quarta-feira, agosto 20, 2025
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    Primeiras Impressões | ‘Outlander: Blood of My Blood’ é um glorioso spin-off que não deve nada à série original

    Atenção: o texto a seguir aborda os três primeiros episódios da série. Cuidado com spoilers.

    ‘Outlander’ tornou-se uma das produções mais adoradas e elogiadas da televisão contemporâneo, apostando fichas em um potente drama romântico de época pincelado com incursões sci-fi que honraram os escritos de Diana Gabaldon. Acompanhando a jornada de Jamie Fraser (Sam Heughan) e Claire Beauchamp (Caitríona Balfe), a trama nos transportou à Escócia do século XVIII em um envolvente e apaixonante enlace romântico que se estendeu por oito temporadas. Agora, somos convidados a revisitar esse universo icônico com a série pré-sequência ‘Outlander: Blood of My Blood’, que chegou recentemente ao catálogo do Disney+.

    A trama é dividida em duas e, a princípio, ocupa os dois primeiros capítulos da temporada para se firmar. Logo no piloto, somos transportados ao início dos anos 1700 e acompanhamos os futuros pais de Jamie. De um lado, temos Ellen (Harriet Slater), a única filha do clã MacKenzie, que passa por um profundo luto após a morte do pai, com quem mantinha uma relação bastante próxima. Com os fervores tomando conta da família, seus irmãos disputam para quem ascenderá ao controle das terras – acendendo uma necessidade de poder absurda em Colum (Séamus McLean Ross), irmão mais novo de Ellen que deseja desposá-la com um nobre do clã aliado, Malcolm Grant (Brian McCardie). Porém, o pai jurou que ela não precisaria firmar matrimônio com qualquer homem – e seu crescente amor por Brian Fraser (Jamie Roy) deixa tudo mais complicado, considerando que o melhor amigo do rapaz, Murtagh (Rory Alexander), também está apaixonado pela moça.

    Outlander 1

    Logo após sermos arremessados ao melodrama romântico envolvendo Ellen e Brian, somos levados para o período próximo ao fim da I Guerra Mundial. Tentando sobreviver nas claustrofóbicas trincheiras, Henry Beauchamp (Jeremy Irvine) percebe que, talvez, viver não valha a pena, confidenciando seus pensamentos a uma carta que, com sorte, cairá nas mãos de alguém. E esse alguém é Julia Moriston (Hermione Corfield): inteligente e versada na escrita e na organização sistemática, a jovem encontra a carta de Henry e começa a se corresponder com ele em um enlace epistolar digno de aplausos e que configura um dos melhores episódios do ano. Eventualmente, os dois se apaixonam e, após se encontrarem, logo se casam e navegam pelos traumas e por um amor verdadeiro incorrigível – isto é, até serem separados em uma viagem de volta no tempo para uma Escócia em polvorosa.

    A partir daí, a história dos nossos protagonistas se entrelaça e dá as cartas de um inescapável destino que culminaria na união entre Jamie e Claire – e que expande a mitologia eternizada por Gabaldon de maneira sublime e muito sólida. Apresentando uma releitura convincente de duas épocas distintas entre si que se chocam em um espetacular e envolvente enredo, os três capítulos iniciais desse aguardado spin-off são certeiros em sua completude e nos deixam animados e ansiosos para o que as próximas semanas reservam. Mais do que isso, é notável como a produção reacende o interesse do público em produções de época, mostrando que, às vezes, certos convencionalismos funcionam mais que ambições desmedidas.

    Outlander 2

    Jamie Payne está às rédeas dessa magnífica tríade televisiva, conduzindo com maestria uma aventura que atravessa séculos e que, de maneira sutil e comedida, explora a inevitabilidade da condição humana. O diretor não é nenhum estranho ao universo ‘Outlander’, visto que já comandou outras iterações da série original, e demonstra ter domínio do que se propõe a contar através de uma bem-vinda liberdade criativa. Cada cena preza por uma beleza inexplicável que transmuta os cenários em pinturas épicas e sonhadoras, que reúnem elementos oníricos tanto na Inglaterra quanto na Escócia, em contraposição à árdua jornada a ser enfrentada pelos personagens – e que singra entre prisões sem grades e artimanhas de sobrevivência.

    O trabalho do elenco é impecável, com óbvio destaque aos protagonistas. Slater encarna uma complexa jovem que se recusa a seguir os mandamentos do irmão, agora apossado do “trono” do clã e almejando recuperar a glória política e social do império do pai, enquanto Fraser posa como um humilde e ingênuo rapaz que se vê numa corda bamba entre os caprichos do pai e o desejo de trilhar o próprio caminho. Porém, Irvine e Corfield usurpam a atenção dos espectadores através de uma química explosiva e poética, construindo um microcosmos que os envolve em uma epopeica jornada de encontros e desencontros e que nos petrifica do começo ao fim.

    Outlander 3

    Os três primeiros capítulos de ‘Outlander: Blood of My Blood’ não apenas honram o legado deixado pela série original, como brilha com uma luz única e com uma paixão cinemática de tirar o fôlego – não devendo nada à narrativa de Claire e Jamie e garantindo que cada cena e cada gancho nos deixe ansiosos por mais e nos embebede com uma inebriante dose artística de criatividade e de honestidade.

    Lembrando que a série já está disponível no Disney+.

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