quarta-feira , 19 fevereiro , 2025

Primeiras Impressões | ‘The White Lotus’ retorna com uma 3ª temporada mais lenta, mas tão ácida quanto as outras


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Em 2021, Mike White aliava-se à HBO para a produção de uma minissérie intitulada The White Lotus. A dramédia ácida, em pouco tempo, tornou-se um sucesso de crítica e de público, conquistando inúmeros elogios e levando incontáveis prêmios para casa – principalmente ao narrar a vida fútil de estereótipos da high society em um escopo contemporâneo e recheado de ironia e sarcasmo. O sucesso da atração foi tamanho que, agora, adentramos uma terceira temporada que expande esse universo único e rico em ótimos personagens, convidando os espectadores a cruzar os oceanos para a Tailândia.

Como é de costume, o novo ciclo nos introduz a um corpo inédito de protagonistas e coadjuvantes – e, novamente, White sabe como escolher seus atores a dedo para colocá-los em uma sátira social de tirar o fôlego. Dentre as inúmeras tramas, temos a que acompanha o magnata financista Timothy Ratliff (Jason Isaacs), que viaja ao lado da esposa, Victoria (Parker Posey), e dos filhos, Piper (Sarah Catherine Hook), Lochlan (Sam Nivola) e Saxon (Patrick Schwarzenegger), para que se reconectem como família. Porém, à medida que o tempo passa, percebemos que essa pseudo-tentativa de trazer o melhor de cada um à tona apenas revela mais atribulações em que o escape promovido pela tecnologia e pelo mínimo de contato físico é melhor que a realidade palpável.



the white lotus

Em outro espectro, somos apresentados ao intrigante casal formado por Chelsea (Aimee Lou Wood) e Rick (Walton Goggins), que chama a atenção dos outros hóspedes pela disparidade de idade entre os dois – e que cai no nosso radar pela forma como Rick trata a própria namorada. A personalidade de ambos entra em conflito constantemente: Rick, interpretado com maestria por Goggins em mais um de seus papéis icônicos, é ranzinza e parece ter viajado para o luxuoso resort apenas para alimentar um ressentimento de anos; Chelsea, por sua vez, é pincelada com o charme inconfundível de Wood e exalta positividade e comunicação – algo que, mais de uma vez, irrita seu parceiro. É possível, inclusive, traçar paralelos entre esse casal e outros tão igualmente problemáticos das temporadas anteriores.

É notável como a ideia de White é arquitetar uma continuidade proposital iteração após iteração; em outras palavras, o showrunner sabe dos principais aspectos que escolheu mostrar em sua obra, e mantém-se atrelado a uma repetição de fatos que parece intrínseco ao ser humano. Dessa maneira, ele pode não apenas se segurar ao fio narrativo entre cada iteração, como permanecer em um ciclo inquebrável de mentiras e artimanhas que persegue os personagens – como se estivesse criticando a natureza imutável do próprio homem. E isso se reflete, mais uma vez, na acalorada fotografia que é guiada por tons quentes e expansivos, de maneira a dialogar com o que já vimos em capítulos anteriores.


the white lotus

Se a temática emerge como algo familiar, cabe ao estelar elenco trazer elementos novos. Para além dos astros mencionados acima, que fazem um trabalho fabuloso, temos a presença de um trio de grandes atrizes formado por Leslie Bibb como Kate, Carrie Coon como Laurie e Michelle Monaghan como Jaclyn, todas participando de um mesmo núcleo narrativo, escondendo problemas e uma possível inveja em relação a Jaclyn, uma celebridade que parece ofuscar a vida comedida das outras duas; Natasha Rothwell retorna como Belinda Lindsey, que fez seu début na temporada original e, agora, está em um caminho de redenção que a leva à Tailândia para resgatar a magia que falta no The White Lotus no Havaí.

O que percebe-se de diferente em mais uma estreia dessa saga seriada é que White não tem pressa em delinear os arcos – e, como sempre, inicia essa jornada com um misterioso assassinato que premedita a ruína de um dos personagens. Dessa forma, o ritmo mais lento e mais contido pode ser um choque relativamente grande por parte dos fãs, que ao menos esperavam um pouco mais de dinamismo para serem transportados novamente a esse cosmos. Ademais, há alguns excessos a serem aparados, mas nada forte o bastante para afetar nossa experiência (e devemos considerar que a obra posa como uma antologia, em que apresentações são necessárias a cada ciclo).

Assista também: 
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The White Lotus

É sempre bom quando um show de calibre sólido e que não tem medo de arriscar, mesmo com convencionalismos, retorna com episódios inéditos – e é o que sentimentos quando uma nova estadia se inicia com a terceira temporada de The White Lotus. Com exceção de meros detalhes que certamente serão podados nas semanas posteriores, este ciclo resgata todos os clássicos elementos da série e se apoia em um ensamble de tirar o fôlego.

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The White Lotus


IMPERDÍVEL! Você vai VICIAR nessa história de Vingança à moda antiga....

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Como é de costume, o novo ciclo nos introduz a um corpo inédito de protagonistas e coadjuvantes – e, novamente, White sabe como escolher seus atores a dedo para colocá-los em uma sátira social de tirar o fôlego. Dentre as inúmeras tramas, temos a que acompanha o magnata financista Timothy Ratliff (Jason Isaacs), que viaja ao lado da esposa, Victoria (Parker Posey), e dos filhos, Piper (Sarah Catherine Hook), Lochlan (Sam Nivola) e Saxon (Patrick Schwarzenegger), para que se reconectem como família. Porém, à medida que o tempo passa, percebemos que essa pseudo-tentativa de trazer o melhor de cada um à tona apenas revela mais atribulações em que o escape promovido pela tecnologia e pelo mínimo de contato físico é melhor que a realidade palpável.

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Em outro espectro, somos apresentados ao intrigante casal formado por Chelsea (Aimee Lou Wood) e Rick (Walton Goggins), que chama a atenção dos outros hóspedes pela disparidade de idade entre os dois – e que cai no nosso radar pela forma como Rick trata a própria namorada. A personalidade de ambos entra em conflito constantemente: Rick, interpretado com maestria por Goggins em mais um de seus papéis icônicos, é ranzinza e parece ter viajado para o luxuoso resort apenas para alimentar um ressentimento de anos; Chelsea, por sua vez, é pincelada com o charme inconfundível de Wood e exalta positividade e comunicação – algo que, mais de uma vez, irrita seu parceiro. É possível, inclusive, traçar paralelos entre esse casal e outros tão igualmente problemáticos das temporadas anteriores.

É notável como a ideia de White é arquitetar uma continuidade proposital iteração após iteração; em outras palavras, o showrunner sabe dos principais aspectos que escolheu mostrar em sua obra, e mantém-se atrelado a uma repetição de fatos que parece intrínseco ao ser humano. Dessa maneira, ele pode não apenas se segurar ao fio narrativo entre cada iteração, como permanecer em um ciclo inquebrável de mentiras e artimanhas que persegue os personagens – como se estivesse criticando a natureza imutável do próprio homem. E isso se reflete, mais uma vez, na acalorada fotografia que é guiada por tons quentes e expansivos, de maneira a dialogar com o que já vimos em capítulos anteriores.

the white lotus

Se a temática emerge como algo familiar, cabe ao estelar elenco trazer elementos novos. Para além dos astros mencionados acima, que fazem um trabalho fabuloso, temos a presença de um trio de grandes atrizes formado por Leslie Bibb como Kate, Carrie Coon como Laurie e Michelle Monaghan como Jaclyn, todas participando de um mesmo núcleo narrativo, escondendo problemas e uma possível inveja em relação a Jaclyn, uma celebridade que parece ofuscar a vida comedida das outras duas; Natasha Rothwell retorna como Belinda Lindsey, que fez seu début na temporada original e, agora, está em um caminho de redenção que a leva à Tailândia para resgatar a magia que falta no The White Lotus no Havaí.

O que percebe-se de diferente em mais uma estreia dessa saga seriada é que White não tem pressa em delinear os arcos – e, como sempre, inicia essa jornada com um misterioso assassinato que premedita a ruína de um dos personagens. Dessa forma, o ritmo mais lento e mais contido pode ser um choque relativamente grande por parte dos fãs, que ao menos esperavam um pouco mais de dinamismo para serem transportados novamente a esse cosmos. Ademais, há alguns excessos a serem aparados, mas nada forte o bastante para afetar nossa experiência (e devemos considerar que a obra posa como uma antologia, em que apresentações são necessárias a cada ciclo).

The White Lotus

É sempre bom quando um show de calibre sólido e que não tem medo de arriscar, mesmo com convencionalismos, retorna com episódios inéditos – e é o que sentimentos quando uma nova estadia se inicia com a terceira temporada de The White Lotus. Com exceção de meros detalhes que certamente serão podados nas semanas posteriores, este ciclo resgata todos os clássicos elementos da série e se apoia em um ensamble de tirar o fôlego.

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