‘Puan‘, coprodução brasileira premiada internacionalmente, chegou ao Amazon Prime Video.
Destaque em festivais internacionais, o longa, dirigido por María Alché e Benjamín Naishtat, é uma coprodução Brasil, Argentina, Itália, França e Alemanha e acompanha Marcelo (Marcelo Subiotto), um professor de filosofia da Universidade Puan.
Para preservar o legado acadêmico de seu falecido mentor, Marcelo entra na competição por uma cadeira na cátedra da instituição pública, concorrendo com outro profissional da área, Rafael, interpretado por Leonardo Sbaraglia (“Relatos Selvagens”). Diante de um contexto político instável, o professor precisa provar para si mesmo e para seus colegas de trabalho que está à altura do cargo.
Premiado, o longa-metragem foi exibido na Competição Internacional do Festival San Sebastian, onde levou os prêmios de Melhor Roteiro (María Alché e Benjamín Naishtat) e Melhor Ator (Marcelo Subiotto).
E após sua vitória no Festival San Sebastian nas categorias de Melhor Roteiro e Melhor Ator (para Marcelo Subiotto), Naishtat veio ao Brasil para o lançamento de seu longa e conversou com o CinePOP, em uma entrevista exclusiva.
Na ocasião, o cineasta refletiu sobre a famigerada questão a respeito do limite do humor e foi categórico ao afirmar que ser politicamente incorreto faz parte da construção de uma comédia de qualidade:
“Em geral, eu particularmente acho que você tem que ser incorreto para fazer humor. Tem que haver uma certa tolerância coerente em relação a isso, não podemos tornar o humor ultraconservador, pois ele também é rebelde. Mas no caso de Puan, nós temos um respeito tão grande pela instituição educacional e pelos professores, que mesmo fazendo comédia, é inconcebível desrespeitá-los! Então levamos isso muito a sério, sempre mantendo o respeito a eles, sem fugir da nossa proposta”.
Se aventurando em uma temática mais filosófica, Naishtat e Alché fazem de Puan uma experiência múltipla, onde reflexões existenciais e o fator cômico se unem de maneira harmônica. Convidando a audiência para uma profunda aula, o casal criativo faz de seu roteiro uma oportunidade diferente de explorar o universo acadêmico de humanas, conforme ponderou o diretor:
“Nós fizemos diversos encontros privados com professores, para explorar quais seriam os temas das aulas. Para nós era fundamental que as cenas em classe fossem bem sólidas e realistas. Queríamos que esses takes também fossem momentos de aprendizagem para a audiência. Trabalhams muito, reescrevemos essas cenas diversas vezes, para que conseguissemos chegar em um ponto que não fosse um assunto chato e nem pesado, mas que ainda assim fosse profundo”.
E para que a comédia argentina – coproduzida pela produtora brasileira Bubble Project -, chegasse a um resultado fluído e ideal, o casal de diretores teve que aprender uma nova dinâmica operacional. Segundo Benjamín, trabalhar em dupla não era uma prática comum e ambos tiveram que desbravar um novo território, onde carreira e vida familiar se misturavam frequentemente.
“Eu e María temos experiência em dirigir sozinhos e nos lançamos na codireção sem pensar muito. Foi difícil, pois às vezes tínhamos ideias distintas que poderiam ter gerado conflitos e discussões. Mas hoje posso dizer que é maravilhoso trabalhar assim, onde ideias e conceitos diversos acabam circulando. Porque ao final do dia, o resultado depende da nossa dinâmica juntos, de um escutar as ideias do outro. É bem diferente quando um decide ser o tirano do set e diz como tudo tem que ser. Esse trabalho em conjunto foi uma grande aprendizagem pra mim. E era impossível distinguir os papéis. Tudo estava misturado! Nós temos um filho pequeno e não temos como separar as coisas. Tudo ficava meio misturado. Às vezes era um desafio grande, mas é também algo bonito da vida…essa multiplicidade relacional que construímos ao longo dos anos”, concluiu.
Confira o trailer do filme:
Em Puan, um professor de filosofia está prestes a conquistar o cargo que almeja há anos, mas um concorrente pela vaga acaba afetando seus planos. Após a morte repentina de seu mentor, Marcelo Pena (Marcelo Subiotto) está pronto para preencher a cadeira de professor titular de Filosofia da Universidade de Buenos Aires. Mesmo sendo a aparente escolha certeira para a função, seus esforços de anos podem ser em vão, porque tudo muda com o retorno de Rafael Sujarchuk (Leonardo Sbaraglia), seu colega mais atraente e carismático.