O mundo dá voltas. Astros de Hollywood que foram sensação caem no ostracismo e vice-versa. Hoje, mais do que nunca, com a exposição de sua vida pessoal através das redes sociais, atores podem cair nas graças do público ou serem rechaçados. Este é o caso com o veterano Keanu Reeves, ator de 55 anos, com 35 anos de carreira (mais tempo do que muitos de seus recentes adoradores tem de vida) e 99 créditos como ator, entre filmes, séries, curtas e filmes para a TV.
Keanu Reeves se tornou um astro ainda na década de 1990, graças a superproduções como Velocidade Máxima (1994) e, especialmente, Matrix (1999). Como todas as outras, sua carreira viu altos e baixos, mas o que ninguém poderia prever era uma reviravolta que o transformaria no novo crush-muso-mozão do momento. E o mais legal: para a geração atual (adolescentes e o público de vinte e poucos anos). E são dois os motivos para isso. O primeiro é o sucesso atingido nesta nova fase de sua carreira, com os filmes de ação elogiadíssimos de John Wick. O Segundo é sua quase santificada vida pessoal, altruísta, abnegada e simples, no estilo gente como a gente.
A busca por ídolos que descem do pedestal, abrem mão de seu salário astronômico, sofrem com perdas de amigos e companheiras (além de andar de metrô e comer sozinho no banco de praça), fez o público eleger Reeves como o “Jesus Cristo” de Hollywood. Até mesmo sua figura barbada e de cabelos longos parece funcionar melhor para os fãs – que tendem a gostar mais deste estilo do ator do que de seu visual “clean”.
Pensando nisso, o CinePOP resolveu tirar das sombras algumas das produções mais obscuras da carreira do crush Keanu Reeves, sejam elas boas ou não, para que os fãs atuais conheçam um pouco mais da filmografia do ator que consideram pacas. Vem conhecer e não esqueça de comentar.
Johnny Mnemonic: O Cyborg do Futuro (1995)
Antes de viver Neo e caminhar no terreno da realidade virtual em Matrix, Keanu Reeves já havia explorado o tema no mal sucedido Johnny Mnemonic. Baseado no conto de William Gibson, o longa traz o ator na pele do personagem título, um sujeito que “trafica” informações através de uploads em seu cérebro. No seu encalço estão a Yakuza, e um perigoso assassino conhecido como “o pregador”, vivido por Dolph Lundgren. O filme se tornou um prazer culposo cult.
Reação em Cadeia (1996)
Tudo parecia estar no lugar para um sucesso garantido. Keanu Reeves acabava de sair do blockbuster Velocidade Máxima (1994) e o diretor Andrew Davis havia marcado um golaço com seu trabalho anterior, O Fugitivo (1993). Adicione à mistura o veterano talentosíssimo Morgan Freeman e a novata promissora Rachel Weisz para uma receita de sucesso. Ou quase. Apesar dos nomes e talentos envolvidos, a história sobre cientistas descobrindo uma fórmula revolucionária, sendo acusados de um crime e precisando fugir para provar sua inocência é narrada de forma enfadonha e a ação simplesmente não empolga.
O Observador (2000)
Keanu Reeves sempre foi conhecido como o bom moço em seus filmes. Mas no ano de 2000, ele estava disposto a mudar esta imagem. Começando por O Observador, um filme no mínimo problemático para o ator. Reeves aparentemente teve sua assinatura falsificada num contrato por seu agente, após ter dado apenas a confirmação verbal de que faria o filme. Assim, obrigado para não ser processado, ele interpretou um psicopata que persegue Marisa Tomei e é caçado por James Spader. O ator não gostou nada do filme e se recusou a promovê-lo.
O Dom da Premonição (2000)
Primeiro filme verdadeiramente bom da lista, embora subestimado e pouco conhecido. Dirigido por ninguém menos do que Sam Raimi, o longa traz um elenco de peso encabeçado por Cate Blanchett na pele de uma vidente cartomante de uma pequena cidade no sul dos EUA, que termina prevendo um crime terrível. Reeves vive outro vilão em sua carreira aqui, numa participação pequena no papel do marido caipira e abusivo de Hilary Swank.
O Homem Duplo (2006)
Outro dos filmes bons e pouco apreciados da carreira de Keanu Reeves. Nascido para ser cult, o longa é dirigido pelo prestigiado Richard Linklater (trilogia do Antes e Boyhood), que já havia brincado com a técnica que mistura animação e atores reais em Waking Life (2001). A Scanner Darkly, no original, é baseado num conto do rei da ficção cientifica Philip K. Dick, autor de Blade Runner, e narra a trajetória de um policial infiltrado (Reeves), investigando uma perigosa nova droga no futuro. No processo, ele corre o risco de perder sua verdadeira identidade. Uma verdadeira pequena pérola escondida.
Os Reis da Rua (2008)
Outro longa subestimado, o filme traz Reeves na pele de um policial durão envolvido com o submundo do crime, tentando limpar seu nome. O interessante desta produção é a forma como o personagem de Reeves é retratado, de uma maneira mais realista e inédita na carreira do ator. Não por menos, o filme é dirigido por David Ayer, conhecido por obras policiais intensas, como Dia de Treinamento e Marcados para Morrer. Aqui, Reeves contracena com outro queridinho atual dos jovens, Chris “Capitão América” Evans.
O Homem do Tai Chi (2013)
Keanu Reeves precisou aprender artes marciais para Matrix e se apaixonou por elas e sua filosofia, nunca mais as abandonando. Tanto que até hoje ele as usa em filmes como John Wick. E a paixão foi tanta que ele decidiu estrear na direção (em seu único filme no cargo até o momento) num longa dedicado às lutas marciais. O Homem do Tai Chi é uma homenagem aos lutadores, e o diretor Reeves elege o dublê Tiger Hu Chen para ser seu protagonista, um lutador obrigado a participar de um torneio ilegal. O longa é praticamente uma versão modernizada de O Grande Dragão Branco (1988), e traz Reeves na frente das telas também, atuando como o “vilão” por trás de tudo e o “chefe de fase”.
47 Ronins (2013)
No mesmo ano, o astro continuaria em sua saga pela cultura asiática marcial. Esse em bem maior escala. O Homem do Tai Chi foi uma produção pequena, que não atingiu o esperado. Mas dor maior foi sentida pela Universal, que viu seu 47 Ronins morrer na praia. O filme passou por refilmagens e dizem as más línguas chegou até a ser reescrito, mudando sua trama completamente – o que fez estourar o orçamento milionário de US$175 milhões. Inicialmente, um drama épico de ação, no estilo O Tigre e o Dragão, o filme mudou e incluiu elementos sobrenaturais como magia, bruxas e dragões, para chamar atenção do público jovem, com seu estilo de vídeo game. O resultado foi uma superprodução esquizofrênica.
Bata Antes de Entrar (2015)
Dirigido pelo açougueiro Eli Roth (O Albergue, 2005), a premissa aqui é muito boa. E curiosamente faz uso do status crush de Keanu Reeves. Na trama, Reeves é o marido dos sonhos e pai carinhoso. Quando sua mulher e filha viajam, ele fica em casa para terminar um trabalho. É quando em sua porta batem duas belas jovens perdidas, pedindo abrigo e uma ligação. Elas seduzem o sujeito, que cai em tentação. Então, elas decidem começar um verdadeiro jogo mortal com ele. Insanidade é o que define este filme. Refilmagem de Death Game (1977) – que contou com Sondra Locke (ex-mulher de Clint Eastwood) e Colleen Camp como as sedutoras psicóticas originais, ambas produziram a nova versão. O remake apresenta a chilena Lorenza Izzo (esposa do diretor Roth) e a cubana Ana de Armas como as perigosas beldades.
Filha de Deus (2016)
Este filme policial reúne Keanu Reeves e sua companheira de cena em Bata Antes de Entrar, Ana de Armas. Curiosamente, a participação de Reeves seria bem pequena, como um coadjuvante na pele de um policial investigando a morte de seu parceiro. A trama verdadeira é protagonizada pela atriz cubana, uma jovem tendo estranhas visões sobrenaturais de anjos e premonições. Vendo a popularidade do astro voltar com força total após o sucesso de John Wick, os produtores decidiram remontar o filme, adicionando muito mais tempo de Reeves em tela, e o creditando como o verdadeiro protagonista. O resultado: dois filmes pelo preço de um, se conflitando e nunca coexistindo.