sábado , 2 novembro , 2024

Os GLAAD Awards e o que ainda falta para a comunidade LGBTQ+ na mídia

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2006. Liza Minnelli, há muito tempo, havia se consagrado como um ícone LGBTQ+, seguindo os passos da mãe, Judy Garland. Abrindo-se em uma entrevista para o Broadway.com, Minnelli comentou que utilizou a fama que conseguiu com suas icônicas performances nos palcos e nas telonas para promover mudanças radicais no cenário queer dos anos 1980 e 1990 – ainda mais com a crescente crise do HIV/AIDS que erroneamente se restringia à própria existência das pessoas não-heterossexuais e não-conformativas.

A performer percebeu que algo deveria ser feito quando, ao convidar Rock Hudson para um concerto ao lado de Elizabeth Taylor, percebeu que o amigo de longa data estava diferente e, como diziam as más línguas, ele estava “com aquela nova doença” (frase mergulhada num tom de desprezo insuportável até os dias de hoje). “Nós temos que fazer alguma coisa. Isso está fora de questão que as pessoas estão sendo tratadas desse jeito”, Taylor lhe falou – o que deu início a uma profunda arrecadação monetária que contribuiu para a busca de tratamentos menos dolorosos e paliativos para os diagnosticados. Não é surpresa que Taylor foi condecorada com o GLAAD Vanguard Awardem 2000, enquanto Minnelli levava para casa a estatueta em 2005.

Da esqueda para a direita, Elizabeth Taylor e Liza Minnelli

2011. A vencedora do Tony Award Kristin Chenoweth era honrada com o GLAAD Media Awards por sua significante trajetória como apoiadora dos direitos LGBTQ+, participando da Marcha pela Igualdade em outubro de 2009 e levantando a bandeira para defender seus colegas de profissão em meio a um boicote na indústria do entretenimento.

1990. Em meio ao desespero social por conta da AIDS, Madonna mostra-se ainda mais a favor da comunidade queer ao reclamar para si a dança conhecida como vogue e lançá-la através de uma das músicas mais memoráveis da história. A canção, que ficou várias semanas no topo das paradas internacionais, popularizou a cultura transexual do Harlem e do Brooklyn cultivada desde os anos 1970 e, devido ao seu extenso trabalho para nos apoiar, levou para casa o GLAAD Advocate for Change Award em 2019 (um tanto quanto tarde demais, se querem saber a opinião deste que vos fala, mas ao menos seu reconhecimento ocorreu).

“O primeiro gay que conheci foi a primeira pessoa que acreditou em mim”, Madonna aceitando o Advocate for Change Award em 2019

2009. Lady Gaga, o último grande ato da música pop, despeja nas paradas mainstream a cultura LGBTQ+ e, desde então, nunca deixou de apoiar aqueles que lhe trouxeram tanta vida e tanta beleza. Um dos pilares da indústria fonográfica contemporânea, Gaga lançou a bíblica produção ‘Born This Way’ em 2011 e, um ano depois, desafiou o governo moscovita a prendê-la após um poderoso discurso de autoaceitação na Rússia (“eu não dou a mínima para o que as pessoas dizem”, ela gritou para uma multidão de little monsters). Não é surpresa que a artista tenha levado dois prêmios GLAAD de Melhor Artista Musical.

2019. Taylor Swift alfineta basicamente todo mundo com o lançamento de “You Need to Calm Down” e, pouco depois, fez um discurso pela igualdade durante a última edição do VMA, além de ter lançado uma petição para proteger a comunidade em questão da discriminação em seus locais de trabalho, em suas casas, escolas e outras acomodações públicas. Chegando a quase 600 mil assinaturas, a artista vencedora de dez Grammy Awards será a próxima receptora do GLAAD Vanguard Award, cuja cerimônia ocorre no próximo dia 19 de março.

Lady Gaga no Born This Way Ball em Moscou, Rússia

Entre as centenas de nomes que expressaram seu apoio à diversidade sexual contra ações homofóbicas que nos últimos anos vêm ganhando mais força devido à ascensão de governos extremistas e conservadores, é inegável dizer que a comunidade LGBTQ+ se vê cada vez mais reclamando por seu trono nos holofotes da cultura mainstream, trilhando um longo e árduo caminho para que seu estilo, seu modo de vida e sua transbordante cultura fosse ouvida e respeitada assim como qualquer outra. Entretanto, a luta ainda permanece e, mesmo com esse considerável aparecimento, são poucos os nomes dentro da comunidade que alcançam um patamar considerável assim como tantos outros artistas.

Criado em 1990, os GLAAD Media Awards existem para “reconhecer e homenagear as representações justas, rigorosas e inclusivas da comunidade LGBT e de questões que afetam as suas vidas nos meios de comunicação” e, mesmo reunindo diversos aliados para essa importante causa social, a porcentagem de vencedores de categorias especiais (ou seja, que não fazem parte da competição) ainda é menor do que a esperada e respalda apenas alguns nomes, como Ellen DeGeneres, Ian McKellen, John Waters e Rufus Wainwright. No prospecto geral, percebe-se que os membros da esfera do entretenimento cuja orientação é heterossexual ganham maior palanque – pelo motivo de estarem mais inclinados a ascender aos holofotes e terem maior destaque na mídia.

Ellen DeGeneres recebendo o prêmio honorário Carol Burnett no Golden Globes 2020

Em outras palavras, o ano de 2020 ainda não significa uma imensa ruptura e a concretização de uma igualdade de oportunidades defendida há tantas décadas – pelo contrário, se endossa como uma faca de dois gumes. Enquanto nomes como Julianne Moore, Robert De Niro e Debra Messing mostram que o respeito à diversidade e a propagação do reconhecimento e do auxílio à cultura queer é imprescindível e muito bem-vindo (levando em conta principalmente que caminhamos todos para um futuro melhor e mais assertivo), ofusca certos nomes que poderiam ter maior preponderância – e que fazem o mesmo tanto (senão mais) que aqueles que já conhecemos e que já têm o nosso apoio incondicional.

Janelle Monáe, conhecida por sua incrível discografia e sua participação de diversos longas-metragens mainstream, é um exemplo disso: assumindo-se como pansexual alguns anos atrás e deixando isso bem claro com “Make Me Feel” (‘Dirty Computer’, 2018), sua participação dentro do ativismo LGBTQ+ data de muito antes e permanece como uma das marcas de sua identidade artística – afinal, ela própria ergue-se como um monumento de resistência ao ser uma mulher negra queer nos Estados Unidos de Trump.

Janelle Monaé no videoclipe da música “Make Me Feel”

Kim Petras, que tornou-se um ícone do industrial pop com seus trejeitos vanguardistas, é uma artista germânica transexual que vem sofrendo boicotes desde sua sutil chegada às paradas internacionais e, por essa razão, diversas pessoas a alertam para os perigos de “ser uma artista de nicho”. Mesmo que isso não a tenha impedido – e a tenha transformado num nome importante para a proteção das crianças transgêneros (visto que se assumiu aos 13 anos) -, são poucos os membros da própria comunidade que a conhecem ou que já ouviram falar sobre seu incrível trabalho como ativista e performer.

Pabllo Vittar é outro nome que merece ser mencionado: a drag queen maranhense é um exemplo de “anomalia” artística, ainda mais por ter conseguido alcançar a fama que tem hoje vivendo no país que mais mata LGBTQs no mundo. Enquanto muitos apostavam em seu fracasso, a artista pavimentou seu próprio sucesso e, recentemente, quebrou recordes de premiação e alcançou números estratosféricos de streaming e visualizações – marcando-a com o título de drag queen mais famosa do mundo. Ainda assim, Vittar já comentou que sofre boicotes nos mais diversos setores do entretenimento e, apesar disso, jamais deixou de lutar para conseguir seu espaço nas principais mídias (fazendo história ao lado de Frank Ocean ao confirmar um show no Festival Coachella 2020).

Kim Petras na promoção de seu mais recente EP, ‘TURN OFF THE LIGHT’

Dentre diversos outros nomes que mereciam um espaço de apreciação em meio a tantas explosões mainstream, posso citar Tom Goss, Angel Haze, Courtney Barnett, Syd, Gavin Rayna Russom, SOPHIE, Shura, PVRIS, artistas que podem ser relembrados por uma ou duas pessoas, mas que definitivamente não têm o mesmo espaço que Beyoncé e Jay-Z (que foram condecorados no ano passado pelo GLAAD Vanguard Award) ou Shonda Rhimes (recipiente do GLAAD Golden Gate Award).

Não se enganem: toda ajuda é bem-vinda e passível de agradecimento pela cessão de espaços aos membros da nossa comunidade. Porém, isso não muda o fato de que a própria comunidade LGBTQ+ não se conhece e perde a chance de “se dar uma chance”. Nossas Janelle Monaés e Kim Petras e Syds e SOPHIEs precisam de mais visibilidade – e de mais reconhecimento pelas lutas que erguem e que, normalmente, passam fora do radar.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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2006. Liza Minnelli, há muito tempo, havia se consagrado como um ícone LGBTQ+, seguindo os passos da mãe, Judy Garland. Abrindo-se em uma entrevista para o Broadway.com, Minnelli comentou que utilizou a fama que conseguiu com suas icônicas performances nos palcos e nas telonas para promover mudanças radicais no cenário queer dos anos 1980 e 1990 – ainda mais com a crescente crise do HIV/AIDS que erroneamente se restringia à própria existência das pessoas não-heterossexuais e não-conformativas.

A performer percebeu que algo deveria ser feito quando, ao convidar Rock Hudson para um concerto ao lado de Elizabeth Taylor, percebeu que o amigo de longa data estava diferente e, como diziam as más línguas, ele estava “com aquela nova doença” (frase mergulhada num tom de desprezo insuportável até os dias de hoje). “Nós temos que fazer alguma coisa. Isso está fora de questão que as pessoas estão sendo tratadas desse jeito”, Taylor lhe falou – o que deu início a uma profunda arrecadação monetária que contribuiu para a busca de tratamentos menos dolorosos e paliativos para os diagnosticados. Não é surpresa que Taylor foi condecorada com o GLAAD Vanguard Awardem 2000, enquanto Minnelli levava para casa a estatueta em 2005.

Da esqueda para a direita, Elizabeth Taylor e Liza Minnelli

2011. A vencedora do Tony Award Kristin Chenoweth era honrada com o GLAAD Media Awards por sua significante trajetória como apoiadora dos direitos LGBTQ+, participando da Marcha pela Igualdade em outubro de 2009 e levantando a bandeira para defender seus colegas de profissão em meio a um boicote na indústria do entretenimento.

1990. Em meio ao desespero social por conta da AIDS, Madonna mostra-se ainda mais a favor da comunidade queer ao reclamar para si a dança conhecida como vogue e lançá-la através de uma das músicas mais memoráveis da história. A canção, que ficou várias semanas no topo das paradas internacionais, popularizou a cultura transexual do Harlem e do Brooklyn cultivada desde os anos 1970 e, devido ao seu extenso trabalho para nos apoiar, levou para casa o GLAAD Advocate for Change Award em 2019 (um tanto quanto tarde demais, se querem saber a opinião deste que vos fala, mas ao menos seu reconhecimento ocorreu).

“O primeiro gay que conheci foi a primeira pessoa que acreditou em mim”, Madonna aceitando o Advocate for Change Award em 2019

2009. Lady Gaga, o último grande ato da música pop, despeja nas paradas mainstream a cultura LGBTQ+ e, desde então, nunca deixou de apoiar aqueles que lhe trouxeram tanta vida e tanta beleza. Um dos pilares da indústria fonográfica contemporânea, Gaga lançou a bíblica produção ‘Born This Way’ em 2011 e, um ano depois, desafiou o governo moscovita a prendê-la após um poderoso discurso de autoaceitação na Rússia (“eu não dou a mínima para o que as pessoas dizem”, ela gritou para uma multidão de little monsters). Não é surpresa que a artista tenha levado dois prêmios GLAAD de Melhor Artista Musical.

2019. Taylor Swift alfineta basicamente todo mundo com o lançamento de “You Need to Calm Down” e, pouco depois, fez um discurso pela igualdade durante a última edição do VMA, além de ter lançado uma petição para proteger a comunidade em questão da discriminação em seus locais de trabalho, em suas casas, escolas e outras acomodações públicas. Chegando a quase 600 mil assinaturas, a artista vencedora de dez Grammy Awards será a próxima receptora do GLAAD Vanguard Award, cuja cerimônia ocorre no próximo dia 19 de março.

Lady Gaga no Born This Way Ball em Moscou, Rússia

Entre as centenas de nomes que expressaram seu apoio à diversidade sexual contra ações homofóbicas que nos últimos anos vêm ganhando mais força devido à ascensão de governos extremistas e conservadores, é inegável dizer que a comunidade LGBTQ+ se vê cada vez mais reclamando por seu trono nos holofotes da cultura mainstream, trilhando um longo e árduo caminho para que seu estilo, seu modo de vida e sua transbordante cultura fosse ouvida e respeitada assim como qualquer outra. Entretanto, a luta ainda permanece e, mesmo com esse considerável aparecimento, são poucos os nomes dentro da comunidade que alcançam um patamar considerável assim como tantos outros artistas.

Criado em 1990, os GLAAD Media Awards existem para “reconhecer e homenagear as representações justas, rigorosas e inclusivas da comunidade LGBT e de questões que afetam as suas vidas nos meios de comunicação” e, mesmo reunindo diversos aliados para essa importante causa social, a porcentagem de vencedores de categorias especiais (ou seja, que não fazem parte da competição) ainda é menor do que a esperada e respalda apenas alguns nomes, como Ellen DeGeneres, Ian McKellen, John Waters e Rufus Wainwright. No prospecto geral, percebe-se que os membros da esfera do entretenimento cuja orientação é heterossexual ganham maior palanque – pelo motivo de estarem mais inclinados a ascender aos holofotes e terem maior destaque na mídia.

Ellen DeGeneres recebendo o prêmio honorário Carol Burnett no Golden Globes 2020

Em outras palavras, o ano de 2020 ainda não significa uma imensa ruptura e a concretização de uma igualdade de oportunidades defendida há tantas décadas – pelo contrário, se endossa como uma faca de dois gumes. Enquanto nomes como Julianne Moore, Robert De Niro e Debra Messing mostram que o respeito à diversidade e a propagação do reconhecimento e do auxílio à cultura queer é imprescindível e muito bem-vindo (levando em conta principalmente que caminhamos todos para um futuro melhor e mais assertivo), ofusca certos nomes que poderiam ter maior preponderância – e que fazem o mesmo tanto (senão mais) que aqueles que já conhecemos e que já têm o nosso apoio incondicional.

Janelle Monáe, conhecida por sua incrível discografia e sua participação de diversos longas-metragens mainstream, é um exemplo disso: assumindo-se como pansexual alguns anos atrás e deixando isso bem claro com “Make Me Feel” (‘Dirty Computer’, 2018), sua participação dentro do ativismo LGBTQ+ data de muito antes e permanece como uma das marcas de sua identidade artística – afinal, ela própria ergue-se como um monumento de resistência ao ser uma mulher negra queer nos Estados Unidos de Trump.

Janelle Monaé no videoclipe da música “Make Me Feel”

Kim Petras, que tornou-se um ícone do industrial pop com seus trejeitos vanguardistas, é uma artista germânica transexual que vem sofrendo boicotes desde sua sutil chegada às paradas internacionais e, por essa razão, diversas pessoas a alertam para os perigos de “ser uma artista de nicho”. Mesmo que isso não a tenha impedido – e a tenha transformado num nome importante para a proteção das crianças transgêneros (visto que se assumiu aos 13 anos) -, são poucos os membros da própria comunidade que a conhecem ou que já ouviram falar sobre seu incrível trabalho como ativista e performer.

Pabllo Vittar é outro nome que merece ser mencionado: a drag queen maranhense é um exemplo de “anomalia” artística, ainda mais por ter conseguido alcançar a fama que tem hoje vivendo no país que mais mata LGBTQs no mundo. Enquanto muitos apostavam em seu fracasso, a artista pavimentou seu próprio sucesso e, recentemente, quebrou recordes de premiação e alcançou números estratosféricos de streaming e visualizações – marcando-a com o título de drag queen mais famosa do mundo. Ainda assim, Vittar já comentou que sofre boicotes nos mais diversos setores do entretenimento e, apesar disso, jamais deixou de lutar para conseguir seu espaço nas principais mídias (fazendo história ao lado de Frank Ocean ao confirmar um show no Festival Coachella 2020).

Kim Petras na promoção de seu mais recente EP, ‘TURN OFF THE LIGHT’

Dentre diversos outros nomes que mereciam um espaço de apreciação em meio a tantas explosões mainstream, posso citar Tom Goss, Angel Haze, Courtney Barnett, Syd, Gavin Rayna Russom, SOPHIE, Shura, PVRIS, artistas que podem ser relembrados por uma ou duas pessoas, mas que definitivamente não têm o mesmo espaço que Beyoncé e Jay-Z (que foram condecorados no ano passado pelo GLAAD Vanguard Award) ou Shonda Rhimes (recipiente do GLAAD Golden Gate Award).

Não se enganem: toda ajuda é bem-vinda e passível de agradecimento pela cessão de espaços aos membros da nossa comunidade. Porém, isso não muda o fato de que a própria comunidade LGBTQ+ não se conhece e perde a chance de “se dar uma chance”. Nossas Janelle Monaés e Kim Petras e Syds e SOPHIEs precisam de mais visibilidade – e de mais reconhecimento pelas lutas que erguem e que, normalmente, passam fora do radar.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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