Os serviços de streaming cresceram muito desde sua criação na década passada, e caíram no gosto do público de forma avassaladora. Ao ponto de o questionamento sobre a ameaça ao futuro das salas de cinema vir constantemente à pauta dos especialistas. Sim, muitos conferem o fim das vídeo locadoras ao advento destas plataformas, e os mais pessimistas sofrem com a possibilidade do destino dos cinemas. O ano de 2020 não ajudou muito a causa, fechando “o mundo” devido à pandemia, as salas de exibição foram um setor maltratado, muitas não conseguindo se reerguer mais.
Nesta brincadeira amarga do destino, um setor do entretenimento que prosperou durante a quarentena foi justamente os canais de streaming – propícios para assistirmos a filmes e séries no conforto de nossas casas. Grande parte das produções lançadas em 2020 estrearam em tais serviços, e as que não foram exclusivamente planejadas para tais formatos, foram compradas por eles, a fim de ganharem sobrevida. Será este realmente o futuro? Por enquanto sim. E aqui nesta matéria iremos adereçar os filmes da maior plataforma da atualidade, que igualmente se mostra a maior produtora de conteúdo original para streaming: a Netflix.
Como a Netflix hoje é sinônimo de cinema, nada mais natural que nossa costumeira matéria sobre os melhores e piores filmes do ano seja voltada em 2020 para as produções originais da plataforma. Sendo assim, aqui começaremos com a parte inferior para depois subir. Esta é a lista menos glamorosa da dobradinha. Esses são os 10 piores filmes originais da Netflix em 2020 (Ps. Para a empreitada tiramos uma média entre as avaliações da crítica e do público, então esta não é uma opinião unicamente do CinePOP). Confira abaixo.
10 | Troco em Dobro
Quinta colaboração nas telas entre o ator Mark Wahlberg e o diretor Peter Berg desde 2013, este é o primeiro filme da dupla lançado direto para streaming. Esta é a adaptação para as telas dos famosos livros envolvendo o detetive Spenser, escritos pelo autor Robert B. Parker. Curiosamente, os mais velhos irão lembrar da série dos anos 1980, Spenser: For Hire, que durou três temporadas e trouxe pela primeira as aventuras do personagem dos livros para a TV. Troco em Dobro foi lançado em março e certamente planejado como franquia. Embora o público tenha tido certo apreço, os críticos não engoliram, afirmando que o humor não funciona e que o resultado é um buddy cop genérico.
09 | Era uma Vez um Sonho
Outro que caiu bem mais nas graças do público do que da crítica. Esse fracasso com os especialistas pode ser um fator decisivo na época de indicações ao Oscar – até mesmo para as atuações de Amy Adams e Glenn Close, que geraram certo falatório de nomeações, e de fato são o melhor deste longa dirigido por Ron Howard (cineasta que não está em sua melhor fase). Na trama, as prestigiadas estrelas são parte de uma família problemática de “caipiras”, daí o título original. Os críticos citam as aspirações de Oscar do filme, mas o igualam a um melodrama sem tempero.
08 | A Missy Errada
Nos dois primeiros itens da lista até tínhamos certo prestígio, com bons atores e diretores renomados. Mas aqui, em oitava posição, temos um filme protagonizado por David Spade, Rob Schneider e Nick Swardson, e produzido por Adam Sandler, ou seja… Aqui também temos um longa no qual crítica e público parecem concordar mais, demonstrando o pouco amor de ambos pela obra. A crítica até elogia o desempenho da atriz Lauren Lapkus (a Missy do título), mas chama a comédia de preguiçosa, garantindo agradar somente os ávidos fãs dos filmes de Sandler e seu “bando”.
07 | Um Amor, Mil Casamentos
Remake de uma produção francesa de 2012, esta comédia romântica usa a fórmula de Feitiço do Tempo (1993), onde o mesmo dia se repete inúmeras vezes, centrando a trama inteiramente em um casamento – cenário comum e propício para este tipo de história. O protagonista é Sam Claflin, que durante o casamento da irmã, precisa se certificar que tudo ocorra da melhor forma possível, apesar dos inúmeros imprevistos. No elenco, Freida Pinto e Olivia Munn. O público e os críticos parecem alinhados neste também, com os especialistas afirmando que nem mesmo o cenário ou o belo elenco conseguem trazer atrativo para o filme, que usa e abusa das conveniências do gênero.
06 | A Barraca do Beijo 2
Como diz o ditado: um raio não cai no mesmo lugar duas vezes. Ou quem sabe caia ainda com mais força, já que o público-alvo desta franquia da Netflix parece se esbaldar a cada novo filme, com um terceiro já em fase de pós-produção para a estreia em 2021. É, parece que a Netflix achou seu próprio Crepúsculo ou 50 Tons de Cinza – leia-se filmes execrados por críticos e público, mas com uma feroz base de fãs. Coincidentemente, aqui também temos uma produção baseada num livro, mas este bem adolescente. No lado positivo, esta primeira sequência recebeu uma avaliação melhor com os críticos do que o original. Apesar disso, foi considerado um filme desajeitado, com apenas o desempenho da menina Joey King a se elogiar.
05 | O Limite da Traição
Como dito no início do texto, a Netflix se parece cada vez mais com o circuito cinematográfico – o gigante do audiovisual produz obras de todos os gêneros, voltados a todo tipo de público. Assim, na lista dos piores, não faltou lugar para Adam Sandler (que para a surpresa de muitos não emplacou com O Halloween do Hubie, mas com A Missy Errada) e Tyler Perry, dois grandes alvos dos críticos. Quem chega agora é justamente o segundo, com seu mais recente drama. O tema? Acertou quem disse um melodrama travestido de suspense, sobre uma mulher enganada por um homem canalha. Os especialistas avaliaram o mais recente trabalho do cineasta como um dramalhão dono de reviravoltas engraçadas. Sendo assim, esperem algo do nível do hilário Acrimônia.
04 | Duas por Uma
Mal chegou e este novo filme estrelado pela querida Drew Barrymore já encontrou lugar na lista. Comprado pela Netflix, Duas por Uma estreou no dia 11 de dezembro nos cinemas dos EUA, caindo no catálogo da empresa na semana seguinte em diversos países do mundo, como no Brasil. Por enquanto nem todos tiveram a oportunidade de assistir e em breve pode ser que a visão do público sobre o filme melhore – conforme mais espectadores forem assistindo. Mas até o momento, os que puderam conferir não caíram de amores por este filme onde Barrymore interpreta dois papeis, uma atriz amargurada e sua dublê. E pensar que a estrela não fazia um filme há cinco anos. Segundo os especialistas, apesar do comprometimento de Barrymore com o material, o filme luta para encontrar humor numa premissa que possui grande potencial cômico.
03 | Coffee & Kareem
Produzido e estrelado pelo humorista Ed Helms, o Stu da franquia Se Beber, Não Case, este filme se comporta como um buddy cop, no qual um dos parceiros é uma criança. No filme, Helms vive um policial, iniciando um relacionamento com a indicada ao Oscar Taraji P. Henson (O Curioso Caso de Benjamin Button). Acontece que ela é mãe de um pré-adolescente, o menino Kareem (Terrence Little Gardenhigh), que não está nada feliz com a situação. O garoto contrata um criminoso para assustar o policial, mas o tiro acaba saindo pela culatra e os dois (policial e menino) precisam se unir após ficarem na mira do maior traficante da cidade. Segundo os críticos, o filme é uma mistura estranha entre algo mirado para as crianças, mas dono de um humor adulto – se tornando uma comédia desanimadora.
02 | Ava
Mais conhecido como “a Atômica de Jessica Chastain”, este thriller de ação e espionagem traz a estrela duas vezes indicada ao Oscar no papel de uma matadora profissional, com sérios problemas pessoais com a bebida, a mãe, a irmã e o ex-namorado. O elenco é grandioso e as cenas de ação funcionam de forma realista, donas de certa violência gráfica. Dirigido por Tate Taylor, que indicou Chastain ao Oscar pela primeira vez (em Histórias Cruzadas), o longa falhou em emplacar no gosto do público e dos críticos. Segundo os jornalistas, o potencial do filme era grande, assim como o elenco renomado sempre confiável, porém, nem mesmo eles puderam salvar a história enfadonha e repleta de clichês que os deram para trabalhar.
01 | A Última Coisa que Ele Queria
Jessica Chastain e Anne Hathaway já viram dias melhores, e até mesmo colaboraram em projetos melhores, como Interestelar (2014), superprodução de Christopher Nolan. As duas dividem agora a dobradinha dos piores filmes da Netflix em 2020, ocupando as primeiras posições do ranking. Enquanto Chastain chega do fracasso X-Men: Fênix Negra (2019), Hathaway precisa ter uma conversinha mais urgente com o manager de sua carreira – depois de um 2019 onde figuraram em sua filmografia obras como Calmaria e As Trapaceiras. O que chama atenção neste longa sobre uma jornalista investigando um caso e se deparando com seu próprio pai no centro da história, é a direção da talentosa cineasta Dee Rees, que havia feito muito sucesso com seu filme anterior: Mudbound – Lágrimas Sobre o Mississipi (2017). Que ela e Hathaway tenham dias melhores. Segundo os críticos, será a última coisa que a maioria dos espectadores irá querer, também.