Parte do imaginário infantil de diversas gerações, o jovem espião Alex Rider coleciona histórias surpreendentes que conquistaram os amantes da literatura ao redor do mundo. Com 13 obras, seis graphic novels, sete contos e mais um livro suplementar, a hipnotizante narrativa do personagem britânico agora migra para o formato de série de TV, em uma produção elaboradíssima e que em seus primeiros episódios já joga as cartas na mesa, presenteando os cinéfilos com um dos seriados mais bem produzidos de 2020.
Com um passado cinematográfico amargo e desgastado, o personagem de Anthony Horowitz precisou permanecer por mais de 10 anos preservado em seu formato literário para então voltar aos olhos do público. E sob o comando da Sony e distribuição internacional da Amazon Prime Video, Alex Rider retorna mais revigorado do que nunca, em uma jornada que – à medida em que acrescenta alguns anos ao protagonista para fins narrativos, também se arma de forma completa para abraçar uma audiência grandiosa, abrangendo de crianças a idosos.
Apaixonante, a nova série de espionagem tem algo de novo e valioso para cada público e honra sua classificação indicativa, provando que TV de qualidade também se faz muito bem com linguagem suave e controle parental na condução da trama. Unindo com maestria o suspense a um drama familiar que facilmente faz a audiência se apegar, Alex Rider é ainda repleta de excelentes cenas de ação, administra o tempo de tela dos personagens com precisão e apresenta o pouco conhecido Otto Farrant – no papel homônimo – como um jovem cativante e identificável.
Explorando temas dos mais diversos, como relações familiares, um bromance entre dois melhores amigos teens que são meio desajustados, além das descobertas naturais dessa fase da adolescência, a série de espionagem ainda consegue fazer um genuíno hibridismo com o subgênero coming of age. Essa combinação traz um nível de profundidade ainda maior para trama, que também conta com uma bela e caprichada produção técnica, que não perde em nada para o formato cinematográfico, quando se trata de qualidade fílmica.
Com fotografias belas que enchem os olhos da audiência logo nos primeiros episódios, a série cativa a nossa atenção principalmente pela dinâmica relacional entre os personagens. Formando um peculiar trio entre os atores Farrant, Brenock O’Connor (Game of Thrones) e Ronke Adekoluejo (Jogador Nº 1), a produção consegue ir ainda mais além, usufruindo do carisma de cada um desses protagonistas como um elo de conexão forte com o público de forma geral. Dosando os momentos de suspense, drama e ação com precisão ao longo do muito que fora mostrado nos três primeiros episódios, Alex Rider é poderosa logo em sua abertura, que traz uma abordagem surrealista – já anunciando o que promete ser uma jornada ainda mais eletrizante.