sexta-feira, julho 26, 2024

Pobres Criaturas de Yorgos Lanthimos com Emma Stone ganha Leão de Ouro [Veneza 2023]

Presidido por Damien Chazelle (Babilônia), o júri da 80ª edição do Festival de Cinema de Veneza condecorou Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos, neste sábado, 9 de setembro, durante a cerimônia de encerramento. Marcado pela greve em Hollywood e o convite de controversos cineastas, o evento também premiou três filmes centrados em dramas relacionados à crise dos migrantes na Europa.

Leão de Ouro 2023

Após grandes participações em festivais com seus filmes chocantes e originais, o cineasta grego Yorgos Lanthimos recebeu, enfim, o reconhecimento das suas obras tão peculiares. Aclamado por Dente Canino (2009), O Lagosta (2015) e A Favorita (2018), o diretor grego apresentou em Veneza, uma espécie de Frankenstein feminino, fantástico e barroco, em grande parte em preto e branco, com uma mensagem sobre como os padrões pesam sobre as mulheres.

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Estrela e produtora do longa, Emma Stone interpreta uma criatura sincera em passagem por sua educação sentimental e sexual. Por conta da greve em Hollywood, a atriz não compareceu ao evento, mas esteve presente no discurso de agradecimento do diretor, o qual afirmou a impossibilidade do projeto sem a “criatura incrível” Emma Stone para viver a protagonista Bella Baxter.

Por conta da greve, Pobres Criaturas previsto para chegar aos cinemas brasileiros este ano foi adiado para 1° fevereiro de 2024.

Migração é tema de títulos premiados

Com um governo de extrema direita na presidência italiana, o júri levantou a bandeira de uma das principais crises políticas do século XXI na Europa e premiou filmes que denunciam o destino reservado aos migrantes no continente. 

A começar pelo prêmio especial do jùri para Fronteira Verde (Green Border), da proeminente diretora polaca Agnieszka Holland. O filme mostra a trágica sina dos migrantes da Síria, Afeganistão e África, enviados entre a Polónia e a Bielorrússia em 2021, prisioneiros de um jogo diplomático fora de seu controle.

O estreante senegalês Seydou Sarr recebeu o prêmio de Artista Mais Promissor por seu papel como um jovem migrante que atravessa a África e o Mediterrâneo arriscando a vida para chegar à Itália, em Eu, Capitão (Io Capitano), de Matteo Garrone

O longa também conquistou o Leão de Prata de melhor direção para o cineasta italiano. Em seu discurso de agradecimento, Matteo Garrone declarou: “através deste filme tentei dar voz a quem normalmente não a tem”. 

Dois estadunidenses melhores intérpretes

Aos 25 anos, em seu primeiro papel de destaque, Cailee Spaeny recebeu o troféu Copa Volpi de melhor performance feminina como a esposa do rei do rock, Priscilla Presley, na cinebiografia Priscilla, de Sofia Coppola. Já do lado masculino, Peter Sarsgaard, contracenando com Jessica Chastain, conquistou o jùri na pele de Saul, um homem que sofre de demência, no longa Memória (Memory), do mexicano Michel Franco (Depois de Lúcia).

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Cailee Spaeny no Festival de Veneza 2023

Embora muitas estrelas de Hollywood não pudessem viajar a Veneza durante a greve, ambos os vencedores subiram ao palco para receber seus troféus. Peter Sarsgaard manifestou o seu apoio à greve e atacou o uso da inteligência artificial em trabalhos artísticos e profetizou um futuro sombrio:

“Se perdermos esta batalha, a nossa indústria será apenas a primeira de muitas a cair, a medicina ou a condução da guerra poderiam, por sua vez, ser confiadas à inteligência artificial, que abre caminho às atrocidades”, alertou o ator de 52 anos.

Movimentos Políticos no Festival

Apesar da presença de Adam Driver e Jessica Chastain, por exemplo, o festival sentiu a pressão — em discursos e ausências — do impasse entre os artistas e os grandes estúdios dos Estados Unidos. Os discursos feministas também se apresentarem contra as homenagens concedidas pelo festival a artistas visados pelo movimento #MeToo, que denuncia a violência sexista e sexual contra as mulheres na indústria. 

Peter Sarsgaard ganha troféu de Melhor Interpretação Masculina em Veneza

Em competição com Dogman, Luc Besson lida com acusações de estupro na Bélgica e o processo de julgamento foi adiado pela justiça este ano. Já Woody Allen, excluído da indústria cinematográfica americana e não processado, apresentou seu 50º filme, Golpe de Sorte, o primeiro rodado em francês, fora de competição. 

O caso mais polêmico é a presença novamente de Roman Polanski —  ele esteve na seleção em 2019 —, com O Palácio, também fora de competição. O cineata franco-polaco foge da justiça americana há mais de 40 anos após uma condenação por relações sexuais com uma menor e, por isso, ele não comparece a prêmios e festivais.

Leia também: Festival de Veneza | Roman Polanski amarga 0% no Rotten Tomatoes com O Palácio

Ganhadores da 80° Festival de Cinema de Veneza

Leão de Ouro: Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos

Leão de Prata Grande Prêmio do Júri:  O Mal Não Existe (Evil Does Not Exist), de Ryûsuke Hamaguchi 

Leão de Prata de Melhor Direção: Matteo Garrone, por Eu, Capitão

Prêmio de Melhor Cenário: Pablo Larraín e Guillermo Calderón, por El Conde

Copa Volpi Melhor Interpretação Feminina: Cailee Spaeny, por Priscilla

Copa Volpi Melhor Interpretação Masculina: Peter Sarsgaard, por Memória

Prêmio Marcello Mastroianni de Artista mais promissor: Seydou Sarr, por El Conde

Prêmio Especial do Júri: Fronteira Verde, de Agnieszka Holland

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Letícia Alassë
Crítica de Cinema desde 2012, jornalista e pesquisadora sobre comunicação, cultura e psicanálise. Mestre em Cultura e Comunicação pela Universidade Paris VIII, na França e membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Nascida no Rio de Janeiro e apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quanto diante da tela.

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