quarta-feira , 22 janeiro , 2025

Os 50 Anos dos Blockbusters no Cinema

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Todo fã de cinema conhece o conceito dos “blockbusters” ou arrasa-quarteirões. Em resumo, bem resumido, são os filmes que deixam de ser filmes e se tornam eventos culturais. Porém, ainda existe confusão sobre o que de fato cria um blockbuster. Muitos acreditam que os blockbusters são planejados e dependem unicamente do tamanho de seu orçamento. Hoje, a coisa até pode ser assim. É só pensar que os filmes mais caros serão os que terão mais retorno financeiro.

Mas se formos olhar para os primórdios dos blockbusters, para os filmes que deram origem ao conceito, entenderemos que os blockbusters quem faz é o público. Ou seja, são os filmes que caem nas graças dos espectadores, e eles sim o elegem e o transformam em fenômeno. Alguns blockbusters hoje até tentam ser fabricados, mas nem todos conseguem.

Tubarão’, de Steven Spielberg, com mais de US$200 milhões nos EUA, foi o primeiro blockbuster da história do cinema.

Em 2025 os blockbusters fazem 50 anos de idade. Pois é, querido leitor, temos apenas meio século com estes filmes que atingiram um novo patamar. Se levarmos em conta que o cinema tem 130 anos, a coisa é relativamente recente. E qual foi o primeiro blockbuster da história, você pergunta? Esta resposta, todo cinéfilo de carteirinha sabe. Foi ‘Tubarão’, de Steven Spielberg. Este filme foi lançado em 1975 e está completando 50 anos este ano – trazendo consigo um rastro de meio século dos blockbusters.

É claro que antes de ‘Tubarão’ já tínhamos grandes sucessos da sétima arte. Obras lendárias como ‘E o Vento Levou’ e ‘O Mágico de Oz’ podem ser consideradas algumas das superproduções da sétima arte. O que acontece é que depois da revolução cultural da década de 1970, e a chegada de realizadores que formavam “a nova Hollywood”, a forma de consumo dos filmes mudou, e o contato do público com tais obras também. Era aberto um espaço maior de entretenimento, de produções mais dinâmicas, que visavam entregar um espetáculo antes inimaginável ao espectador.

Os blockbusters no cinema completam 50 anos em 2025. Isso porque ‘Tubarão’ também completa a mesma idade.

Tubarão’, bancado pela Universal Pictures, custou ao estúdio US$7 milhões. Para o comando foi trazido um diretor novato, mas cheio de aspirações. Seu nome: Steven Spielberg. Hoje, já foi muito relatado em entrevistas, vídeos e livros, o pesadelo que o jovem de então menos de 30 anos passou no comando da obra. Nada funcionava. O boneco mecânico do tubarão só quebrava. E o cineasta descobriu da pior maneira o que significa filmar na água. É irônico, como em muitos casos no cinema, ‘Tubarão’ era para ter se tornado um fiasco. Mas quando o produto ficou pronto, foi a sensação do verão norte-americano de 1975. Literalmente tirando as pessoas das praias para as salas de cinema. Ao término das sessões, as filas se formavam de novo.

Tubarão’ estreou no seu primeiro fim de semana com o exato valor de seu orçamento, se pagando nos primeiros três dias. É claro que o longa permaneceu em cartaz por muito tempo – e qual cinema era louco de tirá-lo de cena? Na América do Norte, o filme terminou sua carreira com US$267 milhões. Ou seja, por isso recebeu o título de primeiro blockbuster de todos, sendo o primeiro filme a atingir esse valor na história de Hollywood. Pelo resto do mundo a coisa foi ainda melhor, já que naquela época, ‘Tubarão’ chegou perto do meio bilhão de dólares, com US$ 477 milhões mundiais. Algo impressionante e sem precedentes.

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Mesmo com filmes como ‘Rocky’, ‘Superman’ e ‘Alien’, depois de ‘Tubarão’, o próximo blockbuster seria ‘Star Wars’.

Na segunda metade dos anos 1970, ainda teríamos grandes sucessos do cinema, como ‘Rocky – Um Lutador’ (1976), ‘Superman – O Filme’ (1978) e ‘Alien – O Oitavo Passageiro’ (1979). Todos se tornaram filmes muito queridos, mas havia ficado estipulado por ‘Tubarão’ que para se tornar um verdadeiro blockbuster, um filme precisava ultrapassar a marca de US$200 milhões dentro dos EUA. E nenhum destes atingiu esta meta. O próximo filme que viria a realizar o feito iria ainda mais longe, criando um universo próprio, e mesclando como nunca o cinema e a cultura popular.

É claro que falamos de ‘Star Wars’, antes conhecido como ‘Guerra nas Estrelas’. Criado pelo amigo de Steven Spielberg, e também parte do movimento da “nova Hollywood’, George Lucas escreveu, produziu e dirigiu a aventura espacial com toques de cinema matinê, que estreou em 1977. Uma aposta arriscadíssima, em um filme que misturava ficção científica, aventura, efeitos especiais revolucionários, maquiagem, criaturas, robôs, em um produto antes tipicamente consumido por crianças.

Com ‘Star Wars’, George Lucas conseguiria transformar sonho e realidade, e criar uma marca que gera lucro até hoje.

A aventura espacial de George Lucas bebeu em muitas fontes para criar sua mitologia, em especial os seriados de matinê exibidos nos cinemas nas manhãs dos fins de semana, antes da criação da televisão. ‘Star Wars’ capturou a imaginação dos fãs de cinema e atingiu um público muito maior do que o planejado, pois criou algo sem precedentes para a sétima arte. George Lucas começava a demonstrar que não existia limites para a imaginação e que o cinema era realmente um lugar de magia, de sonhos, onde tudo poderia virar realidade.

Star Wars’ se tornou um passo acima de ‘Tubarão’, em especial porque criou algo que ainda dá frutos até hoje. E não apenas isso, como também se tornou uma das maiores marcas do entretenimento mundial, um empreendimento multibilionário, que domina diversas vertentes, como parques temáticos, videogames, animações, livros, quadrinhos, brinquedos, séries de TV e, claro, filmes. ‘Tubarão’ ganhou três Oscar e foi indicado para melhor filme naquele ano. ‘Star Wars’ também foi indicado para melhor filme no Oscar, e levou para casa outras seis estatuetas.

O próximo filme a ser considerado um blockbuster legítimo seria ‘O Império Contra-Ataca’, de 1980, a continuação de ‘Star Wars’.

Essa fase inicial dos blockbusters misturava cinema entretenimento na sua melhor forma, com a qualidade de um cinema de alto padrão, e o prestígio de prêmios. Qualidade essa que veio se diluindo até chegar aos dias de hoje. ‘Star Wars’ custou US$11 milhões, e arrecadou só na América do Norte US$460 milhões. Mundialmente, fez impressionantes US$775 milhões. Nem mesmo o trabalho seguinte de Steven Spielberg, o pai de ‘Tubarão’, conseguiria se tornar um blockbuster. ‘Contatos Imediatos do Terceiro Grau’ foi lançado no mesmo ano de ‘Star Wars’ e foi eclipsado pela aventura espacial. ‘Contatos…’ mostra da forma mais realista até então, a visita de seres de outro planeta na Terra, um tema que fascina o diretor.

O terceiro blockbuster da história viria pelas mãos de George Lucas novamente. E sem grandes surpresas, ele era a continuação de ‘Star Wars’. O primeiro filme da saga começa com um texto em que o anuncia como o episódio 4. Se não tivesse dado certo, ficaria por aí mesmo. O final, apesar de vermos nitidamente que o vilão não morreu, é fechadinho e não deixa necessariamente a porta aberta. Mas o sucesso absurdo garantiu o episódio 5. E para a surpresa de todos, ele era ainda melhor que o filme original, embora mais sombrio e melancólico.

Depois de criarem os blockbusters com ‘Tubarão’ e ‘Star Wars’, Steven Spielberg e George Lucas se uniram em ‘Indiana Jones’.

O Império Contra-Ataca’ foi lançado em 1980, e não fez o mesmo sucesso financeiro que o anterior. A continuação acrescentou muito à mitologia original, apresentando novos personagens e novas questões; além de possuir a maior reviravolta que o cinema já viu, quando ao final é revelada uma paternidade inesperada, que mexeu com os alicerces do que poderia ser um roteiro de um filme de entretenimento – ou seja, mexer com as emoções do público em outro nível. ‘O Império Contra-Ataca’ custou US$18 milhões e arrecadou nos EUA US$292 milhões, mundialmente fazendo US$550 milhões. Mas seu maior feito foi ser considerado pelos fãs como o melhor filme da saga até hoje.

Os blockbusters surgiram no fim da década de 1970. Mas foram apenas dois filmes que causaram tamanha comoção. Esse número aumentou na década seguinte, por isso dizemos que os arrasa-quarteirões engataram mesmo nos anos 1980. Na primeira metade da década, George Lucas e Steven Spielberg se revezavam criando a cada ano um novo blockbuster. A dupla de amigos é considerada os pais deste cinema grandioso. Daí vieram ‘Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida’ (1981), ‘E.T. – O Extraterrestre’ (1982) e ‘O Retorno de Jedi’ (1983), todos superando a marca em bilheteria para se tornar um blockbuster verdadeiro.

No início dos anos 80, Spielberg e Lucas se revezavam a cada ano lançando um novo blockbuster. ‘E.T.’ e ‘O Retorno de Jedi’ estão na lista.

Em 1984, outros estúdios e diretores resolviam entrar na brincadeira, confiando no carisma de seus astros. Lucas e Spielberg começavam a perder um pouco de força a partir daí, mas não deixaram de ser a cara da década, em especial o pai de ‘Tubarão’ e ‘E.T.’. O segundo ‘Indiana Jones’, considerado o mais sombrio e de forma geral o menos apreciado da trilogia original, não chegou perto do sucesso do primeiro e não se tornou um blockbuster legítimo, arrecadando menos de US$200 milhões em seu país de origem. Por outro lado, comédias de ação e fantasia como ‘Os Caça-Fantasmas’ e ‘Um Tira da Pesada’ se juntavam ao clube dos blockbusters, impulsionados pelos carismas de Bill Murray e Eddie Murphy, respectivamente.

Curiosamente, na década de 1980, teríamos apenas mais dois blockbusters legítimos: ‘De Volta para o Futuro’ (1985) e ‘Batman’ (1989). Nem mesmo as sequências ‘Indiana Jones 3’, ‘De Volta para o Futuro 2’ e ‘Os Caça-Fantasmas 2’ conseguiram atingir o status de blockbuster. Eles fizeram sucesso sim, e mundialmente fizeram fortuna, mas não chegaram à marca de US$200 milhões no mercado interno. Ou seja, com o fim dos anos 1980, tínhamos ao todo 10 blockbusters.

Em 1984, nem Spielberg e nem Lucas, os blockbusters foram ‘Os Caça-Fantasmas’ e ‘Um Tira da Pesada’.

Esse número aumentaria significativamente com a chegada de mais uma década, os anos 1990. Com o surgimento do CGI e o investimento cada vez maior em superproduções, a nova década elevou o jogo em todos os sentidos. Mais do que isso, as “regras” para definir os blockbusters agora haviam mudado. Isso porque o mercado internacional começou a contar muito, e os estúdios prestaram atenção nisso. Por exemplo, um filme não dependia mais unicamente de sua bilheteria no próprio território. Ele poderia lucrar muito mais internacionalmente e se tornar um sucesso, mesmo que dentro dos EUA não tivessem ultrapassado a marca de US$200 milhões.

Esse efeito também serviu para apontar a diferença entre os continentes e países, no que diz respeito ao gosto. Por exemplo, alguns filmes são produzidos com o público americano em mente, em especial os filmes de esportes como o baseball. Isso prova que certos filmes fazem enorme sucesso nos EUA, mas passam em branco em outros locais pelo mundo, como o Brasil, por exemplo. Em contrapartida, alguns filmes caem nas graças dos fãs pelo mundo, mesmo que nos EUA não tenham se tornado fenômeno.

A segunda metade dos anos 80 apresentaram apenas dois blockbusters: ‘De Volta para o Futuro’ e ‘Batman’.

A década de 1990 serviu também para redefinir o jogo em termos de o quanto um filme poderia arrecadar em bilheteria. Isso porque em 1997 foi lançado ‘Titanic’, um filme problemático, que muitos classificavam prematuramente como fracasso (por ter estourado o orçamento e o prazo da produção). Demonstrando que nunca se deve apostar contra ele, James Cameron entregou um filme que se tornou sensação mundial, e o primeiro longa da história a ultrapassar a marca de US$1 bilhão em bilheteria pelo mundo.

Bem, se o mundo fosse justo mesmo esse título pertenceria a outro filme. Clássico dos clássicos dos anos 1990, ‘Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros’, de 1993, fez estrondosos US$914 milhões mundiais, e por muito pouco não se tornava o primeiro filme bilionário na história do cinema, ainda no início da década. Hoje, o filme ultrapassou essa marca (meio que como uma questão de honra) devido a diversos relançamentos nos cinemas. Ao contrário de ‘Jurassic Park’, ‘Titanic’ não precisou de uma segunda vez nos cinemas (embora também tenha tido várias) para atingir a marca. O filme parecia nunca deixar as salas de cinema, você lembra? Era preciso diversas idas até finalmente encontrar vaga em algum horário para conseguir assistir ao fenômeno.

Titanic’, em 1998, foi o primeiro filme da história a ultrapassar a marca de US$1 bilhão mundial. ‘Jurassic Park’ por pouco não chegou.

Hoje, o que seria classificado como blockbuster não mais é medido por US$200 milhões nos EUA, mas sim por US$1 bilhão no mundo. Hoje temos o chamado “clube do bilhão”, um seleto grupo de filmes cuja popularidade parece poder ser sentida até na lua. É claro que hoje também temos um investimento gigantesco nestas superproduções, já que vivemos numa era de excessos. A grande diferença, como dito no início, é que esse espetáculo cada vez maior acabou sacrificando boas histórias e personagens. A coisa hoje funciona como uma busca desenfreada pelo sucesso, já que a indústria se profissionalizou em blockbusters. E não mais o sucesso como consequência da qualidade.

Sarah Michelle Gellar e Patrick Dempsey falam sobre Dexter, a carreira em filmes de terror e PÂNICO7

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Mas se formos olhar para os primórdios dos blockbusters, para os filmes que deram origem ao conceito, entenderemos que os blockbusters quem faz é o público. Ou seja, são os filmes que caem nas graças dos espectadores, e eles sim o elegem e o transformam em fenômeno. Alguns blockbusters hoje até tentam ser fabricados, mas nem todos conseguem.

Tubarão’, de Steven Spielberg, com mais de US$200 milhões nos EUA, foi o primeiro blockbuster da história do cinema.

Em 2025 os blockbusters fazem 50 anos de idade. Pois é, querido leitor, temos apenas meio século com estes filmes que atingiram um novo patamar. Se levarmos em conta que o cinema tem 130 anos, a coisa é relativamente recente. E qual foi o primeiro blockbuster da história, você pergunta? Esta resposta, todo cinéfilo de carteirinha sabe. Foi ‘Tubarão’, de Steven Spielberg. Este filme foi lançado em 1975 e está completando 50 anos este ano – trazendo consigo um rastro de meio século dos blockbusters.

É claro que antes de ‘Tubarão’ já tínhamos grandes sucessos da sétima arte. Obras lendárias como ‘E o Vento Levou’ e ‘O Mágico de Oz’ podem ser consideradas algumas das superproduções da sétima arte. O que acontece é que depois da revolução cultural da década de 1970, e a chegada de realizadores que formavam “a nova Hollywood”, a forma de consumo dos filmes mudou, e o contato do público com tais obras também. Era aberto um espaço maior de entretenimento, de produções mais dinâmicas, que visavam entregar um espetáculo antes inimaginável ao espectador.

Os blockbusters no cinema completam 50 anos em 2025. Isso porque ‘Tubarão’ também completa a mesma idade.

Tubarão’, bancado pela Universal Pictures, custou ao estúdio US$7 milhões. Para o comando foi trazido um diretor novato, mas cheio de aspirações. Seu nome: Steven Spielberg. Hoje, já foi muito relatado em entrevistas, vídeos e livros, o pesadelo que o jovem de então menos de 30 anos passou no comando da obra. Nada funcionava. O boneco mecânico do tubarão só quebrava. E o cineasta descobriu da pior maneira o que significa filmar na água. É irônico, como em muitos casos no cinema, ‘Tubarão’ era para ter se tornado um fiasco. Mas quando o produto ficou pronto, foi a sensação do verão norte-americano de 1975. Literalmente tirando as pessoas das praias para as salas de cinema. Ao término das sessões, as filas se formavam de novo.

Tubarão’ estreou no seu primeiro fim de semana com o exato valor de seu orçamento, se pagando nos primeiros três dias. É claro que o longa permaneceu em cartaz por muito tempo – e qual cinema era louco de tirá-lo de cena? Na América do Norte, o filme terminou sua carreira com US$267 milhões. Ou seja, por isso recebeu o título de primeiro blockbuster de todos, sendo o primeiro filme a atingir esse valor na história de Hollywood. Pelo resto do mundo a coisa foi ainda melhor, já que naquela época, ‘Tubarão’ chegou perto do meio bilhão de dólares, com US$ 477 milhões mundiais. Algo impressionante e sem precedentes.

Mesmo com filmes como ‘Rocky’, ‘Superman’ e ‘Alien’, depois de ‘Tubarão’, o próximo blockbuster seria ‘Star Wars’.

Na segunda metade dos anos 1970, ainda teríamos grandes sucessos do cinema, como ‘Rocky – Um Lutador’ (1976), ‘Superman – O Filme’ (1978) e ‘Alien – O Oitavo Passageiro’ (1979). Todos se tornaram filmes muito queridos, mas havia ficado estipulado por ‘Tubarão’ que para se tornar um verdadeiro blockbuster, um filme precisava ultrapassar a marca de US$200 milhões dentro dos EUA. E nenhum destes atingiu esta meta. O próximo filme que viria a realizar o feito iria ainda mais longe, criando um universo próprio, e mesclando como nunca o cinema e a cultura popular.

É claro que falamos de ‘Star Wars’, antes conhecido como ‘Guerra nas Estrelas’. Criado pelo amigo de Steven Spielberg, e também parte do movimento da “nova Hollywood’, George Lucas escreveu, produziu e dirigiu a aventura espacial com toques de cinema matinê, que estreou em 1977. Uma aposta arriscadíssima, em um filme que misturava ficção científica, aventura, efeitos especiais revolucionários, maquiagem, criaturas, robôs, em um produto antes tipicamente consumido por crianças.

Com ‘Star Wars’, George Lucas conseguiria transformar sonho e realidade, e criar uma marca que gera lucro até hoje.

A aventura espacial de George Lucas bebeu em muitas fontes para criar sua mitologia, em especial os seriados de matinê exibidos nos cinemas nas manhãs dos fins de semana, antes da criação da televisão. ‘Star Wars’ capturou a imaginação dos fãs de cinema e atingiu um público muito maior do que o planejado, pois criou algo sem precedentes para a sétima arte. George Lucas começava a demonstrar que não existia limites para a imaginação e que o cinema era realmente um lugar de magia, de sonhos, onde tudo poderia virar realidade.

Star Wars’ se tornou um passo acima de ‘Tubarão’, em especial porque criou algo que ainda dá frutos até hoje. E não apenas isso, como também se tornou uma das maiores marcas do entretenimento mundial, um empreendimento multibilionário, que domina diversas vertentes, como parques temáticos, videogames, animações, livros, quadrinhos, brinquedos, séries de TV e, claro, filmes. ‘Tubarão’ ganhou três Oscar e foi indicado para melhor filme naquele ano. ‘Star Wars’ também foi indicado para melhor filme no Oscar, e levou para casa outras seis estatuetas.

O próximo filme a ser considerado um blockbuster legítimo seria ‘O Império Contra-Ataca’, de 1980, a continuação de ‘Star Wars’.

Essa fase inicial dos blockbusters misturava cinema entretenimento na sua melhor forma, com a qualidade de um cinema de alto padrão, e o prestígio de prêmios. Qualidade essa que veio se diluindo até chegar aos dias de hoje. ‘Star Wars’ custou US$11 milhões, e arrecadou só na América do Norte US$460 milhões. Mundialmente, fez impressionantes US$775 milhões. Nem mesmo o trabalho seguinte de Steven Spielberg, o pai de ‘Tubarão’, conseguiria se tornar um blockbuster. ‘Contatos Imediatos do Terceiro Grau’ foi lançado no mesmo ano de ‘Star Wars’ e foi eclipsado pela aventura espacial. ‘Contatos…’ mostra da forma mais realista até então, a visita de seres de outro planeta na Terra, um tema que fascina o diretor.

O terceiro blockbuster da história viria pelas mãos de George Lucas novamente. E sem grandes surpresas, ele era a continuação de ‘Star Wars’. O primeiro filme da saga começa com um texto em que o anuncia como o episódio 4. Se não tivesse dado certo, ficaria por aí mesmo. O final, apesar de vermos nitidamente que o vilão não morreu, é fechadinho e não deixa necessariamente a porta aberta. Mas o sucesso absurdo garantiu o episódio 5. E para a surpresa de todos, ele era ainda melhor que o filme original, embora mais sombrio e melancólico.

Depois de criarem os blockbusters com ‘Tubarão’ e ‘Star Wars’, Steven Spielberg e George Lucas se uniram em ‘Indiana Jones’.

O Império Contra-Ataca’ foi lançado em 1980, e não fez o mesmo sucesso financeiro que o anterior. A continuação acrescentou muito à mitologia original, apresentando novos personagens e novas questões; além de possuir a maior reviravolta que o cinema já viu, quando ao final é revelada uma paternidade inesperada, que mexeu com os alicerces do que poderia ser um roteiro de um filme de entretenimento – ou seja, mexer com as emoções do público em outro nível. ‘O Império Contra-Ataca’ custou US$18 milhões e arrecadou nos EUA US$292 milhões, mundialmente fazendo US$550 milhões. Mas seu maior feito foi ser considerado pelos fãs como o melhor filme da saga até hoje.

Os blockbusters surgiram no fim da década de 1970. Mas foram apenas dois filmes que causaram tamanha comoção. Esse número aumentou na década seguinte, por isso dizemos que os arrasa-quarteirões engataram mesmo nos anos 1980. Na primeira metade da década, George Lucas e Steven Spielberg se revezavam criando a cada ano um novo blockbuster. A dupla de amigos é considerada os pais deste cinema grandioso. Daí vieram ‘Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida’ (1981), ‘E.T. – O Extraterrestre’ (1982) e ‘O Retorno de Jedi’ (1983), todos superando a marca em bilheteria para se tornar um blockbuster verdadeiro.

No início dos anos 80, Spielberg e Lucas se revezavam a cada ano lançando um novo blockbuster. ‘E.T.’ e ‘O Retorno de Jedi’ estão na lista.

Em 1984, outros estúdios e diretores resolviam entrar na brincadeira, confiando no carisma de seus astros. Lucas e Spielberg começavam a perder um pouco de força a partir daí, mas não deixaram de ser a cara da década, em especial o pai de ‘Tubarão’ e ‘E.T.’. O segundo ‘Indiana Jones’, considerado o mais sombrio e de forma geral o menos apreciado da trilogia original, não chegou perto do sucesso do primeiro e não se tornou um blockbuster legítimo, arrecadando menos de US$200 milhões em seu país de origem. Por outro lado, comédias de ação e fantasia como ‘Os Caça-Fantasmas’ e ‘Um Tira da Pesada’ se juntavam ao clube dos blockbusters, impulsionados pelos carismas de Bill Murray e Eddie Murphy, respectivamente.

Curiosamente, na década de 1980, teríamos apenas mais dois blockbusters legítimos: ‘De Volta para o Futuro’ (1985) e ‘Batman’ (1989). Nem mesmo as sequências ‘Indiana Jones 3’, ‘De Volta para o Futuro 2’ e ‘Os Caça-Fantasmas 2’ conseguiram atingir o status de blockbuster. Eles fizeram sucesso sim, e mundialmente fizeram fortuna, mas não chegaram à marca de US$200 milhões no mercado interno. Ou seja, com o fim dos anos 1980, tínhamos ao todo 10 blockbusters.

Em 1984, nem Spielberg e nem Lucas, os blockbusters foram ‘Os Caça-Fantasmas’ e ‘Um Tira da Pesada’.

Esse número aumentaria significativamente com a chegada de mais uma década, os anos 1990. Com o surgimento do CGI e o investimento cada vez maior em superproduções, a nova década elevou o jogo em todos os sentidos. Mais do que isso, as “regras” para definir os blockbusters agora haviam mudado. Isso porque o mercado internacional começou a contar muito, e os estúdios prestaram atenção nisso. Por exemplo, um filme não dependia mais unicamente de sua bilheteria no próprio território. Ele poderia lucrar muito mais internacionalmente e se tornar um sucesso, mesmo que dentro dos EUA não tivessem ultrapassado a marca de US$200 milhões.

Esse efeito também serviu para apontar a diferença entre os continentes e países, no que diz respeito ao gosto. Por exemplo, alguns filmes são produzidos com o público americano em mente, em especial os filmes de esportes como o baseball. Isso prova que certos filmes fazem enorme sucesso nos EUA, mas passam em branco em outros locais pelo mundo, como o Brasil, por exemplo. Em contrapartida, alguns filmes caem nas graças dos fãs pelo mundo, mesmo que nos EUA não tenham se tornado fenômeno.

A segunda metade dos anos 80 apresentaram apenas dois blockbusters: ‘De Volta para o Futuro’ e ‘Batman’.

A década de 1990 serviu também para redefinir o jogo em termos de o quanto um filme poderia arrecadar em bilheteria. Isso porque em 1997 foi lançado ‘Titanic’, um filme problemático, que muitos classificavam prematuramente como fracasso (por ter estourado o orçamento e o prazo da produção). Demonstrando que nunca se deve apostar contra ele, James Cameron entregou um filme que se tornou sensação mundial, e o primeiro longa da história a ultrapassar a marca de US$1 bilhão em bilheteria pelo mundo.

Bem, se o mundo fosse justo mesmo esse título pertenceria a outro filme. Clássico dos clássicos dos anos 1990, ‘Jurassic Park – O Parque dos Dinossauros’, de 1993, fez estrondosos US$914 milhões mundiais, e por muito pouco não se tornava o primeiro filme bilionário na história do cinema, ainda no início da década. Hoje, o filme ultrapassou essa marca (meio que como uma questão de honra) devido a diversos relançamentos nos cinemas. Ao contrário de ‘Jurassic Park’, ‘Titanic’ não precisou de uma segunda vez nos cinemas (embora também tenha tido várias) para atingir a marca. O filme parecia nunca deixar as salas de cinema, você lembra? Era preciso diversas idas até finalmente encontrar vaga em algum horário para conseguir assistir ao fenômeno.

Titanic’, em 1998, foi o primeiro filme da história a ultrapassar a marca de US$1 bilhão mundial. ‘Jurassic Park’ por pouco não chegou.

Hoje, o que seria classificado como blockbuster não mais é medido por US$200 milhões nos EUA, mas sim por US$1 bilhão no mundo. Hoje temos o chamado “clube do bilhão”, um seleto grupo de filmes cuja popularidade parece poder ser sentida até na lua. É claro que hoje também temos um investimento gigantesco nestas superproduções, já que vivemos numa era de excessos. A grande diferença, como dito no início, é que esse espetáculo cada vez maior acabou sacrificando boas histórias e personagens. A coisa hoje funciona como uma busca desenfreada pelo sucesso, já que a indústria se profissionalizou em blockbusters. E não mais o sucesso como consequência da qualidade.

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