quinta-feira , 21 novembro , 2024

Primeiras impressões | ‘Romário, O Cara’ cativa com entrevistas e destaque pra carreira na Europa

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Um dos personagens mais idolatrados e controversos do futebol brasileiro ganhou um documentário. Dividida em seis episódios, Romário, O Cara é uma produção original do Max sobre o atacante dos mil gols. Multicampeão com o Vasco da Gama, o ‘Baixinho’ marcou seu nome de uma vez por todas na história do futebol mundial ao levar a Seleção Brasileira rumo ao tetra da Copa do Mundo em 1994. Ao longo de sua carreira, Romário se consagrou não apenas pelos gols, mas também por seu jeitão polêmico e sem papas na língua, tendo virado ídolo na Holanda, na Espanha e até mesmo nos rivais do Cruzmaltino quando voltou ao Brasil.

Diante de um personagem tão rico em possibilidades, a produção da série apostou em um arsenal poderosíssimo de entrevistados, sejam eles lendas do futebol brasileiro, como Roberto Dinamite e Bebeto, até os heróis do futebol mundial, como Pep Guardiola.



A produção impressiona pela riqueza da pesquisa. Nos primeiros episódios, podemos ver imagens recuperadas da infância do Baixinho e histórias que o público talvez não conhecesse. Por exemplo, ele havia feito teste para a base do Vasco, mas não foi chamado por ser considerado muito pequeno e franzino. Isso o levou ao Olaria, clube pelo qual destruiria os adversários em um torneio de base, fazendo com que o próprio Vasco corresse atrás para corrigir seu erro e trazer a promessa para São Januário.

Houve um trabalho riquíssimo de busca em acervo para trazer ao público imagens inéditas do pequeno Romário e vídeos sensacionais de seus primeiros passos no futebol. Paralelamente, a direção entrelaça essas imagens do início com momentos de sua maturação no mundo da bola, com seus lances pelo Vasco ou pelo início de sua passagem gloriosa pelo Velho Continente, quando encantou a Europa com sua habilidade absurda de marcar gols.

E é justamente nessa ‘investigação’ de sua vida na Europa que a série se diferencia das demais. Na época que Romário foi para o PSV, não havia essa gama de canais esportivos transmitindo os mais diversos campeonatos pelo mundo. Então, muito do sucesso do ‘Baixo’ na Holanda chegou ao Brasil apenas por comentários, por rádio ou revistas e jornais. Ou seja, há vários torcedores que nunca viram os lances de Romário pelo PSV, apenas ouviram falar e acreditaram que eram coisa de gênio. Em Romário, O Cara, o público não apenas tem acesso aos melhores momentos do carioca, mas também entende melhor, por meio das entrevistas, de onde se consolida a tão famosa marra do jogador.

Ao longo dos primeiros episódios, a produção entrevista dirigentes, amigos pessoais, ex-jogadores e a ex-esposa do Baixinho nos tempos de PSV. Fica melhor explicado o motivo de um menino brasileiro chegar na Europa com status de craque e conseguir bancar suas vontades em meio a um elenco com atletas mais experientes. Tem cada causo contado na série que parece impossível de acontecer hoje em dia, mas dado o impacto que sua chegada causou no time e sua importância para mudar o PSV de prateleira, junto ao amadorismo dos dirigentes da época, fica mais fácil de entender de onde veio o ‘Romário marrento’ que os torcedores conhecem tão bem.

Reprodução/ Twitter

Outro ponto que vai acertar em cheio os torcedores e apaixonados por futebol são as entrevistas. Ao longo da carreira, Romário dividiu o campo com verdadeiras lendas do futebol. Mais do que isso, ele se envolveu em confusões com nomes praticamente intocáveis do panteão esportivo. No lado positivo, ele foi o ‘herdeiro’ de Roberto Dinamite, maior ídolo do Vasco, que estava na fase descendente da carreira quando Romário surgiu. Então, ele serviu como um tipo de tutor para o garoto. Infelizmente, Roberto faleceu em janeiro de 2023, vítima de um câncer. Então, quando ele aparece dando seus depoimentos sobre o Baixinho (a série começou a ser gravada em 2018), é quase impossível não se emocionar. Da mesma forma, o rival e amigo Bebeto – que surge como o ‘herdeiro’ de Zico – fala sobre a rivalidade no início de carreira até a parceria no ambiente da Seleção Brasileira.

Por outro lado, fica um decepção pelos maiores desafetos de Romário na Seleção Brasileira, como o tetracampeão do Mundo, Zagallo, que também faleceu recentemente, não terem topado dar entrevista. Seria interessante saber o que essa galera tinha a dizer depois de tanto tempo das polêmicas.

E como não poderia ser diferente, há um destaque absurdo por suas passagens pela Seleção Brasileira. E não há forma melhor de definir Romário se não com sua trajetória tortuosa com a pesada camisa verde e amarela.

Ao mesmo tempo que surge como uma das maiores revelações do futebol nacional, ele acumula controvérsias e discussões com a comissão técnica, que se apega a conceitos de hierarquia para tentar manter o vestiário, mas acaba sacrificando seu melhor jogador por isso. As passagens sobre o tenebroso ciclo para a Copa do Mundo de 1994, para qual o Brasil correu sérios riscos de não se classificar, e da frustrante Copa de 1990 mostram a quantidade absurda de amadorismo e vaidade que rondavam os bastidores da CBF na época. Mais do que isso, a importância do histórico jogo pelo Uruguai no Maracanã, em 1993, em que Romário é chamado às pressas e acaba com os uruguaios, carimbando o passaporte brasileiro para o Mundial de 94, é sensacional. Os depoimentos de quem viveu esse ciclo mostram com perfeição o que era a figura do Baixinho fora dos campos.

Ainda faltam muitos detalhes sobre a vida de Romário nos campos a serem explorados. Particularmente, estou ansiosíssimo para chegar à clássica rivalidade entre Edmundo e ele, companheiros de clube, mas rivais na vida. Por ter seis episódios de aproximadamente uma hora, cada, o Max está adotando um formato de lançamento de dois episódios por semana. Ou seja, ela estará completa no streaming até o dia 6.

Enfim, com esse preciosismo por detalhes e entrevistas, Romário, O Cara surge com o potencial de ser uma das melhores séries documentais esportivas já feitas. Vamos aguardar a conclusão.

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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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Diante de um personagem tão rico em possibilidades, a produção da série apostou em um arsenal poderosíssimo de entrevistados, sejam eles lendas do futebol brasileiro, como Roberto Dinamite e Bebeto, até os heróis do futebol mundial, como Pep Guardiola.

A produção impressiona pela riqueza da pesquisa. Nos primeiros episódios, podemos ver imagens recuperadas da infância do Baixinho e histórias que o público talvez não conhecesse. Por exemplo, ele havia feito teste para a base do Vasco, mas não foi chamado por ser considerado muito pequeno e franzino. Isso o levou ao Olaria, clube pelo qual destruiria os adversários em um torneio de base, fazendo com que o próprio Vasco corresse atrás para corrigir seu erro e trazer a promessa para São Januário.

Houve um trabalho riquíssimo de busca em acervo para trazer ao público imagens inéditas do pequeno Romário e vídeos sensacionais de seus primeiros passos no futebol. Paralelamente, a direção entrelaça essas imagens do início com momentos de sua maturação no mundo da bola, com seus lances pelo Vasco ou pelo início de sua passagem gloriosa pelo Velho Continente, quando encantou a Europa com sua habilidade absurda de marcar gols.

E é justamente nessa ‘investigação’ de sua vida na Europa que a série se diferencia das demais. Na época que Romário foi para o PSV, não havia essa gama de canais esportivos transmitindo os mais diversos campeonatos pelo mundo. Então, muito do sucesso do ‘Baixo’ na Holanda chegou ao Brasil apenas por comentários, por rádio ou revistas e jornais. Ou seja, há vários torcedores que nunca viram os lances de Romário pelo PSV, apenas ouviram falar e acreditaram que eram coisa de gênio. Em Romário, O Cara, o público não apenas tem acesso aos melhores momentos do carioca, mas também entende melhor, por meio das entrevistas, de onde se consolida a tão famosa marra do jogador.

Ao longo dos primeiros episódios, a produção entrevista dirigentes, amigos pessoais, ex-jogadores e a ex-esposa do Baixinho nos tempos de PSV. Fica melhor explicado o motivo de um menino brasileiro chegar na Europa com status de craque e conseguir bancar suas vontades em meio a um elenco com atletas mais experientes. Tem cada causo contado na série que parece impossível de acontecer hoje em dia, mas dado o impacto que sua chegada causou no time e sua importância para mudar o PSV de prateleira, junto ao amadorismo dos dirigentes da época, fica mais fácil de entender de onde veio o ‘Romário marrento’ que os torcedores conhecem tão bem.

Reprodução/ Twitter

Outro ponto que vai acertar em cheio os torcedores e apaixonados por futebol são as entrevistas. Ao longo da carreira, Romário dividiu o campo com verdadeiras lendas do futebol. Mais do que isso, ele se envolveu em confusões com nomes praticamente intocáveis do panteão esportivo. No lado positivo, ele foi o ‘herdeiro’ de Roberto Dinamite, maior ídolo do Vasco, que estava na fase descendente da carreira quando Romário surgiu. Então, ele serviu como um tipo de tutor para o garoto. Infelizmente, Roberto faleceu em janeiro de 2023, vítima de um câncer. Então, quando ele aparece dando seus depoimentos sobre o Baixinho (a série começou a ser gravada em 2018), é quase impossível não se emocionar. Da mesma forma, o rival e amigo Bebeto – que surge como o ‘herdeiro’ de Zico – fala sobre a rivalidade no início de carreira até a parceria no ambiente da Seleção Brasileira.

Por outro lado, fica um decepção pelos maiores desafetos de Romário na Seleção Brasileira, como o tetracampeão do Mundo, Zagallo, que também faleceu recentemente, não terem topado dar entrevista. Seria interessante saber o que essa galera tinha a dizer depois de tanto tempo das polêmicas.

E como não poderia ser diferente, há um destaque absurdo por suas passagens pela Seleção Brasileira. E não há forma melhor de definir Romário se não com sua trajetória tortuosa com a pesada camisa verde e amarela.

Ao mesmo tempo que surge como uma das maiores revelações do futebol nacional, ele acumula controvérsias e discussões com a comissão técnica, que se apega a conceitos de hierarquia para tentar manter o vestiário, mas acaba sacrificando seu melhor jogador por isso. As passagens sobre o tenebroso ciclo para a Copa do Mundo de 1994, para qual o Brasil correu sérios riscos de não se classificar, e da frustrante Copa de 1990 mostram a quantidade absurda de amadorismo e vaidade que rondavam os bastidores da CBF na época. Mais do que isso, a importância do histórico jogo pelo Uruguai no Maracanã, em 1993, em que Romário é chamado às pressas e acaba com os uruguaios, carimbando o passaporte brasileiro para o Mundial de 94, é sensacional. Os depoimentos de quem viveu esse ciclo mostram com perfeição o que era a figura do Baixinho fora dos campos.

Ainda faltam muitos detalhes sobre a vida de Romário nos campos a serem explorados. Particularmente, estou ansiosíssimo para chegar à clássica rivalidade entre Edmundo e ele, companheiros de clube, mas rivais na vida. Por ter seis episódios de aproximadamente uma hora, cada, o Max está adotando um formato de lançamento de dois episódios por semana. Ou seja, ela estará completa no streaming até o dia 6.

Enfim, com esse preciosismo por detalhes e entrevistas, Romário, O Cara surge com o potencial de ser uma das melhores séries documentais esportivas já feitas. Vamos aguardar a conclusão.

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