A última semana ficou marcada pela saída do diretor Scott Derrickson do filme Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura, sequência do sucesso de 2016, que trouxe Benedict Cumberbatch para o Universo Cinematográfico Marvel como o Mago Supremo. Apesar de ter chocado alguns, a saída de Scott faz bastante sentido no contexto de Universo, apesar de ser um assassinato da criatividade legitimado pelo coletivo comandado por Kevin Feige.
Ao longo da última década, vimos o MCU nascer, crescer, e dar filhos para prosseguirem com seu legado. O maior segredo para seu sucesso e longevidade é a organização. Com exceção de Vingadores: A Era de Ultron (2015) e Homem Aranha: De Volta ao Lar (2017), é bem difícil encontrar furos de cronologia ou retcons. E isso só foi possível pela estruturação em fases, que teriam filmes solo culminando em um filme evento, que, além de reunir os heróis para consolidá-los como grupo, já pavimentava os rumos da fase seguinte. Dessa forma, a união magnífica de todos os heróis contra o exército de Thanos (Josh Brolin), em Vingadores: Ultimato, não apenas foi possível, mas coerente.
Com o final da Saga do Infinito, que contou a trajetória dos Vingadores originais, a Marvel tem a missão de explorar novos personagens não tão conhecidos do público e trazê-los para o panteão da Cultura Pop. Para isso, nada mais justo que utilizar os personagens já conhecidos do grande público para conectar essa nova trama. Além disso, a Disney está lançando dezenas de novas séries no Disney+ que são parte oficial da cronologia do MCU e vão influenciar diretamente nos rumos do cinema.
É aí que entra Doutor Estranho 2. O filme tem uma difícil missão de ser o grande conector entre o universo dos cinemas e do streaming. Ele vai ser diretamente influenciado pelos acontecimentos das séries WandaVision e Loki, além de introduzir personagens e acontecimentos que devem ser desdobrados em longas como Thor: Amor & Trovão e Blade.
São os chamados “filmes do estúdio”, em que o diretor parece ser uma figura meramente decorativa, já que o longa acaba servindo exclusivamente aos interesses do estúdio. E como Scott Derrickson já praticamente havia feito isso no primeiro Doutor Estranho, são mais do que óbvias as “divergências criativas” que ele teve com o estúdio. Estranho seria se ele se sujeitasse a isso mais uma vez. Deve ser profissionalmente frustrante não poder exercer suas ideias como gostaria em prol de um objetivo maior.
A Disney, mais uma vez, vai apostar na opção mais segura. Dessa vez, o objetivo é garantir o futuro desse universo. Hoje, na Marvel, os únicos diretores que tem 99% de liberdade criativa são James Gunn e Taika Waititi. Vamos ver até quando isso vai durar.
Doutor Estranho: No Multiverso da Loucura estreia em maio de 2021.