domingo , 22 dezembro , 2024

Primeiras Impressões | Hightown traz mistérios, vícios e excessos em trama carregada

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A estrutura e as motivações por trás dos acontecimentos de Hightown, nova série do Starzplay, estão longe de serem as mais inéditas da televisão, mas isso não é necessariamente um problema. A capacidade de encontrar novos territórios em algo tão habitual é, em qualquer situação, digno de nota. Aqui, a familiaridade da forma serve como um contraponto para destacar o que pode ser ao mesmo tempo repulsivo e atraente na abrasiva protagonista. Isso no melhor dos sentidos, é claro. Por mais genérico que seja o argumento, Hightown consegue se transformar em uma história enérgica e intrigante quando aposta menos no drama excessivo e mais na espiral particular dos seus melhores personagens. 

A primeira delas é Jackie Quiñones (Monica Raymund), que atrai garotas para a cama na velocidade da luz, utilizando seu distintivo como um atraente — embora ela não seja exatamente da polícia. Parte do Serviço Nacional de Pesca Marinha, Jackie é provavelmente a definição do dicionário de uma pessoa confusa, aquele tipo-comum problemático e autocentrado: bebe demais, é destrutiva, usa o sexo como válvula de escape. A forma como Raymund (Chicago Fire) emprega energia à personalidade ora desorganizada, ora bastante mal-humorada da sua personagem é aqui o ponto de virada, pois transforma o que poderia soar desagradável em algo dotado de muito charme. 



É esta mesma energia que se espalha por toda a história, quando após sair do quarto de mais uma de suas conquistas genéricas após um final de semana lotado de turistas na cidade litorânea de Provincetown, Jackie dá de cara com o corpo de uma jovem carregado até a areia pela maré.

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Cada vez mais cega em relação ao próprio vício, Jackie fica obcecada com o caso e vai mergulhando em dois problemas de uma vez só. Ela tenta fazer suas interferências na investigação junto ao Sargento Ray Abruzzo (James Badge Dale), da divisão de narcóticos, e este repentino interesse, justificado como “uma sensação de que preciso resolver isso”, traz à tona um submundo de drogas onde reina a heroína, o que dá origem ao desenvolvimento da história em dois pontos distintos, um interessante e outro nem tanto. 

Trata-se de uma teia complexa de acontecimentos, uma que envolve muitos nomes e algumas abordagens que chegam perto de subestimar o espectador quando abusam de lugares-comuns. Jackie e Ray são as típicas figuras policiais ótimas no que fazem, mas com vidas completamente instáveis. Raymund consegue fazer a personagem ir além disso, porque sua própria existência na TV é praticamente um desafio, ainda que não vá muito além da superfície. A estética da figura de autoridade, psicologicamente perturbada e sedutora é reservada aos homens na grande maioria deste tipo de drama.

Ao inverter tal regra implícita da televisão, a criadora da série, Rebecca Cutter (Gotham, The Mentalist), faz da sua protagonista uma personagem muito mais palatável. Embora pudesse ter explorado melhor esta mesma abordagem em outros personagens — como a mãe-stripper Renee (Riley Voekel) ou o criminoso Frankie Cuevas (Amaury Nolasco,Prison Break), por exemplo, existe um esforço genuíno em transmitir o espírito local e imprimir autenticidade às relações pessoais, o que muitas vezes é o que faz a diferença entre um material genérico e uma série capaz de causar empatia.

Nos quatro primeiros episódios (de um total de oito), aos quais o CinePOP teve acesso com antecedência, a estética propositalmente suja deHightown é o que mais se destaca, mas existe pouca substância abaixo da superfície que justifique a extensão da temporada. Mesmo assim, a trama ganha força ao se agarrar a uma protagonista que tem carisma o suficiente para levar a história à frente e destacá-la no meio da multidão. 

*Hightown estreia no dia 17 de maio, no Starzplay

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Laysa Zanettihttps://cinepop.com.br
Repórter, Crítica de Cinema e TV formada em Twin Peaks, Fringe, The Leftovers e The Americans. Já vi Laranja Mecânica mais vezes que você e defendo o final de Lost.

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A primeira delas é Jackie Quiñones (Monica Raymund), que atrai garotas para a cama na velocidade da luz, utilizando seu distintivo como um atraente — embora ela não seja exatamente da polícia. Parte do Serviço Nacional de Pesca Marinha, Jackie é provavelmente a definição do dicionário de uma pessoa confusa, aquele tipo-comum problemático e autocentrado: bebe demais, é destrutiva, usa o sexo como válvula de escape. A forma como Raymund (Chicago Fire) emprega energia à personalidade ora desorganizada, ora bastante mal-humorada da sua personagem é aqui o ponto de virada, pois transforma o que poderia soar desagradável em algo dotado de muito charme. 

É esta mesma energia que se espalha por toda a história, quando após sair do quarto de mais uma de suas conquistas genéricas após um final de semana lotado de turistas na cidade litorânea de Provincetown, Jackie dá de cara com o corpo de uma jovem carregado até a areia pela maré.

Cada vez mais cega em relação ao próprio vício, Jackie fica obcecada com o caso e vai mergulhando em dois problemas de uma vez só. Ela tenta fazer suas interferências na investigação junto ao Sargento Ray Abruzzo (James Badge Dale), da divisão de narcóticos, e este repentino interesse, justificado como “uma sensação de que preciso resolver isso”, traz à tona um submundo de drogas onde reina a heroína, o que dá origem ao desenvolvimento da história em dois pontos distintos, um interessante e outro nem tanto. 

Trata-se de uma teia complexa de acontecimentos, uma que envolve muitos nomes e algumas abordagens que chegam perto de subestimar o espectador quando abusam de lugares-comuns. Jackie e Ray são as típicas figuras policiais ótimas no que fazem, mas com vidas completamente instáveis. Raymund consegue fazer a personagem ir além disso, porque sua própria existência na TV é praticamente um desafio, ainda que não vá muito além da superfície. A estética da figura de autoridade, psicologicamente perturbada e sedutora é reservada aos homens na grande maioria deste tipo de drama.

Ao inverter tal regra implícita da televisão, a criadora da série, Rebecca Cutter (Gotham, The Mentalist), faz da sua protagonista uma personagem muito mais palatável. Embora pudesse ter explorado melhor esta mesma abordagem em outros personagens — como a mãe-stripper Renee (Riley Voekel) ou o criminoso Frankie Cuevas (Amaury Nolasco,Prison Break), por exemplo, existe um esforço genuíno em transmitir o espírito local e imprimir autenticidade às relações pessoais, o que muitas vezes é o que faz a diferença entre um material genérico e uma série capaz de causar empatia.

Nos quatro primeiros episódios (de um total de oito), aos quais o CinePOP teve acesso com antecedência, a estética propositalmente suja deHightown é o que mais se destaca, mas existe pouca substância abaixo da superfície que justifique a extensão da temporada. Mesmo assim, a trama ganha força ao se agarrar a uma protagonista que tem carisma o suficiente para levar a história à frente e destacá-la no meio da multidão. 

*Hightown estreia no dia 17 de maio, no Starzplay

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