segunda-feira , 23 dezembro , 2024

Primeiras Impressões | 4ª temporada de ‘The Boys’ é indesculpavelmente política e ÁCIDA

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E estamos de volta com mais uma temporada de The Boys!

Os três primeiros episódios do novo ciclo de uma das séries mais adoradas da atualidade finalmente chegaram ao catálogo do Prime Video – e veio mais indesculpavelmente deliciosa e exagerada do que nunca. Seguindo os passos da iteração anterior, lidamos com a incursão mais política e crítica de todas (ao menos até agora), contando com atuações simplesmente fabulosas e um roteiro que não tem medo de investir esforços em uma mixórdia de ironia e sarcasmo que fornece ritmo e nos investe desde os primeiros segundos.



Como bem nos recordamos, as tensões entre os membros restantes dos Sete, liderados pelo Capitão Pátria (Antony Starr), e os Boys, ainda liderados por Bruto (Karl Urban), estão mais fortes do que nunca – e, como se não bastasse, Capitão Pátria enfrenta um julgamento após ter assassinado um civil, enquanto Luz-Estrela (Erin Moriarty) abandonou oficialmente o grupo de heróis e voltou a ser apenas Annie January, afastando-se de toda a identidade construída pela Vought para fazer uma diferença considerável no mundo e impedir que a idolatria desmedida aos Sete fosse catalisador de uma provável guerra civil. É claro que as coisas não saem como o planejado e, após tentarem impedir o sucesso da campanha política de Victoria Neuman (Claudia Doumit) e de seu apoio por parte do Capitão – por mais que ela não quisesse -, fica óbvio que a balança está pendendo para os dois lados e que os conflitos irão escalar exponencialmente.

Duas pessoas conversam em um local abandonado.

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Um dos aspectos mais interessantes da quarta temporada é o modo como o time criativo, liderado pelo showrunner Eric Kripke, consegue dosar os macroenredos e as subtramas de modo sólido e sem pressa, garantindo que cada incursão narrativa tenha seu momento de brilhar. Por exemplo, temos o arco de Bruto, que tem apenas alguns meses de vida e insiste em derrotar os Supers, mesmo debilitado e agindo por um impulso vingativo que não pode mais ser controlado; o Capitão Pátria se vê em um vórtice de frustração em que navega por uma crise de meia-idade, em que seus poderes não são mais fortes o suficiente para impedir a inevitabilidade do envelhecimento, por um desfalque significativo em seu time de Supers, e no conturbado relacionamento com seu filho, Ryan (Cameron Crovetti), querendo transformá-lo em mais um recurso midiático para reafirmar sua dominância.

Não demora muito até que o personagem de Starr, que faz um trabalho irretocável e pode inclusive faturar uma merecida indicação ao Emmy por sua performance diabolicamente apaixonante, se alie a uma super-heroína conhecida como Mana Sábia (Susan Heyward), a pessoa mais inteligente da Terra – e, por ser subestimada pelos outros companheiros do Capitão, ela se torna peça essencial para que o plano de reiteração de poder seja colocado em prática. Dessa forma, cabe à inesperada dupla arquitetar uma artimanha que coloca a vida de várias inocentes em xeque para um propósito ególatra e com potencial destrutivo inimaginável.

Super-herói sorrindo ao lado de jovem em uma rua.

Um dos aspectos mais interessantes do novo ciclo é a forma como Kripe e os roteiristas navegam por uma arena política e quase operística que eleva o sarcasmo a um nível majestoso de quebras de expectativa e de reviravoltas instigantes. Em outras palavras, o intrincado panorama, que poderia se render a convencionalismos melodramáticos, é suavizado com uma “leveza” distorcida e profana que constrói sequências hilárias e propositalmente exageradas – como, por exemplo, os ensaios promovidos pelo time de marketing da Vought para colocar Ryan no centro dos holofotes, e uma crescente inveja que o Capitão sente em relação ao filho (que, em pouco tempo, sagra-se o futuro dos Supers).

Cada engrenagem é pensada com cautela, ainda que alguns obstáculos existam. Diferente do ritmo acelerado e impetuoso das iterações predecessoras, esta aqui leva um tempo maior para que cada peça seja posicionada no tabuleiro e para que, a partir daí, as jogadas sejam fatais e precisas – o que não é um problema gigantesco, excetuando-se os deslizes de roteiro e certos diálogos datados que mancham a belíssima estrutura disposta aos espectadores. Porém, é quase certeza de que parte dos fãs inveterados da série sintam um gostinho agridoce pelo incontestável afastamento de tom e pela restrição dos riscos tomados.

Três homens em uma convenção, faixa diz: "No Conspiracies".

A 4ª temporada de The Boys tem um ótimo início com três episódios bem-produzidos e que usam e abusam de seu melhor elemento – o elenco. Trazendo Starr como o carro-chefe de um ciclo que tem tudo para se firmar em “glória eterna”, a série retorna em boa forma e nos deixa ansiosos para os próximos episódios com forte antecipação e uma predileção mais palpável do que fabulesco (no sentido mais positivo da expressão).

The Boys,Prime Video

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Como bem nos recordamos, as tensões entre os membros restantes dos Sete, liderados pelo Capitão Pátria (Antony Starr), e os Boys, ainda liderados por Bruto (Karl Urban), estão mais fortes do que nunca – e, como se não bastasse, Capitão Pátria enfrenta um julgamento após ter assassinado um civil, enquanto Luz-Estrela (Erin Moriarty) abandonou oficialmente o grupo de heróis e voltou a ser apenas Annie January, afastando-se de toda a identidade construída pela Vought para fazer uma diferença considerável no mundo e impedir que a idolatria desmedida aos Sete fosse catalisador de uma provável guerra civil. É claro que as coisas não saem como o planejado e, após tentarem impedir o sucesso da campanha política de Victoria Neuman (Claudia Doumit) e de seu apoio por parte do Capitão – por mais que ela não quisesse -, fica óbvio que a balança está pendendo para os dois lados e que os conflitos irão escalar exponencialmente.

Duas pessoas conversam em um local abandonado.

Um dos aspectos mais interessantes da quarta temporada é o modo como o time criativo, liderado pelo showrunner Eric Kripke, consegue dosar os macroenredos e as subtramas de modo sólido e sem pressa, garantindo que cada incursão narrativa tenha seu momento de brilhar. Por exemplo, temos o arco de Bruto, que tem apenas alguns meses de vida e insiste em derrotar os Supers, mesmo debilitado e agindo por um impulso vingativo que não pode mais ser controlado; o Capitão Pátria se vê em um vórtice de frustração em que navega por uma crise de meia-idade, em que seus poderes não são mais fortes o suficiente para impedir a inevitabilidade do envelhecimento, por um desfalque significativo em seu time de Supers, e no conturbado relacionamento com seu filho, Ryan (Cameron Crovetti), querendo transformá-lo em mais um recurso midiático para reafirmar sua dominância.

Não demora muito até que o personagem de Starr, que faz um trabalho irretocável e pode inclusive faturar uma merecida indicação ao Emmy por sua performance diabolicamente apaixonante, se alie a uma super-heroína conhecida como Mana Sábia (Susan Heyward), a pessoa mais inteligente da Terra – e, por ser subestimada pelos outros companheiros do Capitão, ela se torna peça essencial para que o plano de reiteração de poder seja colocado em prática. Dessa forma, cabe à inesperada dupla arquitetar uma artimanha que coloca a vida de várias inocentes em xeque para um propósito ególatra e com potencial destrutivo inimaginável.

Super-herói sorrindo ao lado de jovem em uma rua.

Um dos aspectos mais interessantes do novo ciclo é a forma como Kripe e os roteiristas navegam por uma arena política e quase operística que eleva o sarcasmo a um nível majestoso de quebras de expectativa e de reviravoltas instigantes. Em outras palavras, o intrincado panorama, que poderia se render a convencionalismos melodramáticos, é suavizado com uma “leveza” distorcida e profana que constrói sequências hilárias e propositalmente exageradas – como, por exemplo, os ensaios promovidos pelo time de marketing da Vought para colocar Ryan no centro dos holofotes, e uma crescente inveja que o Capitão sente em relação ao filho (que, em pouco tempo, sagra-se o futuro dos Supers).

Cada engrenagem é pensada com cautela, ainda que alguns obstáculos existam. Diferente do ritmo acelerado e impetuoso das iterações predecessoras, esta aqui leva um tempo maior para que cada peça seja posicionada no tabuleiro e para que, a partir daí, as jogadas sejam fatais e precisas – o que não é um problema gigantesco, excetuando-se os deslizes de roteiro e certos diálogos datados que mancham a belíssima estrutura disposta aos espectadores. Porém, é quase certeza de que parte dos fãs inveterados da série sintam um gostinho agridoce pelo incontestável afastamento de tom e pela restrição dos riscos tomados.

Três homens em uma convenção, faixa diz: "No Conspiracies".

A 4ª temporada de The Boys tem um ótimo início com três episódios bem-produzidos e que usam e abusam de seu melhor elemento – o elenco. Trazendo Starr como o carro-chefe de um ciclo que tem tudo para se firmar em “glória eterna”, a série retorna em boa forma e nos deixa ansiosos para os próximos episódios com forte antecipação e uma predileção mais palpável do que fabulesco (no sentido mais positivo da expressão).

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