Na virada dos anos 1990 para os anos 2000, os filmes musicais não tinham a mesma força que tinham algumas décadas antes – talvez por uma superexposição do gênero que já não conquistava o público. Porém, não demorou muito até que títulos de extremo aclame e aceitação revitalizassem o gênero, como foi o caso de ‘Chicago’, ‘Moulin Rouge’ e até mesmo ‘8 Mile’.
Pensando nisso – e continuando nosso especial-, preparamos uma breve lista elencando os dez melhores filmes musicais dos anos 2000. Para tanto, não estamos levando em consideração produções animadas (como as da Walt Disney Studios), e sim obras em live-action.
Veja abaixo as nossas escolhas e conte para nós qual o seu favorito:
10. MAMMA MIA! O FILME (2008)
“[N]ão podemos tirar mérito de Streep encarnando mais um icônico personagem e entregando-se de corpo e alma para Donna, cuja personalidade irreverente, rebelde e totalmente livre conversa diretamente com a própria construção imagética – ou seja, com as paisagens oníricas perscrutadas pelas cristalinas águas do Mediterrâneo e pelo pôr-do-sol que mais se assemelha a uma pintura em tinta a óleo. Ainda que não ouse muito mais da zona de conforto, a fotografia elaborada por Haris Zambarloukos consegue captar a atmosfera em questão, afastando-se dos retratos panfletários que costumamos encontrar em filmes de tal vertente. Mas não espere algo extremamente minucioso – ainda mais porque o foco da história é fazer com que o público saia do cinema cantando diversas vezes a discografia de ABBA” – Thiago Nolla
9. APENAS UMA VEZ (2007)
O drama romântico musical ‘Apenas Uma Vez’ costuma passar despercebido no cenário mainstream, mas com certeza tem um lugarzinho especial no coração dos inveterados apreciadores do gênero. A trama traz a química resplandecente de Glen Hansard e Markéta Irglová como dois musicistas em Dublin, na Irlanda, que lutam para conquistar fama e reconhecimento. Para além de atuações emocionantes, o filme conta com a direção on point de John Carney, responsável pelo roteiro, e mostra que mesmo gêneros engessados como esse ainda têm muito a contar.
8. DREAMGIRLS: EM BUSCA DE UM SONHO (2006)
‘Dreamgirls: Em Busca de um Sonho’ rendeu a Jennifer Hudson nada menos que o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por seu impecável trabalho – mas a produção também contou com ótimas performances de Beyoncé, Anika Noni Rose e Jamie Foxx em uma epopeia musical tocante e aplaudível. A trama acompanha Effie White, Deena Jones e Lorrell Robinson, três mulheres que moram em Chicago e resolver formar um grupo musical, as Dreamettes. As três começam a fazer sucesso graças ao manipulador empresário Curtis Taylor Jr., que consegue fazer com que elas acompanhem um cantor de “soul”. Os conflitos começam quando Curtis sonha em transformar as Dreamettes em Dreams. Sua ideia é trocar Effie por Deena e fazer dela a vocalista principal do grupo, o que deixa evidente seu interesse romântico pela jovem.
7. BILLY ELLIOT (2000)
Em 2000, um jovem Jamie Bell encarnava o papel titular do ambicioso projeto conhecido como ‘Billy Elliot’. Baseado em uma peça lançada um ano antes, o longa-metragem tornou-se um sucesso inesperado de crítica e de público, principalmente pelo comprometimento e pela habilidade de Bell aliados às firmes mãos do diretor Stephen Daldry – que construíram uma narrativa tour-de-force que desmistificou os estereótipos acerca de bailarinos masculinos e aproveitaram para colocar uma dose de críticas sociopolíticas. Não é surpresa que a produção seja uma das favoritas dos fãs de musicais até hoje.
6. ENCANTADA (2007)
Em 2007, a Walt Disney Studios promovia uma interessante revolução dentro do subgênero das adaptações de contos de fada que imortalizou ao longo da história. ‘Encantada’, estrelado por ninguém menos que a icônica Amy Adams, é uma releitura muito interessante e bem-vinda dessas adoradas fábulas que faz questão de garantir que os elementos musicais sejam autorreferenciados em uma divertida e cândida aventura. Na trama, a princesa Giselle é expulsa por uma rainha malvada do seu próprio conto de fadas e vai parar em Manhattan, Nova York, onde música, mágica e finais felizes já não são tão fáceis de encontrar. Giselle está completamente perdida no novo mundo, até que um advogado divorciado resolve ajudá-la. A situação se complica quando o príncipe de sua história chega para salvá-la.
5. HAIRSPRAY (2007)
“Baseado na peça homônima da Broadway e no subversivo clássico de John Waters dos anos 1980 (que inclusive trouxe a icônica Divine em um de seus últimos papéis antes de falecer), a história nos leva para a pequena cidade de Baltimore, no começo dos anos 1960, e acompanha a divertida Tracy Turnblad (Nikki Blonsky em sua estreia no cenário cinematográfico), uma garota plus-size cujo sonho é participar do maior programa de televisão local, o The Corny Collins Show, quebrando os paradigmas estéticos da época e, ao mesmo tempo, lutando contra a crescente segregação racial que ocorria à sua volta. Movido a músicas esplendorosas, performances irretocáveis e coreografias exuberantes, ‘Hairspray’, de fato, se tornou uma das melhores produções do século e, até hoje, é adorado por inúmeros fãs do gênero” – Thiago Nolla
4. MOULIN ROUGE – AMOR EM VERMELHO (2001)
“Baz Luhrmann trouxe para os cinemas uma obra que fala sobre o amor em um contexto de outros séculos, por dentro da boemia e das questões que se amontoam sobre as classes sociais. ‘Moulin Rouge’, possui um narrador personagem detalhista, engraçado, atrapalhado, apaixonado, que transforma sentimentos em palavras. Seguindo lema de que: ‘A grande coisa que aprenderá na vida é amar’, somos testemunhas do contraponto do mágico com o trágico numa Paris quase em 1900. Vencedor de dois Óscares das oito categorias que fora nomeado, indicado também à Palma de Ouro em Cannes em 2001, é protagonizado por Nicole Kidman e Ewan McGregor.” – Raphael Camacho
3. SWEENEY TODD: O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET (2007)
“Apesar do tenso e perigoso ambiente, esse longa-metragem configura-se como um incrível musical. John Logan (que ganharia ainda mais fama com sua rendição ao terror com a série ‘Penny Dreadful’) fica responsável pela adaptação da peça e mesmo que não traga todas as incríveis músicas, entrega-se de corpo e alma para relê-las dentro de um escopo satisfatório. Desde as suaves baladas como “Johanna” e “Nothing’s Gonna Hurt You”, passando pelo iconoclasta “There’s No Place Like London” e encontrando seu ápice com uma das canções mais memoráveis do filme, intitulada “A Little Priest”, é incrível notar como o roteirista consegue criar pequenos núcleos cênicos que funcionam dentro de suas próprias completudes tanto de modo isolado quanto justapostos; em outras palavras, os blocos sequenciados buscam uma maestria inenarrável e que, em grande parte, encontram aproveitamento máximo” – Thiago Nolla
2. HEDWIG: ROCK, AMOR & TRAIÇÃO (2001)
Em 2001, John Cameron Mitchell ficou responsável por adaptar a peça homônima off-Broadway ‘Hedwig: Rock, Amor e Traição’ para os cinemas, carregando consigo o fardo de honrar a incrível história da personagem-titular – e o resultado não decepcionou em nenhum aspecto. A tragicomédia gira em torno de Hansel, uma estrela do rock desconhecida que sonha em se tornar um astro nos Estados Unidos. Seu caminho acaba se cruzando com o de um belo americano, que lhe promete amor, liberdade e a realização de todos os seus desejos. Entretanto, para que isso se torne realidade, ele precisará fazer uma operação de mudança de sexo, admitindo-se como a icônica Hedwig.
1. CHICAGO (2002)
“Levando em conta que a atmosfera recria a crescente disparidade de gênero da década de 1920 nos Estados Unidos, Roxie (Renée Zellweger) tenta alegar legítima defesa. Porém, tentando contrapor-se às palavras da figura masculina da casa, seu marido Amos (John C. Reilly), ela acaba sendo presa e levada para a prisão, dentro da qual irá esperar por um julgamento, o qual nos é premeditado ser contra sua sobrevivência e a favor de uma dura pena de morte – o enforcamento ou a cadeira elétrica. Mas nada disso seria compreendido caso não fosse uma introdução de peso em um dos prólogos mais bem-montados de todos os tempos: a entrada de Velma Kelly.
Catherine Zeta-Jones, em todo seu carisma e talento que resgata de performances predecessoras, dá vida à companheira de cela de Roxie e principal ídolo ao qual a aspirante à dançarina se espelha. Velma é um nome conhecido e, juntamente à sua irmã Veronica, realiza um dos shows mais aguardados da cidade. Quer dizer, isso até ser pega pela polícia e ser acusada de homicídio duplo – mas não antes de nos dar uma pequena palhinha de sua capacidade artística com “All That Jazz”, um dos hinos do musical. O apreço por esse gênero musical alcança novos patamares aqui e, aliado a uma montagem anacrônica e paralela, serve como modo de aproximação de duas personalidades tão diferentes e que, no final das contas, se complementam” – Thiago Nolla