O filme independente britânico ‘Angels in the Asylum‘, estrelado por Simon Pegg e Katherine Waterston, se tornou motivo de preocupação nos bastidores da indústria.
Segundo o Deadline, a produção – que teve suas filmagens interrompidas abruptamente há seis meses – acumula uma dívida de aproximadamente US$ 5 milhões (cerca de £3,7 milhões) com membros do elenco, equipe técnica e fornecedores.
Segundo documentos financeiros revelados pelo portal, a produção foi iniciada sem financiamento garantido — uma prática arriscada que se mostrou insustentável. As gravações foram interrompidas em fevereiro, após apenas 15 dias de filmagens de um cronograma previsto para durar um mês.
O longa está registrado sob a empresa AITA Films Limited, criada exclusivamente para o projeto. A empresa entrou em administração judicial em abril, equivalente a um processo de falência nos moldes do Capítulo 11 dos EUA. O relatório do administrador judicial aponta:
£600 mil em salários devidos a membros da equipe técnica; £374 mil em pagamentos pendentes para atores; £1,39 milhão em dívidas com fornecedores e estúdios (como Versa e Twickenham Film Studios); Mais de £41 mil em encargos trabalhistas e feriados não pagos a funcionários.
A empresa de financiamento Brandhouse Global Limited também aparece entre os credores, após ter injetado cerca de £486 mil no projeto — valor que não foi coberto quando o financiamento prometido pela Parkland Pictures não se concretizou.
Embora Simon Pegg conste como produtor executivo do longa, fontes confirmam que o ator não investiu recursos próprios nem recebeu pagamento por sua participação. O mesmo vale para o aclamado diretor de ‘The Crown‘, Steven Daldry, que também integra o projeto como produtor executivo.
Os produtores Rob Sorrenti (que também dirige o longa) e Heather Greenwood já se pronunciaram anteriormente, pedindo desculpas à equipe:
“Nunca poderíamos imaginar que chegaríamos a esse ponto quando começamos essa jornada.”
Ainda há esperança?
Apesar da crise, o relatório do administrador indica que há negociações em andamento com novos investidores para retomar as filmagens e pagar os credores. O cenário, no entanto, depende da finalização de uma “diligência jurídica rigorosa”. O set de filmagem está atualmente armazenado, com previsão de manutenção até setembro.
Caso o novo financiamento seja aprovado, todos os credores seriam pagos integralmente. Do contrário, apenas os “credores preferenciais” — como funcionários e o fisco britânico — devem receber parte dos valores devidos.
Inspirado em eventos reais, ‘Angels in the Asylum‘ acompanha um grupo de mulheres internadas à força em um asilo em Surrey nos anos 1930, após serem consideradas portadoras de tifo.
O elenco do longa ainda inclui nomes como Minnie Driver, Lesley Nicol, Rose Williams, Aurora Perrineau e Alex Jennings.
Enquanto isso, sindicatos como Bectu e Equity têm prestado apoio aos profissionais prejudicados. Em nota, a presidente do Bectu, Philippa Childs, lamentou o cenário:
“Os trabalhadores do cinema e TV já enfrentaram anos desafiadores. Ficar no prejuízo torna tudo ainda mais difícil para muitos de nossos membros. Infelizmente, esse tipo de situação é reflexo de uma indústria instável, e são os profissionais da base que mais sofrem quando uma produção desmorona.”