Fã desde pequeno dos livros do escritor J. R. R. Tolkien, o diretor Peter Jackson cansou de esperar algum outro nome conhecido transportar das páginas para a tela o universo fantástico criado por Tolkien. Foi só nos anos 90 que o diretor cansou de esperar e decidiu correr atrás dos direitos da adaptação. Após conseguir os direitos em 1995 a New Line Cinema deu sinal verde para a produção de três filmes baseados na obra ‘O Senhor dos Anéis‘. O custo era alto, Peter Jackson até então não era um nome muito conhecido e o fracasso da adaptação poderia levar o estúdio a falência. Resultado: os três filmes da série ‘O Senhor dos Anéis‘ (lançados entre 2001 e 2003) somaram mais de 2 bilhões de dólares em bilheteria e 32 indicações ao Oscar. Uma trilogia CONSAGRADA.
Anos mais tarde a Warner anunciou que os direitos de adaptação do livro ‘O Hobbit‘ estavam disponíveis e que o diretor Guilhermo Del Toro (do ótimo O Labirinto do Fauno) estaria envolvido na direção, e que o livro seria dividido em ”Parte 1” e ”Parte 2”. Após alguns atrasos para começar a rodar a produção, Guilhermo decidiu passar o cargo de diretor para outro cineasta! E ninguém melhor que Peter Jackson para reassumir o cargo.
Foi então que Peter e a Warner decidiram transformar um livro de 200 páginas em 3 filmes, com 3 horas cada (fazendo a junção perfeita da mente sem limites de Jackson e dos cofres cheios da Warner – a velha história do unindo o útil ao agradável) – Eis que depois de muito ”mimimi” chega aos cinemas o final da trilogia ‘O Hobbit‘, iniciada em ”Uma Jornada Inesperada”, lançado em 2012, seguido por ‘A Desolação de Smaug‘, 2013. Embora mesmo que alguns fãs tenha gostado do acréscimo nos dois primeiros longas, o diretor acabou deixando algumas pontas soltas no último filme da saga, ‘A Batalha dos Cinco Exércitos‘.
Diferente dos filmes anteriores, este não começa com uma cena de flashback e vai direto ao ponto, onde terminou o segundo filme, com o terrível Smaug indo atacar a Cidade Lago. Os primeiros dez minutos são de tirar o fôlego, o duelo entre o arqueiro Bard e o dragão Smaug coloca o cinema em chamas. Depois disso o filme toma um outro rumo, mais obscuro, lembrando um pouco o tom de ‘O Senhor dos Anéis‘.
A preparação para a grande batalha do título é tensa, e existem ótimos momentos entre Thorin Escudo de Carvalho e Bilbo Bolseiro – dois ótimos personagens que serão lembrados nessa trilogia. Outra cena muito bacana é do encontro de Elrond, Saruman e Galadriel nas ruínas de Dol Guldur. Galadriel teve sua MELHOR CENA de toda a série. FANTÁSTICA.
Como prometido, Peter nos entrega os 45 minutos da batalha dos cinco exércitos do título. Cenas de ação de tirar o fôlego, coreografias muito bem feitas, efeitos especiais de primeira e emoção a flor da pele. Embora não chegue aos pés da épica batalha nos Campos do Pellenor vista em ‘O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei‘.
O grande problema deste novo filme que encerra a trilogia da Terra-Média se encontra no final (Não irei entregar SPOILERS aqui). A impressão que tive é que ao longos dos primeiros filmes muito foi inventado para incrementar a história, e chegou no último e Jackson ficou com ‘preguiça’ de finalizar os arcos dos personagens. Diferente do que ele fez no final de ‘O Retorno do Rei‘, onde tudo foi muito bem finalizado. ‘A Batalha dos Cinco Exércitos‘ termina e você saí do cinema tremendo por causa da ótima batalha, mas chegando em casa você irá perceber que várias coisas não foram de fato ”encerradas”. Jackson vem trabalhando nessas adaptações desde 1995, e a impressão que fiquei no final foi a de um diretor cansado. Ainda sim, mesmo tendo nos entregado um ”final preguiçoso”, Peter merece aplausos pela conclusão geral de ambas trilogias, seja por sua visão fantástica das obras, ou pela riqueza de detalhes em cada armadura, criatura, árvore ou musgo visto em cada pedra.
Nos resta agora aguardar pela versão estendida de ‘A Batalha dos Cinco Exércitos‘ (que terá 30 minutos a mais de filme e será lançado em dvd e blu-ray em Novembro de 2015) e esperar que algumas respostas quanto ao final deste último filme sejam respondidas.
[SPOILERS A SEGUIR]
Algumas coisas que ficaram em aberto nesse último filme foram: a relação entre o dragão Samug e o senhor do Escuro Sauron citada no segundo filme, assim como o pai do Thorin que apareceu numa cena estendida mas que foi ignorado do último filme. Saruman x Sauron??? Cadê a continuação desse duelo? Cadê o Sauron corrompendo ele? Porque Azog, o Profano, estava reunindo os sete anéis dos senhores anões? O que realmente aconteceu com Thranduil, o pai do Legolas? Que final teve a elfa Tauriel? O que aconteceu com a Pedra Arken? Quem se tornou Rei sob a montanha?
Quem sabe na versão estendida (que será lançada em Novembro do ano que vem) eu tenha respostas para essas perguntas. Tio Peter, eu te admiro muito, mas você ficou com preguiça de terminar este filme!