Pânico (2022), o quinto exemplar da franquia de terror iniciada em 1996 por Wes Craven e Kevin Williamson, está em cartaz nos cinemas brasileiros e pelo mundo causando grande comoção por parte dos fãs, e recebendo elogios da imprensa. O mais recente capítulo não conta com direção de Craven (falecido em 2015), sendo o primeiro comandado por outros cineastas, ou texto de Williamson; mas traz de volta o trio de protagonistas interpretados por Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette, além de apresentar todo um novo elenco de nomes formados por Melissa Barrera, Jack Quaid e Dylan Minnette.
Para festejar este novo sucesso que é o quinto Pânico, abrindo com chave de ouro a temporada de lançamentos de 2022, resolvemos criar uma nova matéria focada na franquia de terror. Aqui iremos apontar as mortes mais fracas, desnecessárias ou que não causaram o impacto planejado nos quatro primeiros filmes da franquia – para ainda não darmos spoilers sobre quem morre e quem fica vivo no quinto filme. O que isso significa? Dizem que um filme de terror só causa efeito verdadeiramente quando nos importamos com os personagens e se conseguem sobreviver ou não ao desfecho do longa. E Pânico faz isso muito bem, criando personagens identificáveis que torcemos para sobreviver. Porém, conforme as continuações precisaram ficar maiores, mais assustadoras e sangrentas, o número de mortes também precisou aumentar e assim ganhamos aquelas cenas que parecem apenas “preencher tabela”. Confira abaixo e não esqueça de comentar.
10) Steve
Quem? Essa é a pergunta que você deve estar se fazendo agora. Mas saiba você, querido leitor, que o personagem Steve, interpretado pelo ator Kevin Patrick Walls é importantíssimo para a franquia Pânico, já que ele foi oficialmente a primeira morte a acontecer no filme original de 1996. Steve é o namorado de Casey Becker, papel de Drew Barrymore – creditada por todos como a primeira vítima do psicopata Ghostface. Casey é a primeira vítima famosa, graças à sua intérprete. Mas antes de morrer, enquanto participava do jogo sádico do assassino, a pobre moça precisa encarar o fato de que seu namorado está amarrado no jardim da casa, e saber que foi sua resposta errada sobre filmes de terror o que causou a morte dele, cujas entranhas foram colocadas para fora pelo maníaco. É um momento de grande tensão, e se você se pergunta agora porque esta morte está entre as piores, é somente por uma questão de lógica e construção de cena, pois não vemos o psicopata de fato o matando, mesmo que fosse impossível perder essa – ainda mais do ponto de vista da jovem.
09) Diretor Himbry
O diretor do colégio em que Sidney e os demais personagens adolescentes do Pânico original estudam é interpretado por um verdadeiro veterano. Henry Winkler ficou imortalizado na TV norte-americana por interpretar o personagem Arthur ‘Fonzie’ Fonzarelli, ainda em meados da década de 1970. O personagem foi um verdadeiro ícone da cultura pop, com sua jaqueta de couro, brilhantina no cabelo e jeito bem descolado. De fato, pode ter sido uma homenagem, mas seu personagem em Pânico também compartilha o mesmo primeiro nome, Arthur. Ao contrário do descolado da TV, Winkler interpreta um diretor linha dura, e sua participação especial é marcante, já que o sujeito é visto “descascando” em cima de dois engraçadinhos que se vestiram de Ghostface no colégio. Muitos apontam inclusive que sua reação foi exagerada e que jamais seria aceita nos padrões de hoje. O curioso é que Himbry não morreria originalmente, e sua cena de morte foi encomendada pelo produtor do filme, Harvey Weinstein, já que o longa estava com muito tempo entre mortes. Assim, para “animar” as coisas, Himbry se torna vítima do Ghostface, por mais sem sentido que isso possa parecer.
08) Hallie
No segundo filme, como dizem as regras das sequências, “tudo precisa ser maior”. Assim, seguindo a cartilha, temos mais mortes em Pânico 2, mais sustos e mais ação. Temos também mais personagens negros no segundo filme – já que no original contávamos com um total de zero mesmo. Talvez os produtores tenham ouvido a reclamação dos fãs já naquela época, em meados dos anos 90. Pena que quase todos os atores negros adicionados na trama, aparecem somente para ser descartados. O único que consegue sobreviver é o novo cameraman de Gale, Joel (Duane Martin), e isso porque o sujeito se manda quando os corpos começam a aparecer. Seja como for, esse é o destino cruel de Hallie, a nova melhor amiga de Sidney no filme, que é interpretada pela atriz negra Elise Neal. Muitos podem não saber, mas originalmente Hallie seria uma das assassinas de Pânico 2. O roteiro foi mudado e ela se tornou apenas “a melhor amiga”. Seria legal se Sidney tivesse uma BFF que sobrevivesse para variar e poderia ter sido Hallie. O pior de sua morte é saber que foi basicamente Sidney quem a causou, já que a moça queria ir embora e a protagonista decidiu voltar para o infame “descobrir a identidade do assassino”. Nunca dá certo.
07) Phil Stevens
Uma das sacadas por trás de Pânico 2 é que os assassinos agora estariam “copiando” as mortes do original, e para isso eles escolhiam suas vítimas de acordo com nomes iguais às do primeiro longa. Ou seja, as primeiras três vítimas (o casal no cinema e a personagem de Sarah Michelle Gellar) compartilhavam os nomes com Maureen (a mãe de Sidney), Casey e Steve – o casal que morre na abertura do primeiro Pânico. Tudo bem, o personagem de Omar Epps não se chama exatamente Steve, mas isso é mencionado pela investigação no filme – como sendo um nome próximo ao seu sobrenome. Enquanto a morte de sua namorada Maureen (Jada Pinkett Smith) foi uma das mais épicas e assustadoras da franquia – e que serviu para dar o tom no segundo filme -, a de Phil ocorreu no banheiro masculino e foi causada unicamente por sua curiosidade de colocar o ouvido para escutar o que estava acontecendo na cabine ao lado. É confiar demais na curiosidade alheia. Não bastasse, Ghostface ainda pega a jaqueta do sujeito para se “disfarçar” dele. A cena virou até sátira na comédia Todo Mundo em Pânico (2000).
06) Randy
A morte de Randy é boa e ruim ao mesmo tempo. É triste e impactante por ser um dos personagens mais queridos da franquia, e um que imaginávamos que não morreria tão cedo, justamente por conhecer a fundo todas as regras de filmes de terror. A proposta sem dúvida foi demonstrar que a partir deste as apostas aumentavam e todo mundo poderia morrer. Uma decisão que até mesmo os criadores Wes Craven e Kevin Williamson se arrependeriam depois. No lado negativo, enquanto brinca com alguns dos melhores e mais engraçados diálogos do filme, respondendo perguntas sobre filmes “assustadores” para o assassino – como Showgirls, que havia sido lançado dois anos antes -, Randy (Jamie Kennedy) é puxado para dentro da van de reportagem de Gale sem cerimônia em plena luz do dia. A cena pretendia mostrar também que nenhum lugar estava seguro, como por exemplo, um campus de universidade repleto de estudantes durante o dia. Soa exagerado e parece fazer homenagem ao slasher trash Massacre (Slumber Party Massacre, 1982) – que está sendo refilmado neste momento. Para piorar o tom quase de paródia, enquanto a van balança com o assassinato, um trio de adolescentes passa dançando rap – o ato é tão coordenado que parece que o trio é cumplice do assassino.
05) Kate
A tia de Sidney e mãe de Jill, Kate é interpretada pela veterana duas vezes indicada ao Oscar Mary McDonnell, cujo trabalho mais famoso é Dança com Lobos (1990). Sua participação não é das maiores no filme, e em algum momento podemos até pensar que Kate será esquecida pelo roteiro, como tantos personagens, e conseguirá escapar com vida do novo massacre. Porém, precisando de uma contagem de corpos maior, o quarto Pânico resolve não poupar ninguém, nem mesmo uma senhora de 60 anos. O curioso é a forma que os realizadores escolhem para “dar cabo” da personagem. Aparentemente, Kate e Sidney conseguem fugir do assassino, e Kate bloqueia a porta enquanto a sobrinha pede ajuda. Porém, as duas não contavam com “a astúcia” do psicopata, ou melhor, com o buraco para a entrada de cartas na porta. É por ali que Ghostface dá uma facada bem na nuca da mulher. Um momento verdadeiramente “sorvete na testa”. Pior é pensar que essa morte pode ter sido cometida pela própria filha da personagem.
04) Rebecca
Outra que figurou em Pânico 4, a atriz Alison Brie viveu Rebecca, a agente da carreira de Sidney, que neste episódio havia se tornado escritora. Rebecca é uma personagem não muito marcante, e meio que faz as vezes de Gale no primeiro filme, ou seja, é uma jovem mulher altamente ambiciosa, que se importa mais com números e menos com pessoas. Justamente por isso ganha um chega pra lá da verdadeira Gale, e não marca presença por muito tempo no enredo – fazendo muitos fãs da franquia não lembrarem muito bem dela. Rebecca parece ser mais uma destas vítimas que não adicionam muito, e estão lá só para aumentar os números. Ela é perseguida num estacionamento vazio, e recebe uma facada na barriga. O mais legal de sua morte é a “grande entrada” que realiza ao ser arremessada já morta do alto de um prédio, direto em um carro na frente de todo mundo para não deixar dúvida de que Ghostface estava de volta.
03) Tom Prinze
A melhor coisa de Pânico 3 é a sátira e a crítica que faz ao sistemão de Hollywood e dos grandes estúdios. O terceiro filme, por exemplo, fala sobre o “famoso teste do sofá”, que sempre existiu desde que o entretenimento surgiu, mas recentemente foi exposto com o movimento #metoo. Assim, personagens do filme, a maioria atores dentro do universo dos filmes “A Punhalada”, receberam nomes de atores reais, em ascensão ou que faziam sucesso na época. Angelina Jolie, por exemplo, é uma que ganhou referência dupla, nas personagens Jennifer Jolie e Angelina Tyler. Quem ganhou “homenagem” também foi Freddie Prinze Jr., veterano de Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado. Sua esposa na vida real, Sarah Michelle Gellar, foi uma das vítimas de Pânico 2, e o ator viu seu nome emprestado para Tom Prinze, papel de Matt Keeslar, um dos atores temperamentais e egocêntricos do longa. O destino do sujeito, no entanto, não é dos melhores, já que ele, assim como o personagem de Omar Epps, se deixou levar pela curiosidade e terminou explodido por um vazamento de gás ao ligar seu isqueiro. Isso que é morte mal cheirosa.
02) Steven Stone
Ainda no terceiro e mais fraco episódio da franquia Pânico, chegamos agora a um dos personagens que não é um ator no filme. Steven Stone, papel do grandalhão Patrick Warburton, é um dos melhores personagens do filme, que faz uma boa dupla e exibe química eficiente com sua contraparte, a personagem de Parker Posey, Jennifer Jolie. O sujeito é o guarda-costas pessoal da atriz, e a mima realizando todas as suas vontades, como pegá-la no colo quando ela está se sentindo triste. Entre ele e Dewey surge uma rivalidade, já que o ex-policial está namorando a atriz, que não por coincidência interpreta a ex de Dewey, Gale, no filme dentro do filme. Confuso demais? É a metalinguagem de Pânico fundindo sua mente. Seja como for, Dewey e Stone brigam principalmente pela melhor maneira de proteger Jennifer. E nessa, Stone sai perdendo, já que o assassino, usando um modulador de voz que imita Dewey (uma das novidades do terceiro, logo abandonada), esfaqueia o segurança. É difícil acreditar, porém, que um segurança treinado, e possuindo aquele porte, perderia uma luta para um diretor de cinema. Para arrematar, Stone ainda recebe pancadas de… UMA PANELA na cabeça – o que só contribui para o clima cartunesco do terceiro filme.
01) Angelina
Como citado, a musa Angelina Jolie ganha sua homenagem na franquia Pânico. A atriz ainda não possuía o status de hoje, e estava para se tornar a estrela que é, dando seus passos iniciais nessa caminhada. Uma das personagens que faz referência a ela é Angelina Tyler, atriz de “A Punhalada”, interpretada por Emily Mortimer, que também viria a se tornar uma atriz famosa. O que chama atenção em relação à personagem é que ganhamos diversas pistas ao longo do filme de que Angelina estaria envolvida com os crimes. Quando sua casa explode e Dewey pergunta onde ela estava, sua ausência soa bastante estratégica, e ela logo ganha olhares desconfiados. A dúvida sobre sua honestidade fica ainda mais por um fio quando Sidney a flagra pronta para usar a roupa de Ghostface e ataca-la no banheiro. Por alguma razão, a protagonista engole suas desculpas esfarrapadas ao invés de denunciá-la. No fim, a “morte” de Angelina é uma das mais desinteressantes porque realmente parece simulada. Se você também pensou isso durante o filme, saiba que está certo. Pois os realizadores e o próprio Craven confessaram que o terceiro contaria com dois assassinos, e que um deles era de fato Angelina. A emenda deixou tudo desconjuntado.