Opinião | Nos 30 anos de ‘O Rei Leão’, sucesso da Disney segue como a mais bela animação 2D já feita

Por mais assustador que possa parecer para algumas gerações, O Rei Leão está completando 30 anos de lançamento. Ícone das animações da década de 90, a história do pequeno Simba, que viu seu pai ser morto em um golpe do tio para assumir o trono, teve de fugir para sobreviver e retornou após um tempo para tomar o que era seu por direito, encantou crianças e adultos com uma trama madura e aquele que talvez seja o auge da animação 2D.

No entanto, é curioso saber que a própria Disney não levava tanta fé no projeto. Inicialmente, os executivos acreditavam que a grande animação daquele ciclo seria Pocahontas (1995). Por conta disso, eles direcionaram os principais profissionais da casa para trabalharem no projeto, deixando a ‘segunda divisão’ para conduzir O Rei Leão. Esse tipo de visão de mercado ‘equivocada’ parece ter sido algo comum entre os estúdios de animação nos anos 90, já que a DreamWorks fez a mesmíssima coisa com Shrek (2001) e O Príncipe do Egito (1998), achando que o épico bíblico seria um sucesso estrondoso e que a animação 3D escrachada seria um fracasso.

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Originalmente, George Scribner (Oliver e sua Turma) e Roger Allers (A Bela e a Fera) dirigiriam o filme. Só que houve algumas divergências entre a dupla. Durante as viagens que fizeram ao Quênia em 1991, os diretores decidiram buscar inspiração no mito de Osíris, o Deus da Agricultura egípcia e juiz dos espíritos, para contar a história do leão. Diante da seriedade da trama, George queria fazer um filme mais sóbrio e focado nas traições. Do outro lado, vendo a riqueza da cultura queniana e a possibilidade visual de brincar com os animais africanos, Roger queria fazer um musical mais alegre.

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Nessa queda de braço, Roger saiu vencedor. Ele respeitou a sobriedade proposta por George, que saiu do projeto e deu lugar a Rob Minkoff, que havia trabalhado em curtas de Roger Rabbit. Junto a Allers, Minkoff trabalhou bem a condução da trama, conseguindo espaço para as brincadeiras musicais e para a densidade da trama. Foi com a nova dupla também que a equipe criativa conseguiu adicionar elementos de Hamlet, a clássica tragédia de William Shakespeare.

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Com um projeto melhor encorpado, o time de animadores passou a frequentar bastante o zoológico de Los Angeles para entender melhor a movimentação dos animais. Afinal, era mais barato pagar um táxi para o Zoo do que dezenas de passagens para o Quênia. O time trabalhou de forma árdua para conseguir passar ao projeto a grandiosidade que ele merecia. Isso ficou nítido na sequência de pura tensão do estouro da manada de Gnus, que termina com a morte de Mufasa (James Earl Jones). Só essa sequência demorou cerca de três anos para ser concluída, dada a quantidade absurda de animais em tela e a dificuldade de trabalhar a movimentação deles.

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Mas o ponto mais interessante dessa relação entre animadores e o filme foi a atuação de Jeremy Irons. O ator foi chamado para interpretar o vilão do longa, e seu trabalho foi tão impressionante que os animadores pegaram vídeos dele fazendo ‘caras e bocas’ para estudar melhor suas expressões faciais e adaptá-las à cara de Scar.

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Mais do que o trabalho espetacular do elenco original do filme, o Brasil contou com um elenco inspiradíssimo para entregar aquela que é uma das dublagens mais assustadoramente incríveis da história dessa arte no país. Com destaque para o trabalho sobrenatural do saudoso Jorgeh Ramos – que era também o locutor oficial de trailers do Brasil na época, a dublagem brasileira foi considerada pela própria Disney como a melhor versão do filme.

O engraçado dessa situação é que o estúdio realizou uma festa com os atores do mundo inteiro nos parques da Disney para comemorar o sucesso. Logo Jorgeh, que recebeu carta do estúdio louvando sua atuação, não compareceu. Ele tinha medo de avião e não encarou as 14 horas de viagem até os EUA.

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No fim das contas, as investidas de Roger Allers foram fundamentais para o sucesso do filme. Apesar de ter uma densidade dramática incomum para as animações da Disney, os escapes musicais e a dose cavalar de alívios cômicos deu um equilíbrio ao filme que criou laços quase familiares com o público. Para a geração que cresceu nos anos 90, assistir O Rei Leão é como fazer uma viagem a um parque de diversões com um ente querido. Você ri, você chora, você se diverte e emociona. Se alguém puxar ‘Hakuna Matata’ em um ônibus de qualquer parte do mundo, haverá pelo menos uma pessoa no ambiente que murmurará – ou cantará com empolgação – a música.

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O filme também foi o primeiro contato de muitas crianças com o luto, aprendendo a lidar com a complexidade dessa emoção por meio de um animação infantil. Tudo isso com traços completamente fora de série, flertando com o realismo, mas sem abrir mão da personalidade das animações Disney. E hoje, 30 anos depois, tendo passado pelo teste do tempo e de gerações, O Rei Leão permanece como a animação 2D mais bela já feita e provavelmente um dos filmes mais espetaculares da história do cinema.

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O Rei Leão está disponível no Disney+.

 

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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