terça-feira , 5 novembro , 2024

Opinião | Netflix errou no formato de lançamento de ‘Stranger Things’?

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Lançada em 2016, a série Stranger Things foi fundamental para popularizar a Netflix no Brasil e também esse formato de temporadas de séries serem lançadas de uma vez só na plataforma. Na época, isso foi algo revolucionário e acabou por popularizar um verbete muito usado hoje quando o assunto é séries: “maratonar”.

Com essa pequena revolução da Netflix, a empresa adotou esse formato como seu padrão para as séries. Com episódios variando entre 20 e 40 minutos, algumas de suas produções que vieram depois fizeram muito sucesso e consolidaram essa ideia de assistir a uma temporada inteira numa ‘batida’ só como um modelo de sucesso que chegou a ser adotado por outras empresas concorrentes.

Porém, com a pandemia e a falta de assunto com os amigos, que também estavam presos em casa, esse formato de “maratonas” perdeu um pouco do fôlego. Uma prova disso é outra série distribuída pela Netflix, Arremesso Final (The Last Dance), que teve episódios lançados semanalmente e acabou sendo um companheiro de pandemia para muita gente por aí.

A cada novo episódio, a série entrava nos assuntos mais comentados das redes sociais, o que deu a ela uma repercussão gigantesca. Coisa que a série dos Lakers, lançada neste ano no HBO Max, passou longe de ter, apesar de ser maravilhosa.

Pouco tempo depois, o Disney+ começou a ganhar força com séries como The Mandalorian e WandaVision, que foram lançadas com episódios semanais também na casa dos 20 a 40 minutos, também figurando semanalmente nos assuntos mais comentados das redes.

Isso já era um forte indicativo que o tal “formato Netflix”, de maratonas e explosão de comentários no primeiro fim de semana, talvez estivesse desgastado.

Nesse intervalo, o Amazon Prime Video, que conseguiu emplacar a série The Boys, em 2019, passou a adotar um formato híbrido entre o tradicional e o “modelo Netflix”. Eles lançaram a segunda temporada com três episódios de aproximadamente uma hora estreando de uma vez, para o público ‘maratonar’ esse início, e lançou o restante da temporada de com episódios semanais.

A decisão foi um sucesso, conseguindo resultados expressivos nas redes sociais no fim de semana de estreia, e ainda engajou os fãs nas redes sociais, que discutiam teorias e levavam a série e seus personagens aos Trending Topics toda semana. Isso trouxe uma grande relevância para a temporada e aumentou a expectativa para a terceira temporada, que chegou à plataforma nesta semana.

Agora, uma semana depois da estreia da terceira temporada de Stranger Things, já podemos assumir que a decisão do formato não foi das melhores. Diferentemente das temporadas anteriores, a Netflix decidiu dividir a temporada em duas partes, deixando os dois episódios finais para chegarem à plataforma daqui a um mês, em julho.

O problema é que a “divisão” da temporada deixou sete episódios de aproximadamente 1h de duração para o público maratonar. Esse aumento do tempo dos episódios já não é propício para ver tudo de uma vez. Porque além de cansar a audiência, é bem provável que ele canse o público e reduza a atenção prestada nos capítulos.

Fora isso, a repercussão nas redes sociais parece ter ficado abaixo do que poderia. A série figurou no Top-3 dos assuntos mais comentados por quatro dias consecutivos, incluindo o fim de semana de estreia – que é padrão de figurarem no topo dos assuntos mais falados  nesse formato.

No entanto, no resto da semana, Stranger Things ficou restrito a uma bolha de fãs que amam a série. A sensação que fica, até pelo conteúdo FANTÁSTICO que essa temporada trouxe, é que as teorias e o engajamento poderia ser muito maior caso o público tivesse mais tempo para ‘digerir’ melhor os capítulos.

“Ah, mas ninguém é obrigado a ver tudo de uma vez”, você pode dizer. É verdade, mas a tendência é que os fãs, que aguardaram três anos pela temporada, afoguem sua ansiedade vendo tudo de uma vez.

Além disso, por serem episódios maiores, aumentam as críticas negativas que apontam que os capítulos são cansativos ou coisas do tipo. Por mais que o formato da Netflix seja famoso, é nítido que essa temporada foi feita para ser consumida de forma semanal.

É interessante reparar também que até mesmo o formato da Amazon, de lançar três episódios iniciais de uma vez e trazer o resto por semana, já aumentaria a repercussão de cada episódio e sem dúvida alguma manteria a série em alta até o lançamento de sua ‘parte 2”. Isso chega a ser um erro por parte da empresa? Não. A gente não sabe quais as pretensões e os planejamentos da Netflix acerca de sua série mais popular, mas fica a sensação de que o formato de lançamento impediu uma repercussão histórica para a série. Imagina o quanto não teria de teorias e propaganda boca a boca se o público tivesse que esperar uma semana para ver o que acontece depois do episódio 4 ou do episódio 7? O pessoal catando e discutindo referências, conexões e detalhes por semanas?

Para complicar ainda mais a situação, as plataformas rivais estão com séries como Obi-Wan Kenobi e The Boys tendo episódios lançados toda semana, tendo mais uma série com potencial vindo aí: Ms. Marvel. Caso tivesse seus episódios lançados por semana, não tenho a menor dúvida que Stranger Things ofuscaria o reinado solitário dessas produções durante as semanas e promoveria um engajamento bem interessante para a série. Sem contar as matérias de jornais, portais e revistas sobre batalhas por audiência e coisas do tipo, que aumentariam ainda mais a exposição da marca.

Agora fica a dúvida: Será que a série vai ter gás até julho, quando chega sua parte 2? Vamos ter que aguardar.

A primeira parte da terceira temporada de Stranger Things está disponível na Netflix.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Com essa pequena revolução da Netflix, a empresa adotou esse formato como seu padrão para as séries. Com episódios variando entre 20 e 40 minutos, algumas de suas produções que vieram depois fizeram muito sucesso e consolidaram essa ideia de assistir a uma temporada inteira numa ‘batida’ só como um modelo de sucesso que chegou a ser adotado por outras empresas concorrentes.

Porém, com a pandemia e a falta de assunto com os amigos, que também estavam presos em casa, esse formato de “maratonas” perdeu um pouco do fôlego. Uma prova disso é outra série distribuída pela Netflix, Arremesso Final (The Last Dance), que teve episódios lançados semanalmente e acabou sendo um companheiro de pandemia para muita gente por aí.

A cada novo episódio, a série entrava nos assuntos mais comentados das redes sociais, o que deu a ela uma repercussão gigantesca. Coisa que a série dos Lakers, lançada neste ano no HBO Max, passou longe de ter, apesar de ser maravilhosa.

Pouco tempo depois, o Disney+ começou a ganhar força com séries como The Mandalorian e WandaVision, que foram lançadas com episódios semanais também na casa dos 20 a 40 minutos, também figurando semanalmente nos assuntos mais comentados das redes.

Isso já era um forte indicativo que o tal “formato Netflix”, de maratonas e explosão de comentários no primeiro fim de semana, talvez estivesse desgastado.

Nesse intervalo, o Amazon Prime Video, que conseguiu emplacar a série The Boys, em 2019, passou a adotar um formato híbrido entre o tradicional e o “modelo Netflix”. Eles lançaram a segunda temporada com três episódios de aproximadamente uma hora estreando de uma vez, para o público ‘maratonar’ esse início, e lançou o restante da temporada de com episódios semanais.

A decisão foi um sucesso, conseguindo resultados expressivos nas redes sociais no fim de semana de estreia, e ainda engajou os fãs nas redes sociais, que discutiam teorias e levavam a série e seus personagens aos Trending Topics toda semana. Isso trouxe uma grande relevância para a temporada e aumentou a expectativa para a terceira temporada, que chegou à plataforma nesta semana.

Agora, uma semana depois da estreia da terceira temporada de Stranger Things, já podemos assumir que a decisão do formato não foi das melhores. Diferentemente das temporadas anteriores, a Netflix decidiu dividir a temporada em duas partes, deixando os dois episódios finais para chegarem à plataforma daqui a um mês, em julho.

O problema é que a “divisão” da temporada deixou sete episódios de aproximadamente 1h de duração para o público maratonar. Esse aumento do tempo dos episódios já não é propício para ver tudo de uma vez. Porque além de cansar a audiência, é bem provável que ele canse o público e reduza a atenção prestada nos capítulos.

Fora isso, a repercussão nas redes sociais parece ter ficado abaixo do que poderia. A série figurou no Top-3 dos assuntos mais comentados por quatro dias consecutivos, incluindo o fim de semana de estreia – que é padrão de figurarem no topo dos assuntos mais falados  nesse formato.

No entanto, no resto da semana, Stranger Things ficou restrito a uma bolha de fãs que amam a série. A sensação que fica, até pelo conteúdo FANTÁSTICO que essa temporada trouxe, é que as teorias e o engajamento poderia ser muito maior caso o público tivesse mais tempo para ‘digerir’ melhor os capítulos.

“Ah, mas ninguém é obrigado a ver tudo de uma vez”, você pode dizer. É verdade, mas a tendência é que os fãs, que aguardaram três anos pela temporada, afoguem sua ansiedade vendo tudo de uma vez.

Além disso, por serem episódios maiores, aumentam as críticas negativas que apontam que os capítulos são cansativos ou coisas do tipo. Por mais que o formato da Netflix seja famoso, é nítido que essa temporada foi feita para ser consumida de forma semanal.

É interessante reparar também que até mesmo o formato da Amazon, de lançar três episódios iniciais de uma vez e trazer o resto por semana, já aumentaria a repercussão de cada episódio e sem dúvida alguma manteria a série em alta até o lançamento de sua ‘parte 2”. Isso chega a ser um erro por parte da empresa? Não. A gente não sabe quais as pretensões e os planejamentos da Netflix acerca de sua série mais popular, mas fica a sensação de que o formato de lançamento impediu uma repercussão histórica para a série. Imagina o quanto não teria de teorias e propaganda boca a boca se o público tivesse que esperar uma semana para ver o que acontece depois do episódio 4 ou do episódio 7? O pessoal catando e discutindo referências, conexões e detalhes por semanas?

Para complicar ainda mais a situação, as plataformas rivais estão com séries como Obi-Wan Kenobi e The Boys tendo episódios lançados toda semana, tendo mais uma série com potencial vindo aí: Ms. Marvel. Caso tivesse seus episódios lançados por semana, não tenho a menor dúvida que Stranger Things ofuscaria o reinado solitário dessas produções durante as semanas e promoveria um engajamento bem interessante para a série. Sem contar as matérias de jornais, portais e revistas sobre batalhas por audiência e coisas do tipo, que aumentariam ainda mais a exposição da marca.

Agora fica a dúvida: Será que a série vai ter gás até julho, quando chega sua parte 2? Vamos ter que aguardar.

A primeira parte da terceira temporada de Stranger Things está disponível na Netflix.

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