro que levou os fãs do êxtase à depressão em questão de minutos. Pode parecer bobo, mas comandar um público de 100 mil pessoas exige carisma e respeito. E isso não se compra, se conquista. 

Alguns podem dizer que a presença de Chris Martin seja apática, menos enérgica, por assim dizer, mas a forma como ele usou seu jeito calmo para conquistar a plateia e sintetizar a tranquilidade, a paz, que pretende passar com sua música, pulveriza de uma vez por todas esse papo de que falta carisma a ele. São estilos diferentes, bandas diferentes e propostas diferentes. 

E parte importante para o público comprar essa ideia de grupo e se envolver coletivamente com o show é justamente a presença das pulseiras.  Não é dada a opção da plateia pulsar as cores como quiser. É um artifício padronizado, que prende e conquista. As pessoas compram o conceito e aceitam serem comandados por Chris Martin, que se mostra um líder respeitoso e extremamente comprometido com o entretenimento. Ao se banhar na chuva junto com os fãs, reconhecer a importância deles ali, mesmo com o clima ruim e o alto preço dos ingressos, e cantar “Magic” em português, Chris conseguiu criar uma experiência diferente do resto do show. Mesmo sendo marcado pelo controle, ele soube dar beleza a esses breves momentos caóticos. 

WhatsApp Image 2022 09 12 at 13.50.27

Independentemente do seu gosto pessoal, seja ele mais anárquico ou controlado, é muito provável que você tenha se envolvido com as duas maiores apresentações do Rock In Rio. Acredito não haver um vencedor sobre o melhor show da edição 2022, mas essas diferenças e semelhanças de duas bandas tão opostas cativando tanta gente foi definitivamente algo histórico para o festival, uma síntese fantástica do ideal original do evento, que é unir todos os públicos.  


Assista:
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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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O mais interessante disso tudo é que os dois shows, apesar de terem fidelizado tanta gente, conseguiram ser completamente opostos e ainda assim parecidos de certa forma. Enquanto o Coldplay apostou no controle e no espetáculo visual, o Green Day fez valer o “punk” e trabalhou um espetáculo de lavar a alma.  

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Trazendo os hits dos seus mais de 20 anos de estrada, Billie Joe e sua banda apostaram na raiva, que mesmo sendo controversa, é um sentimento do qual pode se extrair muitas coisas boas, para mexer com o público. Em meio às brincadeiras e interações maravilhosas com o público, houve um caos controlado curioso de se experimentar, enquanto a banda passava suas mensagens e críticas ao sistema. 

Não seria errado dizer que foi um show de fã para fã, já que a tradicional entrada ao som de Ramones e a roupa de coelho estavam lá. Da mesma forma, o vocalista alterou um trecho de “Wake Me Up When September Ends”, música dedicada ao pai dele, que faleceu – agora – há cerca de 40 anos, para “corrigir” o tempo que ele está sem o pai neste mundo. Foi uma mudança pequena, mas que os fãs perceberam e certamente mexeu com eles. No entanto, ao mesmo tempo, não se pode resumir a apresentação do Green Day a um show feito para os fãs. A energia caótica das críticas cantadas com ritmo envolvente contagiaram até mesmo a quem não curte tanto o estilo da banda e acabou indo ao festival por conta de outros artistas.  

Enquanto a banda se divertia no palco, o público se desinibia aos poucos, até que ninguém conseguiu mais ficar parado. Com direito a pedido de casamento no palco e fã tocando guitarra no palco, foi o caos perfeito que a plateia precisava. Foi um grito contra a frustração diária. E diante dos tempos cruéis que vivemos, ter duas horas para poder colocar essa raiva acumulada para fora de forma coletiva é uma experiência catártica. 

green day

Falando em catarse, o Coldplay, que já vem se firmando há uma década como uma das grandes bandas da cena Pop, saiu gigante do Rock In Rio. Diferentemente do Green Day, o Coldplay já chegou ao Rio de Janeiro prometendo a catarse. As imagens de seus shows ao redor do mundo já rodavam as redes sociais brasileiras, incluindo as do último show da banda no país, no Allianz Parque, em São Paulo. 

O mar de pessoas pulsando no ritmo das pulserinhas coloridas enche os olhos até mesmo de quem tomava a banda como piada. E depois do festival, que teve o dia 10/9 esgotado em questão de poucos minutos em todas as aberturas de vendas, o Coldplay sai ainda maior e com muito mais prestígio. 

coldplay rock in rio 3

É curioso como a proposta do show é o total oposto do Green Day. Enquanto os “Punks” apostaram na anarquia, o grupo britânico fez um show mais leve, em que predominou o controle. Também com uma vasta coleção de Hits que dominaram as rádios e os grandes eventos nas últimas duas décadas, o Coldplay construiu um roteiro que levou os fãs do êxtase à depressão em questão de minutos. Pode parecer bobo, mas comandar um público de 100 mil pessoas exige carisma e respeito. E isso não se compra, se conquista. 

Alguns podem dizer que a presença de Chris Martin seja apática, menos enérgica, por assim dizer, mas a forma como ele usou seu jeito calmo para conquistar a plateia e sintetizar a tranquilidade, a paz, que pretende passar com sua música, pulveriza de uma vez por todas esse papo de que falta carisma a ele. São estilos diferentes, bandas diferentes e propostas diferentes. 

E parte importante para o público comprar essa ideia de grupo e se envolver coletivamente com o show é justamente a presença das pulseiras.  Não é dada a opção da plateia pulsar as cores como quiser. É um artifício padronizado, que prende e conquista. As pessoas compram o conceito e aceitam serem comandados por Chris Martin, que se mostra um líder respeitoso e extremamente comprometido com o entretenimento. Ao se banhar na chuva junto com os fãs, reconhecer a importância deles ali, mesmo com o clima ruim e o alto preço dos ingressos, e cantar “Magic” em português, Chris conseguiu criar uma experiência diferente do resto do show. Mesmo sendo marcado pelo controle, ele soube dar beleza a esses breves momentos caóticos. 

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Independentemente do seu gosto pessoal, seja ele mais anárquico ou controlado, é muito provável que você tenha se envolvido com as duas maiores apresentações do Rock In Rio. Acredito não haver um vencedor sobre o melhor show da edição 2022, mas essas diferenças e semelhanças de duas bandas tão opostas cativando tanta gente foi definitivamente algo histórico para o festival, uma síntese fantástica do ideal original do evento, que é unir todos os públicos.  

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