domingo, abril 28, 2024

Primeiras impressões ‘Chucky’ | Nova temporada deve expandir a mitologia e se reconectar com o terror

Quando lançada no ano passado, a série do Chucky pegou a muitos de surpresa por sua pegada “corajosa”. Na época, o material promocional ia todo em cima da relação do boneco assassino com seu novo dono, Jake Wheeler (Zackary Arthur), um adolescente homossexual, cuja vida era um inferno por conta dos bullies do colégio e do preconceito de sua família. Assim, foi vendido que o Chucky seria um tipo de anti-herói, que mataria todo mundo que enchesse a paciência do garoto. Ainda bem que isso não aconteceu. Quer dizer, mais ou menos. Ele realmente matou todo mundo que atazanou a vida do Jake, mas em momento algum ele assumiu esse posto de anti-herói. Na verdade, tudo não passava de um plano para que ele pudesse fazer o máximo possível de vítimas enquanto armava seu exército de bonecos para dominação mundial junto a uma série de personagens queridos apresentados nos outros filmes da franquia.

Terminando com esse gancho surpreendente do exército de Chuckys, a primeira temporada deixou no ar esse medo do que ele seria capaz com tantos bonecos a seu dispor. Ao mesmo tempo, ela também investiu pesado no passado de Charles Lee Ray (Fiona Dourif) por meio dos flashbacks e das histórias de sua infância no orfanato, até virar um jovem assassino em série. Agora, na segunda temporada, passado e presente se unem ao levar os protagonistas para um internato católico construído exatamente onde era o orfanato no qual Charles cometeu seus primeiros assassinatos.

Fazendo esse “Chucky: De Volta ao Lar”, a segunda temporada deve explorar um pouco mais do passado do psicopata por meio dos bonecos novos e de seu lapso de memória. Afinal, eles lembram de algumas coisas do Chucky original, mas conseguem ativar gatilhos de memória por meio do estímulo visual. Ou seja, levá-los para onde tudo começou deve conseguir criar uma série de memórias de homicídios e traumas do bonecão encapetado.

Falando em traumas, o rastro de sangue deixado por Chucky na última temporada já reflete nos protagonistas humanos. Principalmente em Jake e Lexy (Alyvia Alyn Lind), que lidam com as sequelas psicológicas cada um a seu jeito. No entanto, quem deve ter essas consequências mais exploradas é justamente a Lexy, que passou de “Rainha do Baile” para “Jovem Viciada”. Não apenas pelo que as drogas podem fazer com ela em um ambiente hostil, mas também pelas sequências de terror que o Chucky pode criar quando ela estiver sob efeito alucinógeno.

Já Jake e Devon (Bjorgvin Arnarson) devem sofrer mais pelo fato de serem um casal LGBT precisando existir dentro de um internato católico, no qual padres e freiras tratam seu relacionamento como um pecado, uma doença.

Falando nesse internato, a simples ideia de tê-lo na série já é promissora por demais. Desde sua concepção, o Chucky é um boneco profano. Suas origens têm relação com magia obscura e a invocação demoníaca. Conforme os filmes foram passando, ele matou pessoas dos mais diversos meios, fez sexo, engravidou, fumou, bebeu… Tudo que contraria os dogmas cristãos.

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E a religião, ao que parece, terá muito peso nessa segunda temporada, com ele explorando formas grotescas de matar os jovens internados, os padres e as freiras. No próprio trailer já há uma sugestão bem interessante do que esperar nesse quesito, que vai trabalhar pontos do humor politicamente incorreto, mas deve também conectar a produção de volta ao terror.

Seja por meio de sustinhos simples, mas bem construídos, ou pelo uso de câmeras mais características de produções de terror televisivo, essa temporada parece mais disposta a voltar para o terror “raiz”, mesmo que não abra mão dos seus momentos de humor sacana e grotesco. E esse compromisso já é feito nesse primeiro episódio, mostrando que o boneco assassino voltou completamente impiedoso, disposto a matar todo tipo de gente e até mesmo sua ex-companheira Tiffany (Jennifer Tilly), que andou meio ausente, mas ainda vai aprontar muito.

Isso porque o trailer mostrou a volta dos filhos do casal. E com o racha entre Chucky e Tiffany, Glen e Glenda vão voltar a esse universo pela primeira vez desde 2004. E como vocês devem se lembrar, eles tinham forte relação com a mãe. Outro ponto interessante desse episódio, já que falamos indiretamente de O Filho de Chucky, é a metalinguagem de alguns diálogos, que tratam da própria franquia como uma série de filmes que existe nesse mesmo universo. É meio confuso, só que tem potencial, principalmente se trabalharem direitinho. É uma chance de ouro para unificar os capítulos todos dessa franquia.

Enfim, se a temporada seguir os rumos desse primeiro episódio, podemos esperar mais um acerto de Don Macini nesse formato televisivo. É uma temporada que tem tudo para dar mais desse humor grotesco e metalinguístico que a gente adora, mas sem abrir mão do terror inescrupuloso que aterrorizou milhões de crianças desde os anos 80.

Os novos episódios de Chucky estreiam toda quarta-feira no Star+.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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