Esse ano está sendo marcado por grandes produções televisivas. Definitivamente um dos melhores anos da indústria voltada para a TV e o streaming, tudo isso graças a séries fantásticas como ‘The Handmaid’s Tale’, por exemplo, que buscam aprofundar na representatividade para desenvolver uma trama dura, difícil e realista sobre assuntos como machismo, racismo e homofobia.
Porém, fugindo do óbvio, chegou ao canal FX estrangeiro um seriado que desafia todos os outros quando a questão é representatividade. Estamos falando de ‘Pose’, a nova série de Ryan Murphy, a mente por trás de ‘American Horror Story’, ‘Glee’ e ‘The Assassination of Gianni Versace: American Crime Story’.
Diferente desses sucessos de público, ‘Pose’ surge com uma importante missão: mostrar a realidade difícil, porém cheia de vida, da comunidade LGBTQ+ de Nova York nos anos 80.
Um universo colorido, cheio de emoção, divertido e triste na medida certa. Essa é essência de ‘Pose’ e se você se interessou em saber mais, vamos listar CINCO bons motivos que fazem dessa uma das mais importantes séries, não só do ano como também da história. Fica, vai ter muito close certo!
1 – Representatividade importa SIM!
Como já havia sido anunciado, ‘Pose’ não só trata o mundo LGBTQ+ como também trouxe a comunidade para dentro da produção, diferente de outras obras que escalam mulheres cis gênero para viverem transexuais, a série tem o maior elenco regular de atrizes trans da história da televisão. Eu ouvi um amem? O processo para a escalagem do elenco durou cerca de seis meses e resultou na contratação de MJ Rodriguez, Indya Moore, Dominique Jackson, Hailie Sahar e Angelica Ross, todas mulheres trans que encararam personagens que se assemelham muito com sua própria realidade fora das câmeras.
Homens gays também estão presentes em peso. Atores como Ryan Jamaal Swain, Dyllón Burnside e Billy Porter vivem personagens que foram excluídos da sociedade tradicionalista da época e buscam no mundo dos bailes um refúgio, uma razão para viver e ser feliz longe da discriminação.
Além disso, o elenco é predominantemente negro (tendo apenas dois atores brancos regulares: Evan Peters e James Van Der Beek, e Kate Mara sendo a única atriz) outro fato que foi conquistado após as mudanças na indústria do cinema e TV perante as inúmeras críticas de que atores e atrizes negros não recebiam papeis de destaque. Apesar de comemorar, esse deveria ser um fato recorrente e rotineiro, mas estamos no caminho certo para que seja.
2 – Referências bafônicas!
A série conta com uma gama fantástica de referências, tanto aos anos 80 quanto à história LBGTQ+ na América. Cada episódio tem um baile lindíssimo, colorido, cheio de vida e com canções que foram hits de sucesso na época, como “I Wanna Dance with Somebody”, da Whitney Houston, tocada em uma das cenas mais belas que o seriado apresentou.
Fora as canções, há muitos outros detalhes presentes, mostrados de formas até mesmo didáticas, sobre a comunidade gay. Certamente, se você já ouviu falar do fenômeno ‘RuPaul’s Drag Race’, vai sacar muitas referências que o reality utiliza em sua estrutura, como os desfiles por categorias, os bordões do próprio RuPaul Charles e os jurados dando notas aos figurinos. Outra dica para quem deseja saber mais sobre os famosos bailes e conhecer a histórica da família Xtravaganza é assistir o documentário ‘Paris is Burning’, de 1990, presente na Netflix. Sério, imperdível!
3 – Desmistificando o HIV + Crítica social
Uma das subtramas da série é a epidemia de HIV que se espalhou pelos Estados Unidos a partir da década de 70. Apesar da série não se aprofundar nesse assunto, alguns personagens principais são soropositivo e o roteiro de Ryan Murphy aborda isso da maneira mais sensata possível, sem explorar a dor ou romantizar demais, apenas mostrando a realidade de uma época em que ter AIDS significava apenas solidão e morte. ‘Pose’ serve como um perfeito informativo para desmistificar e quebrar o preconceito que a doença ainda causa na população.
Além de tratar temas delicados, ‘Pose’ não tem medo de tocar na ferida e fazer críticas ao governo de Donald Trump, ao conservadorismo da família tradicional e a constante luta pela aceitação, até mesmo dentro da própria comunidade gay, que discriminava mulheres trans na época. É um tapa de luva na cara da sociedade!
4 – Elogiada pela crítica internacional
Como tudo que é bom de fato é elogiado, ‘Pose’ agradou (e muito!) a crítica internacional. No site Rotten Tomatoes, a série detém um índice de aprovação altíssimo de 96% com uma classificação média de 7,65 de 10 com base em 49 avaliações. O consenso crítico do site diz: “Carregado com energia, equilíbrio e confiança”, “Posicione-se em piruetas entre a opulência artística e o drama deliciosamente ensaboado para criar uma nova adição ao léxico de Ryan Murphy”. Já o Metacritic, que usa uma média ponderada, atribuiu à série uma pontuação de 75 em 100 com base em 27 críticos, indicando “revisões geralmente favoráveis”.
Com tamanha aceitação de público e crítica, a minissérie acabou garantindo sua 2ª temporada, prevista para chegar em 2019. Ela é lacradora ela!
5 – Direção e produção incríveis + poucos episódios!
Não precisa nem dizer que Ryan Murphy costuma ser sinônimo de qualidade artística né? O produtor e roteirista também dirige alguns episódios e o resultado é uma obra de arte fantástica e autoral. Assim como os figurinos são bem trabalhos, a direção de fotografia resgata o ar dos anos 80 e o elenco é maravilhoso. A sensação que fica após assistir os 8 episódios (o que é ótimo esse formato curto) de ‘Pose’ é que acabamos de ver algo apaixonado, feito com muita dedicação e carinho, que retrata sim o ódio e o preconceito, porém, rebatendo a dor com amor, e celebrando a vida e a aceitação com muito orgulho.
Pare tudo que você está assistindo nesse momento e vá ver, dançar, chorar e se apaixonar por ‘Pose’.
Obs: A série chega ao Brasil ainda no segundo semestre desse ano e será exibida pelo canal Fox Premium.