domingo , 22 dezembro , 2024

Primeiras Impressões | Dois Tempos – Série Juvenil da Star+ leva Pautas Feministas à Viagem no Tempo

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Às vezes é difícil de acreditar, mas, quando olhamos para o passado percebemos quantas liberdades foram conquistadas para que nós possamos viver o estilo de vida que vivemos nos dias de hoje. E esse contraste é ainda maior quando falamos, por exemplo, do universo feminino, historicamente muito controlado pela sociedade patriarcal e que teve que lutar muito para cada pequena conquista das mulheres. Partindo dessa premissa, estreia no próximo dia 10 de maio a mais nova série juvenil brasileira da Star+, ‘Dois Tempos.



Paz (Sol Menezzes) é uma super influencer digital, com milhões de seguidores e uma agenda atribulada. Ela acaba de se mudar com sua equipe para a cidade de Água Marinha, onde lançará um grande projeto: uma escola de influencers para mulheres, onde elas aprenderão a se valorizar, a fazer automaquiagem, entenderão de economia e dicas de publicidade, etc. O problema é que a galera – em especial um grupo de jovens feministas – não está muito satisfeita com este projeto, pois considera uma imposição cultural a uma cidade historicamente feminista e que não precisaria desse tipo de ação, especialmente quando o projeto ocorrerá num espaço utilizado por meninas da cidade para duelos de poesia e encontros culturais. Cem anos antes, em 1922, Cecília (Mari Oliveira) é uma jovem prestes a se casar obrigada, mas cujo sonho de verdade é poder se tornar uma escritora e viver abertamente sua sexualidade. Quando, certo dia, as duas utilizam o mesmo colar e desejam ao mesmo tempo ter uma vida mais livre, Paz e Cecília acabam trocando de espírito no tempo, e agora uma terá que aprender a viver no tempo da outra.

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Dividido em episódios de pouco mais de 30 minutos cada, a série aborda muitos temas, que, divididos entre duas protagonistas de tempos diferentes em um curto espaço de episódio, passa a sensação de que as tramas não estão sendo bem desenvolvidas e tudo é muito acelerado, afinal, o enredo precisa evoluir para que os episódios sigam adiante. Assim, por exemplo, quando o grupo de feministas briga com Paz por causa de seu projeto, o espectador simplesmente não sabe o motivo da briga – que só vai ser apresentado no último arco, de maneira acelerada e, portanto, pouco convincente, uma vez que a própria personagem diz que seria possível uma parceria; dessa forma, a revolta da antagonista fica vazia e sem sentido.

O roteiro constrói protagonistas abismais. Cecília, uma jovem cheia de vontade de viver, fica ótima interpretada por Sol Menezzes no tempo contemporâneo; já a influencer Paz é um bocado insuportável, cheia de atitude e imposições desrespeitosas que, mesmo em um tempo no passado, em 1922, sendo apenas grosseria mesmo. O abismo que se forma entre as duas acaba dividindo o espectador, que só sente vontade de ver um núcleo e torcer por uma das personagens.

A sensação geral é que a sérieDois Tempos’ parte de uma boa ideia bem-intencionada – falar do feminismo, das lutas e conquistas das mulheres ao longo de um século, trazendo protagonismo negro e pautas importantes como o direito à identidade de gênero e à sexualidade; entretanto, o desenvolvimento de tantas tramas ficou sem boa costura, e, somadas a uma edição que o tempo todo fica colocando efeito visual e sobrepondo imagens, dá uma cansada. A expectativa, ao menos, é que ao longo dos episódios a série melhore.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Paz (Sol Menezzes) é uma super influencer digital, com milhões de seguidores e uma agenda atribulada. Ela acaba de se mudar com sua equipe para a cidade de Água Marinha, onde lançará um grande projeto: uma escola de influencers para mulheres, onde elas aprenderão a se valorizar, a fazer automaquiagem, entenderão de economia e dicas de publicidade, etc. O problema é que a galera – em especial um grupo de jovens feministas – não está muito satisfeita com este projeto, pois considera uma imposição cultural a uma cidade historicamente feminista e que não precisaria desse tipo de ação, especialmente quando o projeto ocorrerá num espaço utilizado por meninas da cidade para duelos de poesia e encontros culturais. Cem anos antes, em 1922, Cecília (Mari Oliveira) é uma jovem prestes a se casar obrigada, mas cujo sonho de verdade é poder se tornar uma escritora e viver abertamente sua sexualidade. Quando, certo dia, as duas utilizam o mesmo colar e desejam ao mesmo tempo ter uma vida mais livre, Paz e Cecília acabam trocando de espírito no tempo, e agora uma terá que aprender a viver no tempo da outra.

Dividido em episódios de pouco mais de 30 minutos cada, a série aborda muitos temas, que, divididos entre duas protagonistas de tempos diferentes em um curto espaço de episódio, passa a sensação de que as tramas não estão sendo bem desenvolvidas e tudo é muito acelerado, afinal, o enredo precisa evoluir para que os episódios sigam adiante. Assim, por exemplo, quando o grupo de feministas briga com Paz por causa de seu projeto, o espectador simplesmente não sabe o motivo da briga – que só vai ser apresentado no último arco, de maneira acelerada e, portanto, pouco convincente, uma vez que a própria personagem diz que seria possível uma parceria; dessa forma, a revolta da antagonista fica vazia e sem sentido.

O roteiro constrói protagonistas abismais. Cecília, uma jovem cheia de vontade de viver, fica ótima interpretada por Sol Menezzes no tempo contemporâneo; já a influencer Paz é um bocado insuportável, cheia de atitude e imposições desrespeitosas que, mesmo em um tempo no passado, em 1922, sendo apenas grosseria mesmo. O abismo que se forma entre as duas acaba dividindo o espectador, que só sente vontade de ver um núcleo e torcer por uma das personagens.

A sensação geral é que a sérieDois Tempos’ parte de uma boa ideia bem-intencionada – falar do feminismo, das lutas e conquistas das mulheres ao longo de um século, trazendo protagonismo negro e pautas importantes como o direito à identidade de gênero e à sexualidade; entretanto, o desenvolvimento de tantas tramas ficou sem boa costura, e, somadas a uma edição que o tempo todo fica colocando efeito visual e sobrepondo imagens, dá uma cansada. A expectativa, ao menos, é que ao longo dos episódios a série melhore.

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