A beleza do cinema é a renovação. Centenas de produções cinematográficas chegam às telas todos os anos, capturando a imaginação de novas gerações a cada safra. E cada época possui seus atrativos. Mas não podemos esquecer nunca do passado, afinal a história é um dos elementos mais importantes de nossa humanidade e através dela aprendemos e espelhamos o futuro.
É muito sabido que na arte nada se cria e tudo se copia. No cinema, isso é bem verdade. E temas são constantemente reutilizados, para o bem e para o mal. Como terror é um dos gêneros favoritos de vocês, nosso querido público, e nosso também, lá vamos nós para mais uma volta ao passado. O CinePOP resolve lembrar para e com vocês as produções do gênero que se tornam clássicas trintonas em 2020.
Vem conhecer e não esqueça de ver também a lista abaixo, dos filmes que completam 40 anos, além de comentar, é claro.
12 Filmes de Terror que Completam 40 Anos em 2020
O Ataque dos Vermes Malditos
Cult por excelência, este clássico das tardes do SBT mostra dois caipiras de uma cidadezinha do interior dos EUA precisando lidar com o maior desafio de suas vidas: uma espécie de minhocas monstruosas guiadas por vibrações na superfície. O filme é uma homenagem às ficções de criaturas gigantes, e nunca deixa claro de onde saíram os bichos, fazendo as inúmeras teorias dos personagens serem as nossas também.
A dupla principal é vivida por Kevin Bacon (saído do sucesso Footloose) e Fred Ward. Cinco continuações foram produzidas, todas lançadas em vídeo – a última em 2018. No mesmo ano, um reboot da ideia na forma de uma série de TV foi produzido, com Bacon e Ward retornando a seus personagens, mas infelizmente cancelada em seu piloto, se tornando uma destas lendas urbanas perdidas na internet (como a série da Mulher-Maravilha de 2011 e o reboot de Segundas Intenções com Sarah Michelle Gellar).
Aracnofobia
Steven Spielberg aterrorizou o mundo graças ao sucesso Tubarão (1975). Há trinta anos, como produtor desta vez, ele repetia a dose focando em aranhas mortais. Uma raça de aranha letal saída diretamente das florestas de nossa América do Sul viaja num caixão até uma pequena cidade dos EUA e procria, criando assim um verdadeiro caos e um rasto de corpos por onde passam. A direção é do colega de Spielberg, o produtor Frank Marshall, estreando como cineasta.
Brinquedo Assassino 2
O ano de 1990 ficou conhecido por suas inúmeras continuações de sucessos do cinema. E esta foi mais uma. Pegando carona no bem sucedido terror de 1988, esta sequência era lançada dois anos depois. Na trama, após ser completamente destroçado ao final do primeiro filme, o boneco Chucky é remontado pela mesma empresa, com o objetivo de varrer o trágico ocorrido para debaixo do pano.
Por alguma razão, sua alma permanece viva e presa ao boneco, voltando a cometer assassinatos criativos. Já Andy, interpretado novamente pelo menino Alex Vincent, é adotado por uma nova família, após sua mãe ser internada como louca (leia-se: a atriz Catherine Hicks não quis retornar). A melhor adição deste filme é a irmã adotiva mais velha do garoto, a rebelde Kyle (Christine Elise).
Linha Mortal
É interessante perceber que diversas “marcas” desta lista continuam a ser utilizadas até hoje, seja através de continuações, produções para a TV, reboots e remakes. O último caso é o que se aplica a este thriller sobrenatural dirigido por Joel Schumacher, refilmado em 2017 com o título Além da Morte. O original trazia então jovens nomes promissores que de fato se tornaram astros, como Julia Roberts, Kieffer Sutherland, Kevin Bacon, William Baldwin e Oliver Platt. Na trama, estudantes de medicina desafiam a morte e brincam de Deus, “morrendo” e sendo ressuscitados pelos colegas. Porém, acabam trazendo “algo” com eles do outro lado.
A Noite dos Mortos-Vivos
O clássico imortal de George Romero, de 1968, é considerado um dos melhores filmes de terror de todos os tempos. E é claro que um remake foi produzido. Apesar de desnecessária, esta obra dirigida pelo especialista em efeitos visuais práticos Tom Savini tem seus atrativos. Em cores e bem mais gore, o longa moderniza para a época a história. No elenco, boas atuações de Patricia Tallman (uma Barbara bem mais bad ass) – que se tornou uma lenda do gênero – e Tony Todd, o Candyman em pessoa.
Alucinações do Passado
Nesta época, thrillers sobre alucinações estavam em voga. O medo e a paranoia do que pode não ser real se tornava o tópico da vez. E assim como o item acima, esta produção dirigida por Adrian Lyne (Atração Fatal) investia na ideia. Como diz o título, aqui temos um protagonista pra lá de traumatizado, vivido por Tim Robbins (Um Sonho de Liberdade). Como se não bastasse o passado assombroso como veterano do Vietnã, ainda o causando pesadelos, ele precisa lidar com a perda de um filho. Assim, fica cada vez mais difícil para o sujeito distinguir realidade e as assombrações de sua mente. O filme recebeu uma refilmagem ano passado, que foi massacrada pela crítica.
O Exorcista III
Considerado por muitos como o terror mais assustador já produzido, O Exorcista (1973) seguiu dando frutos após seu lançamento. O primeiro veio com a continuação O Exorcista II: O Herege, lançada apenas quatro anos depois do original, novamente protagonizada pela menina (agora mais velha) Linda Blair. O terceiro capítulo estreava treze anos depois e não trazia mais a personagem principal, mas sim algo que o anterior não possuía: o envolvimento do criador do livro William Peter Blatty.
O autor desta vez, além de escrever o roteiro, dirigia a produção. A trama, parecida com a de Possuídos (1998, filme com Denzel Washington), traz a investigação de um policial (o vencedor do Oscar George C. Scott) sobre crimes idênticos aos de um serial killer já morto, que o levam a um hospital psiquiátrico e a um possível caso sobrenatural de possessão.
O Massacre da Serra Elétrica 3
Há trinta anos, ganhávamos diversas continuações ou releituras de produções clássicas do gênero, em especial das décadas de 1960 e 1970. Depois de projetos envolvendo marcas como A Noite dos Mortos-Vivos e O Exorcista, agora temos O Massacre da Serra Elétrica. Tudo começou em 1974, num filme visceral de Tobe Hooper, levemente baseado nos crimes reais do psicopata Ed Gein.
A continuação, lançada doze anos depois e orquestrada pelo mesmo diretor brincava com o gênero, acrescentando elementos de humor e non sense que o transformaram em cult instantâneo, algo quase saído da mente de um cineasta como David Lynch. A terceira parte, bem menos inspirada, dava o protagonismo definitivo ao membro mais chamativo da família de canibais, Leatherface. A prova disso está no título original: Leatherface – Texas Chainsaw Massacre III.
Na trama, novamente vítimas infelizes cruzam seu caminho com a família canibal. No elenco, um jovem Viggo Mortensen em início de carreira interpreta Tex, o psicopata com mais falas do bando. Este é apenas descartável, mas polêmica mesmo teria o próximo episódio, com brigas judiciais dos astros Matthew McConaughey e Renée Zellwegger para que os produtores não relançassem o longa nos cinemas após suas ascensões na carreira.
A Árvore da Maldição
Por falar em O Exorcista, este filme possui nada e tudo a ver com o clássico do cinema. Execrado por gregos e troianos, tido como um dos filmes mais decepcionantes do gênero, A Árvore da Maldição marcou o retorno do diretor vencedor do Oscar William Friedkin (Operação França) ao terror, dezessete anos depois do cultuado longa citado. Naturalmente, as expectativas eram altas. Igualmente baseado em um livro, o filme fala sobre uma mulher que se faz passar por babá para oferecer crianças como sacrifício a sua seita adoradora de um demônio-árvore. Depois do resultado, Friedkin nunca mais falou sobre esta obra.
A Guerra dos Donos do Amanhã
Uma das franquias cult mais subestimadas do cinema de ficção, esta é uma ideia saída da mente do roteirista e diretor Mark L. Lester (Comando para Matar). Na verdade, se trata da continuação de um filme de 1982 intitulado Os Donos do Amanhã. A trama, uma mistura de The Warriors (1979) com Mentes Perigosas (1995), mostra um futuro sombrio para o ensino público nos EUA, onde as gangues dominam os corredores e salas de aula. Neste ambiente pouco convidativo para o estudo, um professor precisa desafiar estes verdadeiros delinquentes criminosos.
A continuação, lançada oito anos depois, traz o próximo passo, num roteiro extremamente criativo, novamente desenvolvido por Lester. Agora, os caçadores se tornam a caça, quando administradores de colégios e o governo dos EUA implementam a segurança máxima contra as gangues que infestam as escolas do futuro: professores robôs. O problema é quando estes Exterminadores do Futuro do saber saem do controle a la Westworld, dando início a uma verdadeira guerra entre homem e máquina. Sem direito a recuperação.
Hardware: O Destruidor do Futuro
Por falar em máquinas e robôs, eles são o foco desta ficção de horror também. Baseado na história SHOK!, de Steve MacManus e Kevin O’Neill, a trama se passa num futuro pós-apocalíptico, onde após uma guerra nuclear, a Terra se tornou um local devastado e radioativo, com mares secos. Nesta realidade assustadora por si só, um coletor de sucatas (assim como a Rey de Star Wars) encontra a cabeça de um robô e a vende para um sujeito que presenteia sua namorada com o objeto. A ideia se mostra o maior presente de grego de todos quando a cabeça se torna consciente e começa a se remontar – se revelando na verdade uma máquina de combate americana pronta para matar.
Frankenstein – O Monstro das Trevas
Também conhecido como Frankenstein de Roger Corman, este é um filme da criatura como nunca vimos antes. Para começar é o primeiro que envolve também viagem no tempo. Corman é um diretor renomado e responsável pelo início de carreira de verdadeiras lendas do cinema, como Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Jack Nicholson e James Cameron, por exemplo.
Mas também é um especialista no cinema trash de baixo orçamento. Aqui, ele dirige John Hurt na pele de um cientista vivendo em 2031, que volta no tempo após uma experiência científica sair do controle. Ele volta ao ano de 1817, onde conhece o Doutor Frankenstein (papel de Raul Julia) e seu monstro. Bridget Fonda também está no elenco.
A Noiva do Re-Animator
Por falar em Frankenstein, não foi apenas ele que ganhou uma noiva na continuação de seu filme. Antes da Noiva de Chucky (1998), outro famigerado terror destacava um monstro feminino em sua sequência. Continuação de A Hora dos Mortos-Vivos (Re-Animator), esta obra traz de volta os amalucados doutores Herbert West (Jeffrey Combs) e Dan Cain (Bruce Abbott) para novos experimentos envolvendo tecidos reanimados – misturando Frankenstein com zumbis. O foco agora é a criação da mulher perfeita.
Dois Olhos Satânicos
George Romero e o italiano Dario Argento são dois dos maiores cineastas de terror de todos os tempos. Já imaginou um projeto envolvendo estas duas lendas? Pois bem, este projeto existe e você nem se deu conta. Aqui, cada um dos monstros dirige um conto, baseado nos textos de Edgar Allan Poe. A primeira é de Romero. Com o título The Facts in the Case of Mr. Valdemar, mostra uma mulher interesseira (papel de Adrianne Barbeau) planejando roubar com o amante a fortuna do idoso e doente marido, mas as consequências se tornam sobrenaturais.
No segundo conto, The Black Cat, dirigido por Argento, um gato preto é o responsável pela loucura de um fotógrafo alcoólatra, que ganha a vida com arte mórbida. Sua namorada, que mora com ele, leva o gato para a casa deles, e aos poucos o sujeito vai descendo rumo à insanidade psicótica. Neste conto, Harvey Keitel vive o protagonista.
Bônus
A Repossuída
Bem, este nem de longe é um filme de terror, mas uma paródia de um. Por falar em O Exorcista, assunto recorrente nesta lista, Linda Blair pode não ter retornado para o terceiro capítulo da franquia do tinhoso, mas isso não significa que ela não esteve envolvida com uma produção de mesmo tópico lançada igualmente há trinta anos. Já adulta, Blair volta a ser possuída pelo demônio nesta comédia escrachada, criada nos mesmos moldes de Corra que a Polícia vem Aí – e não por menos protagonizada por Leslie Nielsen na pele de um padre exorcista. A manobra da atriz em reviver sua personagem numa sátira pode soar como tirar leite de pedra, mas ei, se foi bom o bastante para Marlon Brando em Um Novato na Máfia (no qual “reviveu” Vito Corleone), está liberado para qualquer um.