Desde sua concepção no final do século XIX, o cinema veio para unir todas as artes em um mesmo lugar: amalgamando incursões que já eram exploradas há décadas e até mesmo há séculos, as pulsões cinematográficas se sagraram como uma expressão artística de pura sublimação – arrebatando espectadores ao redor do mundo para uma experiência duradoura e marcante.
Mais de cem anos depois do surgimento oficial do cinema, realizadores continuam a nos encantar com histórias maravilhosas e tocantes, perpassando diversos estilos através de arquiteturas e ideias surpreendentes. E, dentro desse espectro, é notável como a década de 2010 sagrou-se como uma das melhores dessa arte.
Pensando nisso, preparamos uma breve lista ranqueando os dez melhores filmes internacionais dos anos 2010.
Veja abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual o seu favorito:
10. SPOTLIGHT – SEGREDOS REVELADOS (2015)
O vencedor do Oscar de Melhor Filme não poderia ficar fora da nossa lista. Dirigido por Tom McCarthy e estrelado por nomes como Rachel McAdams, Mark Ruffalo, Michael Keaton, Stanley Tucci e Liev Schreiber, a história é baseda em fatos reais e gira em torno de um grupo de jornalistas do The Boston Globe intitulado Spotlight que investiga os casos de abuso sexual e pedofilia cometidos por padres locais, travando uma guerra contra a própria Igreja Católica.
9. CISNE NEGRO (2010)
“Não é surpresa, pois, que cada engrenagem meticulosamente arquitetada por Darren Aronofsky culmine em uma chocante série de reviravoltas que tiram o fôlego do público. Nina, embebida na ingenuidade de Odette, é forçada a enfrentar Lily, pintada na forma implacável de Odile; em um acesso de raiva e de frustração (algo que já vinha sido premeditado desde os minutos iniciais do longa-metragem), ela utiliza um pedaço de vidro para se livrar de sua nêmese, absorvendo, enfim, o Cisne Negro e transformando-se na parte complementar de sua personalidade em uma apresentação impecável e digna de aplausos. O problema é que, na verdade, Nina enfrentou a si mesma, movida pela loucura imanente e quase etérea do sucesso desmedido e materializando o embate entre a realidade e a ficção num vórtice caudaloso de vitória e derrota” – Thiago Nolla
8. O GRANDE HOTEL BUDAPESTE (2014)
“‘O Grande Hotel Budapeste’ é muitos filmes em um só, mas aqui isso é uma coisa boa. O fato apenas dificulta qualquer tipo de sinopse, o que se torna mais um ponto favorável para a produção. Existem diversas subtramas e como de costume muitos personagens, interpretados por rostos muito conhecidos, se amontoam na tela. Anderson abre seu leque sem nunca se afastar do tema central, a importância e valorização dos costumes. A atenção prestada pelo protagonista às pequenas coisas reflete o cineasta, que se importa com cada pequeno detalhe do que compõe suas obras” – Pablo Bazarello
7. BIRDMAN OU (A INESPERADA VIRTUDE DA IGNORÂNCIA (2014)
“É claro que não é apenas a história tem seu potencial explorado ao máximo. Alejandro G. Iñárritu orquestra as desilusões das personas em uma desilusão técnica que transforma seu trabalho em um enorme plano-sequência. É claro que a ideia de passagem de tempo quebra, teoricamente, a magia, mas ao mesmo tempo é construída com tamanha fluidez que a retoma com a mesma intensidade. As reflexões externas são reafirmadas pela paleta de cores e pela fotografia, combinadas e convergidas nas habilidosas mãos de Emmanuel Lubezki. O trabalho de câmera transforma os extensos corredores em minúsculos cubículos aterradores, e traveste os palcos e o teatro, a priori gigantescos, em uma bolha claustrofóbica que nos coloca cada vez mais em contato com a loucura” – Thiago Nolla
6. RETRATO DE UMA JOVEM EM CHAMAS (2019)
“Movidas pela enérgica peça ‘As Quatro Estações’, de Vivaldi, as protagonistas são convidadas a uma última dança, coreografada com beleza teatral pela diretora, e até mesmo nos fazem aceitar esse convite, engolfando-nos em uma melódica jornada a um final que se exila nas desafortunadas andanças de uma época marcada por morais conservadoras. É dessa forma que ‘Retrato de uma Jovem em Chamas’ encontra o seu duplo, sua ambiguidade proposital que transforma-se num solene e agonizante solilóquio romântico” – Thiago Nolla
5. MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA (2015)
“‘Estrada da Fúria’, mesmo sem Gibson, não poderia ter sido melhor. O longa elevou a franquia a um patamar que nunca havia estado, saindo das rodinhas cult do passado, para se tornar um verdadeiro fenômeno. Ah sim, é preciso dizer que Tom Hardy não fez feio no papel título, mas o filme é definitivamente de Charlize Theron e sua Furiosa” – Pablo Bazarello
4. DOR E GLÓRIA (2019)
“[O diretor Pedro Almodóvar] faz questão de imprimir uma crueza corporal que atravessa a trajetória do personagem principal: apesar de não recorrer a métodos escatológicos, é notável o modo como a obra desconstrói tabus acerca da sexualidade, levando Salvador a refletir acerca de seu primeiro desejo – consolidado quando ainda morava com a mãe nas cavernas do vilarejo e encantou-se com a figura nua de um artista iletrado que foi contratado para colocar azulejos na parede de sua casa em troca de aulas de escrita e de matemática. Mais do que isso, Banderas entrega-se a uma atuação chocante pelas múltiplas camadas psíquicas que retém apenas em seu olhar, recusando-se a um melodrama novelesco em prol de um naturalismo emocionante e envolvente” – Thiago Nolla
3. PARASITA (2019)
“Toda a mise-en-scène de confrontação do medo e horror da flagelação humana, desde o início até o último minuto desta fábula de sobrevivência, é um delírio cinematográfico. Comprovando, deste modo, que Joon-ho Bong é um dos maiores realizadores da atualidade. Ele entrega exatamente o que o público espera ao começar a prestar a atenção aos feixes de luz pulsantes na tela: o deleite” – Letícia Alassë
2. A REDE SOCIAL (2010)
Um dos filmes mais conhecidos da carreira de David Fincher é a aclamada biografia ‘A Rede Social’. Lançada em 2010, a obra é baseada no livro ‘The Accidental Billionaires’ e conta a fundação da plataforma social Facebook e toda a controvérsia envolvendo o fundador Mark Zuckerberg. O longa trouxe no elenco nomes como Jesse Eisenberg, Andrew Garfield, Justin Timberlake, Armie Hammer e Max Minghella. Com roteiro de Aaron Sorkin, que inclusive levou o Oscar para casa, o filme foi extremamente aclamada pelo público e pela crítica especializada, e conquistou inúmeros prêmios.
1. MOONLIGHT: SOB A LUZ DO LUAR (2016)
‘Moonlight: Sob a Luz do Luar’ é um filme necessário. Vencedor da estatueta de Melhor Filme no Oscar 2018, a história que revolve a infância, adolescência e vida adulta conturbadas de Chiron, todas as múltiplas subtramas são uma análise subjetiva, emocionante e muito relevante sobre inúmeros temas, incluindo tráfico de drogas, racismo, pobreza e principalmente, apesar de extremamente sutil, a aceitação da sexualidade. Desde criança, o protagonista sofria com comentários incisivos sobre seu jeito “afeminado” e não aceito na comunidade onde morava. Conforme crescia, Chiron e seu melhor amigo Kevin transformam a amizade em uma complicada tensão sexual e nova, que assusta a ambos e que culmina em uma das sequências mais belas do cinema. O filme não permite simplificações, visto que afasta-se da rotulagem de “narrativa de nicho” para fornecer uma perspectiva muito maior e mais complexa que seus semelhantes.