domingo , 22 dezembro , 2024

Opinião | O que ‘Resistência’ nos diz sobre os blockbusters recentes?

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No último dia 28 de setembro, chegou aos cinemas o filme ‘Resistência’ (ou ‘The Creator’), ficção científica de ação dirigida pelo cineasta Gareth Edwards (reconhecido pelo seu trabalho em ‘Rogue One: Uma História Star Wars’ e ‘Godzilla’) e estrelado por John David Washington, Gemma Chan, Allison Janney e Ken Watanabe. O longa vem conquistando diversos elogios da crítica e do público, seja pela construção de mundo bem-feita, pelos personagens ou pelos efeitos visuais impecáveis da produção.

No entanto, um detalhe intriga: o orçamento do filme é de “apenas” US$ 80 milhões, sem contar os custos de marketing. Óbvio, para uma produção que se propõe a ser um blockbuster, este custo é o mínimo que deveria ser aplicado. Mas em um ano em que filmes beirando os US$ 300 milhões em orçamento entregaram uma qualidade tão baixa em diversos aspectos, especialmente nos efeitos visuais, o que torna ‘Resistência’ um diferencial, e o que nos diz sobre os grandes blockbusters que estão sendo lançados recentemente?



Imagem do filme ‘Resistência’ (2023)

Tomamos como exemplo ‘The Flash’, um longa que era muito antecipado pelos fãs da DC e que se tornou, indiscutivelmente, um dos maiores fracassos de bilheteria do ano. Com um orçamento de US$ 200 milhões, sem incluir os custos de marketing, o filme conseguiu um retorno de apenas US$ 270,6 milhões nas bilheterias mundiais, o que acarretará em um prejuízo de aproximadamente US$ 150 a US$ 200 milhões para o estúdio. Não entrando no mérito das críticas, mas é fato de que uma das principais polêmicas em torno da produção é o uso de seus efeitos visuais, que foi apontado por muitos como um dos piores já usados em filmes do gênero.

O diretor do longa, Andy Muschietti, justifica o CGI estranho como proposital, alegando que “[assistimos ao filme] na perspectiva do Flash. […] Tudo é distorcido, em termos de luzes e texturas.” Os fãs, no entanto, não caíram nesse papo, e com ‘Resistência’ agora em cartaz, o assunto foi novamente trazido à luz e gerado mais debates sobre como um filme com orçamento na casa dos US$ 200 milhões não conseguiu fazer um trabalho de mais qualidade do que outro com orçamento quase três vezes menor.

Assista também:
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Imagem do filme ‘The Flash’ (2023)

Ainda há outros exemplos que podem ser citados, como ‘Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania’, que também não foi bem recebido pelos fãs da Marvel especialmente ao considerar o aspecto dos efeitos visuais, e Indiana Jones e a Relíquia do Destino, outro fracasso retumbante de bilheteria em 2023 que também desapontou no quesito de qualidade gráfica em sua produção. Seria o problema as grandes franquias? O uso do famoso chroma key (ou tela verde) está sendo usado de forma sobrecarregada em produções pós-pandemia de COVID-19 para entregar produtos cada vez mais rápido para o consumidor? A resposta disso tudo é: sim.

Imagem do filme ‘Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania’ (2023)

A interferência nos estúdios em entregar produções de grandes franquias cada vez mais rápidas ao público em prol de seguir um planejamento de “construção de universos cinematográficos” é uma das grandes causas da baixa qualidade visual em produções recentes. Citando os estúdios da Marvel como exemplo, recentemente vieram à tona denúncias de práticas abusivas dentro do departamento de efeitos visuais do estúdio, com relatos de pressão psicológica e burnout dos funcionários devido às jornadas de trabalho excessivamente longas. Um dos artistas diz: “Todos os projetos da Marvel possuem menos pessoas do que o necessário. Enquanto eu costumo trabalhar em equipes de dez artistas em filmes de outros estúdios, nos da Marvel são duas pessoas, incluindo eu”.

Ainda há relatos que indicam que o estúdio pede para os artistas digitais trabalharem em efeitos de computação gráfica em cenas que nem sabem se irão entrar para o filme em seu corte final, o que acaba causando o superfaturamento da produção como um todo. “Eles fazem isso porque seus diretores não sabem como olhar para as imagens iniciais e avaliá-las”, afirma outro funcionário. Em consequência disso, esses artistas se reuniram para debater e poderem sindicalizarem essa profissão. O resultado foi favorável, e a partir de agora, é de se esperar que hajam mais direitos assegurados em seus trabalhos.

Imagem do filme ‘Viúva Negra’ (2021)

Mas falando agora sobre ‘Resistência’, o diretor, juntamente com a equipe criativa, optou por misturar locações reais e efeitos práticos e complementar com CGI nas cenas que forem necessárias. Em uma entrevista recente, o supervisor dos efeitos especiais atribui o mérito do filme custar “pouco” com “tomadas de decisões inteligentes”. Ele explica:  “Tratava-se menos de limitar os recursos e mais apenas de alocá-los de uma forma um pouco diferente e não tão tradicional quando comparado com outros blockbusters que acabam custando duas ou três vezes mais”.

Imagem do filme ‘Resistência’ (2023)

Resistência’ demonstra que alguns filmes de Hollywood acabam custando mais do que deveriam e entregam uma qualidade visual que não fazem jus ao seus valores de produção. Óbvio, futuras grandes produções cinematográficas, como ‘Avatar 3’ e ‘Vingadores 5’ certamente terão um custo bem mais alto do que US$ 200 milhões investidos, mas será que todo grande blockbuster, principalmente os estabelecidos dentro de franquias, precisam ter esse valor absurdamente alto? Vale lembrar que as três maiores bilheterias de 2023, ‘Barbie’, ‘Super Mario Bros – O Filme’ e ‘Oppenheimer’, não tiveram seus custos de produção acima dos US$ 100 milhões. É hora dos estúdios repensarem no orçamento de seus próximos projetos, ou a conta fechando no vermelho vai acabar sendo cada vez mais frequente daqui para frente.

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No último dia 28 de setembro, chegou aos cinemas o filme ‘Resistência’ (ou ‘The Creator’), ficção científica de ação dirigida pelo cineasta Gareth Edwards (reconhecido pelo seu trabalho em ‘Rogue One: Uma História Star Wars’ e ‘Godzilla’) e estrelado por John David Washington, Gemma Chan, Allison Janney e Ken Watanabe. O longa vem conquistando diversos elogios da crítica e do público, seja pela construção de mundo bem-feita, pelos personagens ou pelos efeitos visuais impecáveis da produção.

No entanto, um detalhe intriga: o orçamento do filme é de “apenas” US$ 80 milhões, sem contar os custos de marketing. Óbvio, para uma produção que se propõe a ser um blockbuster, este custo é o mínimo que deveria ser aplicado. Mas em um ano em que filmes beirando os US$ 300 milhões em orçamento entregaram uma qualidade tão baixa em diversos aspectos, especialmente nos efeitos visuais, o que torna ‘Resistência’ um diferencial, e o que nos diz sobre os grandes blockbusters que estão sendo lançados recentemente?

Imagem do filme ‘Resistência’ (2023)

Tomamos como exemplo ‘The Flash’, um longa que era muito antecipado pelos fãs da DC e que se tornou, indiscutivelmente, um dos maiores fracassos de bilheteria do ano. Com um orçamento de US$ 200 milhões, sem incluir os custos de marketing, o filme conseguiu um retorno de apenas US$ 270,6 milhões nas bilheterias mundiais, o que acarretará em um prejuízo de aproximadamente US$ 150 a US$ 200 milhões para o estúdio. Não entrando no mérito das críticas, mas é fato de que uma das principais polêmicas em torno da produção é o uso de seus efeitos visuais, que foi apontado por muitos como um dos piores já usados em filmes do gênero.

O diretor do longa, Andy Muschietti, justifica o CGI estranho como proposital, alegando que “[assistimos ao filme] na perspectiva do Flash. […] Tudo é distorcido, em termos de luzes e texturas.” Os fãs, no entanto, não caíram nesse papo, e com ‘Resistência’ agora em cartaz, o assunto foi novamente trazido à luz e gerado mais debates sobre como um filme com orçamento na casa dos US$ 200 milhões não conseguiu fazer um trabalho de mais qualidade do que outro com orçamento quase três vezes menor.

Imagem do filme ‘The Flash’ (2023)

Ainda há outros exemplos que podem ser citados, como ‘Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania’, que também não foi bem recebido pelos fãs da Marvel especialmente ao considerar o aspecto dos efeitos visuais, e Indiana Jones e a Relíquia do Destino, outro fracasso retumbante de bilheteria em 2023 que também desapontou no quesito de qualidade gráfica em sua produção. Seria o problema as grandes franquias? O uso do famoso chroma key (ou tela verde) está sendo usado de forma sobrecarregada em produções pós-pandemia de COVID-19 para entregar produtos cada vez mais rápido para o consumidor? A resposta disso tudo é: sim.

Imagem do filme ‘Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania’ (2023)

A interferência nos estúdios em entregar produções de grandes franquias cada vez mais rápidas ao público em prol de seguir um planejamento de “construção de universos cinematográficos” é uma das grandes causas da baixa qualidade visual em produções recentes. Citando os estúdios da Marvel como exemplo, recentemente vieram à tona denúncias de práticas abusivas dentro do departamento de efeitos visuais do estúdio, com relatos de pressão psicológica e burnout dos funcionários devido às jornadas de trabalho excessivamente longas. Um dos artistas diz: “Todos os projetos da Marvel possuem menos pessoas do que o necessário. Enquanto eu costumo trabalhar em equipes de dez artistas em filmes de outros estúdios, nos da Marvel são duas pessoas, incluindo eu”.

Ainda há relatos que indicam que o estúdio pede para os artistas digitais trabalharem em efeitos de computação gráfica em cenas que nem sabem se irão entrar para o filme em seu corte final, o que acaba causando o superfaturamento da produção como um todo. “Eles fazem isso porque seus diretores não sabem como olhar para as imagens iniciais e avaliá-las”, afirma outro funcionário. Em consequência disso, esses artistas se reuniram para debater e poderem sindicalizarem essa profissão. O resultado foi favorável, e a partir de agora, é de se esperar que hajam mais direitos assegurados em seus trabalhos.

Imagem do filme ‘Viúva Negra’ (2021)

Mas falando agora sobre ‘Resistência’, o diretor, juntamente com a equipe criativa, optou por misturar locações reais e efeitos práticos e complementar com CGI nas cenas que forem necessárias. Em uma entrevista recente, o supervisor dos efeitos especiais atribui o mérito do filme custar “pouco” com “tomadas de decisões inteligentes”. Ele explica:  “Tratava-se menos de limitar os recursos e mais apenas de alocá-los de uma forma um pouco diferente e não tão tradicional quando comparado com outros blockbusters que acabam custando duas ou três vezes mais”.

Imagem do filme ‘Resistência’ (2023)

Resistência’ demonstra que alguns filmes de Hollywood acabam custando mais do que deveriam e entregam uma qualidade visual que não fazem jus ao seus valores de produção. Óbvio, futuras grandes produções cinematográficas, como ‘Avatar 3’ e ‘Vingadores 5’ certamente terão um custo bem mais alto do que US$ 200 milhões investidos, mas será que todo grande blockbuster, principalmente os estabelecidos dentro de franquias, precisam ter esse valor absurdamente alto? Vale lembrar que as três maiores bilheterias de 2023, ‘Barbie’, ‘Super Mario Bros – O Filme’ e ‘Oppenheimer’, não tiveram seus custos de produção acima dos US$ 100 milhões. É hora dos estúdios repensarem no orçamento de seus próximos projetos, ou a conta fechando no vermelho vai acabar sendo cada vez mais frequente daqui para frente.

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