O editor-chefe Renato Marafon entrevistou os astros Peter Lanzani e Alejandra Flechner durante o Festival do Rio. Eles vieram ao país promover o lançamento de ‘Argentina, 1985’, que já está disponível na Prime Video para todos os assinantes.
O filme foi o escolhido para representar o país no Oscar 2023 de Melhor Filme Estrangeiro.
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‘Argentina, 1985’ estreia para o mundo no exato dia em que o processo judicial começou, trinta e sete anos antes, em 21 de outubro, e celebrando os 35 anos da democracia no país. Esse período sinaliza também que os bebês e crianças daquela época são hoje adultos, formando suas próprias famílias, o que demonstra a importância do cinema em não deixar as gerações atuais e futuras esquecerem os horrores do passado. Nesse sentido, o filme funciona como importante ferramenta contra o memoricídio social que anda ameaçando tomar conta dos países latino-americanos nos últimos anos.
Partindo de um tema tão sensível e importante, o roteiro de Mariano Llinás e Santiago Mitre faz escolhas pessoais para não mergulhar tanto no dolorido drama social. Assim, das duas horas e vinte minutos de produção, boa parte acompanha os dilemas individuais do promotor Strassera, desde sua paranoia com relação ao namorado da filha, passando por sua busca em montar uma equipe de advogados assistentes para compor o caso e, por fim, as múltiplas ameaças sofridas por sua família por conta do julgamento. Por acompanharmos constantemente o protagonista, perdemos um pouco do envolvimento com o contexto social, que entra muito timidamente no enredo a partir do personagem de Peter Lanzani, um advogado cuja família é militar. Para quem não é argentino, chega a ser um pouco difícil de acompanhar. Por outro lado, o roteiro consegue dar emoção extrema a dois momentos-chave do filme: o depoimento dramático de uma mãe que deu a luz em um camburão militar, e a acusação final, feita pelo promotor Strassera. Esses dois momentos, cujas emoções são irresistíveis, podem ser suficientes para garantir a presença do filme como concorrente os Oscar de Filme Estrangeiro e, quem sabe, também para Darín, como Melhor Ator. Seria um reconhecimento merecido.