Ano após ano, o cinema é bombardeado por produções de terror que, muitas vezes, se valem de fórmulas cansativas ou de narrativas previsíveis que não entregam nada de novo ao gênero.
Entretanto, 2024 vem se mostrando um ano interessante para o gênero ao entregar atrações bastante sólidas e que conquistaram o público e a crítica – como ‘A Primeira Profecia’ e ‘MaXXXine’, para citar alguns.
Pensando nisso, preparamos uma breve lista elencando os 13 melhores filmes de terror do ano até agora.
Confira abaixo as nossas escolhas:
13. ENTREVISTA COM O DEMÔNIO
“É necessário mencionar o cuidado estético dos cineastas, em comunhão com uma irretocável fotografia assinada por Matthew Temple. Como bem sabemos, o found footage é um recurso utilizado há bastante tempo na sétima arte, ganhando popularização com o icônico ‘A Bruxa de Blair’ e sofrendo constantes remodelações com o passar do tempo (incluindo as ótimas investidas de ‘Amizade Desfeita’, ‘Buscando…’ e ‘Cuidado com Quem Chama’. Aqui, esse estilo é acompanhado de uma identidade nostálgica, seja na perfeita escolha dos figurinos (com os ternos tweed e as saias abaixo do joelho) e dos cenários práticos, por assim dizer, além do background social de desamparo e desesperança que se alastrava pelos Estados Unidos com a onda conservadora contra elementos midiáticos que poderiam ameaçar a integridade individual” – Thiago Nolla
12. IMACULADA
Sydney Sweeney conquistou uma legião de fãs ao estrelar a aclamada série ‘Euphoria’ e, em pouco tempo, demonstrou ser uma das atrizes mais versáteis de sua geração. E, com ‘Imaculada’, Sweeney de fato roubou os holofotes com uma interpretação fantástica e extremamente comprometida, instigando os espectadores ao redor do mundo. E isso não é tudo: segundo nossa crítica Letícia Alassë, o filme também “consegue criar uma atmosfera intrigante e ressaltar toda a mística religiosa em torno dos atos de contrição e fé”.
11. TERRIFIER 3
‘Terrifier 3’ é o melhor filme da franquia, mas também o mais pesado e vai um pouco longe demais. É sensato seguir a orientação indicativa de 18 anos, pois é preciso ter grande poder de abstração para não se afetar pelo filme.
Às vezes passado do limite, ‘Terrifier 3’ é grotesco, faz rir e se solidifica como a melhor franquia de terror gore da atualidade. Um prato cheio para os fãs de terror de estômago forte.
10. MAXXXINE
“Há uma beleza distorcida que se transmuta em algo emblemático conforme a narrativa vai se desenrolando: Maxine é fruto não apenas do lugar onde está, inserida em um contexto quase determinista que dita as regras que precisa seguir se deseja alcançar seu objetivo primário, como pega tais condições para transformá-las em um diabólico exagero pautado na ideia de sociedade do espetáculo. E, considerando que seu sonho é ter fama, ela emerge como um símbolo crítico do quão longe as pessoas estão dispostas a ir para conquistá-la – e de que forma esse culto ao reconhecimento celebratório e à validação de terceiros é uma faca de dois gumes. Afinal, todos aqueles próximos a ela estão sendo sumariamente eliminados da cena, como se fossem ratos de laboratório para um propósito maquiavélico” – Thiago Nolla
9. ABIGAIL
“Cada sequência é pensada com cautela, mas sem se engessar em um determinado tipo de estética e abrindo espaço para uma mistura convincente de estilos cênicos, desde breves menções ao expressionismo alemão, passando pelo terror psicológico e, como poderíamos esperar, apoiando-se no gore e no slasher. Mais do que isso, Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett prestam homenagens a títulos que já encabeçaram em um passado não muito distante, como se estivessem construindo uma espécie de ‘universo cinemático'” – Thiago Nolla
8. PISQUE DUAS VEZES
Zoë Kravitz faz sua estreia na direção de maneira pouco espalhafatosa, como se mais uma vez, mais um experiente ator tentasse a sorte do lado oposto da câmera. Nada de novo. Exceto que Pisque Duas Vezes não é qualquer tentativa cinematográfica de projeção e entrada no seleto grupo de excelentes diretores, existente em Hollywood. Com um olhar cirúrgico e um pulso firme para a construção de inesperados planos sequência, a filha do famoso rockstar Lenny Kravitz tem muito a dizer…e a nos ensinar.
Marcado por uma trilha sonora ensurdecedora que contribui para a atmosfera de constante estado de alerta, o thriller psicológico é uma das melhores surpresas do cinema em 2024 e foge aos padrões do que fora lançado nas telonas até o momento. Se privando da necessidade de se explicar excessivamente, Pisque Duas Vezes apenas nos toma pelas mãos na expectativa de que saibamos ler as entrelinhas.
7. LONGLEGS: VÍNCULO MORTAL
Em ‘Longlegs: Vínculo Mortal’, a agente do FBI Lee Harker é convocada para reabrir um caso arquivado de um serial killer. Conforme desvenda pistas, Harker se vê confrontada com uma conexão pessoal inesperada com o assassino, lançando-a em uma corrida contra o tempo. Contando com nomes como Maika Monroe e Nicolas Cage no elenco, a narrativa é uma amálgama certeira de inúmeras subgêneros do terror, além de trazer elementos de enredos detetivescos a uma atmosfera de pura tensão – apostando em atuações aplaudíveis e uma releitura inesperada de thrillers religiosos.
6. UM LUGAR SILENCIOSO – DIA 1
Um Lugar Silencioso – Dia 1 conseguiu ser tão bom quanto o primeiro filme, ou até melhor. Ainda mais tenso e agora com Nova York como pano de fundo, ele consegue te deixar tenso do começo ao final com uma história tocante e inteligente. Sem contar no gato, que rouba a cena. Na trama, Sam está viajando por Nova York quando os monstros chegam à Terra. Enquanto tudo rapidamente se transforma em caos, ela terá que se unir com um homem chamado Eric. Apesar de uma pequena relutância inicial, eles decidem cruzar a cidade e sobreviver juntos.
5. ALIEN: ROMULUS
‘Alien: Romulus’ emerge como um dos melhores títulos da saga ‘Alien’, sendo arquitetado com uma sagacidade invejável e culminando em um aprazível e satisfatório filme. Posso dizer, inclusive, que o surpreendente resultado é um sopro de ar fresco a uma série que já vinha sofrendo com um desgaste criativo há vários anos.
Um dos elementos que precisa ser explorado é a sólida direção de Fede Álvarez, que já emprestou suas habilidades para o ótimo suspense ‘O Homem nas Trevas’. Álvarez sabe como conduzir a câmera sem entregar de bandeja as reviravoltas de cada ato, permitindo que as sequências falem por si só e que elas sejam transformadas em pequenas joias artísticas – seja pela instigante fotografia, seja pelas referências que promove aos capítulos anteriores da saga.
4. SORRIA 2
‘Sorria 2’ alcança um feito muito difícil – o de superar a obra original. Enquanto o capítulo de estreia dessa fortuita franquia levou um tempo a mais para se desenvolver, considerando que era necessário apresentar os elementos de uma mitologia inédita, a continuação supera as expectativas ao não se levar a sério, mas fincando-se a ideias estruturadas sobre uma base sólida e que serve de presente aos fãs de terror.
Roubando os holofotes com uma interpretação aplaudível e memorável, a atriz e cantora Naomi Scott rende-se ao melhor papel de sua carreira, ascendendo a um comprometimento de tirar o fôlego e abrindo espaço para que ela se divirta em meio a sequências perturbadoras e viscerais.
3. NÃO FALE O MAL
‘Não Fale o Mal’ é uma grata surpresa da Blumhouse e, de longe, um dos melhores filmes da produtora em anos – o que é dizer muito, considerando fracassos retumbantes como ‘Mergulho Noturno’ e ‘Imaginário: Brinquedo Diabólico’. Mais do que isso, a esforçada composição de uma equipe talentosa e de um elenco de ponta garantem que esse remake tenha algo para dizer além de uma mera cópia – motivo pelo qual se sagra um dos melhores filmes de suspense do ano.
Para o projeto, James Watkins, conhecido por seu trabalho em ‘A Mulher de Preto’, foi escalado como diretor e roteirista de uma versão mais comercial do longa-metragem original: na trama, uma família dos Estados Unidos está passando as férias na Itália e cruza caminho com uma outra família, criando laços de amizade que se estendem até mesmo depois que todos voltam às suas vidas. Não demora muito até que Louise (Mackenzie Davis) e Ben Dalton (Scoot McNairy), acompanhados da filha Agnes (Alix West Lefler), sejam convidados para visitar os excêntricos e divertidos Paddy (James McAvoy), Ciara (Aisling Franciosi) e Ant (Dan Hough) em sua idílica fazenda no interior da Inglaterra, para que conheçam um lado menos caótico do cenário inglês e aproveitem o ar fresco do campo. Porém, o que deveria ser um fim de semana sem preocupações logo se transforma em um pesadelo interminável e inescapável que coloca os Dalton em perigo constante.
James McAvoy entrega uma das melhores atuações da sua carreira.
2. A PRIMEIRA PROFECIA
“‘A Primeira Profecia’ é uma sólida entrada a uma franquia muito popular e, quiçá, a melhor iteração desde o filme clássico dirigido por Richard Donner. É impressionante ver como um título ambicioso consegue cumprir com o prometido sem dar um passo maior que a perna – e tudo graças à competência de uma cineasta que ainda tem muito a nos contar e que faz um début aprazível e convincente” – Thiago Nolla
1. A SUBSTÂNCIA
Uma das maiores surpresas de 2024 e dos últimos anos. A entrega de Demi Moore é tanta que ela está presente de corpo e alma, desde as diversas cenas de nu frontal, como tantos outros momentos exigentes, grotescos e amedrontadores. Conhecida pelos seus papéis de mocinha em Ghost (1991) e Proposta Indecente (1993), ou de símbolo sexual em Assédio Sexual (1994) e Streaptease (1996), a atriz consegue imprimir o tom certo de desespero cômico e drama excêntrico.
Através de uma fórmula mágica e um duplo de carne e osso, A Substância realmente coloca em perspectiva audiovisual a infinita batalha das mulheres com elas mesmas para aparentarem ser mais bonitas, magras e desejáveis. Por meio do riso, da curiosidade e choque, a obra chama o espectador para reflexão e o debate de como nossa sociedade está adoecida por substância milagrosas, seja ela um botox, um lifting ou uma promessa de mudança.