domingo , 24 novembro , 2024

Primeiras Impressões | ‘High School Musical: A Série’ é extremamente apaixonada pelos filmes originais

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A franquia adolescente High School Musicaltornou-se um marco para a geração centennial que cresceu com os filmes originais Disney Channel, por diversos motivos: a trilogia principal até hoje carrega o legado de ser uma das mais bem sucedidas do panteão televisivo e continua a encantar o público que descobre ou redescobre as divertidas e empolgantes aventuras de East High. Ora, não é surpresa que a saga ganhou um spin-off focado na bombshell Sharpay Evans (Ashley Tisdale) e uma versão brasileira (que não conseguiu nem metade do sucesso ou da aparelhagem dos longas). Qual foi nossa surpresa quando foi anunciada uma série baseada na narrativa em questão que, basicamente, funcionaria como uma grande investida metalinguística ambientada na escola onde os filmes foram rodados.

Dessa forma, High School Musical: The Musical: The Series’ nasceu e já caminha para seu terceiro episódio. E, apesar de trazer uma perspectiva diferente para as telinhas do Disney+, é inegável dizer que a produção delineada por Tim Federle é extremamente apaixonada por seu material de origem e, por essa razão, tem uma grande dificuldade em encontrar ritmo para o enredo e até mesmo para a mensagem que deseja entregar para o público. Não obstante, o show nos conquista por sua estética em mockumentary (um falso documentário) e pelas incríveis habilidades artísticas do elenco.



O episódio piloto começa com uma breve apresentação dos personagens principais: de um lado, temos Ricky (Joshua Bassett), um aspirante a músico e skatista com síndrome do cavaleiro branco que perdeu a chance de reconquistar o relacionamento com sua ex-namorada, Nini (Olivia Rodrigo). O casal passou as férias de verão em uma espécie de separação contida, durante a qual Nini começou a namorar outro rapaz e Ricky percebeu que demorou tempo demais para deixar seus sentimentos claros o suficiente para um prospecto à la contos de fada. E é claro que, dentro desse intrincado pano de fundo, ambas as personas se reencontrariam nos palcos interpretando Troy Bolton e Gabriella Montez na adaptação teatral das peças fílmicas.

O caminho não é longo o suficiente para nos envolver de cara: na verdade, a história engata mais pela presença da excêntrica diretora de teatro Jenn (Kate Reinders), que aceita o trabalho no colégio justamente para levar a alegria e a oportunidade dos alunos estrelarem em um musical diferente de tudo o que já apresentaram. Diferente do elenco adolescente, Reinders rouba a atenção o tempo inteiro devido a uma performance adorável, hilária e que recupera os melhores elementos de obras cômicas irreverentes como Modern Family e The Office. De qualquer modo, sua performance não é o bastante para ofuscar os amadores deslizes da série.

Tamra Davis comanda os dois primeiros capítulos e leva o conceito found footage a um nível interessante, mas que só se estrutura durante o piloto. Desde a câmera na mão até os bruscos cortes na edição, passando por uma narrativa incrustada com depoimentos dos próprios alunos, o apreço de Davis por algo novo e rebelde (dentro das concepções imagéticas) é traduzido com perfeição em diversos momentos. Porém, essa qualidade estética é deixada de lado nos momentos mais dramáticos, inclusive na sequência-motriz em que Nini e Ashlyn (Julia Lester) dividem os palcos para uma canção original.

O grande problema do show é o fato do espectador ter acesso aos equívocos artísticos que ganham tanto palanque nas iterações. A continuidade no tocante à trama existe e, por mais que se valha de criações mirabolantes e quase incríveis, é competente o bastante para nos manter vidrados do começo ao fim; todavia, essa mesma continuidade é colocada em xeque quando a condução e o roteiro não dialogam entre si e entregam duas peças fragmentadas demais para comporem uma unidade coesa: dentre os principais obstáculos enfrentados, as conclusões e aberturas apressadas são os que falam mais alto.

Mesmo assim, acompanhar a jornada de amadurecimento desses personagens é um trabalho muito fácil de se cumprir. O núcleo principal perde o fôlego ao forçar relações inexplicáveis, mas contribui para que os arcos coadjuvantes tenham seu momento de brilho: a professora Jenn, por exemplo, é acompanhada do divertido Carlos (Frankie Rodriguez), que é o coreógrafo do musical; Kourtney (Dara Renée), melhor amiga de Nini, talvez seja a pessoa mais sensata do colégio e serve para dar um choque de realidade em qualquer um que insista em se colocar para baixo ou sofrer por quem não a mereça; e Gina (Sofia Wylie) detém a única subtrama gradativamente crescente, em que se torna substitua de Nini para viver Gabriella na peça e transforma sua rejeição em uma vendeta pessoal para reconquistar o estrelato.

Se High School Musical: The Musical: The Series’ falha nos aspectos mais estruturais, ao menos excede no tocante às figuras que nos apresenta: afinal, cada membro do elenco foi escolhido com exímia cautela e com o objetivo de explorar suas múltiplas habilidades artísticas, seja com o canto, seja com a dança. Apesar de muito restrita a um cosmos limitado, é certo dizer que os espectadores vão querer assistir ao desenrolar da estória – mais pela nostalgia do que por outro aspecto.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Dessa forma, High School Musical: The Musical: The Series’ nasceu e já caminha para seu terceiro episódio. E, apesar de trazer uma perspectiva diferente para as telinhas do Disney+, é inegável dizer que a produção delineada por Tim Federle é extremamente apaixonada por seu material de origem e, por essa razão, tem uma grande dificuldade em encontrar ritmo para o enredo e até mesmo para a mensagem que deseja entregar para o público. Não obstante, o show nos conquista por sua estética em mockumentary (um falso documentário) e pelas incríveis habilidades artísticas do elenco.

O episódio piloto começa com uma breve apresentação dos personagens principais: de um lado, temos Ricky (Joshua Bassett), um aspirante a músico e skatista com síndrome do cavaleiro branco que perdeu a chance de reconquistar o relacionamento com sua ex-namorada, Nini (Olivia Rodrigo). O casal passou as férias de verão em uma espécie de separação contida, durante a qual Nini começou a namorar outro rapaz e Ricky percebeu que demorou tempo demais para deixar seus sentimentos claros o suficiente para um prospecto à la contos de fada. E é claro que, dentro desse intrincado pano de fundo, ambas as personas se reencontrariam nos palcos interpretando Troy Bolton e Gabriella Montez na adaptação teatral das peças fílmicas.

O caminho não é longo o suficiente para nos envolver de cara: na verdade, a história engata mais pela presença da excêntrica diretora de teatro Jenn (Kate Reinders), que aceita o trabalho no colégio justamente para levar a alegria e a oportunidade dos alunos estrelarem em um musical diferente de tudo o que já apresentaram. Diferente do elenco adolescente, Reinders rouba a atenção o tempo inteiro devido a uma performance adorável, hilária e que recupera os melhores elementos de obras cômicas irreverentes como Modern Family e The Office. De qualquer modo, sua performance não é o bastante para ofuscar os amadores deslizes da série.

Tamra Davis comanda os dois primeiros capítulos e leva o conceito found footage a um nível interessante, mas que só se estrutura durante o piloto. Desde a câmera na mão até os bruscos cortes na edição, passando por uma narrativa incrustada com depoimentos dos próprios alunos, o apreço de Davis por algo novo e rebelde (dentro das concepções imagéticas) é traduzido com perfeição em diversos momentos. Porém, essa qualidade estética é deixada de lado nos momentos mais dramáticos, inclusive na sequência-motriz em que Nini e Ashlyn (Julia Lester) dividem os palcos para uma canção original.

O grande problema do show é o fato do espectador ter acesso aos equívocos artísticos que ganham tanto palanque nas iterações. A continuidade no tocante à trama existe e, por mais que se valha de criações mirabolantes e quase incríveis, é competente o bastante para nos manter vidrados do começo ao fim; todavia, essa mesma continuidade é colocada em xeque quando a condução e o roteiro não dialogam entre si e entregam duas peças fragmentadas demais para comporem uma unidade coesa: dentre os principais obstáculos enfrentados, as conclusões e aberturas apressadas são os que falam mais alto.

Mesmo assim, acompanhar a jornada de amadurecimento desses personagens é um trabalho muito fácil de se cumprir. O núcleo principal perde o fôlego ao forçar relações inexplicáveis, mas contribui para que os arcos coadjuvantes tenham seu momento de brilho: a professora Jenn, por exemplo, é acompanhada do divertido Carlos (Frankie Rodriguez), que é o coreógrafo do musical; Kourtney (Dara Renée), melhor amiga de Nini, talvez seja a pessoa mais sensata do colégio e serve para dar um choque de realidade em qualquer um que insista em se colocar para baixo ou sofrer por quem não a mereça; e Gina (Sofia Wylie) detém a única subtrama gradativamente crescente, em que se torna substitua de Nini para viver Gabriella na peça e transforma sua rejeição em uma vendeta pessoal para reconquistar o estrelato.

Se High School Musical: The Musical: The Series’ falha nos aspectos mais estruturais, ao menos excede no tocante às figuras que nos apresenta: afinal, cada membro do elenco foi escolhido com exímia cautela e com o objetivo de explorar suas múltiplas habilidades artísticas, seja com o canto, seja com a dança. Apesar de muito restrita a um cosmos limitado, é certo dizer que os espectadores vão querer assistir ao desenrolar da estória – mais pela nostalgia do que por outro aspecto.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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