Quentin Tarantino é um dos maiores cinéfilos a já ter passado em Hollywood. O sujeito começou a vida trabalhando numa locadora de vídeo, onde pôde usufruir ainda mais de sua paixão por filmes, conversar horas a fio sobre as produções e ainda começar a escrever seus roteiros. Atualmente, um dos maiores diretores de cinema em atividade, Tarantino tem simplesmente um projetor e uma sala de cinema em sua casa, além de uma coleção de filmes em película, muitas no formato de 35mm que tanto ama.
Dá para imaginar que com uma enciclopédia cinematográfica ambulante como Tarantino, o acervo de influências seja grande. E assim como em todos os seus filmes, Era uma Vez em… Hollywood, apesar de uma ideia muito original do diretor, teve sua atmosfera, tom e performances inspiradas em outras obras do passado, em especial da época em que …Hollywood se passa, 1969. Como costuma fazer, Tarantino passou de lição de casa para seu elenco uma lista de filmes para assistirem e se inspirarem. Mas dessa vez ele foi mais generoso e os anunciou numa maratona ao longo de uma semana num canal de TV a cabo, de propriedade da Sony (produtora do filme), comentando sobre cada um deles.
Se você é fã de Tarantino, o CinePOP tem um presente especial para você. Vem conhecer os filmes que serviram de inspiração para o diretor em seu mais novo longa e não esqueça de comentar.
Bob, Carol, Ted e Alice (1969)
Dois casais formados por Natalie Wood (West Side Story) e Robert Culp (do seriado Super-Herói Americano), e Elliott Gould (Onze Homens e um Segredo) e Dyan Cannon (O Céu Pode Esperar) dividem amizade, intimidade e discutem relacionamento a dois. Um dos tópicos é a infidelidade e como lidar com ela. Este tipo de honestidade para assuntos considerados tabu foi uma das forças motriz que impulsionaram as produções da época. O filme foi indicado para quatro Oscar: melhores coadjuvantes para Gould e Cannon, fotografia e roteiro original para Larry Tucker e Paul Mazursky (também o diretor do filme).
Flor de Cacto (1969)
Baseado na peça de Abe Burrows e dirigido por Gene Saks (Um Estranho Casal), este filme marcou a estreia de Goldie Hawn nas telonas. E tal debute foi com o pé direito, já que a atriz, então desconhecida, saiu da experiência com a vitória no Oscar de coadjuvante. Na trama, Hawn interpreta uma jovem que tenta o suicídio por achar que o namorado nunca irá largar a esposa. Ela é salva pelo vizinho. Mal sabe ela que o namorado na verdade não é casado, e inventou a história justamente para evitar um compromisso maior com a moça. No papel do mentiroso, o veterano Walter Matthau. E o elenco ainda conta com a estrela Ingrid Bergman (Casablanca), no papel da secretária megera do dentista de Matthau.
Easy Rider – Sem Destino (1969)
Símbolo máximo da contracultura da época, Easy Rider foi um divisor de águas para o cinema igualmente. Na trama, dois amigos vividos por Dennis Hooper (também o diretor e roteirista) e Peter Fonda (também o roteirista) desbravam os EUA em uma aventura em suas motos. A cada novo lugar, conhecem pessoas, fazem amizades, como o personagem amalucado de Jack Nicholson, mas também se metem em confusões. Um filme belo, porém, visceral e surpreendente. O roteiro de Hopper, Fonda e Terry Southern recebeu indicação ao Oscar, assim como o desempenho coadjuvante de Nicholson.
O Segredo Íntimo de Lola (1969)
Escrito e dirigido pelo celebrado cineasta francês Jacques Demy (Os Guarda-Chuvas do Amor), o longa apresenta o jovem protagonista vivido por Gary Lockwood (o astronauta do clássico 2001: Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick). Ele interpreta um sujeito infeliz, sem dinheiro, esperando somente seu recrutamento para a Guerra. Seu destino o coloca no caminho de Lola (Anouk Aimée), uma mulher francesa divorciada vivendo em Los Angeles, trabalhando como modelo fotográfico e tão infeliz quanto ele.
À Procura da Verdade (1970)
Baseado no livro de Ken Kolb, aqui temos outro filme protagonizado por Elliott Gould na lista. O filme, envolto em grande carga política antissistema, traz Gould no papel de um veterano da Guerra do Vietnã, e socialista radical, que se vê em conflito entre seu sonho de tornar-se professor e sua simpatia pelos intensos protestos de estudantes contra o estabelecimento. A obra é dirigida por Richard Rush (A Cor da Noite) e tem Candice Bergen (Do Jeito que Elas Querem) no elenco, além da participação de um então novato Harrison Ford em um de seus primeiros papeis no cinema.
Arma Secreta contra Matt Helm (1968)
Esse não poderia faltar! E, de fato, é tão especial que inclusive tem participação na trama de Era uma Vez em… Hollywood. Este foi o filme pelo qual a atriz Sharon Tate se sentiu realmente abraçada pelo público pela primeira vez. No filme de Tarantino ela é vivida por Margot Robbie, e numa cena consegue entrar num cinema para assistir ao longa junto ao público, enquanto se maravilha com as reações dos espectadores presentes. No filme verdadeiro, Tate interpreta a atrapalhada Freya Carlson.
Protagonizado pelo astro do cinema e da música Dean Martin, um dos membros do rat Pack, Matt Helm é um espião criado nos livros de Donald Hamilton, que seguia os passos de James Bond, mas de uma forma mais leve e divertida. The Wrecking Crew, como é conhecido em seu título original, trata-se da quarta e última aventura do personagem no cinema, depois de O Agente Secreto Matt Helm (The Silencers, 1966), Matt Helm Contra o Mundo do Crime (Murderer’s Row, 1996) e Emboscada para Matt Helm (The Ambushers, 1967) – todos protagonizados por Martin.
Encontro Fatal em Lisboa (1968)
Baseado no livro de James Mayo, este filme intitulado originalmente Hammerhead segue as façanhas de outro agente secreto, descobrindo o QG de uma organização criminosa com planos de destruição global. Nesta época, diversas produções seguiam a onda de sucesso de 007 – este mais voltado ao drama e suspense. Quem vive o espião é Vince Edwards. A direção é de David Miller.