Pois é, meus queridos. O ano não apenas começou, como já engatou, deixando o primeiro mês para trás comendo poeira. Quando menos percebermos, já estaremos com o pé em 2019. Enquanto isso não ocorre, no entanto, fiquemos com o mês mais “Oscar” do ano. Pois é, quem curte blockbuster tem um ano inteiro para desfrutar, mas os cinéfilos que apreciam entretenimento mais sério e adulto costumam recarregar as energias neste início de ano. E se em janeiro tivemos uma pequena amostra dos indicados, com as estreias de Me Chame Pelo Seu Nome, The Post – A Guerra Secreta e O Destino de uma Nação; é em fevereiro que a maioria irá aportar.
Mas não se desespero caro jovem cinéfilo, pois o mês traz algo que você aguarda muito também. Bem, de fato talvez seja um dos filmes mais aguardados de 2018, na categoria entretenimento: Pantera Negra é o novo filme de super-herói da Marvel, mas um bem importante e revolucionário. Podemos dizer também que é o primeiro grande lançamento do ano (mês passado tivemos Viva – A Vida é uma Festa e Jumanji, mas estes são rebarbas do ano passado, e Correndo Atrás de um Pai, Maze Runner – A Cura Mortal e Sobrenatural – A Última Chave acho que não contam muito, né). Bom, pegue seu caderninho e prepare-se para conhecer os filmes mais esperados de fevereiro de 2018.
01/02
A Forma da Água
Líder de indicações no Oscar 2018, com treze ao total, o novo trabalho do mexicano Guillermo del Toro é o dos fortes concorrentes ao prêmio de filme do ano, segundo a Academia. Este, porém, é um filme bem diferente do qual estamos acostumados a ver postulando tal prêmio. Trata-se de mais uma homenagem ao cinema de monstros, terror e ficção que o diretor tanto ama. Aqui, ele cria grande referência aos monstros da era clássica da Universal, principalmente O Monstro da Lagoa Negra, seu preferido. Ah sim, também temos uma história de amor impressionante, fortes atuações (em especial da protagonista Sally Hawkins) e o pano de fundo da paranoia da Guerra Fria sendo usada para inúmeras outras alegorias atuais. Não ande, corra aos cinemas!
Paddington 2
Como sempre o mês nas telonas é bem eclético. Mas o legal mesmo é esta inversão de valores e a mistura de mundos, afinal quem curte cinema vê de tudo – ficar no seu quadrado é muito chato. Assim como A Forma da Água é filme de pompa para quem acha as premiações enfadonhas, Paddington 2 é filme entretenimento com muito pedigree. A prova disso é que o longa sobre o ursinho mais justo e honesto, porém, ingênuo, que você jamais verá igual, está indicado na categoria de melhor filme no BAFTA, o Oscar britânico. O filme encanta tanto ou mais do que o primeiro, e ainda arruma tento para mexer no cinema de gênero, fazendo desta continuação uma eficiente obra de prisão. Não podia terminar esquecendo de Hugh Grant, impagável no papel do vilão, um ator em decadência, vivendo das glórias do passado. Não, esta não é a continuação de Birdman (2014).
Todo o Dinheiro do Mundo
Voltando para o terreno das premiações, este é o novo filme do veterano Ridley Scott, que conseguiu descolar indicações no Globo de Ouro e agora no Oscar para o veterano octogenário Christopher Plummer. Você talvez conheça a história por trás deste filme, e como Kevin Spacey precisou ser apagado do longa após denúncias de abuso sexual surgirem aos montes conta o ator. Plummer ficou com o personagem de Spacey, se juntando à produção nos 45 do segundo tempo. Na trama, o idoso ator interpreta Paul Getty, um dos homens mais ricos do mundo, que se recusa a pagar o resgate por seu neto sequestrado na Itália, neste retrato de uma história real. Michelle Williams e Mark Wahlberg completam o trio principal.
A Repartição do Tempo
Todo mundo reclama da falta de diversidade de gênero dentro do cinema brasileiro. Parece que tudo o que é feito em nosso país são críticas sociais, filmes ideológicos e comédias bobalhonas. Nada contra, amo estes subgêneros, quando bem trabalhados. Mas acredito que a sétima arte de um país inteiro possa e deva ser mais rica, passando suas mensagens dentro de todos os gêneros. A mais nova tentativa de sair da caixinha é A Repartição do Tempo, do diretor Santiago Dellape. Mistura de crítica cômica e sátira à burocracia do país, o longa usa ainda elementos de ficção científica e fantasia. Na trama, um patrão autoritário usa uma máquina do tempo para fazer seus preguiçosos funcionários em uma repartição pública trabalharem mais. O elenco traz os veteranos Tonico Pereira, e o eterno Trapalhão, Dedé Santana.
08/02
Cinquenta Tons de Liberdade
Chegou a hora que vocês estavam esperando. Ou não. Bem, eu havia dito que Pantera Negra era o maior lançamento do mês. Pode até ser, mas o herói da Marvel terá um rival a altura, a conclusão da saga de sexo, sadomasoquismo e falta de amor próprio (dos personagens e público), disfarçada de romance, do casal vivido por Jamie Dornan e Dakota Johnson. Agora eles irão se casar, mas não pense que irá se livrar de muito sexo de mentirinha. Desde o último Crepúsculo, um casamento no cinema não era tão esperado pelos fãs. #sqn
O Sacrifício do Cervo Sagrado
Para ter uma ideia do que o espera aqui, é só lembrar de O Lagosta, sucesso em festivais de 2015, dirigido pelo mesmo Yorgos Lanthimos. O diretor grego volta às suas típicas bizarrices, desta vez sem o respaldo da fantasia e ficção científica. Este é um inquietante thriller dramático, que aposta no limite da sanidade do ser humano como tópico. Na história, um rapaz incomum desenvolve um relacionamento doentio com o cirurgião renomado, papel de Colin Farrell, novo ator fetiche do cineasta, e sua família – sua esposa é interpretada por Nicole Kidman. A partir daí o que temos é um estudo psicológico inteiramente suculento para os especialistas e aficionados.
Sem Amor
Continuando pelo circuito do Oscar, Sem Amor é o representante da Rússia na categoria de filme estrangeiro. O longa, no entanto, apesar de inicialmente ter sido enaltecido como o proeminente para o prêmio, vem recebendo avaliações mistas após sua indicação. Este misto de amor e desprezo é sempre interessante, e termina por despertar mais nosso interesse do que uma obra de resultado morno. Sem Amor conta a história de um menino que foge de casa após o relacionamento dos pais divorciados ter atingido um novo status de pé de guerra. Agora, os progenitores precisarão se unir mais uma vez por uma causa maior, encontrar seu pequeno filho.
O Insulto
Outro filme indicado na categoria de produção estrangeira no Oscar, desta vez trata-se do representante do Líbano – este que vos fala teve a oportunidade de assistir, e atesto a qualidade desta grande obra cinematográfica. A tensão explode entre libaneses e palestinos em Beirut, quando uma rixa entre dois sujeitos, representantes de tais etnias, vai desencadeando numa bola de neve até se tornar uma questão nacional. Urgente e intensamente relevante, O Insulto é um estudo da intolerância atual instalada no mundo.
15/02
Pantera Negra
Pronto. Chegou o momento que todos vocês esperavam. No dia 15 deste mês a espera acaba. É a vez do super-herói da Marvel que é sinônimo de representatividade estrear nas telonas. Com um elenco majoritariamente de atores negros, o longa conta a história de T´Challa, líder de um país africano (fictício) altamente desenvolvido tecnologicamente, que dubla como herói vigilante combatendo criminosos em sua nação. Mas o maior de seus problemas chega com a insurreição de antigos aliados, que tentam destrona-lo.
Três Anúncios para um Crime
Se A Forma da Água é o recordista de indicações e tem garantido a estatueta de melhor diretor (e possivelmente melhor filme), Três Anúncios para um Crime têm garantidas as vitórias nas categorias de melhor atriz (Frances McDormand) e melhor coadjuvante (Sam Rockwell). Na trama, McDormand vive uma mulher indignada pela falta de empenho da polícia de sua cidadezinha em desvendar o estupro seguido de assassinato de sua filha. Então, a mulher sem papas na língua, decide pressionar as autoridades por conta própria, usando seus métodos pouco ortodoxos. O filme acumula sete indicações no Oscar 2018.
Lady Bird – A Hora de Voar
Falando em indicações ao Oscar, como dito, fevereiro é o mês dos filmes do maior prêmio da sétima arte, e aqui temos nada menos do que dez estreias de filmes indicados. Um dos que vem chamando muita atenção é Lady Bird, igualmente sinônimo de representatividade, mas feminina, já que este é o ano da mulher no cinema. Lady Bird tem cinco indicações, incluindo melhor filme, diretora (Greta Gerwig – a quinta mulher da história) e atriz (Saoirse Ronan). Na trama, acompanhamos o amadurecimento de uma jovem mulher, suas questões, dilemas e aspirações, e o relacionamento conturbado com a mãe.
Eu, Tonya
Lady Bird é bonitinho, inofensivo e…, bem, comum. Se querem problemas e dúvidas femininas, o lugar certo para procurar é aqui, em Eu, Tonya. Esta biografia muito criativa e controversa da patinadora olímpica Tonya Harding faz o trabalho sujo e deveria ganhar os holofotes que infelizmente foram para obras inferiores – e não é sempre assim? O mundo parece constantemente olhar para o lado errado, evitando algo bem mais interessante. Fora isso, Margot Robbie arrebenta, adentrando nova fase em sua carreira, e Allison Janney é indiscutivelmente a dona do Oscar na categoria de atriz coadjuvante. Incorreto é brincadeira aqui.
Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi
Indicado para 4 prêmios no Oscar, Mudbound é o drama racial de época da diretora Dee Rees. Assim como Lady Bird, Mudbound é importante pela representatividade feminina e não passou em branco. Fora isso, o longa descolou indicação na categoria de fotografia e fez história, tendo a primeira mulher indicada em 90 anos dos prêmios da Academia. O filme aborda a questão do racismo latente no sul dos EUA, no pós-Segunda Guerra Mundial. No local, dois ex-militares, um negro e um branco, desenvolvem laços de amizade, enfrentando o preconceito.
O que Te Faz Mais Forte
Este filme não está indicado, mas era candidato a indicações e chegou próximo disso. Estrelado por Jake Gyllenhaal, que já entregou desempenhos muito fortes no passado (alguém já esqueceu de O Abutre?), O Que Te Faz Mais Forte é um relato do atentado terrorista na maratona de Boston em 2013, visto através dos olhos de um sobrevivente (papel de Gyllenhaal), que ficou sem as pernas e precisou reaprender a viver. Tatiana Maslany, estrela do seriado Orphan Black, igualmente entrega uma performance digna de prêmios, no papel da mulher do protagonista.
22/02
Trama Fantasma
Dois filmes chegaram de forma sorrateira, sem que ninguém estivesse esperando, e abocanharam uma quantidade impressionante de indicações. O primeiro é O Destino de uma Nação, em cartaz nos cinemas (se você ainda não viu, corra). O segundo, é este Trama Fantasma, de Paul Thomas Anderson. E vocês achavam que um filme do diretor ficaria numa pior. Se isto é estar numa pior. Anderson dirige Daniel Day-Lewis novamente, e talvez pela última vez – já que o ator anunciou a aposentadoria depois do filme. Indicado para melhor filme, diretor, ator e outros três prêmios, Trama Fantasma narra a vida do protagonista vivido por Day-Lewis, um famoso estilista, e sua relação com uma jovem que se torna sua musa e amante, na década de 1950.
A Grande Jogada
Novamente um filme do Oscar, este, porém, levemente esnobado. A estreia na direção do genial roteirista Aaron Sorkin entrou, obviamente, na categoria de roteiro. No entanto, eram visadas outras indicações para o longa, sendo a principal delas, a de melhor atriz para a musa Jessica Chastain, uma das melhores e mais esquecidas pela Academia. Aqui, Chastain interpreta Molly Bloom, esportista olímpica que após uma lesão decide ir para Los Angeles e termina ganhando a vida como contraventora, dona de um cassino ilegal no submundo. Também uma história real.
Pequena Grande Vida
Outro filme que vinha emplacando nas premiações anteriores ao Oscar, mas que infelizmente (ou felizmente, alguns dirão) ficou fora do grande prêmio do cinema. Pequena Grande Vida é o novo filme do talentoso cineasta Alexander Payne (Sideways e Nebraska), protagonizado por Matt Damon. Para melhorar sua renda financeira ele decide aderir a um novo sistema que revolucionou o mundo. Pessoas são diminuídas a um tamanho mínimo e levadas a viver em uma localidade especial, onde gasta-se menos. O protagonista então irá passar por uma longa jornada de autoconhecimento.
Selfie para o Inferno
Produção de terror canadense / alemã, Selfie para o Inferno, como o nome diz, é outro filme que usa como mote a informatização social do nosso dia a dia. Um exemplo recente disso que deu muito certo foi Amizade Desfeita (2015). Outro que não funcionou muito, foi #Screamers (2017). Aqui, uma vlogueira chega aos EUA e fica hospedada na casa de sua prima. Quando ela adoece terrivelmente, seu celular parece ganhar vida própria e enviar estranhas mensagens. Hannah, a prima, começa a investigar na internet o que diabos está havendo. Pode ser divertido e um bom prazer culposo trash.