quinta-feira , 21 novembro , 2024

Precisamos conversar sobre a ‘Mulher-Maravilha’ e o que ela representa…

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Super-heróis possuem um certo distanciamento de seu público. Amados e idealizados, eles costumam ser o arquétipo sociocultural daquilo que possivelmente jamais testemunharemos genuinamente no cotidiano em sociedade. Imaculados e implacáveis, muitos deles também são intocáveis pela consciência humana. E nós, meros mortais, insistentemente ansiamos e sonhamos com seus mundos fantásticos tão próximos pelas páginas dos quadrinhos, mas tão longe do nosso plano palpável. E então surge a figura mais mitológica, que – ironicamente – na contramão de sua divindade, se torna a primeira heroína que todos podem realmente ser, independente de gênero. Finalmente o cinema deu as boas-vindas à ‘Mulher-Maravilha’.



A primeira adaptação solo de um dos quadrinhos mais emblemáticos dos universos tanto da DC como da Marvel já quebra paradigmas por contar com uma mulher na direção. Os desavisados dirão ser um exagero, mas – honestamente – extremamente necessário. E não se trata da famosa “sensibilidade feminina”. Colocar a ‘Mulher-Maravilha’ nãos mãos de alguém que entende a pressão de tentar ser tão mulher e tão maravilha no mundo real diariamente, é essencial para que a história fictícia exerça seu verdadeiro papel histórico. Aqui, Patty Jenkins toma pela mão a audiência, à medida que nos apresenta ao passado glorioso e tumultuado de Diana Prince, que como toda mulher, ainda possui dificuldades de compreender algumas barreiras sociais oriundas da diferença de gêneros.

Mulher-Maravilha’ é o arquétipo possível por seus atributos contrastantes. De origem pura, ela é o vislumbre da latente chama no coração da humanidade por dias melhores. Embora seja moldada biblicamente a partir do barro para propósitos transcendentais, ela é reduzida à condição humana e se vê em um constante conflito ideológico, que contraria sua premissa original. Assim como ela, nós fomos moldados para estes tais dias melhores que tardam por vir.

Com um senso de responsabilidade e justiça inegável e irrefutável, a personagem vivida por Gal Gadot é a possibilidade do até então impossível. Emponderada e com um espírito de liderança inerente, ela é mais que um exemplo para garotinhas e mulheres. Ela se divide entre a inocência e a pureza quase infantil – de quem não possui qualquer vestígio de iniquidade para corromper seus pensamentos –, com a astúcia e perspicácia madura de alguém que possui compreensões sociais muito além da capacidade média. Seus contrastes geram uma heroína essencialmente humana, cativante, identificável. Ela é como nos sentimos diante de um mundo caótico, em uma epifania desastrosa que anuncia seu apocalíptico e iminente fim.

E ao invés de construir uma narrativa que exaspera o funesto, a história de Zack Snyder, roteirizada por Geoff Johns e Allan Heinberg, percorre caminhos pouco explorados pelo gênero de adaptações de quadrinhos. Com um tom leve e delicado, ‘Mulher-Maravilha’ traz princípios morais atualmente falhos na sociedade, fortalece o espírito esperançoso que emana daquela mesma chama já mencionada e mesmo em meio a dor, é capaz de se manter otimista. Com espírito renovador, o filme também é pontual ao trazer as motivações da heroína para confrontos corpo-a-corpo completamente dominados por ela.

E em se tratando deste aspecto, Patty Jenkins mostra todo seu profissionalismo e identidade, com cenas de ação que são um espetáculo aos olhos. Produzidas de forma acrobática e artística, as tomadas são quase vestígios do cinema autoral, onde a câmera lenta paralisa a cena em breves segundos, acelerando-a repentinamente. Em uma espécie de ballet contemporâneo, Gal Gadot rouba todos esses momentos para si, novamente mostrando o emponderamento feminino, que se coloca nos frontes de batalha da vida em prol de seus ideais.

Como uma lembrança congelada no tempo, a narrativa aborda também o tenebroso e assombroso fardo carregado por mulheres apenas por seu gênero. Lembrando que há ainda um longo caminho a ser percorrido, a história de Snyder traz a incoerência social que excluía a mulher da tomada de decisões, do centro das discussões e das salas repletas de aristocratas. Com uma atuação hipnotizante, Gal traz aqueles mesmos contrastes de sua personalidade em suas feições e linguagem corporal. Com olhar doce e incompreendido, ela novamente é a voz de gerações passadas e presentes, que insistem em não entender o fechar de portas diante de si.

Inspirador e emocional, ‘Mulher-Maravilha’ é o refrigero esperançoso na alma. Muito mais que o filme que esperávamos da DC e da Warner, ele é aquela produção que  não refuta seu papel social ao longo das décadas, mas abraçando-o fortemente, solidifica a necessidade de mais produções que tragam o protagonismo feminino para além de seus atributos físicos. E agarrado a uma esperança acalentadora, Patty e Gal celebram os sonhos de tantas garotinhas que, agora mulheres como eu, aguardaram a vida inteira por tempos vindouros. ‘Mulher-Maravilha‘ tardou, mas chegou, renascendo a máxima de que cabe a nós, homens e mulheres, a certeza de um futuro onde a igualdade não seja apenas mais uma fábula imaculada restrita apenas às páginas dos quadrinhos.

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A primeira adaptação solo de um dos quadrinhos mais emblemáticos dos universos tanto da DC como da Marvel já quebra paradigmas por contar com uma mulher na direção. Os desavisados dirão ser um exagero, mas – honestamente – extremamente necessário. E não se trata da famosa “sensibilidade feminina”. Colocar a ‘Mulher-Maravilha’ nãos mãos de alguém que entende a pressão de tentar ser tão mulher e tão maravilha no mundo real diariamente, é essencial para que a história fictícia exerça seu verdadeiro papel histórico. Aqui, Patty Jenkins toma pela mão a audiência, à medida que nos apresenta ao passado glorioso e tumultuado de Diana Prince, que como toda mulher, ainda possui dificuldades de compreender algumas barreiras sociais oriundas da diferença de gêneros.

Mulher-Maravilha’ é o arquétipo possível por seus atributos contrastantes. De origem pura, ela é o vislumbre da latente chama no coração da humanidade por dias melhores. Embora seja moldada biblicamente a partir do barro para propósitos transcendentais, ela é reduzida à condição humana e se vê em um constante conflito ideológico, que contraria sua premissa original. Assim como ela, nós fomos moldados para estes tais dias melhores que tardam por vir.

Com um senso de responsabilidade e justiça inegável e irrefutável, a personagem vivida por Gal Gadot é a possibilidade do até então impossível. Emponderada e com um espírito de liderança inerente, ela é mais que um exemplo para garotinhas e mulheres. Ela se divide entre a inocência e a pureza quase infantil – de quem não possui qualquer vestígio de iniquidade para corromper seus pensamentos –, com a astúcia e perspicácia madura de alguém que possui compreensões sociais muito além da capacidade média. Seus contrastes geram uma heroína essencialmente humana, cativante, identificável. Ela é como nos sentimos diante de um mundo caótico, em uma epifania desastrosa que anuncia seu apocalíptico e iminente fim.

E ao invés de construir uma narrativa que exaspera o funesto, a história de Zack Snyder, roteirizada por Geoff Johns e Allan Heinberg, percorre caminhos pouco explorados pelo gênero de adaptações de quadrinhos. Com um tom leve e delicado, ‘Mulher-Maravilha’ traz princípios morais atualmente falhos na sociedade, fortalece o espírito esperançoso que emana daquela mesma chama já mencionada e mesmo em meio a dor, é capaz de se manter otimista. Com espírito renovador, o filme também é pontual ao trazer as motivações da heroína para confrontos corpo-a-corpo completamente dominados por ela.

E em se tratando deste aspecto, Patty Jenkins mostra todo seu profissionalismo e identidade, com cenas de ação que são um espetáculo aos olhos. Produzidas de forma acrobática e artística, as tomadas são quase vestígios do cinema autoral, onde a câmera lenta paralisa a cena em breves segundos, acelerando-a repentinamente. Em uma espécie de ballet contemporâneo, Gal Gadot rouba todos esses momentos para si, novamente mostrando o emponderamento feminino, que se coloca nos frontes de batalha da vida em prol de seus ideais.

Como uma lembrança congelada no tempo, a narrativa aborda também o tenebroso e assombroso fardo carregado por mulheres apenas por seu gênero. Lembrando que há ainda um longo caminho a ser percorrido, a história de Snyder traz a incoerência social que excluía a mulher da tomada de decisões, do centro das discussões e das salas repletas de aristocratas. Com uma atuação hipnotizante, Gal traz aqueles mesmos contrastes de sua personalidade em suas feições e linguagem corporal. Com olhar doce e incompreendido, ela novamente é a voz de gerações passadas e presentes, que insistem em não entender o fechar de portas diante de si.

Inspirador e emocional, ‘Mulher-Maravilha’ é o refrigero esperançoso na alma. Muito mais que o filme que esperávamos da DC e da Warner, ele é aquela produção que  não refuta seu papel social ao longo das décadas, mas abraçando-o fortemente, solidifica a necessidade de mais produções que tragam o protagonismo feminino para além de seus atributos físicos. E agarrado a uma esperança acalentadora, Patty e Gal celebram os sonhos de tantas garotinhas que, agora mulheres como eu, aguardaram a vida inteira por tempos vindouros. ‘Mulher-Maravilha‘ tardou, mas chegou, renascendo a máxima de que cabe a nós, homens e mulheres, a certeza de um futuro onde a igualdade não seja apenas mais uma fábula imaculada restrita apenas às páginas dos quadrinhos.

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