sábado, abril 27, 2024

Pobres Criaturas de Yorgos Lanthimos com Emma Stone ganha Leão de Ouro [Veneza 2023]

Presidido por Damien Chazelle (Babilônia), o júri da 80ª edição do Festival de Cinema de Veneza condecorou Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos, neste sábado, 9 de setembro, durante a cerimônia de encerramento. Marcado pela greve em Hollywood e o convite de controversos cineastas, o evento também premiou três filmes centrados em dramas relacionados à crise dos migrantes na Europa.

Leão de Ouro 2023

Após grandes participações em festivais com seus filmes chocantes e originais, o cineasta grego Yorgos Lanthimos recebeu, enfim, o reconhecimento das suas obras tão peculiares. Aclamado por Dente Canino (2009), O Lagosta (2015) e A Favorita (2018), o diretor grego apresentou em Veneza, uma espécie de Frankenstein feminino, fantástico e barroco, em grande parte em preto e branco, com uma mensagem sobre como os padrões pesam sobre as mulheres.

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Estrela e produtora do longa, Emma Stone interpreta uma criatura sincera em passagem por sua educação sentimental e sexual. Por conta da greve em Hollywood, a atriz não compareceu ao evento, mas esteve presente no discurso de agradecimento do diretor, o qual afirmou a impossibilidade do projeto sem a “criatura incrível” Emma Stone para viver a protagonista Bella Baxter.

Por conta da greve, Pobres Criaturas previsto para chegar aos cinemas brasileiros este ano foi adiado para 1° fevereiro de 2024.

Migração é tema de títulos premiados

Com um governo de extrema direita na presidência italiana, o júri levantou a bandeira de uma das principais crises políticas do século XXI na Europa e premiou filmes que denunciam o destino reservado aos migrantes no continente. 

A começar pelo prêmio especial do jùri para Fronteira Verde (Green Border), da proeminente diretora polaca Agnieszka Holland. O filme mostra a trágica sina dos migrantes da Síria, Afeganistão e África, enviados entre a Polónia e a Bielorrússia em 2021, prisioneiros de um jogo diplomático fora de seu controle.

O estreante senegalês Seydou Sarr recebeu o prêmio de Artista Mais Promissor por seu papel como um jovem migrante que atravessa a África e o Mediterrâneo arriscando a vida para chegar à Itália, em Eu, Capitão (Io Capitano), de Matteo Garrone

O longa também conquistou o Leão de Prata de melhor direção para o cineasta italiano. Em seu discurso de agradecimento, Matteo Garrone declarou: “através deste filme tentei dar voz a quem normalmente não a tem”. 

Não deixe de assistir:

Dois estadunidenses melhores intérpretes

Aos 25 anos, em seu primeiro papel de destaque, Cailee Spaeny recebeu o troféu Copa Volpi de melhor performance feminina como a esposa do rei do rock, Priscilla Presley, na cinebiografia Priscilla, de Sofia Coppola. Já do lado masculino, Peter Sarsgaard, contracenando com Jessica Chastain, conquistou o jùri na pele de Saul, um homem que sofre de demência, no longa Memória (Memory), do mexicano Michel Franco (Depois de Lúcia).

Cailee Spaeny no Festival de Veneza 2023

Embora muitas estrelas de Hollywood não pudessem viajar a Veneza durante a greve, ambos os vencedores subiram ao palco para receber seus troféus. Peter Sarsgaard manifestou o seu apoio à greve e atacou o uso da inteligência artificial em trabalhos artísticos e profetizou um futuro sombrio:

“Se perdermos esta batalha, a nossa indústria será apenas a primeira de muitas a cair, a medicina ou a condução da guerra poderiam, por sua vez, ser confiadas à inteligência artificial, que abre caminho às atrocidades”, alertou o ator de 52 anos.

Movimentos Políticos no Festival

Apesar da presença de Adam Driver e Jessica Chastain, por exemplo, o festival sentiu a pressão — em discursos e ausências — do impasse entre os artistas e os grandes estúdios dos Estados Unidos. Os discursos feministas também se apresentarem contra as homenagens concedidas pelo festival a artistas visados pelo movimento #MeToo, que denuncia a violência sexista e sexual contra as mulheres na indústria. 

Peter Sarsgaard ganha troféu de Melhor Interpretação Masculina em Veneza

Em competição com Dogman, Luc Besson lida com acusações de estupro na Bélgica e o processo de julgamento foi adiado pela justiça este ano. Já Woody Allen, excluído da indústria cinematográfica americana e não processado, apresentou seu 50º filme, Golpe de Sorte, o primeiro rodado em francês, fora de competição. 

O caso mais polêmico é a presença novamente de Roman Polanski —  ele esteve na seleção em 2019 —, com O Palácio, também fora de competição. O cineata franco-polaco foge da justiça americana há mais de 40 anos após uma condenação por relações sexuais com uma menor e, por isso, ele não comparece a prêmios e festivais.

Leia também: Festival de Veneza | Roman Polanski amarga 0% no Rotten Tomatoes com O Palácio

Ganhadores da 80° Festival de Cinema de Veneza

Leão de Ouro: Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos

Leão de Prata Grande Prêmio do Júri:  O Mal Não Existe (Evil Does Not Exist), de Ryûsuke Hamaguchi 

Leão de Prata de Melhor Direção: Matteo Garrone, por Eu, Capitão

Prêmio de Melhor Cenário: Pablo Larraín e Guillermo Calderón, por El Conde

Copa Volpi Melhor Interpretação Feminina: Cailee Spaeny, por Priscilla

Copa Volpi Melhor Interpretação Masculina: Peter Sarsgaard, por Memória

Prêmio Marcello Mastroianni de Artista mais promissor: Seydou Sarr, por El Conde

Prêmio Especial do Júri: Fronteira Verde, de Agnieszka Holland

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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